Slayer escrita por LHC


Capítulo 1
Did I ever sleep?


Notas iniciais do capítulo

Ahhh.. Tá aí. Acho que essa foi a primeira história séria que eu escrevi. ehaoie



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 Lá estava eu de novo. Sentado naquele maldito lugar, com aquelas malditas pessoas me olhando. Aquele maldito olhar hipócrita. O que eles pensam que eu sou?

Um nada, talvez.

 É, sem você eu realmente podia ser considerado um nada. Sabe, eu até pensei em tentar me reeguer.. Mas por que? Não tenho um motivo aparente. Eu não tinha um filho, um patrimônio, um trabalho.. Um carro, que seja, pra colocar gasolina. Eu não tinha com o que e porque gastar dinheiro. E tempo, de fato.


 Mas agora, a pergunta que definitivamente não quer calar.. Por que eu me deixei ser fraco? Eu tinha tudo com você.

 Oh sim, tudo mesmo. Desde o prazer carnal até as coisas fúteis que dizíamos sentados na varanda. Fazíamos tudo juntos, você lembra?
Então por que foi que você me deixou te perder..? Sabe, naquela época eu podia olhar para os meus dedos e ver a sua sombra escorregando por entre eles.. Entretanto, eu sentia seu coração ali, intacto sobre minhas mãos.

Então.. O que foi que aconteceu?

 Você me disse naquela noite escura, o céu coberto por nuvens. Nenhuma estrela aparecendo, em lugar nenhum. Fosse em cima de nossas cabeças ou ao horizonte.. Você virou pra mim, e disse ''..As estrelas me guiam, e me trouxeram até você..'', sorri, deliciado em sentir a atmosfera apaixonada que envolvia a sua voz, e que só meus ouvidos podiam detectar.
 
 Mas você continuou.. E aquilo me deixou em pedaços. A frieza, a indiferença, a grosseria.. O vazio.

''..Mas elas estão rindo de mim.. Eu fiz a escolha errada.''

 Seus olhos não passavam nada além de pena. Cheguei a perguntar-me se eu tinha bebido e estava vendo coisas, ou se você estava brincando e logo iria abrir um daqueles sorrisos lindos e dizer divertido que era mentira. Mas você não disse.

Simplesmente virou as costas e foi embora.

 E o que foi que me restou..? A chave de um apartamento mobiliado mas vazio. Vazio porque eu não podia ouvir a sua risada soando da varanda. Sua gritaria e irritação diante do video-game na sala. Sua cantoria desafinada no banho. Sua bateção de panelas ao tentar cozinhar algo. E seus gemidos sob meu corpo na nossa cama.

 Exatamente dois meses, dezessete dias, dez horas, quarenta e cinco minutos e alguns segundos depois, eu descobri que você tinha encontrado um outro alguém.

 Quem? Não sei. Mas eu me via obrigado a repetir para mim mesmo que eu era decente.. Não era? Porque.. Ser trocado por outra pessoa não é uma experiência muito agradável. Você tinha que, no mínimo, ser um belo exemplo de canalha ou otário para a pessoa que te acompanha chegar a esse ponto.

 Mas.. Eu não era assim. Essa era a única certeza que eu podia carregar. De que eu era alguém respeitável.

 Meu ódio, depois disso, só aumentou. Não, não.. Eu não sinto ódio de você. Sinto ódio dele. Por te bater, por te violentar, por te xingar, humilhar, obrigar e tantas outras coisas que eu nem sabia.. Fiquei sabendo disso por um amigo nosso em comum. Veio estupefato e entristecido até mim, alegando não poder me contar. Mas eu tinha que insistir, oras. As coisas que incomodam meus amigos são deveras preocupantes.

 E eu quebrei. Mais ainda.. Meu coração estava em pedaços, e aqueles pedaços partiram-se em mais pedaços.. Podia comparar meu coração ao pó.

 Três semanas, seis dias, uma hora e alguns segundos depois você veio me pedir perdão. Ajoelhado, machucado, com os olhos vermelhos, alguns dedos enfaixados, a raíz de seus cabelos coloridos grande demais, olheiras fundas, e vestindo os trapos que ele comprava.

 E eu te acolhi. Abracei, sorri, aconselhei.. Servi aquele achocolatado quentinho que você tanto gostava. Deixei-te dormir em meus braços no sofá, e lhe preparei uma linda mesa de café da manhã no dia seguinte.

 E quando você acordou, veio direto até mim. O rosto mais bonito, as olheiras menos evidentes, o sorriso largo e infantil estampado na cara.. Os lábios prontos para me beijar.

 Mas eu não podia. Não conseguia simplesmente entregar as cinzas de volta a você.

 E eu desviei. Não deixei que encostasse em mim de maneira mais íntima do que dois bons amigos fazem. Pude enxergar os seus olhos espantados, seus lábios mordidos e suas mãos tremulas.

Era isso o que você era então..?

 Você me deixou, no meio da noite, sem ter porque voltar pra casa.. Depois de me dizer a pior coisa que já podia ter me dito. Foi morar com outro, sofreu, e acha que eu vou simplesmente te beijar depois de uma noite de choradeira por causa dele!?

 Bem.. Para algumas pessoas, sim, esse deveria ser o certo a se fazer. Eu devia te perdoar, rodear-te com meus braços e te acolher. Mas eu não podia.. Eu não me sentia apto a simplesmente perdoar. Eu não conseguia. Não com um machucado tão recente.. Feito por você.

 Depois disso, tomamos nosso café em silêncio. Vez ou outra eu podia sentir o peso do seu olhar sobre mim. A doçura tão conhecida do seu olhar não era mais o que eu sentia.. Eu sentia rancor. Ódio.

 Ótimo! Eu te ajudo quando você mais precisa.. E é isso o que você me dá em troca? Eu posso ter recusado o seu beijo, mas você deveria saber que não seria assim.. Desde o começo, desde quando me disse que as estrelas tinham certeza de que você tinha feito a escolha errada.

 Você é quem deveria receber o meu olhar de rancor e ódio. Mas o que eu posso fazer? Sou idiotamente apaixonado, ainda. Um apaixonado muito puto, mas apaixonado.

 Eu sei, isso soa bem contraditório se for parar pra pensar.. Mas nada que envolve o amor chega perto de fazer sentido.

 Eu sentia que podia te ter de volta, que podia chegar em casa e te abraçar apertado, deitar ao seu lado todas as noites, acordar com você me empurrando por não conseguir me acordar com delicadeza.. Mas isso demoraria tanto.

 E você deveria saber disso! Agora, por favor, explique-se. O que você tem na cabeça..?

 Depois do nosso café conturbado, você simplesmente levantou, fez uma breve reverência, agradeceu por tudo e virou as costas. De novo.

 Mas eu fui mais rápido. Não podia deixar você sair sem explicações, de novo.

 E a pergunta era clara.. Eu podia sentir que você esperava por ela apenas pela tensão do seu corpo.

''..Não quero me explicar. Eu me sinto sujo..! Não apenas por ter te deixado, da pior forma possível.. Mas também por pensar que eu conseguiria ser mais feliz com alguém que pudesse me dar o que você nunca me deu. Essa maldita ganância que corre nas minhas veias me fez cego! Fez meu cérebro e meus princípios passarem por cima da única coisa pura que eu conseguia nutrir. O meu amor por você..''

 E então eu te soltei. Você nunca tinha me dito que me amava. Sempre foram demonstrações de afeto, ou corações com as mãos.. Mas nada jamais verbalizado. Porém eu nunca consegui duvidar dos seus sentimentos. Você sempre me deixou bem claro.. Mas..

Ah.. Pra mim já chega.

 Você sabe exatamente como eu fiquei depois de você ter cruzado aquela porta. Depois de ter dirigido os seus passos para seu próprio sofrimento, de novo.

E agora.. O que eu posso fazer?

 Vou lhe devolver todas as coisas que me disse, deixar contigo tudo o que te dei.. Deixar meu coração em paz, deixar-te viver o que bem entender.. Apagar as feridas do passado, eu preciso.

Não posso, não quero e não consigo aguentar mais..

Você me machucou demais, amor.

Você não me conhece.



''..Haven't felt me feel real in a long time
What won't you touch me?
Everything is yours nothing's mine
You don't owe me.. Anything.

Make mistakes like we know how
We're learning slowly
Still the same? I beg to differ
You hardly know me
All the things you say, get back at you
Today I woke up hurting
Did I ever sleep?

Wake me up before California
Darling boy I always adore ya
If this is what you want, then I'll leave

Baby.. Maybe..''


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Notas finais do capítulo

Odeio isso, mas infelizmente é preciso pedir. Bem, se estiver afim de dizer o que achou, já sabe né? Eu gostaria mesmo de saber o que pensaram sobre essa história.. Mesmo que seja pra dizer que está ruim.

E.. Sei lá, acho que é só isso.