Eu peguei um boost e cheguei do lado da Snow, depois olhei em direção do castelo e vi que já estávamos chegando no castelo.

Assim que chegamos nas portas, fomos barrados. Eu peguei o papel da missão e falei:

—viemos aqui entregar um item ao ministro.

Ele pegou o folheto e logo em seguida rasgou em pedaços, depois disse:

—eu não estou nem ai, vocês não vão entrar.

O Dark colocou a cabeça pra fora da minha roupa e falou pra mim:

—mata logo esses cretinos e entrega a porra da maça de uma vez.

Os dois apontaram as lanças pra mim na hora que viram o Dark, eu peguei ele pelo pescoço e falei:

—não atrapalha sua desgraça. Vai lá com a Snow e me deixa resolver o problema.

Ele deslizou pela minha calça e foi até a Snow enquanto me xingava de um monte de coisas, depois eu peguei a minha maça de diamantes, mostrei pros soldados e falai:

—aqui a prova, agora me deixa entrar de uma vez.

Eles não abaixaram as lanças, e um disse:

—um bruxo encantador de cobras!

Outros soldados foram se reunindo com todo aquele fuzuê, até que um deles me reconheceu e disse:

—ei, esse é aquele garoto que atacou um padre!

Eu fui pro lado da Snow e ela perguntou:

—e agora?

Eu respondi:

—e agora? Agora corre!

Nós saímos vazado de lá com os soldados atrás no nosso cangote, corremos pra cacete, eu estava pensando seriamente em chamar a Chii, mas só pra poder explicar pra Snow todo o rolo que seria, era melhor correr com as próprias pernas mesmo.

Chegamos a sair da cidade, nesse momento, eu falei:

—Snow, você não consegue jogar neve neles não?!

Ela respondeu:

—eu consigo, mas eles são humanos, e minha mestra me ensinou pra nunca atacar humanos... então...

O Dark, que estava enrolado na Snow, ficou puto e gritou:

—pelo amor de deus garota, pare de ser a Sakura da vida e soque logo neve na goela desses filhas da-

A Snow socou mais um monte de bolas de neve na garganta do Dark enquanto falava:

—eu posso não atacar humanos, debolas de neve na garganta do Dark enquanto falava:

—eu posso não atacar humanos, mas saiba que só porque é a outra metade do Saito, você não sai impune!

Eu decidi pegar o Dark de volta e falar enquanto  colocava ele dentro da minha camisa:

—entra logo antes que a Snow também comece a nos perseguir, já temos problemas o suficiente por hoje!

Ele se enrolou no meu abdômen e me xingou de mais algumas coisas, coisa bem normal pra falar a verdade.

Mas o que tinha que ter acontecido só pra piorar a situação, foi ter encontrado a Cupa andando com o dedo indicador na boca, assim que ela olhou pra mim, ela gritou:

—oi Sai-

Depois viu a negada atrás de mim e se embaraçou toda, eu não sei se fazia um facepalm ou se xingava o autor dessa poha, mas decidi pegar a Cupa, colocar no ombro e continuar correndo como um condenado.

A Snow, furiosa, perguntou:

—Saito, você é louco? Ela é um creeper! Vai explodir!

Aquilo me lembrou de uma coisa, eu dei um breque na corrida, virei pros soldados e gritei:

—se derem mais um passo!

Todos eles pararam, e com isso eu continuei:

—todos nós vamos sair voando pelos ares!

Nisso eu já tinha colocado a Cupa no chão, e quando eu fiz isso, ela perguntou com um tanto de preocupação:

—o que isso significa?

Um dos soldados, ignorando minhas ameaças, retrucou:

—você não teria coragem!

Eu olhei com uma cara de pokerface pra ele e falei:

—cara, eu estava carregando uma creeper no colo.

Ele engoliu os lábios, eu aproveitei a chance, peguei a Cupa nos braços de novo e pulei na direção dos soldados gritando:

—RUN BITCHS, RUN!

Todos eles largaram as armas e saíram correndo, já eu continuei correndo atrás deles só pra colocar mais medo ainda. Depois que eu tive certeza eu eles fugiram mesmo, eu coloquei a Cupa no chão e cai rolando de tanta risada, mas a melhor parte era que o Dark também estava rindo, dele colocou a cabeça pra fora pelo lado de baixo da minha camisa e disse quase chorando de tanto rir:

—eu não gosto de você, mas essa foi muito foda!

Meio que fizemos um “toca aqui”, eu com a mão e ele com a cabeça.

Depois que nos recuperamos, eu levantei, olhei pra Cupa e vi que ela ainda não estava entendendo nada, afinal de contas, não é todo o dia que te pegam no colo e te usam pra ameaçar 20 negos armados né?

Primeiro eu agradeci a Cupa falando:

—nossa Cupa, foi a melhor hora pra você aparecer. Salvou mesmo nossas vidas.

Depois eu perguntei:

—mas o que você está fazendo aqui? Sabe que a cidade é bem perto, não devia andar por essas bandas.

A Snow tacou um bloco de neve na minha cabeça e falou com sangue nos olhos:

—me expliquem logo o que está acontecendo!

Eu contei a historia pra Snow, e depois disso ela ficou mais calma, e eu também contei pra Cupa a historia a partir do ponto em que eu deixei ela dormindo sozinha. Com tudo explicado, era hora de continuar a caminhada sem rumo.

Mas antes de seguirmos caminho pra lugar nenhum, a Cupa perguntou:

—Saito, qual o motivo dessa cobra preta estar enrolada em você?

O Dark colocou a cabeça pra fora pelo buraco aonde fica meu pescoço e disse:

—simples garota, eu sou o outro lado desse infeliz aqui.

A Cupa olhou pra ele e perguntou:

—e por que você é uma cobra?

Ele respondeu com uma pergunta:

—nada de mais, por que você é uma creeper?

Ela respondeu:

—porque eu nasci assim, mas o que isso tem haver com você ser uma cobra?

O Dark ia falar alguma coisa que não devia sair daquela boca suja dele, por isso eu segurei a boca dele e respondi:

—não tem nada, o meu outro lado é meio idiota mesmo.

Ele se soltou da minha mão e perguntou com sangue nos olhos:

—quem você está chamando de idiota seu verme insignificante?

Eu respondi igualmente:

—a minhoca superdesenvolvida que está na minha frente, isso não está obvio o bastante pra esse seu cérebro de petróleo processar?

Eu e ele estávamos prontos pra cair no braço de novo, mas desistimos no meio do caminho já que a Snow estava lá.

Depois eu peguei a maça de diamantes e perguntei:

—bom, como não vamos entregar pro ministro, essa maça não tem mais utilidade. Que tal comermos?

O Dark comentou:

—não seja idiota, apenas comer é a coisa mais estupida a se fazer, vamos pesquisar em algum livro ou coisa parecida, tipo aquele que a antiga mestra da boneca de neve deixou.

Ele entrou na minha mochila e pegou o livro sem mais nem menos, mas quando a Snow ouviu aquilo, ela ficou empolgada e perguntou:

—ela deixou um livro? Por que não me avisaram antes? Deem ele pra mim, eu quero ler!

Essa cobra maldita fodendo tudo...

Dark: não.

Snow: não...? por que?

Dark: porque não, não é motivos o suficiente?

Snow: claro que não! Era a minha mestre, eu quero ver as palavras que ela pôs nesse livro!

A Snow tentou pegar o livro, mas o Dark esquivou com o livro na boca e continuou:

—aqui não tem nada escrito pra você garota.

A Snow já ficou irritada e perguntou:

—então o que está escrito ai!?

Dark: nada de mais, apenas o quando a sua mestre te odiava e te achava inútil. Quer que eu fale mais ou pare por aqui?

Aquilo foi como um choque pra Snow, por um momento pensei que ela fosse dar um soco no Dark, mas ela parou, soltou algumas lagrimas e saiu correndo.

O Dark respirou fundo, jogou o livro pra Cupa e falou:

—puta merda, só trabalho pra mim.

Ele desceu por dentro da minha calça e foi rastejando com seus incríveis 5 metros com velocidade em direção a Snow.

Visão: Dark

Eu: garota! O garota, pare de correr e venha logo aqui!  Está me dando trabalho demais seu saco de bolas de neve!

Eu escutei os soluços e o choro vindos de trás de uma arvore, eu fui até lá, subi na arvore e me pendurei em um galho, ficando de ponta cabeça pra garota.

Assim que ela me viu, ela cobriu o rosto todo molhado de lagrimas, eu já estava de saco cheio daquilo e falei:

—anda logo, vamos de uma vez. Pare de ser manhosa antes que eu te arraste a força.

Ela me respondeu com um tom enérgico e claramente mostrando irritação misturados com tristeza:

—cala a boca!

Eu: cala a boca? quem você acha que é pra me mandar calar a boca!? engole o choro e levanta de uma vez porra.

Snow: me deixe em paz!

Eu: affe, não consegue aguentar nem um insulto tão leve como esse, mortais são mesmo uma desgraça.

Snow: você não sabe de nada, não fale como se já tivesse sido abandonado!

Eu: CALA BOCA! VOCÊ QUE NÃO SABE DE NADA!

Foi a primeira vez que eu tive que gritar com alguém... aonde que eu fui me meter? Mas continuando a minha bronca:

—você é frouxa demais, uma fracassada! Só foi abandonada por 2 anos e nem esfregaram na sua cara ainda, isso não é motivos pra chorar!

A Snow retrucou gritando também:

—CALA A BOCA VOCÊ! NÃO SABE COMO DOI SER ABANDONADA POR ALGUÉM, E AINDA FICA FALANDO ESSAS COISAS PRA MAGOAR!

Eu desci daquele galho, enrolei os braços dessa golem junto do resto do corpo e apertei enquanto falava:

—sua fraca inútil, eu posso te matar aqui e agora! O Saito é muito mole, quando você contou pra ele que foi abandonada, ele te consolou! Coisa que te deixou fresca! Pessoas não precisam que levantem rosas pra elas, precisam que joguem espinhos para pararem de serem manhosas e frescas! Quando eu e o Saito fomos abandonados, não tivemos todo esse luxo de ser consolados! Fomos apedrejados, pisados e insultados de coisas bem piores do que as que eu te falei! E sabe pra que isso serviu? Pra nos deixar fortes! Nós aprendemos a levantar e a lutar, e por isso somos fortes! Agora levante igual um homem e cale a boca, antes que eu a cale por você.

Eu afrouxei o apertão e me desenrolei da garota, ela parecia estar em estado de choque. Eu me cansei dela e fui voltar pro resto do pessoal, mas antes que eu saísse, ela perguntou:

—vocês... já foram abandonados?

Eu virei pra ela e respondi com meu tom arrogante:

—sim! Não foi o que eu acabei de falar? Criança idiota...

Snow: e como foi?

Eu: já vi que vou ter que contar a historia toda... pra simplificar, nós viemos de outra dimensão. Se tivéssemos vindo desse mundo mesmo, não teríamos coisas tão avançadas pra sua época, e nem teríamos a tal de “taxa de regeneração passiva” quebrada. Mas voltando ao que interessa: o Saito não mora com os pais de verdade deles, aqueles dois são pais adotivos, os pais de sangue dele o abandonaram quando ele tinha 4 anos em um beco, depois de ter arrebentado ele de porrada. Você nunca viu, mas ele tem varias cicatrizes por baixo da roupa, depois daquele dia, ele teve que viver como um vagabundo, catando comida do lixo e essas merdas ai. Os adolescentes daquele bairro jogavam pedras no Saito todos os dias, xingavam ele constantemente e sempre esfregavam na cara pra valer que ele foi abandonado pelos pais. E você acha que ele chorou? Não, ele teve ódio. Ódio dos pais, dos adolescentes, do mundo todo, e foi assim que eu nasci, mas não cheguei a me manifestar. Meu tamanho é tipo o nível do ódio que ele guarda no coração, e eu já atingi 2 metros apenas no primeiro mês depois do abandono. Todo aquele bullying durou por mais 3 meses, até que o Saito finalmente explodiu e manchou as ruas da cidade com vermelho usando uma faca enferrujada e sua sede de sangue. Assim que a policia chegou e viu ele com a faca, levaram ele pra um interrogatório, mas ele não disse nada. levaram ele até um orfanato, mas no momento que ele pôs o pé lá, falou em voz alta que odiava tudo e todos naquele local. Por fim, levou ele em um psiquiatra, aonde aquele homem adotou o Saito e cuidou dele até os dias atuais, e tudo isso sendo pago com bastante dinheiro. No final, a vida do Saito é uma ilusão, com um pai falso que apenas age como alguém gentil por causa do dinheiro, uma mãe que finge se importar com ele e uma irmãzinha falsa. Apenas a Mangle se importa com ele de verdade, e por isso eu vou fazer de tudo para podermos reencontra-la, mesmo que eu tenha que ser o vilão da historia pra isso acontece.

Boom! Foi uma descarga elétrica na Snow depois que ela escutou isso, eu retomei meu caminho de volta ao resto daqueles infelizes, mas antes de sair, eu falei:

—e nem comente nada, sua boneco de neve imprestável. O Saito já esta instável o suficiente, e se você ficar perguntando essas merdas, é capaz de acontecer um genocídio  por aqui.

Talvez agora ela pare de chorar, levante e pare de frescura de uma vez.