Rainha Negra escrita por Anne P


Capítulo 3
Capítulo 3 • A Fúria Prateada


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente quero agradecer a Kah Soul que recomendou a fanfic e a todos que estão acompanhando a fic agr no começo, graças a vocês que eu tenho motivação para continuar a escrita de Rainha Negra (>.<)

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Capítulo atualizado dia 24/06/2017
Betado por
kellycavalcanti (ID: 567863)



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  Ela já estava galopando há mais de dez minutos e as lágrimas continuavam a cair pelo seu rosto, embora em menor intensidade. Tudo que tinha ao seu redor era a floresta, se sentia perdida entre todas as árvores a sua volta que, aos seus olhos, pareciam iguais. Ao olhar para trás, já não conseguia mais enxergar nada sem ser a floresta.

 A morena estava longe de casa, constatou isso ao calcular a distância que June correrá nesses dez minutos, provavelmente não estava muito longe do conjunto de fazendas Graund.

 Hope se permitiu descer de June e andou junto a ela a procura de uma árvore segura para dormir até o crepúsculo, suas botas escorregavam entre as rochas úmidas cobertas por lodo e os cascos de June quebravam os gravetos no chão, fazendo daquele ruído o único som audível no momento. Quando uma brisa fria vinda do sul lhe atingiu a morena tremeu e se encolheu agarrando fortemente a manta que sua tia lhe dera.

 Pensou em acender uma fogueira, mas sabia que aquilo chamaria uma atenção desnecessária e descartou o pensamento rapidamente.

 Foi quando encontrou uma grande e velha árvore, com folhagens densas o suficiente para esconder June de qualquer ser alado que se encontrava caçando naquele território, a morena amarrou fortemente a égua na árvore e, após analisar bem para ter total certeza que ela não fugiria, se permitiu subir na árvore e se acomodou entre os galhos fortes e resistentes, começou a contar as estrelas enquanto chorava baixinho pela tia que sempre cuidou dela tão bem.

Rainha Negra

 Ele soltou um suspiro aliviado ao ver, não muito longe, a capital. Já estava prestes a amanhecer e os primeiros raios solares se faziam presentes. Sua noite foi um completo terror; sempre que estava a escutar um bater de asas no céu, seu coração acelerava e seu rosto perdia a cor e tudo só piorava quando ouvia os rugidos ferozes e famintos que às vezes ecoavam pela floresta – por mais distante que estivessem sempre pareciam estar perto, muito perto. Ainda sim, seu maior medo era atravessar os poucos pedaços não cobertos pela floresta, sempre ficava atento com medo de ser atacado, contudo o céu negro da madrugada e as nuvens não ajudavam.

 Com um grande sorriso no rosto ele passou pelo portão da cidade, se sentia vitorioso por vencer a morte, ou pelo menos escapar dela na calada da noite. Exausto, percorreu a subida íngreme até o grande castelo da capital que se encontrava bem ao topo do Monte Rush.

 Ele era um reles guarda da cidade, sua função era apenas separar brigas de bêbados e buscar alimento nas fazendas, somente soldados do castelo poderiam entrar na grande construção em tons de branco e prata. Como sentia inveja desses soldados, suas vidas eram bem melhores se comparadas a sua, mas não podia reclamar de seus dias de folga – que aconteciam com mais frequências do que as folgas dos soldados do castelo –, sempre podia passar o dia bebendo ao lado de alguma prostituta.

 Levou mais tempo que o antencipado para convencer os guardas do castelo de que o assunto que tinha que tratar com a rainha era de extrema importância, mas quando finalmente entrou no castelo deu-se conta que cada minuto que aguardará para entrar naquela magnífica construção valerá a pena.

 Seguiu caminhando pelo piso de tijolos que a seu ver reluzia como ouro, as paredes eram repletas de tapeçarias e pinturas divinas de todos os reis e rainhas que já viveram no palácio – todos de cabelos brancos. Foi guiado pelos soldados até a sala do trono, uma grande cadeira feita de ouro e prata com tecidos nobres estava bem ao centro ao seu lado direito estava outra menor feita somente de ouro, já ao lado esquerdo se encontrava outras três de prata que chegavam a ser menor que a dourada, contudo continuavam grandiosas e que se sentasse ali certamente iria exalar superioridade; atrás dos cinco divinos tronos, se encontrava uma grande janela enfeitada com cortinas grossas em um tom forte de vermelho com detalhes dourados que dava para a sacada, onde era possível ver o sol que nascia no horizonte, era realmente uma vista maravilhosa.

 Demorou cerca de meia hora até sua majestade parecer, a mulher tinha a pele pálida como a neve, os olhos em um verde profundo e maravilhosos cabelos brancos presos em um coque que na luz do sol pareciam madeixas prateadas, ela vestia roupas dignas da realeza com um vestido na cor púrpura com detalhes dourados e era longo ao ponto de se arrastar pelo chão em uma cauda, tinha um decote vantajoso que exibia boa parte do colo, e em seus dedos havia muitos anéis, assim como um maravilhoso colar em seu pescoço e em sua cabeça se encontrava uma majestosa coroa feita completamente de cristais.

 Muitos achavam que o prateado por trás do governo do reino era o rei, entretanto estavam totalmente enganados, a figura majestosa por trás do governo do reino era a rainha; fria, calculista, inteligente e forte, muito mais forte que o rei ou qualquer outro ser prateado que já pisou – atualmente – naquele reino.

 A rainha sentou-se no trono maior e encarou o guarda com uma mistura de ódio e desdém, o pobre guarda que fora obrigado a se ajoelhar diante a rainha e lá ficaria até que a mesma se retirasse se sentia um pobre ratinho diante do mais temível predador.

— Diga-me seu nome, ser que ousa interferir em meu sono. — ordenou a voz aveludada.

— 126° guarda da cidadela, Millas, vossa excelentíssima majestade.

— O que um guarda como você está fazendo aqui em meu castelo? — pela primeira vez o guarda ousou olhar diretamente para a rainha, e tremeu sob seu olhar fatal.

— Vim-lhe comunicar sobre suspeita de traição à coroa e bruxaria, minha vossa excelentíssima majestade.

 Millas tremia, e tremia muito sob o olhar da rainha, contudo a palavra bruxaria chamou a atenção da mesma.

— Pode se levantar guarda Millas — pediu a rainha em um falso tom doce, a mesma olhou para uma serva ao longe. — você. Traga-me duas taças do melhor vinho da adega, e não demore — A empregada saiu em disparada em direção a cozinha, para trazer o que a rainha pedirá. — conte-me mais sobre essa bruxaria de que se referia. Espero que seja algo interessante, não irei desperdiçar meu vinho com banalidades. — A última frase causou medo no guarda, o fazendo voltar a tremer.

— Estava nas fazendas litorâneas, junto de meu amigo, 98° guarda da cidadela, Garner. Ontem ao final da tarde quando uma mera camponesa punha a última mercadoria da carroça, algo inesperado nos assustou. A garota caiu no chão e em sua volta todas as plantas morreram e logo após o seu redor uma estranha chama azul se acendeu, algo que nunca vi em todos meus anos de serventia.

 A inabalável rainha continuava a mandar um olhar frio a Millas, mas por dentro algo havia-se quebrado em seu ego de superioridade, uma relés camponesa tendo esse tal poder a assustava.

 O homem teme aquilo que não conhece.

 A rainha temia aquilo, principalmente porque não tinha as respostas para aquela situação, e aquilo a deixava zangada e totalmente irada; a rainha destruía aquilo que ela temia.

 A empregada entrará novamente no salão, agora segurava uma bandeja de metal com duas taças de ouro branco, uma continha diamantes já a outra não. Ela andou em passos rápidos e cuidadosos, e se ajoelhou diante da rainha lhe entregando sua taça e depois foi até Millas entregando a dele, contudo não se ajoelhou diante dele como fizera a sua rainha.

— Saiam todos e me deixem as sós com meu convidado! — com a ordem da rainha todos os presentes na sala saíram, quando o último soldado passará pela porta ela fez um rápido movimento com os dedos médio e indicador, e a porta se fechará. — Se aproxime mais Millas — O gordinho se aproximou alguns passos da rainha. — você sabe o nome da camponesa? — Bebericou seu vinho na taça de diamantes.

 Millas que bebeu todo o vinho em poucas goladas observou o gesto da rainha ansiando por mais daquele esplêndido vinho que provará.

— Sim minha rainha, Hope Kane é o seu nome.

— O que você e seu amigo fizeram com ela? — A rainha disfarçava sua ira com o falso carinho.

— Ele ficou a vigiando, enquanto eu me ofereci para galopar durante a noite toda, para que trouxesse essa informação a excelentíssima. — se vangloriava de algo que não fizera.

— Oh como você é corajoso, não teme os meus dragões não é algo que se vê todo dia, por favor, me chame de Aeryn — levantou-se e começou a andar na direção de Millas, que não perdeu um movimento do corpo curvilíneo da rainha. — quero que me faça um favor, Millas. Se conseguir realizá-lo lhe darei tudo. — Falou enquanto passava a mão pela armadura mixuruca do guarda e andava ao seu redor. — Você irá ser promovido para comandante da guarda real, terá riqueza, terá um bom quarto no castelo, terá mulheres… — Sussurrou no ouvido de Millas, enquanto passava a mão de modo sedutora em seu braço. — será apresentado como Sir Millas comandante da guarda real, não será mais um guarda da cidadela. E sabe o que terá que fazer para conseguir isso?

 Millas pensava na riqueza, se imaginava no lugar que a rainha prometera; tudo que sempre quisera.

— O quê?

— Traga a camponesa para mim, se ela resistir a traga a força, se alguém tentar impedi-lo mate-o. E o mais importante: a traga viva. Consegue fazer isso para mim? — acenou positivamente. — Bom muito bom. Então temos um acordo.

 O inesperado se foi feito, a rainha o beijou. Foi rápido, porém o melhor da vida toda de Millas.

— Esse beijo representa nosso trato, se não cumpri-lo irei matá-lo, lentamente. — se o guarda estivesse são, diria que viu os olhos verdes da rainha brilhar como uma chama distante na escuridão, contudo estava entorpecido por algo maravilhoso que ele mesmo não sabia o que era até mesmo ignorou totalmente a ameaça de morte. — Agora vá imediatamente buscá-la, seu prêmio lhe aguarda. — Ela se afastou e voltou-se a sentar no trono, Millas não esperou uma segunda ordem antes de sair porta a fora.

 Uma sombra se aproximou vinda da parede direita, onde na mesma se encontrava o corredor que dava passagem para os quartos da realeza, ele era alto e tinha um sorriso sacana no rosto, seus cabelos que eram iguais aos da rainha e batiam perto de seu ombro.

— Minha amada, você me surpreende cada dia mais, até parece que não somos casados há anos. Ontem você fez uma criada se jogar da janela somente com um olhar, a pobrezinha achou que sabia voar, e hoje você manipulou esse coitado pra achar que um dia ele terá glória em sua vida medíocre. — disse o rei sentando-se no trono de ouro ao lado de sua rainha.

— Espero que isso não diminuía seu amor por mim.

— Nunca. — foram suas últimas palavras antes de beijar sua mão.

 A rainha nem imaginara que Hope não estava mais nas fazendas, a morena estava a cavalgar em algum lugar em direção ao norte, desobedecendo à tia, contudo não de propósito.

 Naquela manhã a morena acordou assustada, fora acordada por um rugido e não um simples rugido era um som estrondoso com um trovão; foi quando olhara para o céu que o viu, o ser alado voando em direção às montanhas certamente para voltar para sua toca e dormir, para novamente sair em busca de seu alimento durante a noite.

 Hope perderá o crepúsculo e quando acordou com o susto o sol já estava completamente no céu, assustada pela fera que viu e com medo de já estarem atrás dela, Hope pegou June e correu o mais rápido que a égua conseguia entre a floresta mal perceberá que não estava indo para o leste como sua tia lhe indicará, estava indo para o norte, estava indo na direção do dragão.

 Correu desesperada entre a mata, estava zonza pelo susto e mais tarde ficou perdida, sem saber onde se encontrava ou para onde iria somente gostaria de sair daquela floresta.

 Foi quando a fome apertou que ela descerá de June e sentou, cansada, no chão para se alimentar; pegou dentro de sua bolsa um pedaço de pão e o comeu dando às vezes goladas de vinho para ajudar o pão seco a descer por sua garganta.

 Pegará o diário de sua mãe e deu uma folheada entre as páginas, não leu apenas passava de página em página contemplando os desenhos que tinha em algumas folhas. Foi quando escutou um barulho na mata e assustada não pensará muito antes de subir novamente em June e voltar a ir à direção que seguia, não corria nem andava estava no meio-termo.

 Foi quando estava começando a escurecer que a morena percebeu que estava no caminho errado, sua pele perdeu a cor e ela começou a tremer enquanto encarava as montanhas logo a sua frente.

Rainha Negra

 Ela estava sentada em seu trono esperando por eles, sabia que ambos os guardas haviam chegado à cidadela, só estava desconfiada o motivo de não os vê ali. Estava impacientemente e sua ira da manhã não diminuirá, estava prestes a mandar um soldado atrás deles, quando os mesmos entraram no salão; Garner e Millas entraram olhando para o chão, e os passos em falsos que davam denunciaram sua bebedeira.

 A rainha os olhara com seus olhos verdes demonstrando curiosidade e tinha em seus lábios um pequeno sorriso, quase imperceptível.

— Onde ela está?

 Os dois se olharam antes de encarar finalmente a rainha a sua frente, o choque de ambos fora ver que não se encontrava apenas a rainha no salão; estava sentado em seu trono dourado o rei, assim como nos tronos prateados se encontravam um garoto e duas garotas sendo que uma delas ainda era uma criança, todos de cabelos brancos, a realeza prateada estava toda reunida.

 Garner se atreveu a começar.

— Tivemos a mais alta traição vossa excelentíssima majestade, a tia da garota, Gretel minha amiga há anos traiu a coroa ao ajudar que a garota fugisse, tentamos a achar de todos os jeitos majestade, contudo a garota partirá durante a noite e seus rastros já se perderam. Gretel e seu marido foram enforcados por trair contra a senhora.

 O maxilar da rainha travou e seu sorriso sumira, ela mesma queria enforcar os guardas com suas unhas longas e afiadas, contudo apenas respirou o ar com força antes de passar a mão em sua têmpora.

— Desculpe-me Aeryn. — se arriscara Millas, dando um passo em direção a rainha ainda estando sob efeito do feitiço da rainha, acreditava que a mesma o desejara, que o amava. — Me de mais um dia que irei trazê-la a você…

— Não ouse continuar. — Ordenou a rainha, lançou um olhar para o soldado atrás de Millas, e o mesmo que já estava naquele castelo há anos soube o que fazer.

 O soldado andou até a grande janela e abriu as grandes cortinas que davam a sacada, a deixando totalmente à mostra.

— Tínhamos um trato Millas, e você o quebrou.

— Não foi por querer minha rainha, lhe juro que sou o guarda mais leal da cidadela, dei-me mais uma chance.

— A sua lealdade não me importa, eu quero a garota. — antes de Millas argumentar, a rainha estalou os dedos, e lhe lançou um sorriso maldoso, cheio de vingança.

 Foi questão de segundos antes que um som agonizante entrasse pela janela, antes de seu dono. Ele era preto com escamas que às vezes pareciam verdes, suas asas eram enormes e seus olhos eram tão brancos quanto o de um defunto, ele era enorme mais entrou perfeitamente pela sacada, com certeza tinha bem mais de dois metros e meio.

 A rainha se levantou de sua cadeira, e andou até o dragão ela sorria assim como sua família, estavam ansiosos para o espetáculo.

— Vejo que vocês ainda não conhecem Droko — ela olhou para os guardas que tinham seus olhos arregalados. — ele adoraria conhecer vocês.

 Ele abriu a boca e a chama em tom verde fora na direção dos guardas, seus gritos agonizantes não duraram nem dez minutos, antes de estarem completamente mortos e queimados pela chama do dragão. Ele se aproximou deles adentrando ainda mais pelo salão, sua cauda enorme balançava de um lado para o outro como um gato arisco; foi quando ele os devorou, mastigava a carne queimada com cheiro pútrido, contudo nada naquela cena era problema para a nobreza prateada, eles mesmos gostavam do espetáculo.

— Sinto-me desapontado mamãe. — começou o garoto de cabelos brancos que sentava no primeiro trono de prata ao lado do trono da rainha, ele tinha a mesma pele pálida e seus olhos eram cinza; ele, Alek, era o filho mais velho da rainha, o príncipe sucessor ao trono. — A senhora nem mesmo deu chance deles implorarem por suas vidas sem valor, essa era a parte mais divertida.

— Cala-se Alek tenho coisa mais importante para me preocupar. Quero a garota.

 O jovem prateado odiava ver sua mãe assim angustiada, justamente por só tê-la visto uma vez daquela maneira, fora essa. Gostava do sorriso maldoso da mãe e de seu olhar frio, não de vê-la preocupada, temendo algo.

— Deixe-me trazer a cabeça da jovem para você, mamãe.


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Notas finais do capítulo

• Coroa da Aeryn foi inspirada nesta:
http://g01.a.alicdn.com/kf/HTB1XXAvIpXXXXc7XFXXq6xXFXXXT/Noiva-de-strass-grande-tiara-de-cristal-grande-coroa-de-jóias-de-cabelo-acessórios-de-cabelo.jpg
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