Todos os sonhos do mundo escrita por Marcia Litman


Capítulo 7
Capítulo VII




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Luciana estava na fila da cafeteria com Juliana e ambas conversavam sobre coisas do escritório. Elas tinham acabado de sair de um dia tumultuado no trabalho e Luciana foi surpreendida por um convite da colega de trabalho com um convite para sair e espairecer um pouco.

— Ainda bem que a gente fechou esses releases hoje — comentou Juliana. — Mais um dia e eu acho que ia jogar o Júlio pela janela.

A situação inusitada de ver Juliana, sempre tão calma, chegar naquele nível de tensão fez Luciana colocar a mão na boca para segurar um riso involuntário.

— Acabou, Juliana. Não precisa ser presa por isso.

A fila andou e elas chegaram ao caixa. Elas fizeram seus pedidos e Luciana tirou o cartão da bolsa e pagou os dois pedidos. Juliana olhou para ela, a testa franzida.

— Você pode pagar uma próxima, que tal?

Juliana sorriu e Luciana gostou da sensação de tentar aprofundar amizade com alguém que praticamente tinha entrado com ela na assessoria e que trilhava quase os mesmos passos.

— ‘Tá combinado.

Depois de receber a nota fiscal, as duas foram até o lugar onde receberiam as bebidas. Enquanto aguardavam, o celular de Luciana tocou e ela enfiou a mão na bolsa, procurando o aparelho na bolsa até encontrar e poder atender.

— Alô?

Ei, Lu. É a Marina.

— Ei — Luciana sorriu e acenou para Juliana, dizendo por gestos que iria atender ao telefone no lado de fora. 

Você viu que saiu a lista de finalistas do concurso do livro?

Luciana prendeu o fôlego por alguns segundos.

— Não, acabei de sair do trabalho — Luciana fechou os olhos, tentando não ter um ataque de pânico. — E aí? É bom?

Marina soltou uma risada do outro lado da linha.

— Você está na lista!

O coração de Luciana ficou a ponto de sair em um salto e a moça segurou a vontade de gritar no meio da rua.

— Não acredito! — Luciana colocou a mão no rosto, que queimava.

— Acredite, Lu. Acho que você já pode usar isso como plataforma pra começar a mandar seu original pra alguma editora. E claro, a gente vai torcer pra você ir longe nesse prêmio. E acho que você tem muitas chances, viu?

Luciana ainda tinha um sorriso que ia de orelha a orelha.

— Obrigada, Marina.

— De nada. Ah, se quiser passar em casa, podemos comemorar. Daqui meia hora chego e não tenho planos pra hoje.

— Eu irei sim. Aviso quando estiver a caminho.

— Até mais tarde, Lu.

— Até.

Luciana sentiu que flutuava quando retornou para dentro da cafeteria. Deu uma olhada dentro do estabelecimento, até que localizou Juliana, que já tinha achado um lugar para elas. Andou na direção da colega de trabalho, sentando no lugar reservado.

— Ganhou na loteria? — brincou Juliana.

— Não, mas… — Luciana tomou um gole de café, colocando o copo na mesa novamente. — As coisas estão indo bem. Quando tiver algo mais concreto, conto pra você.

Juliana assentiu e Luciana tomou mais um gole do café, sentindo a satisfação daquele momento.

 .::.

Os minutos se passaram e mais alguns pedidos foram feitos, permitindo que a conversa seguisse por mais algum tempo. Em algum momento Juliana olhou no relógio e pediu licença para ir ao banheiro para poder se despedir logo em seguida. Luciana assentiu, lamentando a perda da companhia, mas apreciando ao mesmo tempo, pois estava ansiosa para encontrar Marina e falar mais sobre a alegria de ser finalista do concurso com seu original. Não via a hora de poder compartilhar aquela aquele sentimento com a amiga.

Quando Luciana se viu sozinha, tomou o último gole do café que tinha restado no copo, que já tinha perdido a temperatura e um pouco do sabor agradável que ela tanto gostava. Assim que engoliu, sentiu um cutucão no ombro. Ela virou a cabeça de um lado para o outro, até encontrar a pessoa responsável por chamar a sua atenção. Demorou alguns segundos, mas Luciana acabou reconhecendo o rapaz.

— Bruno, certo?

Ele sorriu.

— Isso. E você é a Luciana?

Luciana concordou com um aceno de cabeça. Nesse exato momento Juliana apareceu e o franzido de sua testa denunciava que ela estava um pouco confusa com a situação encontrada.

— Bom, — Luciana pigarreou. — Vou apresentar vocês dois: Bruno, essa é minha colega de trabalho, Juliana. E Juliana, Bruno e eu temos uma amiga em comum.

Eles se cumprimentaram.

— Se não tiver nada pra fazer, pode sentar e fazer companhia para a Luciana — disse Juliana, enquanto voltava ao seu lugar. — Daqui a pouco vou sair e detestaria deixá-la desacompanhada.

Luciana tentou controlar a vontade de gritar quando Juliana fez o convite a Bruno.

— Não quero incomodar vocês.

O rapaz usou de bastante educação, mas Luciana quase podia jurar que ele estava desejando aceitar o convite.

— Não é incômodo — Juliana sorriu e Luciana viu que não teria outra saída a não ser usar de educação também.

— Seria um prazer.

Bruno sorriu e, para desespero de Luciana, puxou uma cadeira e se sentou junto com elas.

.::.

A conversa naquela mesa seguiu por mais alguns minutos, até que Juliana deu mais uma espiada na hora, percebendo que precisava ir mesmo dessa vez. Ela cumprimentou os dois companheiros e saiu, deixando Luciana na estranha tarefa de continuar com o rapaz naquela saída.

— Não precisa ficar se não quiser, Luciana — o rapaz afirmou, percebendo o desconforto de Luciana.

Ela detestava deixar as coisas tão claras em sua expressão facial.

— Desculpa, Bruno, é só que… não te conheço assim tão bem e costumo ser bem complicada pra fazer amizades.

— Não precisa pedir desculpas. E… eu sei que acabei impondo minha presença — ele encostou-se à cadeira. — Só queria mesmo saber como está a Marina. Quer dizer, acho que vocês continuam se vendo bastante. É que mudei de setor e ela ‘tá se saindo muito bem em me evitar nesses últimos tempos.

Luciana mexeu no copo vazio à sua frente.

— Ela está ótima. É uma grande amiga, sabe? ‘Tá me ajudando bastante com algumas coisas minhas. Até encontramos um amigo advogado dela, pra que a gente tivesse uma luz de como resolver um problema . Desculpa — Luciana colocou a mão na testa quando percebeu que Bruno franzia a testa. — Acho que estou falando muito sobre minha amizade com ela e isso pode ser estranho pra você.

— Não, não é isso, é que… você disse que encontraram um amigo dela. Um que é advogado.

— Sim…

Bruno olhou para a mesa e Luciana imaginou que talvez ele tivesse perdido as palavras que desejava usar.

— Por um acaso ele se chama Pedro?

Aquela pergunta acionou algum alerta de na mente de Luciana, que se mexeu em sua cadeira.

— Sim. Por que tenho a impressão que isso é ruim?

Bruno passou a mão pelos cabelos.

— Olha, acho que acabei falando demais. Se a Marina não te contou sobre ele… bem, ela não deve estar pronta pra isso ainda.

Luciana sentiu a frustração subindo pela parede do estômago, mas entendeu a hesitação do rapaz. Aquele não era um segredo dele e não lhe competia espalhar por aí, então ela acabou resolvendo que não o pressionaria para contar mais.

— Talvez ela não esteja mesmo. Só me responda isso: eu deveria ficar preocupada?

Ele olhou para baixo mais uma vez.

— Um pouco, sim. Mas só se você ver que ela ficou muito pra baixo. Pelo pouco que vi, acho que você faz bem a ela. Talvez isso ajude a minimizar os efeitos do Pedro.

Luciana suspirou, fazendo algumas ligações que a levava para certas conclusões.

— Por isso não deu certo com você? Por causa dele?

Bruno balançou a cabeça para cima e para baixo

— Não sei se ela sentia alguma coisa por mim pra falar a verdade. Mas ela aceitou sair comigo algumas vezes e, bem… eu deveria saber que era muito cedo pra ela. Por isso que voltei a me aproximar dela, pra dizer que não vou forçar algo. Há muito tempo ficou claro pra mim que não teria como a gente dar certo. Eu só… gosto demais dela e queria que tudo ficasse bem.

Luciana pode ver a sinceridade nas palavras do rapaz e empatizou com ele.

— Também quero muito que ela fique bem, Bruno. Ela é muito especial pra mim.

Os olhos do rapaz encontraram os de Luciana e ela teve a impressão que ele tinha entendido perfeitamente o significado daquelas palavras.


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