As provas estão se aproximando, menos de um mês. Muitas vezes eu tive que furar com Annabeth para sair com Rachel, sendo castigado mais tarde pela loira. Ela me mandava ler um livro de quinhentas páginas e lhe mandar o resumo no dia seguinte. 

Hoje não nos encontraríamos na casa do Grace, pois tio Zeus estava de mal-humor.   Eu despistei meus amigos na hora da saída, não precisei fazer o mesmo com Rachel já que ela sairia com as amigas depois da aula. Dirigi até em casa, mas ao invés de parar segui duas ruas acima da minha. Desacelerei para acompanhar os números das casas, quando o achei estacionei na frente e saí do carro observando a casa.

A casa era dois andares, inteiramente pintada de branco e com várias janelas. Uma pequena escada circulava o jardim, que era constituído de arbustos cortados em forma de retângulo e algumas árvores. Três entradas para a garagem, e encima delas, um terraço coberto. 

Na porta, toquei a campainha mas não foi Annabeth quem atendeu, e sim uma jovem moça, que poderia se passar por irmã dela facilmente. Seus cabelos castanho escuro estavam presos em um coque. Ela vestia uma camisa social branca, calças jeans  e botas pretas. Seus olhos cinzentos me olhavam da mesma forma que Annabeth, tentando me analisar e ver a minha alma. Ou só me chamando de burro mesmo. 

— Pois não? - Falou. 

— Oi.. é.. - Me embolei. - Eu sou colega de estudo da Annabeth.

— Já não era sem tempo. - Falou Annabeth ao lado da maior. - Vamos, entre. 

A morena deu uma leve tossida e mirou a loira. Eu não entendi muito bem o olhar, mas aparentemente Annabeth sim pois suspirou logo em seguida e falou:

— Mãe,  esse é Perseus Jackson. Jackson, essa é minha mãe, Atena Chase. 

Annabeth vestia uma camiseta de alça vermelha, shorts jeans e um par de chinelos. Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo.

Atena esticou a mão e eu a apertei. 

— Muito prazer. - Falou com um leve sorriso nos lábios. 

— O prazer é meu, senhora Chase. - Sorri de volta.

— Pronto? Podemos ir? - Perguntou a minha tutora.

— Claro, divirtam-se. - Atena piscou cúmplice para a filha e se foi. 

Olhei para Annabeth, sem entender o que a sua mãe quisera dizer com aquela piscada. Ela apenas me olhou de relance e se virou para as escadas, tenho certeza que ela estava corada.

Subimos as escadas e viramos a direita, andamos pelo longo corredor até chegar na ultima porta. Ela era branca e tinha uma coruja pintada em dourado. 

O quarto estava uma verdadeira zona. E não era porque a dona não o tinha organizado, mas sim, por que não tinha mais onde guardar tanto livro. Ao invés de uma parede, o quarto tinha uma estante gigante entupida de livros. A estante era tão alta que uma escada do seu tamanho estava apoiada na mesma. As pilhas de livros iam de: "A arte da Guerra" à  " Lendo hieróglifos volume 5". 

— Uau.. - Deixei escapar. - Eu sabia que você gostava de ler, só não sabia que era tanto. 

— O que? Isso? - Perguntou, apontando com a cabeça a estante de livros. - É apenas um quarto do que tem na biblioteca particular da minha mãe. 

Enquanto eu observava os títulos dos livros, ela foi retirando uma pilha de uma cadeira e da mesa do computador. Ela trouxe a cadeira para perto da outra e fechou o notebook. 

— Hey - Chamou. - Pare de babar nos meus livros e venha se sentar. 

— Não estava babando. - Falei meio emburrado, caminhei até a cadeira que Annabeth tinha retirado os livros e me sentei. 

Abri o livro de Química e comecei a fazer os exercícios com a sua ajuda. Depois de algumas horas fizemos uma pequena pausa para lanchar. 

Descemos as escadas e fomos para a cozinha, demos de cara com o pai de Annabeth, que pelo jeito não sabia que eu estava lá. Já que ele cuspiu o café e se engasgou, a loira rapidamente correu para lhe dar tapas nas costa. Quando desengasgou ele ficou me encarando. 

— Então.. - Quebrou o  silêncio que havia se formado. - Qual o seu nome mesmo rapaz? 

— Percy Jackson, senhor. - Respondi.

— E quais são suas intenções com a minha filha, eh.. Pedro, né? 

— É Percy. E minha intenções com a Annabeth são: estudar para as provas. 

Ele coçou a barba por fazer.

— Pai ele não é meu namorado. - Falou Annabeth colocando a xícara com café e o prato com um lanche na minha frente.

O senhor Chase pareceu surpreso. 

— Não? - Perguntou.

— Não. Apenas estou ajudando ele a estudar. - Ela se sentou ao meu lado.

— Além do mais, eu já namoro. - Falei. 

Envergonhado ele me pediu desculpas e se foi. Novamente a garota ao meu lado ficou envergonhada. Como estava ficando tarde, decidir ir. Na porta, a minha tutora se desculpou pelo mal entendido com os seus pais.

— Que isso - Sorri. -, foi engraçado ser confundido com o seu namorado.

Ela abriu a boca como se quisesse dizer algo, mas desistiu e fechou os lábios. 

— Então adeus. - Disse simplesmente. 

— Adeus. - Me virei e segui para o meu carro.

P.O.V. Annabeth 

Depois que Percy se foi, eu subi as escadas e decidi tomar banho. Ele havia progredido muito nos últimos meses, e por incrível que pareça nossa relação de ódio também. Na escola, ele não ria ou participava das zoações.

Hoje quando meus pais acharam que ele era meu namorado, não sei porque, meu coração começou a bater forte. Tudo bem que a nossa "aproximação" foi devido ao pedido de Thals e Jason, e que se parece muito com filmes de romance bestas. Mas isso não quer dizer que eu esteja apaixonada por ele, se tivesse mesmo, me internaria em um hospício.

Tomei meu banho e me deitei na cama, meu quarto ainda estava com o perfume dele. Levantei, liguei o ventilador e deixei a janela bem aberta. Olhei ao redor, suspirei e comecei a separar os livros que já havia lido. Os desci para a biblioteca da minha mãe, os colocando nos devidos lugares e não resistindo trouxe mais alguns para o meu quarto. Coloquei a cadeira no lugar e os livros sub ela.

Peguei "Orgulho e Preconceito", me deitei para ler. Chegou uma hora que eu apaguei, acordando horas depois apenas para jantar e voltando a dormir.