The Ravenclaw Girl escrita por Nightshade


Capítulo 8
A Carta de Alguém




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Honestamente, acho que se houvesse uma competição para saber quais alunos terminavam os deveres mais rápido, eu ganharia o primeiro lugar. Na sexta - feira a noite, eu tinha praticamente engolido o jantar sem mastigar e voltado correndo para a Torre da Corvinal, que, graças a Merlin, estava vazia. O pessoal ainda estava no Salão Principal jantando e eu iria aproveitar aqueles instantes para terminar todos os deveres que faltavam.

Por isso, estou livre de deveres e posso passar o final de semana lendo ou simplesmente ficar sem fazer completamente nada. Sorri com esse pensamento e reclinei-me na cadeira com os braços cruzados; olhei ao redor, os alunos já estavam retornando a Torre, então eu juntei minhas coisas na mesa e sai do Salão Comunal. Pensei em ir até a biblioteca, já estava um pouco tarde mas ainda não era hora dos monitores fazerem a ronda pela escola.

Quando entrei, percebi, surpresa, que alguns alunos, embora muito poucos, estavam ali. Certamente terminando seus deveres. A bibliotecária, Madame Pince, não estava em seu lugar costumeiro; talvez estivesse se esgueirando por entre as estantes para surpreender alunos descuidados.

Andei por um tempo, correndo os dedos pelas espinhas dos livros. Parei quando encontrei um livro conhecido, Hogwarts: Uma História. Não sei por que peguei o livro para ler. Eu tinha aquele livro e já o havia lido uma centena de vezes. Me sentei e fui abrindo nas partes em que citava Rowena Ravenclaw. Havia chegado na parte das Escadas Movediças quando levantei meu olhar e percebi que estava sozinha na biblioteca.

Olhei para o relógio, Oito da noite em ponto. Larguei o livro e sai correndo da biblioteca, me amaldiçoando em pensamento. Teria que subir vários lances de escada sem ser pega pelo Filch ou por algum Monitor, senão estaria muito encrencada.

Parei de correr para evitar que meus passos ecoassem pelos corredores. Mas não deu muito certo.

— Você sabia que eu poderia tirar pontos de sua Casa, ou lhe dar uma detenção. - disse alguém, assim que eu ia virar um corredor.

Parei e fechei os olhos com força antes de me virar. E suspirei aliviada quando vi quem era.

— Ernest. - sorri e tentei me explicar - Eu juro que não estava fazendo nada de ruim, apenas fui para a biblioteca ler e perdi a noção do tempo.

Ele ergueu uma sobrancelha e me avaliou; por um momento eu temi que ele fosse descontar pontos da Corvinal, mas então ele sorriu.

— Deve ter sido um livro muito bom. - riu - Vou te acompanhar de volta a Torre da Corvinal. Pansy Parkinson também está de ronda hoje a noite e não você não quer correr o risco de encontrar com ela e perder pontos.

— Não mesmo. - concordei e nos pusemos a subir as escadas.

Ficamos em silêncio durante todo o caminho, mas quando chegamos ao pé da escada em espiral eu o fiz parar.

— Obrigada por me acompanhar, Ernest. - agradeci - Foi muito gentil de sua parte. Boa noite.

— Boa noite, Amélia. - ele sorriu.

Por um microssegundo debati internamente se deveria fazer aquilo ou não, mas ergui minha cabeça levemente e beijei seu rosto.

É lógico que depois disso eu não consegui encara-lo, por isso virei-me depressa e subi as escadas correndo e respondendo ao enigma da águia em tempo recorde.

****

Na manhã seguinte eu só acordei porque ouvi um barulho de algo batendo em vidro. Ouvi resmungos das meninas; com certeza também queriam passar o final de semana dormindo até tarde. Abri o cortinado azul anil da cama e pisquei contra a claridade, aquele era o horário em que o sol batia bem em meu dormitório.

Sai da cama e fui até a janela mais próxima, havia uma coruja ali. Mas não uma coruja qualquer, era a coruja da minha mãe. Franzi o cenho, confusa. O que meus pais poderiam querer falar comigo?

Abri a janela e a deixei entrar; tirei a carta de seu bico e ela pousou em meu ombro, piando suavemente.

— Desculpe, não tenho nada para lhe dar agora. Mas você pode ir para o corujal descansar um pouco...

A coruja, a qual o nome minha mãe havia chamado de Atena em homenagem a deusa grega da sabedoria, piou de um jeito estridente e voou pela janela. Certamente ela não gostou de não receber nada para comer.

— Fica quieta, Knight. – resmungou Julie Clarke, uma das meninas de meu dormitório, ainda de olhos fechados.

Revirei os olhos e voltei a fechar a janela. Me joguei na cama novamente e fechei o cortinal. Olhei a carta de forma curiosa antes de abrir. Reconheci a letra floreada de minha mãe.

Amélia,

Como está filha? Se aplicando muito aos estudos, eu espero. Como eu havia dito esse é o ano das N.O.M.s, então suponho que seus professores estejam sendo muito exigentes em relação aos deveres. Quando eu estudava em Hogwarts era assim.

Muito bem, vou direto ao assunto. Sei que você deve estar se perguntando o motivo de seu pai e eu estarmos lhe mandando esta carta. Você estava cogitando a ideia de passar o Natal em Hogwarts este ano, como no ano passado, mas não será possível. Seus avós Francis e Cassiopeia nos mandaram uma coruja dizendo que virão passar o Natal conosco e querem lhe ver, já que seu aniversário é no dia 19 de dezembro.

Reconheço que será contra a sua vontade, filha, mas você precisa voltar para casa e passar o Natal aqui. Seu pai irá lhe esperar na Estação King's Cross, já que eu precisarei organizar a casa e receber seus avós.

Espero que compreenda.

Com amor,

Mamãe.

Fiquei encarando a carta sem acreditar no que estava lendo.

Para começar, Francis e Cassiopeia eram meus avós por parte de pai, e prezavam a pureza de sangue acima de tudo na vida. Se eu pudesse comparar minha família paterna com alguma outra família de bruxos, seria com os Black. Misturado com um pouco de Malfoy, embora as raízes dos Knight sejam da Irlanda.

Eles me tratavam bem, embora ainda se sintam um pouco afrontados por eu ter tido meu desejo realizado e pertencer a Corvinal, já que "um Knight deveria sempre pertencer a Sonserina". Sempre me mimaram muito, porque eu era menina, mas sempre que eu os escutava chamar uma ou outra pessoa de "traidores de sangue" ou "mestiços" e quando me perguntavam sobre minhas amizades, não conseguia evitar de me sentir como uma decepção para a família. Isso eu nunca havia dito para meus pais.

Lutando contra a vontade de rasgar a carta em um milhão de pedacinhos, a guardei em uma das divisórias de minha bolsa de couro de dragão; sabia que ali nenhum aluno iria mexer.

Tentei voltar a dormir, mas minha mente estava a mil. Eu não conseguia aceitar que seria obrigada a passar o Natal no mesmo lugar que eles. E ainda teria que fingir estar contente com aquilo e não esboçar reação quando eles começarem a amaldiçoar os "traidores de sangue". Precisava ter um jeito de resolver isso.

Eu precisava pensar.

Comecei a mexer minhas mãos, coisa que fazia quando estava angustiada. Precisava ter uma ideia que, pelo menos, melhorasse a minha situação. Talvez, só talvez, se eu mandasse uma carta para o meu avô Cyrus, pai da minha mãe e meu avô favorito, e minha avó Lisbeth, a avó mais legal do mundo, os convidando para passar o Natal em minha casa também, eles abandonassem sua viagem pela Austrália e viessem. Afinal eu era a única neta deles, já que tio Robert não era casado e morava na Grécia. Eu poderia chamar tio Robert também, mas acho que ele não viria. Ele raramente vinha visitar, mas sempre me enviava presentes legais, e caros, embora eu tivesse um gosto simples.

Me virei de lado e suspirei, percebendo que não conseguiria mais dormir.

E eu achava que seria um bom final de semana.


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