No sábado de manhã acordei muito confusa, minha vida tinha dado uma volta de 360º, mais uma vez, mas agora eu estava completamente sozinha, não tinha mais meus pais para me ajudar e confortar.

       Eu precisava desabafar, precisava de colo, de conforto, dessa vez eu não conseguiria enfrentar essa situação sozinha, necessitava dividí-la com alguém, ter conselhos de alguém de fora da situação.

       Só havia uma pessoa em que confiava para desabafar, peguei o celular e liguei para Tatiana, ainda era cedo mas acho que ela percebeu a gravidade da situação pelo tom da minha voz que nem questionou por ser acordada tão cedo.

       Tatiana era minha amiga desde a faculdade, nos conhecemos no primeiro ano e desde então nunca nos separamos.

       Ela sempre soube que eu tinha problemas de relacionamentos, mas nunca soube a verdadeira razão, mesmo assim ela respeitou minhas deficiências, talvez por isso nossa amizade era tão sólida e verdadeira.

       Uma hora depois Tatiana chegou, eu ainda estava de pijama toda encolhida na cama.

       Quando abri a porta de casa ela me abraçou imediatamente, ai não resisti....cai em um choro e soluços intermináveis, depois de uma enorme xícara de café contei tudo a Taty, ela ficou muito impressionada e triste pela minha história, mas me confortou, me deu colo e prometeu ficar ao meu lado me ajudando a enfrentar essa situação, sendo assim ela me aconselhou.

       - Aline independente de sua decisão em relação ao seu ex você precisa saber tudo o que aconteceu, converse com ele, analise tudo e depois tome uma decisão consciente.

       Ouvi seu conselho e vi que ela tinha razão, eu tinha o direito de conhecer todos os lados da história.

       Tirando de meu pensamentos ela continuou.

       - Quanto ao abrigo, comece as reformas, trabalhe já que isso te faz bem, faça daquele lugar um exemplo de esperança, você merece essa conquista, se você me permite dizer seu ex ganhou pontos patrocinando o Abrigo.

       Ela me deu um sorrisinho de lado e nesse momento acabei dando um tapinha no ombro dela e nós duas acabamos rindo.

       Me senti muito aliviada depois de conversar com a Taty, já era hora do almoço e resolvemos sair um pouco, combinamos de almoçar no shopping e depois pegar um cinema.

       No domingo passamos o dia todo no clube, eu consegui me distrai e a Taty também pois o namorado dela estava viajando a trabalho, fizemos companhia uma a outra como na época de faculdade.

       Na segunda e terça-feira fui trabalhar normalmente já providenciando a reforma do Abrigo, por volta da 17:00 hs da terça-feira recebi um envelope, desta vez com identificação, mas mesmo sem ver sabia quem o havia mandado, Derek Kingsley.

       Abri o envelope e havia um cartão dizendo:”Não se afaste de mim, me dê a chance de explicar. Aline eu mudei mas há uma coisa em mim que nunca mudou, que são meus sentimentos por você, se você não percebeu eu ainda te amo e vou lutar até o fim por você.”

         Abaixo dessas palavras havia um número de celular, era seu número pessoal e se colocava disponível a mim a qualquer momento.

       Com minhas mãos trêmulas verifiquei o conteúdo do envelope e vi um álbum de fotos, para minha surpresa havia várias fotos, minhas com ele, como registro íntimo de nossa relação e algumas fotos só minhas, que expressavam a visão dele sobre mim, essas fotos eu nem imaginava que existia.

       Muito emocionada num impulso peguei o celular e liguei para ele, no segundo toque ele atendeu.

       - Aline!

       Muito surpresa por ele saber que era eu, consegui falar.

       - Sim sou eu, acredito que precisamos conversar, vamos marcar um dia?

       - Claro, quando é melhor para você? Ele perguntou.

       - Que tal hoje mesmo, assim acabamos logo com isso e cada um possa seguir sua vida. Desabafei isso sem nem pensar direito.

       - Precisamos de privacidade, você pode vir ao meu escritório agora? Perguntou ele.

       - Sim vou pegar um taxí, chego ai em alguns minutos, antes que eu me esqueça, vamos apenas conversar, já disse não há esperanças pra nós, não vamos continuar de onde paramos e nem iniciar nada, de você eu só quero uma explicação, entendido? Disse a ele.

       - Entendi Aline, mas isso não vai me impedir de lutar por você, até daqui a pouco. Ele disse e desligou o celular.

       A hora havia chegado, não podia mais correr, iria descobrir toda a verdade e finalmente sepultar esse assunto para sempre.