Quando o homem misterioso virou de frente para mim, a realidade me bateu como aço, era o mesmo homem que vi na boate alguns dias antes.

       Senti meu corpo desfalecer, nesse momento fui amparada por braços fortes que me levaram ao sofá, meus sentidos estavam entorpecidos, ouvia vozes diferentes ao meu redor.

       Mas uma voz realmente conhecida me fez voltar á realidade.

       - Aline por Deus, você está pálida! Tome essa água e respire fundo.

       Peguei o copo de água sem olhar no rosto do homem, tomei um pouco da água e respirei fundo tentando me recompor.

       Ouvi Angela se despedindo e saindo da sala.

       O homem sentou em um cadeira em frente á mim, eu não conseguia expressar nenhuma reação, alguns minutos passaram e o homem esperou gentilmente eu me recompor e ter coragem suficiente para encará-lo.

       Assim aconteceu, me enchi de coragem e começei a levantar meus olhos, varrendo todo o corpo do homem a minha frente, mas quando meus olhos encontraram os seus, nada poderia me preparar para a surpresa que tive.

       Nesse momento ele começou a falar.

       - Permita-me que eu me apresente, sou Derek Kingsley, sou o idealista do projeto, muito prazer em revê-la Aline.

       Aquele rosto me era muito familiar, a novidade era a cicatriz que passava da testa até próximo ao olho no lado direito.

       Mas aqueles olhos, eu poderia reconhecer aqueles olhos verdes em qualquer lugar ou situação.

       Aqueles olhos eram do Alexandre, ninguém mais teria aquele olhar,  seu rosto estava mais velho, a cicatriz e também possivelmente um nariz quebrado, havia marcas em seu rosto que mostrava o que o tempo fez a ele, acredito que o meu rosto também levava marcas como essas, mas mesmo assim ele continuava surpreendentemente lindo.

       -Quem realmente é você e o que quer comigo? Lancei essas palavras bem alterada.

       Ele me observou pou um instante e me respondeu.

       - Acho que você já sabe quem sou, não é mesmo Aline.

       Mesmo sabendo a resposta eu precisava perguntar.

       - Não pode ser possível, você..... quer dizer o Alexandre morreu a anos, como pode, bem você é o Alexandre....o meu Alexandre?

       - Oficialmente o Alexandre Mendes está morto, eu hoje sou Derek Kingsley nacionalizado americano, promotor de justiça e também empresário, mas no passado....sim eu era o Alexandre.

       Por mais que meu coração soubesse a verdade, a revelação foi impactante.

       Todos os sentimentos contidos durante anos, explodiram como lágrimas e fúria, minhas barreiras levantaram mais uma vez contra a única pessoa capaz de quebrá-las

       - Você só pode estar de brincadeira, me enganou, se passou por morto e agora volta de repente virando minha vida de ponta cabeça. Que direito você pensa que tem de roubar minha vida, quebrar meu coração, destruir meus sonhos e o pior tentar me comprar com a única coisa boa que ainda tenho. Não você não é o Alexandre ele jamais faria isso comigo, você tem razão o meu Alexandre morreu, você é apenas uma casca.

       Despejei essas palavras em uma fúria implacável, misturada com lágrimas de pura revolta.

       Derek, Alexandre ou sei lá quem ele diz que era ficou sentado ouvindo tudo calado, acho que ele já esperava essa reação de minha parte, calmamente ele se levantou da cadeira, pegou meu copo encheu com água e colocou ao meu lado, tomei tudo na esperança de me acalmar.

       Ele voltou a sua cadeira e começou a falar.

       - Aline você tem toda razão de estar furiosa e decepcionada comigo, embora suas palavras foram crueis, eu não tenho a menor intenção de te comprar e sim realizar um sonho nosso em uma entidade que você tanto ama. Eu só lhe peço para não se afastar, me dê a chance de explicar tudo a você, mas independente de nossa relação no futuro o projeto vai ser realizado com sua supervisão.

       Não conseguia processar mais nada, precisava de ar puro e tempo. Então mais calma consegui dizer a ele.

       - Preciso de explicação sim, mas primeiro de algum tempo, quando estiver pronta entro em contato, quanto ao futuro de nossa relação, não se encha de esperança, pois não irá acontecer. Disse isso e sai da sala.

       No saguão do prédio encontrei um carro com motorista para levar-me para casa, claro era obra do Alexandre ou Derek, meu primeiro pensamento foi de recusar, mas estava tão cansada e destruida que não tive forças para isso.