O coração dele palpitava descompassado em seu peito. Aquilo era um pesadelo do qual ele queria desesperadamente acordar.

Não, não, droga! Porque com ele, e logo naquele momento?

Ele ainda não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Brittany grávida?

Era mesmo um pesadelo!

— Sam, você tá bem? – a loira pergunta preocupada ao ver que o olhar do namorado está distante. — Sam! – exclama fazendo o outro olhá-la.

— Hum... eu... — ele balança a cabeça afastando alguns pensamentos, voltando a atenção para a namorada — G-gravida? — replica ainda muito surpreso.

— Eu sei que parece insano, mas foi um acidente. — Brittany começa a falar enquanto Sam ainda parece perdido com o impacto da notícia — É melhor se sentar para ouvir isso. — ele faz o que ela pede e então Brittany começa a explicar.

....

— Então, você está me dizendo que uma médica maluca pôs os óvulos inseminados de uma outra mulher dentro de você? — Indaga, finalmente entendendo após uma longa conversa com a namorada. Brittany assente — Uau, isso é mesmo insano.  

— Nem me fale. Eu estou surtando, minha mãe surtou, não quero nem imaginar quando vovó descobrir. — a loira solta um longo suspiro.

— Então, o que vai fazer? Vai carregar o bebê, você quer carregar o bebê?

— Calma. Eu tenho muito no que pensar — a estudante massageia as têmporas. — Eu vou me encontrar com o casal dono dessa, desse... coisa que está dentro de mim.

— Por quê? Está pensando em ser barriga de aluguel pra eles?

— Elas.

— Hum, elas... — faz uma careta de surpresa.

— Pois é. — Brittany observa o olhar confuso de Sam com um misto de decepção. Ela poderia culpá-lo? Afinal havia interrompido seu pedido de noivado e jogada essa bomba. Sam era compreensivo, mas até isso era muito para ele lidar no momento. — Me desculpe – ela segura as mãos dele — Você preparou tudo isso e iria propor e eu estraguei tudo.

— Britt, não. Não é sua culpa — ele faz carinho na bochecha da loira. —Confesso que eu até temia um “não”, mas nunca imaginei um “fui acidentalmente inseminada” — eles riram.

— Só para esclarecer, eu jamais diria não pra você. — Sam lhe dá um selinho, eles ficam com as testas encostadas por alguns segundos — Mas eu preciso de um tempo para organizar essa bagunça. Se não for pedir demais.

— Nada nunca vai ser demais pra você. — eles se beijam novamente.

Brittany sabe que está em uma grande confusão, ela ainda não sabe como vai consertar aquilo, e nem se ela pode fazê-lo. Ela só pode ter esperanças de que tudo ficaria bem. Seu coração se alivia ao saber que por mais difícil que pudesse ser a situação Sam a compreendeu.

....

A reação da avó foi justamente a que Brittany esperava, ela ficou abalada e um pouco confusa pelo modo que tudo havia acontecido – como alguém que havia crescido em tempos diferentes era difícil pra ela, mas logo Susan esqueceu a própria confusão para ajudar a neta, que nesse momento precisa de apoio mais do que tudo.

No dia seguinte Brittany estava devastada. Ela sequer pregara o olho por dois minutos noite passada e estava sem condições algumas de ir a faculdade ou trabalhar, então avisou a Mercedes uma colega de classe, que não se sentia bem e iria faltar, e fez o mesmo com Rachel no trabalho, Brittany tinha algumas horas acumuladas então seu chefe não se importaria.

A loira passara a manhã debaixo das cobertas ainda processando a notícia do dia anterior. Como ela iria sair daquela confusão? Por Deus! Não era um erro médico como se eles receitassem o medicamento errado, ou fizessem um curativo quando na verdade deveriam dar pontos, era um erro grave! Eles puseram uma vida dentro de si, uma criança crescia em seu ventre, esse fato fazia Brittany querer gritar para o mundo o quão aquilo era injusto. Logico, ela já havia pensado em ter filhos, mas não agora, talvez quando ela estivesse formada, financeiramente estabelecida, tendo sua casa própria e o emprego dos sonhos, e claro estando casada. Aí sim ela pensaria em ter um filho. Mas não agora, não enquanto ela ainda corria atrás do futuro, futuro este que acabara de se tornar um borrão.

Brittany concluíra que era verdade o que sua avó lhe dissera uma vez “Nunca diga nunca a nada querida Brittany. Tudo pode acontecer nessa vida!”. Agora a única coisa que ela desejava era que mais nenhuma surpresa acontecesse.

##

Santana havia dormido no quarto de hospedes. Ela não queria e nem tinha vontade de encarar Quinn após ela contar na noite anterior sobre o que fizera. Para a latina era irritante brigar com Quinn pelo fato desta quase estourar seu cartão de crédito comprando coisas inúteis como cortinas e tapetes de decoração, agora, usar seus óvulos sem sua autoria e ainda por cima inseminar alguém completamente estranha era inaceitável. Ela se perguntou se a esposa sequer pensava em algo antes de o fazer.

Em momentos como esses ela tentava se lembrar o porquê se casou com Quinn. Claro que a loira tinha suas qualidades, ela era carinhosa, divertida – sua risada era como música aos ouvidos de Santana –, era sexy e tinha um corpo de dar inveja nas outras mulheres e o mais importante, ela amou até mesmo quando a latina achou que ninguém seria capaz de amá-la.

Com essas lembranças a morena se perguntou se não estaria sendo precipitada em cogitar o divórcio. Porém mesmo que houvesse qualidades que ainda a prendiam a Quinn ela não pode deixar de reconhecer a gravidade de seu recente erro.

Após uma noite mal dormida, a latina levantou-se e foi ao banheiro fazer a higiene e tomar um banho. Logo após foi ao quarto pegar roupas para vestir e agradeceu por Quinn não estar ali, não queria ter que lidar com a esposa tão cedo. Se trocou e desceu as escadas. Mas sua sorte – ou a falta desta – a traiu.

— Me escuta. Eu sei que você está chateada comigo, mas preciso que entenda—

— Dizer que estou chateada seria no mínimo um eufemismo, Quinn – a latina passou pela loira na ponta da escada e seguiu para a cozinha.

— Santana, esqueça o erro por um segundo e tente entender o porquê eu tomei essa decisão.

Quinn implorava enquanto a morena servia-se de café sem fitá-la. Santana não queria tentar entender, ela só queria tomar seu café e fugir dali o mais rápido que pudesse para o trabalho e passar algumas horas fingindo que seu casamento não estava desmoronando.

— Você não me ama, Santana — saiu quase como um sussurro e a voz tremula da loira fez Santana finalmente olha-la nos olhos, as orbes verdes transbordavam magoa e por um instante a latina se sentia culpada, engoliu a seco assistindo a outra continuar. — Eu não sabia mais o que podia fazer para salvar o nosso casamento, então eu pensei por que não engravidar? — a esse ponto algumas lágrimas já rolavam pelo rosto branco. — Loucura, não é?

— Quinn... — a morena deu um passo para frente pensando em tocá-la, mas repreendeu a si mesma — Isso, é... não é...

— Exatamente o que estou dizendo. Você não consegue nem falar a respeito.

— Eu também não sei como consertar a nós – confessou sentindo um nó se formar em sua garganta. — Mas tudo o que posso dizer é que um bebê não iria resolver isso. Nossos problemas vão além.

— Pelo menos eu tentei o que é mais do que eu posso dizer sobre você -cuspiu a loira enxugando o rosto.

Ao ouvir aquilo a morena usou toda a força que tinha para engolir o nó na garganta, não se daria ao luxo de chorar, não quando sabia que era culpada de tudo o que a outra lhe acusava.

— Você está certa — caminhou até a bolsa jogada em uma das cadeiras e pôs no braço, seguindo para a porta e saindo por ela.

Quinn estava em um misto de tristeza e raiva com a atitude ou a falta dela da parte da latina. Quando decidiu cuspir aquelas verdades parte de si desejou que Santana retrucasse, que a desmentisse, ela desejou que a latina lutasse por ela, mas ela não o fez. E isso era o que partia o coração de Quinn pois era a confirmação que precisava para saber que ali acabava seu casamento.