Ele acorda no sofá, foi onde dormiu depois que Quico foi embora, porem não com todo esse conforto, ele se lembra de estar assistindo com Chiquinha que não estava mais ali, da porta do quarto da garota ele a ouvia respirar e isso acalmava seu coração e o deixava mais tranquilo, ele seguia sozinho para cozinha onde o barulho do relogio na parede chamava sua atenção, era 08:32 cedo demais para qualquer um estar acordado no sabado, as queimaduras ainda doiam mas isso não o atrapalhava em sua "missão" ele iria preparar o melhor café da manhã que a garota de seus sonhos tomaria na vida toda.

—Você não sabe cozinhar... - a voz feminina ecoa pelo silencio da manhã - Colocaria fogo na cozinha e isso seria ruim para nós e para o Nhonho...

—S-sabe senti um pouco de fome... hehe... nada demais... d-dormiu bem? - ele não ousaria revelar que era para ela que ele estava se esforçando. Ele se vira para olhar ela nos olhos.

—Ah sim, muito, mas e você? Preparado para a prova de hoje a tarde? - ela muda rapido de assunto, nunca gostou de falar dela mesma, preferia manipular os outros pros interesses dela, talvez por isso ele a amava, pela força...

—Não muito... mas estudei... um pouco. - ele sabia que se não passasse não poderia acompanhar ela, que ela iria embora e o deixaria ali para traz.

—Bem, é melhor você... bem sabe, ir se arrumar ja que a prova é daqui a pouco. - ela apontava para o relogio, 08:46. - Ah, e Chaves, eu... eu estou namorando, é o filho do dono da venda da esquina, ele é legal...

—Por que... você esta me contando isso? - ele finge não se importar mas é logico que esta ferido, mais ferido do que qualquer inimigo poderia machuca-lo.

—Só achei que você deveria saber... e sei la, ficar feliz por mim, afinal somos amigos não é? Era o minimo que eu espero de você. - ela passa por ele indo em direção a mesa onde estava a bolsa dela. - Da próxima vez não demore tanto... idiota... - ela sussura sem se virar e uma lagrima escorre.

No banho ele pensa no que ela disse, esta certa, se não fosse tão fraco talvez... Mas se fosse assim ela sempre estaria em perigo, o sofrimento dele garante a segurança dela e é isso que importa mas é isso que quer? Ser o Chapolin Colorado para sempre e nunca poder amar? Quem sabe? 

Ele termina de se trocar e coloca os tenis e saia, Chiquinha estava na sala mas ele não lhe dirige a voz.
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—Identidade e registro por favor? - a recepcionista diz quando ele entra na escola, é a mesma em que estudou na infancia.

 -Aqui esta... - ele entrega sem reconhecer a voz.

—Eai estudou bastante Chaves? - agora que presta atenção a voz é familiar.

—Pópis? você esta trabalhando aqui? - a surpresa de ver alguem do passado é imensa mas ele tambem estava feliz, ela estava mais bonita tambem e por um instante esquece o que aconteceu na vila. - Bem... não estudei muito mas estou com fé... E o Godinez?

—Ele esta um pouco doente mas estamos indo bem, ele travalha na universidade como voluntario e talvez um dia de aula. - ela diz sorrindo.

—ah... ok então eu vou ir la fazer a prova... - ele vai em direção da sua antiga sala de aula e se senta.

A prova estava relativamente facil, ao sair ele resolve andar um pouco pelo centro, compra algumas coisas e pega uma torta de nata na padaria, é a favorita da Chiquinha, ele ensaia varios pedidos de desculpa, ele vira a esquina e la esta ela beijando um cara meio alto encurvado por causa da altura dela, fraqueja, as pernas tremem mas são obrigadas a andar, ele passa por ela para entrar na vila, caminha até o 72 e coloca a torta na mesa, se senta no sofá e chora, realmente Tudo Muda.