Coven escrita por Artur Mota


Capítulo 7
Capítulo 06




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— Muito obrigada!

Ártemis observou enquanto a garota se afastava do desconhecido encapuzado como se tivesse levado um choque.  A líder do Conselho olhou a pequena imagem de uma jovem ruiva de olhos azuis profundos como o céu noturno em um documento de matrícula de Castel.

“ Essa é a jovem Celta. Curioso, muito curioso.”

Um artefato antigo em forma de anel que a bruxa sempre carregava consigo vibrava intensamente, indicando que havia uma enorme fonte de magia antiga na região. Aquela peça de prata foi uma aquisição muito útil no ultimo ano, embora tenha custado um preço horrível. Mas estava provando que tinha valido o preço naquele exato momento.  Embora continuasse vibrando de maneira fora do normal, sua intensidade se reduziu a um terço a medida que o  cabelo de raposa da garota desaparecia na esquina movimentada.

— ... Sempre pensei que seria alguém do Povo. Isso muda tudo.

Ártemis estancou por um instante. Olhou atentamente para as duas figuras encapuzadas, notando a presença de algo poderoso, porém oculto por magia. Oculto para qualquer um que não fosse um bruxo habilidoso, pelo menos.  Murmurou uma palavra.

Ostendeum.

Ela sentiu a magia que protegia o objeto se dissipar.

O rosto de Ártemis se iluminou com êxtase e triunfo.

“então esses são os “contatos” que Vicent arranjou... O maldito é esperto.” – Pensou.

A Líder do Conselho continuou seu caminho para a loja de seu antigo amigo. Já sentia o peso de Duena Ilith em suas mãos.

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A loja era repleta de vários itens exóticos em suas prateleiras. Lancel leu na etiqueta de um recipiente de vidro com algo viscoso e verde dentro as palavras “clorofila de Árvore – Serpente”, e em uma misteriosa caixa roxa lia-se “cuidado, risco de morte! Abra por sua conta e risco”.

— Nunca vou entender a necessidade dos anedin de etiquetar tudo e pôr uma valor depois.  – Resmungou para Elendria, que concordou com um meneio da cabeça.

Ambos ouviram passos apreçados vindo de trás do balcão da loja e logo em seguida viram o corpulento homem que saiu de trás das cortinas carmesins.

Vicent Aldara era conhecido em Alchemia como o maior comerciante de excentricidades em quilômetros. Possuía algo em torno de um metro e noventa de altura e uma protuberante barriga, apertada em seu gibão púrpura.

— Sejam bem vindos à minha loja! – Falou com uma voz estridente que não combinava com o resto do corpo. – Em que posso ajudá-los?

Lancel e Elendria abaixaram os capuzes de seus mantos, fazendo com que o rosto do vendedor ficasse absolutamente sério enquanto ele fazia gestos frenéticos indicando  que eles deviam segui-lo imediatamente.

Os três atravessaram as cortinas atrás do balcão e se depararam com uma sala luxuosamente decorada com móveis e tapetes da mais fina qualidade.

— Sentem-se. – falou indicando as cadeiras que estava em frente a uma mesa. Os dois se sentaram, observando atentamente enquanto o comerciante tomava seu lugar na cadeira oposta a deles.

— Então, tudo correu sem muitos imprevistos eu espero?

— Nós matamos toda o comboio e pegamos o artefato, se é isso que quer saber. – Comentou Lancel sem rodeios.

O Rosto de Vicent Aldara se contorceu em uma expressão de falsa tristeza.

— É realmente lastimável a perda de um amigo e comerciante tão importante quanto Alastor Et’ Lavin. As estradas ficaram tão perigosas ultimamente... – Ele, então,  abriu um pequeno sorriso. – E onde está a valiosa carga que ele levava?

Elendria pegou o artefato e mostrou ao comerciante, cuja a face ficou atônita diante do objeto.

—Ele é real, então. Temi ter gastado recursos em busca de uma lenda qualquer. -. Suas enormes mãos estenderam-se para pegar o orbe, mas a elfa rapidamente o ocultou novamente.

— Primeiro, nos dê os documentos que garante os suprimentos para meu povo. – Falou rispidamente. O comerciante levantou as mãos em um gesto de paz e logo em seguida retirou um rolo de pergaminho da gaveta de sua mesa.

— Apresente isso para Michael Luntra na saída oriental da cidade, ele estará com tudo que pediram. – O bruxo pegou também uma bolsa de tamanho e peso razoável  e colocou-a entre ele e os dois visitantes. – e como um bônus pela rapidez do trabalho, oito quilos de pedras de sangue. Tentem não gastar tudo de uma vez.

Lancel pegou a bolsa, enquanto Elendria dava o artefato para Vicent. O Edin não pode deixar de dar uma ultima olhada nele e de sentir que estava cometendo um erro enorme ao entrega-lo dessa forma. Mas seu povo precisava sobreviver ao inverno. Além do mais, tinham notícias urgentes para dar à Elin Avel, a Senhora dos Caminhos.

Os dois saíram dali poucos segundos depois e não viram o que se sucedeu.

— Ártemis, minha cara, lhe devo cem moedas de ouro. – Comentou Vicent sorrindo.

— Uma dívida que estou ansiosa para cobrar. – A líder do Conselho desfez o feitiço ilusório que a ocultava e sentou-se à mesa, rapidamente pegando o orbe das mãos do comerciante.

— O orbe celestial de Duen Ilith, a deusa élfica das estrelas e da magia. – falou Ártemis, encantada com o  artefato em suas mãos . – Você tem um senso de humor mordaz ao fazer que dois Edin Al’Natur entregassem a maior descoberta de sua cultura em dois mil anos nas suas mãos.

Vicent sorriu.

— Sabe como gosto de uma boa ironia.

— E de uma boa estratégia. – Acrescentou enquanto colocava o objeto em segurança na sua bolsa magicamente protegida. – Qualquer espião no Conselho nunca vai associar o ataque ao comboio de Alastor a alguém que não seja o Povo da Floresta.  Aqueles malditos não terão uma prova sequer contra nós. – Ela fez uma pausa e olhou inquiridoramente para o amigo. – Ou vão?

— Não se preocupe, fiz o que você pediu. Mandei os dois diretamente para uma armadilha. Ninguém conseguirá informação nenhuma que ligue você ao trágico “acidente”. – comentou, enquanto se levantava.

Ártemis fechou os olhos e engoliu em seco.

— Ah, meu caro amigo. Conheço-lhe desde a época em que éramos estudantes em Castel, lhe devo muito e sabe o quanto eu o prezo.

— O sentimento é recíproco, minha cara. – Disse Vicent olhando com curiosidade para a amiga.

— E é justamente por isso que não posso deixar ninguém machucar você. – Falou, sentindo uma lágrima solitária deslizando sobre sua face. O comerciante a olhou apreensivo.

— Está tudo bem?o que....

— Você precisa esquecer. – A compreensão e o a tristeza tomaram conta dos pequenos e brilhantes olhos do bruxo, que sorriu melancolicamente para a amiga antes que ela proferisse o feitiço. “Sentirei sua falta” eles pareciam dizer.

Oblivessen. — O anel em forma de uma serpente vermelha abocanhando a própria calda; seu amuleto; brilhou intensamente enquanto o feitiço começava a varrer da memória do amigo qualquer traço que Ártemis um dia o havia conhecido.

Ela via as memórias a medida que elas era apagadas. Era como se fosse uma história contada de trás pra frente. O primeiro momento a sumir aconteceu  há alguns segundos. A ultima imagem que ela viu foi a de uma jovem de dez anos chorando embaixo de uma árvore no pátio de Castel e um enorme menino se sentando ao lado dela perguntando se ela queria chocolate, pois ele sempre o fazia se sentir melhor.

Aquilo foi necessário. As pessoas e as coisas que estavam maquinando na escuridão naquele exato momento planos para destruí-la não iriam encostar o dedo no seu mais caro amigo. Ela não iria arrastá-lo para aquela confusão.

Os gêmeos iriam ser a salvação de todos eles, principalmente agora que tinha o artefato e talvez, se sobrevivesse ao que o futuro lhe reservava, poderia voltar para o amigo.

— Também vou sentir sua falta. – sussurrou antes de desaparecer, deixando um confuso Vicent para trás.

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