Coven escrita por Artur Mota


Capítulo 8
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

aqui está o novo capítulo; desculpem a demora!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699187/chapter/8

— Por Helene! Quanto tempo Henri e Helena irão demorar? – Perguntou Finn pela décima vez para Celta.

— Eu já disse que não sei! Ficar repetindo essa pergunta não mudará minha resposta.

Os irmãos estavam sentados em um banco na praça perto da saída oriental da cidade.  Finn brincava distraído com seu novo amuleto, o cajado negro espesso e com o punho no formato da cabeça de um dragão, e Celta ainda pensava no encontro com aquele estranho.

Aquele calafrio terrível parecia acompanha-la como se fosse sua sombra. Estava tão concentrada tentando achar o que poderia causar tal reação, que poderíamos imaginar engrenagens girando em sua cabeça.

Finn notou isso.

— No que você está pensando?

—  Em nada, deve ser apenas minha imaginação.

— É por isso que você está mais pálida que o normal? – perguntou seu irmão – Por causa de nada?

Celta olhou para o irmão. A preocupação era visível em seu rosto, mas  ele tinha coisas demais para se preocupar, já que os testes da Aceitação seriam no dia seguinte. Ele não precisava se preocupar com a irmã tendo calafrios por se esbarrar com um estranho.

Quando Celta ia responder, algo chamou sua atenção.

Próximo ao portão da saída oriental, estavam as duas figuras encapuzadas com quem ela havia cruzado mais cedo. Elas entregavam um pergaminho nas mãos de um homem baixo e magro, que fez um gesto para que eles o seguissem para fora da cidade.

— .... Celta?  - A jovem não havia escutado uma palavras do que o irmão havia acabado de dizer. Ela precisava descobrir quem aqueles dois eram e o porquê de terem deixado aquela impressão tão forte nela.

— Venha, precisamos seguir aqueles três. – Falou Celta, levantando-se.

— Algum motivo especial para bancar a perseguidora? – Perguntou Finn, confuso.

— Eu lhe explico no caminho.

...............................................................................................................................  

— Me acompanhem, por favor.

Lancel e Elendria já estavam bastante impacientes enquanto caminhavam para fora da cidade e entravam na floresta que havia ao seu redor.

—  O quão longe estão os suprimentos? – Falou Elendria, externando sua frustração.

— Estão numa clareira não muito longe daqui. – Respondeu o bruxo chamado Michael. – Meu empregador anônimo afirmou que as mercadorias não podiam ser identificadas pela Guarda da cidade, devido a natureza “não convencional” das transações de vocês.

Caminharam por mais vinte minutos antes que chegassem a uma clareira e então parassem.  Lancel olhou pão redor, mas não viu sinal de qualquer mercadoria que fosse.

— O que isso significa? – perguntou Elendria, pegando em um gesto ágil a adaga que estava escondida em sua bota. Lancel copiou o gesto.

Em vez de responder, o bruxo gritou uma palavra, fazendo com que labaredas douradas voassem na direção dos dois elfos, que rapidamente saíram de seu caminho.

Lancel se preparou para fazer um encantamento, mas a amiga foi mais rápida.

—  Tundahr elen !

A lâmina da adaga de Elendria ficou incandescente, soltando faíscas enquanto a Edin arremessava a arma em direção ao peito do homem.

O bruxo ergueu um feitiço de proteção, mas a magia da elfa era poderosa demais pra ele. Logo a adaga tinha rasgado sua carne, quebrado seus ossos e perfurado seu coração.

Lancel torceu o nariz diante do forte cheiro de carne queimada e ozônio.

— Não é à toa que você é a melhor Viitahr do nosso Clã. – Disse o elfo usando o termo que seria equivalente a “guerreiro” na língua comum. A amiga sorriu por causa do elogio, mas ele logo desapareceu e foi substituído por uma careta de dor.

— Elendria! – Gritou Lancel.

Ele a segurou antes que ela caísse. As mãos da Edin pressionavam com força o buraco do tamanho de um punho que foi aberto na altura de seu estômago,  dava pra ver as vísceras através de seus dedos pálidos.

Quatro bruxos estavam parados há dois sete metros dos dois e um deles, uma mulher de cabelos negros, ainda estava com o cajado erguido em suas mãos devido ao feitiço que acabara de lançar.

—  Acho que eu matei sua amiguinha elfa! – Berrou a mulher com um sorriso no rosto. Claramente ela não estava de posse de suas plenas capacidades mentais, e isso foi comprovado pelo riso histérico que deu em seguida.

— Calada, Selena! – Disse um bruxo jovem com cabelos castanhos desgrenhados. – Sangue de elfo é muito valioso para você ficar usando feitiços que desperdiçam tanto dele.

Ao dizer isso, o bruxo ergueu sua  mão.

— Vamos usar algo mais eficiente.  – comentou com um sorriso maldoso no rosto. – Ilen...

O bruxo nunca terminou de dizer o encantamento, pois nessa hora Lancel sentiu a arrebatadora e familiar sensação de estar próximo de poderosa magia antiga.

Glacin Wandrur!

Uma muralha de gelo surgiu  entre os Edin Al’Natur e seus agressores, arrancando xingamentos e expressões surpresas de ambas as partes.

Um jovem de cabelos ruivos surgiu de algum lugar atrás de Lancel, o cajado negro com  o punho em forma da cabeça de um dragão ainda emanava um frio avassalador da boca esculpida em madeira.

—  Nossa, esses amuletos ampliam a magia mesmo! – Falou o  rapaz olhando encantado para a muralha.

— Tudo bem, Finn, admito que isso foi fantástico, mas se concentre em não deixá-los chegarem perto de mim enquanto ajudo esses dois. – Falou a voz da jovem bruxa com quem tinha se encontrado mais cedo.

Logo a bruxa estava ajoelhada ao lado de Lancel e a moribunda Elendria. A garota olhou espantada para os rostos dos dois, agora descobertos, por apenas uma fração de segundo antes de assumir um tom severo e profissional.

— Com licença, preciso salvar a vida de sua amiga. – Falou, assumindo o lugar de Lancel deitando a cabeça da elfa suavemente na grama.

.............................................................................................................................

 “Merda, merda, merda.”

Era tudo que Celta conseguia corajosamente pensar ao analisar o ferimento do tamanho de um punho fechado que havia na elfa.

Uma Edin Al’Natur estava deitada em sua frente e outro estava ao seu lado observando com preocupação a amiga. Celta mal podia acreditar que duas lendas estavam tão próximas dela, quanto mais que a vida de uma delas contava com seu conhecimento teórico sobre magia curativa.

A jovem bruxa já havia lido vários volumes sobre anatomia e magia curativa durante as férias,  “para se distrair” como ela costumava dizer. Mas nunca havia posto em prática nenhuma daquelas leituras. Esperava que não acabassem piorando tudo.

Ela realizou o primeiro passo e deixou sua mão a alguns centímetros da ferida aberta e lançou pequenas ondas de sua magia para o interior da elfa. Aquela parte funcionava como uma espécie de sonar de um morcego, a energia mágica refletindo e revelando o interior danificado de sua paciente.

A situação não era nada boa. Vários órgãos importantes haviam sido danificados de maneira quase irremediável. Todos os livros que tinha lido aconselhavam deixar o indivíduo descansar em paz, pois tal procedimento poderia usar muita energia do curandeiro, o matando no processo.

“Eu devo estar louca”  Pensou Celta, enquanto começava o processo curativo.

Ela deixou sua energia fluir para o ferimento, cedendo sua vitalidade para que os tecidos danificados se reconstituíssem e a hemorragia estancasse.  A jovem bruxa sentiu as trilhas quentes de sangue que escorriam de seu nariz e a dor de cabeça avassaladora que turvava sua visão.

Ela sentiu a hemorragia parar .

A dor de cabeça duplicou.

— Celta! – ouviu ao longe a voz preocupada de seu irmão.

Os tecidos estavam resistindo a tentativa da bruxa de reconstituí-los.

Agora sua visão pintava-se de vermelho enquanto lágrimas de sangue saíam de seus olhos.

— Celta, pare, você vai se matar! – Finn gritou mais uma vez.

Mas Celta não ouviu, pois algo estranho aconteceu. Quando ela sentia sua ultima gota de vitalidade escapar de suas mãos, uma explosão repentina de energia surgiu em seu âmago; um poder que nunca havia experimentado. Então com um grito, conseguiu fazer com que o ferimento se fechasse , deixando uma grotesca cicatriz.

A onda de energia sumiu tão subitamente quanto havia aparecido.

Celta se lembrava apenas de ter dito o seguinte antes da escuridão tomar conta de sua visão:

— Quarenta gramas de erva da lua, fervidas em tônico de meliria para ajuda-la a se recuperar da perda de sangue. Ai... merda.

Então desmaiou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coven" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.