Coven escrita por Artur Mota


Capítulo 5
Capítulo 04




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“Respire.”

“Observe o alvo.”

 “ Sinta a direção do vento.”

“Torne-se um com a flecha.”

— Lacel El’Pyr!

Os guardas que escoltavam a carruagem do mercador, perceberam tarde demais, a flecha enfeitiçada que vinha em sua direção. E pagaram caro por isso.

Com um rápido assovio, seguido da trilha de fogo, a flecha cravou-se no teto da carruagem e, antes que alguém pudesse fazer qualquer coisa,  o veículo explodiu, o fogo e os estilhaços atingindo todos que tiveram o azar de terem ido trabalhar naquele dia. E também os pobres cavalos, e alguns outros animais.

Lancel Aurianara, saltou do galho alto da árvore que lhe serviu de esconderijo, e pousou com a graça de um gato no que sobrou depois de seu ataque.

— Os Bruxos sempre me impressionam com sua falta de preparo. – Falou uma voz vinda de trás dele.

— Falta de preparo é uma coisa, Elendria, isso foi simplesmente ridículo. – Comentou com um sorriso no rosto. – Andarem por aí com um tesouro desse porte sem nem um feitiço básico anti-magia? Isso está me parecendo bastante suspeito.

A  Edin Al’ Natur – Ou “Habitante da Floresta” na língua Comum –chamada Elendria grunhiu em resposta.

— Os bruxos sempre pensam ser inalcançáveis, Litah.— Ela, então, torceu seu nariz diante do cheiro de carne carbonizada. – Mas queimam, como qualquer um de nós.

Lancel caminhou até o que sobrou da carruagem e vasculhou sua carcaça em chamas. O Habitante da floresta fechou os olhos em concentração, e começou a farejar. No começo, sentiu apenas o cheiro de sangue, fumaça, urina e fezes das pessoas que ainda agonizavam. Pouco tempo depois, sentiu o inconfundível odor de ozônio no ar.

— Bom, pelo menos esse daqui lembrou-se de colocar um feitiço de Ilusão em torno do Amuleto. – Falou para companheira, enquanto murmurou um rápido contrafeitiço, fazendo um pequeno saco de veludo vermelho aparecer entre o que já foi a mão do comerciante. – Pena que não foi o suficiente.

Elendria retirou o pequeno tesouro das mãos elegantes de Lancel e pegou seu conteúdo. Os olhos violetas da mulher se estreitaram em suspeita.

Maleth Edinah! – xingou depois de analisar o pequeno diamante incrustado com runas  da língua antiga. – Aquele maldito Anedin nos fez de tolos!

Lancel olhou para a pequena pedra por algum tempo, sentindo o calafrio que ocorria quando estava na presença de magia élfica Antiga. Um dom raro, o seu clã o chamava de “Aderan Sindah” , o conhecedor do caminho – embora ele achasse um dom de pouca utilidade.

— Esse pequeno diamante esta repleto de magia Antiga. Me pergunto o que um Anedin iria querer com magia do nosso povo.

— Droga, sempre me esqueço que você tem esse sensor de magia antiga. – Elendria afastou uma mecha de seus cabelos negros dos olhos.- Mas o que ele fará com isso não importa. Fomos pagos para recuperar o pacote e é exatamente isso que iremos fazer.

— Você não acha que a Senhora dos Caminhos Elin Avel não irá querer dar uma olhada nisso? – Elendria fuzilou o amigo com o olhar.

— Que  Oblin Veral carregue a curiosidade de Elin Avel. – disse com a voz ríspida. – Não me importa o que nossos ancestrais comeram, fizeram ou respiraram! O que me importa é que a caça foi escassa e que o inverno se aproxima. Não assistirei mais uma vez Linrel Sindah guiar mais ninguém para a morada dos deuses.

— Você que sabe. Não garanto, porém, que um anedin irá cumprir sua palavra a alguém do Povo.

—  O faremos  cumprir. – Disse sombriamente, acariciando o cabo de sua adaga presa ao cinto.

Ambos partiram em direção ao norte, em direção à cidade Lenda; um importante polo comercial para os humanos e gnomos. O lugar onde o  comerciante aguardava o retorno dos dois.

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— “Edins Al’Natur ; ou Elfos da floresta como eram conhecidos pelos humanos; conseguiam manter um ritmo de viagem rápido e constante por um dia inteiro sem nenhuma pausa, se fosse necessário é claro.   Mais altos e mais atléticos do que seus parentes; Ednin Al’ Cidel – Habitantes da Cidadela, na língua comum – estavam acostumados a percorrerem grandes distâncias devido a sua natureza nômade.

 “Possuem as orelhas angulares nas pontas, características de sua espécie e olhos divididos em três grupos de cores: violetas, verdes e pratas. Devido sua fixação em manter as tradições anciãs de seu Povo, os Elfos da floresta possuem poderosa magia  e conhecimento marcial; apesar de serem um povo pacífico; ao contrário dos Elfos da Cidadela....”

— Você acha que um dia veremos um Elfo? – Perguntou Finn para sua irmã, interrompendo a leitura dela. A jovem pensou por alguns segundos antes de responder.

— Acho improvável. Nenhum Edin de nenhum clã ou facção ,tem muita afinidade com os Bruxos. Não que eles não tenham um motivo para isso é claro; exterminamos quase toda sua espécie.

— E eles guardam rancor por isso por mil e duzentos anos? – Resmungou Helena, deitada no sofá. – dá um tempo! Acho que eles já tiveram tempo de sobra pra resolver esse problema.

— Eles até teriam, se não fossem tratados como lixo por nossa sociedade e.... – Helena interrompeu Finn com um sonoro bocejo.

— Onde foi que o Henri se meteu? Assim nunca conseguiremos comprar tudo que precisamos para os Testes.

— Eu acho os Elfos fascinantes. – Celta voltou ao assunto. – Sabia que eles são praticamente imortais? Todo o conhecimento que devem ter...

A conversa foi interrompida quando Henri retornou com o roto afogueado e respiração ofegante.

— Aqui... está...a ... lista. – O jovem bruxo entregou o pergaminho para Helena, que rapidamente leu os itens da lista.

— ... uma dúzia de amuletos lunares, três quartos do cérebro apodrecido de um ser humano, Destilado de erva real.  – Ela deu um ruído exasperado. – Por que precisamos de tudo isso?!

— Bom, Destilado de erva real e amuletos lunares são ótimos para fortalecer encantamentos de cura e são ótimos antídotos para veneno. – Falou Celta, pensativa.

— E sangue de Aracna Sombria  quando misturado com três quartos de cérebro humano apodrecido cria um veneno imune a praticamente qualquer antídoto. – Adicionou Finn.

— Certo, certo, eu sei disso bibliotecas ambulantes. – Resmungou Helena, revirando os olhos. – Mas e todo o resto? Escama de dragão, pena de Harpia, pedaços de :  Pinho, sabugueiro, olmo, carvalho de 25 centímetros a um metro de comprimento... parecem componentes para....

— Criar canalizadores de magia. Amuletos! – Disse  Henri, absolutamente encantado.

“Ótimo” – Pensou Celta, não podendo evitar um pequeno sorriso. – “ agora eles vão deixar que escolhamos os materiais de que serão feitos nossas varinhas, cajados ou amuletos. Me pergunto esses materiais sejam algo exclusivo da Lista de materiais necessários para os Testes dos Dracul...”

Mas a animação logo abandonou Celta. Além da capacidade mágica levemente superior, havia outro motivo – Ou assim imaginava Celta – da Lista dos Dracul ser tão maior e mais complexa que dos outros Covens. Dinheiro.

Finn pareceu pensar a mesma coisa, pois ele e Celta trocaram olhares preocupados, que não puderam deixar der ser notados por Helena e Henri.

— Nem ousem se preocupar com a questão monetária, meus amigos. – Helena sorriu para os dois. – Do que adianta ser absurdamente rica se não podemos ajudar quem precisa?

Finn riu.

— Não sei. Pergunte para todos os outros ricaços; eles parecem saber para que serve.

Celta deu uma forte cotovelada na barriga do irmão.

— O que meu irmão tentou dizer é que isso vai demandar MUITO dinheiro, você não tem a obrigação de nos ajudar só porque seremos do mesmo Coven.

Foi a vez de Henri falar;

— Minha irmã e eu não vamos ajudar vocês só por causa disso. – Disse o jovem, sorrindo. – Vocês dois são nossos amigos. Além do fato de serem bastante talentosos. Principalmente por esse fato.

— O que você quer dizer? – Perguntou Celta, confusa. Então ela se lembrou.  – Você fala das Alianças?

Helena e Henri sorriram um para o outro.

— O que diz, cabelos de raposa? – Falou Helena. – Vocês aceitam serem nossos aliados durante os Testes?

Finn e Celta nunca pensariam que aquilo seria possível. Claro que os dois eram os melhores alunos de Castel, claro que eles foram designados para o Coven Al’Glacin. As Alianças, entretanto, tinham objetivos mais políticos que estratégicos. As famílias mais ricas e proeminentes no cenário político do Império, sempre as usavam para fortalecer acordos ou laços, e os dois ainda eram Lilith; sem família.

Celta mais uma vez, ao concordar com o acordo de Helena e Henri, teve certeza. Helena era a melhor amiga que alguém poderia pedir.

—Bem, já que esclarecemos isso, vamos às compras. – Disse Helena. – pegaremos o primeiro portal disponível para a cidade de Lenda.


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