Prisoner escrita por Lobo


Capítulo 35
Bússola.




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Sakura mantinha seu olhar para frente, concentrada em não pesar em falso quando aterrisava sobre os galhos das arvores evitando olhar para o lado onde sentia a presença de Sasuke a seguir de perto.

Beijar Sasuke foi... Estranho.

Não o beijo em si, mas todo o clima que se seguiu depois. Ser beijada por ele definitivamente tinha a pegado de surpresa tando que ela não conseguiu ter reação nenhuma em primeira instancia, tanto que boa parte do beijo ela permaneceu de olhos abertos, sem acreditar e quando os fechou Sasuke se afastou.

Quando ela reabriu os olhos, Sasuke já estava mais uma vez com sua face límpida, como se nada tivesse acontecido.

Ela engoliu seco, como se engolisse junto todos os sentimentos que borbulhavam em seu interior querendo vir a tona.

— Se falou mesmo sério sobre voltar. – ela pode sentir os olhos de Sasuke em si, mas ela continuou sem olhá-lo. – Temos que ir agora.

Pelo canto do olho, ela viu Sasuke ajeitar sua espada na bainha e logo depois eles se colocaram em movimento e, por mais que ela soubesse que Sasuke podia muito bem viajar em uma velocidade muito maior, ele não o fez. Preferindo correr ao lado dela.  

As reflexções e questionamentos sobre o comportamento do Uchiha foram deixados de lado quando ela viu o mesmo adquirir uma postura tensa e ativar seu Sharingan.

— Sasuke? – soltou o nome dele como uma pergunta para que ele a atualizasse sobre o que tinha o colocado em alerta.

Eles foram reduzindo a velocidade até finalmente pararem sobre o mesmo galho, os olhos de Sasuke percorriam a floresta parecendo seguir alguém que Sakura ainda não via ainda.

— Seis vindo pelo leste. – Sasuke disse segurando a bainha da espada, pronto para qualquer ataque inesperado. – Fique atrás de mim.

  Sakura olhou para ele com uma das sobrancelhas erguidas, dando uma risada debochada em seguida.

Quando ele iria parar de a substimar?

— Prepare-se. – ela disse antes de dar um passo em falso e assim, despencar do galho até o chão.

Sasuke se aproximou rápido da beirada do galho para ver como a kunoichi estava, erguendo o canto dos lábios em um sorriso discreto ao vê-la já estava com os punhos erguidos, em posição de ataque esperando pelos estranhos.

 Sakura ouviu um farfar baixo  não presicou olhar para saber que Sasuke tinha caído ao seu lado.

— Estão nos cercando. – Sasuke sussurrou para ela.

Os dois ficaram de costas um para o outro para assim cobrirem o ponto cego do outro. 

Aos poucos, os ninjas saíram das sombras das arvores. Eles não usavam nenuma insígnia ou qualquer coisa que os ligasse a alguma vila, mas Sakura não esperava por menos.

Os Kages não tiveram tempo o suficiente para se reuniram depois do ataque de Pain e com certeza levariam muito tempo para entrarem em um acordo com Tsunade – e Naruto – para então liberarem uma missão como aquela.

Não, eles fariam aquilo pela surdinha.

— Olha só o que temos aqui... – um deles falou saindo a formação, ele começou a rodeá-los sendo seguido atentamente pelos olhos dos dois.

Ele, como os outros, tinha um pano enrolado na cabeça tampando seu rosto, mas a diferença dele para os outros era que se podia ver a cicatriz entre seus olhos.

— Aquela... Aquela não é a aprendiz da Godaime? — um ninja mais próximo a Sakura observou, provavelmente a reconhecendo pelo cabelo. – É aquela que sempre estava com o loiro.

— É mesmo? – o ninja com a cicatriz perguntou parecendo se deliciar com a informação. – É por causa desses merdinhas que a situação chegou aonde chegou, pois bem. – Sakura não precisava ver por trás dos panos para saber que ele sorria. – Ela quis se unir ao traidor, terá o mesmo destino que ele.

O comentário fez os outros se animarem ainda mais, até que um corajoso – ou estúpido demais – que estava em um galho alto resolveu tentar um ataque direto no alvo mais próximo, que era Sakura.

Antes mesmo que ele atingisse o chão, Sakura ouviu o baixo som do ar sendo cortado e então o chão se tingiu de vermelho para então o corpo e a cabeça decepada do ninja caírem perto dela.

Os mercenários que não ficaram em choque soltaram uma exclamação de nojo conforme o sangue enguichava do pescoço do falecido, seu coração ainda dava seus últimos espasmos tentando enviar sangue para o cérebro.

Sakura olhava a cena com os olhos arregalados, também pega de surpresa.

— Esse é o destino de quem ousar chegar perto dela. – Sasuke afirmou com a voz baixa e ameaçadora.

Como ele tinha se mexido tão rápido, ela não sabia, mas agora Sasuke, que antes estava com as costas grudadas nas dela, estava em sua frente. Sua espada, Kusanagi estava erguida e o sangue do mercenário manchava sua lamina, gotejando na ponta.

Ela engoliu seco, sentindo a aurea assassina que emanava de Sasuke.

— O- o que? – um dos mercenários soltou ainda em choque.

O mercenário com a cicatriz urrou chamando atenção para si.

— Você acaba de selar o seu destino e dessa vadia. – cuspiu as palavras ergueundo também a kunai.

Sakura uniu as sobrancelhas, não gostando nada de como tinha sido chamada e pareceu que Sasuke também não tinha.

— Péssima escolha de palavras. – Sakura o alertou balançando a cabeça negativamente.

Os mercenários não esperavam por mais palavras, com um grito unificado eles atacaram os dois.

Sakura não hesitou em rolar para desviar de um ataque aéreo, parando sem querer perto do corpo decepado. Enquanto rolava contava pelo menos três mercenários, sem contar com aquele que tinha feito o ataque aéreo.

Ela mal parou o movimento do rolamento e teve que jogar o corpo para trás escapando de outro ataque.

— Está com medo, gatinha? – o autor do ataque aéreo veio por trás dela.

Sakura estreitou os olhos, analisando suas opções de ataque visto que estava completamente cercada.

— Só estava esperando vocês decidirem qual vai apanhar primeiro. – ela rebateu debochada, ele se irritou e com uma kunai, foi para cima dela. – Acho que vai você mesmo.

Prevendo os movimentos dele, Sakura se esquivou para o lado agarrando o braço dele, o socando no braço o quebrando o mesmo e tentasse a atingir com o outro braço para se soltar. Ela concentrou mais chakra em seu punho, o acertando mais duas vezes quebrando em mais lugares fazendo o mercenário gritar de dor e com a outra mão, o jogou no comparça mais próximo dela.

A surpresa foi o mercenário voar e metade do braço dele continuar nas mãos da kunoichi, sujando totalmente seu braço e um pouco seu rosto.

Ela largou o braço, junto do copo decapitado por Sasuke.

— Quem é o próximo? – perguntou para os três mercenários que a encaravam.

 Sakura pode sentir o chão tremer, antes de um dos mercenários abrir um buraco no chão surgindo dali atirando kunais a atingindo em cheio. O mercenário não teve tempo nem mesmo para sorrir, pois assim que as kunais a atingiram, uma pequena nuvem se formou e no lugar da kunoichi apareceu um tronco de madeira.

— O que? – o mercenário olhou para os lados, confuso.

— Aqui em cima, baka.

No momento em que ele olhou pra cima, tudo que viu foi o punho da rosada coberto pela luva escura antes de ser atingido pelo seu soco poderoso e seu crânio esmagado no chão.

 Mais sangue manchou seu braço e ela fingiu não se importar, naquele momento ela era kunoichi lutando por sua vida enquanto mercenários filhos da mãe que achavam que podiam vir e matá-la.

Os dois não pensaram ou elaboraram um plano para atacá-la, parecia que a raiva pelos companheiros abatidos, como homens achavam que resolveriam as coisas com os punhos. Eles abandonaram o ninjutso ou suas outras opções – que com certeza a colocariam em certo perigo – e partiram para o puro taijutsu, mas Sakura não tinha tempo para aquilo.

Ela era a kunoichi médica treinada pela Hokage em si.

Partiu pra cima dos outros dois mercenários disposta a acabar com aquilo de uma vez.

Sakura correu na direção do mercenário mais próximo e se jogou no chão, deslizando entre as pernas dele, com duas kunais nas mãos, kunais que ela enfiou na parte de trás do joelho dele. Ela se pôs de pé ao mesmo tempo que o mercenário caia, encarando as costas dele, Sakura cravou uma kunai verticalmente no ombro dele antes de chutá-lo para que caísse de uma vez no chão. Sem perder tempo, lançou a outra kunai que estava em sua mão no peito do outro mercenário.

Ela só reparou que estava completamente sem fôlego quando viu aquele mercenário cair. Sua respiração saia em fuladas altas, ela sentia a seu peito doer com a força que seu coração fazia mandando o sangue por todo corpo, o mais rápido que conseguia, era a adrenalina agindo. Seu chakra fazendo pressão nos seus portões, esperando a oportunidade para dizimar seus inimigos.

O leve farfar das folhagens no chão atrás dela, a fez virar com os punhos erguidos, vendo que o mercenário – aquele que ela tinha derrubado quando jogou o mercenário com o braço quebrado – já estava de pé mais uma vez e vinha para atacá-la porém antes mesmo de chegar perto dela outra pessoa surgiu entre os dois.

Uma hora ela tinha os olhos presos no mercenário e no minuto seguinte ela encarava o símbolo Uchiha estampado na camisa cinza claro de Sasuke.

O mercenário não teve alternativa a não ser parar seu ataque quando sentiu o fio da lamina da espada de Sasuke roçar em sua garganta, estando a qualquer movimento brusco de ter sua cabeça decepada igual seu amigo.

Sakura saiu de trás de Sasuke tendo o cuidado para não fazer movimentos bruscos.

O rosto do ultimo Uchiha era uma mistura clara entre ódio e desprezo, como se não estive encarando um ser humano, mas sim um inseto pronto pra ser esmagado.

— Acham alguma chance contra mim? – o desprezo pingava de cada palavra dele.

 — Maldito. – o mercenário soltou tentando não se mexer. – Traidor, o inferno te espera.

Sakura observou os tomoes no Sharingan de Sasuke se mexerem e a cabeça dele tombou para o lado, um dos cantos do lábio se curvou para cima.

— Sasuke... – Sakura soltou já prevendo que coisa boa não poderia vir.

Ela tinha convivido com os Uchihas por tempo demais para saber disso. Tinha sido quase morta por eles algumas vezes.

— Tomará que você queime junto com o resto do seu...

— Quer saber como o inferno, é? Eu mostro para você. – Sasuke o interrompeu, seu tom de voz fez a pele de Sakura se arrepiar. Ele trouxe a espada de volta a bainha.

Ela viu os tomoes do Sharingan girarem e voltou a olhar para o mercenário a tempo de ver a expressão aterrorizada surgir no rosto dele.

Genjutsu, Sasuke iria torturá-lo até que aquele homem perdesse completamente a sanidade, qualquer noção de quem ele era viraria pó se Sasuke realmente quisesse.

E ele parecia bem disposto a aquilo pelo sorriso tenebroso que ele exibia.

Sakura não poderia permitir aquilo. Lutar por suas vidas era uma coisa, torturar alguém era algo completamente diferente.

— Sasuke... – se aproximou com cautela, Sasuke estava em modo de caçada, tudo nele gritava perigo. — Por favor, Sasuke, não... – quanto mais tempo o mercenario ficasse aquele genjutsu era pior. – Já chega... – ela engoliu seco lentamente ela aproximou os braços, abraçando o tronco dele deitando a cabeça sobre o simbolo dos Uchihas. – Sasuke-kun. – ela sentiu o corpo dele ficar tenso. – Já chega, Sasuke-kun.

Alguns segundos, que parecerem muito mais do que apenas segundos, se passaram até que Sakura ouviu o mercenário suspirar alto antes de cair no chão inconciente.

Sentiu a mão de Sasuke cobrir uma das suas, o toque era hesitante, como se ele estivesse receoso em machucá-la.

O percebendo mais calmo, Sakura lentamente foi soltando do abraço, antes que o soltá-se completamente. Sasuke girou o corpo, ficando de frente para ela.

— Está ferida? Eles te machucaram? – Sasuke perguntou vendo a quantidade de sangue que a cobria.

— Não é meu sangue. – ela respondeu desviando o olhar para baixo.

Ela respirou fundo indo até os mercenários, pegando as kunais e verificando o estado deles. Vivos, sangrando até a morte, mortos...

— O que foi? – Sasuke perguntou notando o comportamento dela.

Sakura não respondeu, verificando naquele momento o mercenário que Sasuke tinha colocado no genjutsu.

Estava vivo, mas em estado de choque os possíveis danos que Sasuke tinha causado só apareciam depois.

— Sakura. – ele a chamou, mas a kunoichi continuou o que fazia sem olhá-lo. – Eles tentaram nos matar, por Kami, não me diga que está com pena.

Sakura trincou a mandíbula, engolindo seco.

— Não estou. – se pôs de pé. – Uma coisa é se defender, outra é tortura. – cuspiu as palavras guardando suas coisas.

— Ele iria te atacar! – argumentou sentindo seu temperamento subir mais uma vez.

— E eu iria me defender! – rebateu também deixando seu comportamento aflorar. – Como fiz, como fui treinada para fazer! – continuou.

— Eu estava te protegendo! – tentou argumentar mais uma vez.

Sakura soltou uma risada alta e forçada.

— Será que não entende? Depois de tudo, meu treinamento com a Hokage, depois de me aliar ao seu irmão, conviver por meses com os criminosos mais procurados e perigosos, sobreviver a ataques, vencer Sasori, sobreviver... – hesitou por um momento. – Sobreviver a morte, sobreviver a você. – o olhou bem nos olhos naquele momento. – Será que não entende? Não sou mais a garotinha que você deixou desacordada naquele banco, Sasuke, não... – balançou a cabeça negativamente. – Eu posso lutar minhas próprias batalhas agora.

Os dois ficaram em silêncio depois da confissão da kunoichi.

Todas as palavras pareciam ter sido varridas da mente do tão confiante Uchiha, varridas por sua companheira de time que tinha sido tão suberestimada no passado.

    — Já perdemos tempo demais aqui. – Sakura foi a primeira a se manifestar. – Vamos.

Sasuke tinha andando perdido por muito tempo, achando que a vingança iria libertá-lo, mas não o libertou e ele estava mais uma vez perdido.

Depois de tudo, estava cansado de estar perdido.

Em silêncio, Sasuke a seguiu como se ela fosse sua consciência e sua bússola a de orientação para para Konoha.

 


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