Prisoner escrita por Lobo


Capítulo 36
De volta a Konoha.




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 Eles não pararam mais para descansar e também não tiveram mais surpresas desagradáveis. Só reduziram a velocidade quando os portões de Konoha ficaram visíveis e ao se aproximarem mais, Sakura estranhou ao ver mais shinobis de guarda do que o comum.

Sakura olhou para Sasuke de canto de olho, o mesmo olhava fixamente para os shinobis, sua mão na bainha da espada em posição de defesa.

Em poucos minutos os dois estavam cercados por ANBU’s com suas armas apontadas para eles.

Pelo o que ele fez, o assassinato á sangue frio dos membros do conselho, Sakura sabia que a situação por si só já tinha se tornado mais complicada, mas agora, se ele não mostrasse resistência...

— Sasuke Uchiha. – uma voz ampliada disse do alto de uma das torres. – Por deserção, por múltiplo assassinato e por se unir a Akatsuki, você está preso. – Sakura prendeu a respiração arregalando os olhos.

— Sasuke... – Sakura soltou como um alerta para que ele não se precipitasse e fizesse algo que só piorasse a situação.

A formação do ANBU’s se aproximou, fecharam o circulo neles. Sasuke fez o movimento para retirar a espada, mas Sakura segurou seu antebraço antes que ele completasse o movimento, seu toque fez com que Sasuke desviasse o olhar para ela.

Sem palavras, eles conversaram com os olhos.

Desde que Sasuke havia a encontrado no esconderijo de Orochimaru, a feito prisoneira, a interrogado, ele nunca conseguiu olhar realmente dentro dos olhos dela por mais que ele tentasse.

Segredos, mentiras e a culpa por suas ações nublaram os olhos deles.

Só que naquele momento, olhando nos olhos dela, Sasuke viu sua companheira de time, viu a kunoichi de olhos brilhantes que pediu para ele ficasse.

Ainda mantendo o olhar no dela, Sasuke soltou a bainha da espada e deixou que os ANBU’s se aproximarem, oferecendo seus pulsos para que colocassem as algemas especiais que limitavam o uso do chakra, a conexão entre eles foi interrompida quando um ANBU atrás dele colocou uma venda onde haviam selos que provavelmente restringiam o uso do Sharingan.

O mesmo ANBU empurrou Sasuke com força por trás para que ele se movesse e o ANBU na frente o arrastou pelas algemas como um cachorro. Automaticamente Sakura fechou seus punhos, seu corpo pronto para defender Sasuke, mas ela controlou seu impulso apenas seguindo de perto pronta para interferir se visse abuso de poder.

Com aquelas algemas, Sasuke não poderia lidar sozinho com tantos ANBUS.

Por ser tarde da noite, as ruas estavam vazias de civis, mas todos os shinobis estavam reunidos seguindo o comboio de ANBU’s que transportava Sasuke.

Todos reunidos para ver pessoalmente a volta do sobrevivente do massacre do clã Uchiha, um dos melhores shinobis da sua geração agora retornava como um criminoso, um nukenin, um ninja renegado, o desertor da aldeia. Quem antes era um exemplo a ser seguido, voltava como uma mancha.

Os olhares variam de desapontados, tristes e outros que chegavam até a sorrir, adorando ver

Se Sasuke foi afetado pela a situação, ele não demonstrou. Ele manteve o rosto erguido e direcionado para prédio do Hokage, como se, mesmo vendado, ainda conseguisse ver para onde seguiam.   

Mesmo com toda atenção que eles chamavam e a tensão tão grande que chegava a deixar o ar mais denso, Sakura não pensou em deixar Sasuke sozinho o acompanhando até a torre da Hokage. Entraram no prédio e seguiram diretamente para o escritório de Tsunade, os corredores abarrotados de ANBU’s deixaram tão pouco espaço que eles tiveram que fazer uma única fila e Sakura deixou o lado de Sasuke para seguir atrás dele.

No escritório, entraram quatro ANBU’s que cercavam Sasuke, ele, Sakura e um ANBU que a seguia.

Dentro da sala estavam Tsunade sentada em sua mesa, Kakashi de um lado e Shizune e Yamato do outro.

Sakura queria ter um pouco de esperança vendo rostos familiares, mas ela sabia que mesmo não estando ali, toda a pressão das outras nações estava.

Os crimes de Sasuke tinham sido muito graves e era improvável que ele saísse impune.

O ANBU que arrastava Sasuke pelas algemas o parou de frente para a mesa da Hokage.

Tsunade desviou o olhar para os papeis em sua mesa e pigarreou antes de começar a ler o conteúdo.

— Sasuke Uchiha, você é acusado de deserção, por invasão, associação á Akatsuki e o múltiplo assassinato dos membros do conselho, neste ultimo evento tendo testemunhas que afirmar vê-lo atentar contra a vida de uma civil e matar a sangue frio o líder do conselho, Danzou Shimura. – ela ergueu seu olhar de volta para Sasuke. – Você se declara?

Todos os olhares se voltaram para Sasuke naquele momento.

— Culpado.

Sakura fechou os olhos com força, soltando a respiração que tinha prendido.

Tsunade assentiu voltando a atenção aos papéis, onde escreveu alguma coisa.

— Antes de concluirmos a sentença, gostaria de acrescentar alguma coisa?

— Tem certeza de que quer eu fale na frente na frente deles? – Sasuke perguntou e Sakura pode jurar que ele tinha um pequeno sorriso nos lábios.

Tsunade estreitou os olhos.

— Vocês dois, podem ir. – disse para os ANBU’s, nenhum se mexeu. – Andem, vazem daqui, tenho que falar quantas vezes?! A sala é pequena pra tanta gente assim. – ordenou com seu típico mau humor.

Ainda relutantes, os dois ANBU’s deixaram a sala.

— Seu moleque, sabe quanta dor de cabeça você me arrumou? – Tsunade explodiu para logo depois suspirar, esfregando a própria testa, pareceu se acalmar. – Por que fez isso?

— Você sabe por quê. – cuspiu as palavras, o falso bom humor sumiu.

Tsunade suspirou desviando o olhar pela mesa, pensando em como seguir com a situação.

— Havia outros métodos.

Sasuke respirou fundo, trincando a mandíbula.

— Vocês tiveram ANOS! – ele até tentou se controlar, mas no final da frase saiu quase como um grito. Yamato se aproximou de Tsunade por segurança. – E não fizeram nada. – continuou deixando claro seu desprezo. – Então eu fiz e faria quantas vezes fossem necessárias.

— Sei que o que fizeram... O que Danzou fez, não tem perdão. – Tsunade se corrigiu. – Mas eu não posso simplesmente deixar um fedelho igual a você sair matando todo mundo que achar que deve! – esbravejou.

Apesar de entender o lado de Sasuke, o motivo por trás das ações dele, Sakura concordava com sua sensei.

E se ele resolvesse que todos em Konoha deviam pagar pelo o que tinha acontecido? Ele iria matar todo mundo?

— Você sabe que eu não posso deixar você livre depois dessa, não sabe?

— Sim.

— É isso? Você veio se entregar?

 — Voltei porque vocês não vão ter a menor chance sem mim.

Tsunade ergueu as sobrancelhas e olhou para Yamato e depois para Kakashi.

— Esse fedelho disse isso mesmo, ou eu to ficando louca? – ela debochou quase rindo. – Você é um desertor, matou pessoas, se uniu a Akatsuki, acha mesmo que eu vou mesmo confiar em você lutando no nosso lado? – agora ela riu e com vontade. – Por que alguém confiaria em você?

Sakura abaixou o rosto, sabia que ali iria ser julgada, afinal, ela confiou nele. Sasuke não se mostrou abalado.

— Não preciso que vocês confiem em mim, só que sem mim vocês não vão ter chance nenhuma. – sua voz não transmitia nada além da indiferença.

— Você é um merdinha arrogante, hein? – Tsunade afirmou balançando a cabeça negativamente. – Levem-no daqui.

Os ANBU’s restantes pegaram Sasuke pelos braços e o retiraram da sala, os outros também e quando Sakura ia também, Tsunade chamou por ela.

— Você foi atrás dele, você abandonou sua função, as pessoas que precisavam de você aqui e foi atrás dele. – Tsunade a repreendeu.

— Naruto fez a mesma coisa.

— Naruto fez a mesma coisa e voltou envenenado pelo seu amiguinho. – a loira rebateu. – Sabe o risco que você se colocou?

— Eu tinha que tentar! Tinha que avisá-lo que iriam colocá-lo na lista dos procurados. – Sakura se defendeu chegando até a aumentar o tom de voz, porém pausou, se controlando para não extrapolar.

As duas ficaram em silencio, Sakura sentia o olhar penetrante de sua sensei a medindo de cima a baixo.

— E você conseguiu, não sei como, mas você conseguiu trazê-lo de volta. – a loira suspirou pesadamente. – Agora tenho que me reunir com os outros Kages para discutirmos não só isso, mas também sobre as conseqüências do ataque do Pain.

Sakura assentiu, mantendo a cabeça baixa, mas a mente alerta em achar qualquer maneira para ajudar Sasuke.

— Algo mais que eu deva saber?

A kunoichi fez um relatório completo do seu encontro com Zetsu e Obito, Tsunade pareceu bastante interessada no estranho rinnegan que Sakura descreveu.

Depois de informar tudo que sabia, Sakura foi dispensada e ao sair encontrou Shizune esperando por ela fora do escritório, a maioria dos ANBU’s tinha seguido com Sasuke e poucos ficaram ali fazendo guarda.

A assistente da Hokage se aproximou da kunoichi.

— Como você está?

Sakura suspirou, seus ombros caindo conforme o ar deixava seus pulmões.

— Sinceramente? – ela uniu as sobrancelhas com os olhos perdidos. – Agora que ele está aqui, não sei se fiz a melhor escolha pedindo que ele voltasse. – confessou sentindo sua garganta se apertar. – Eu sei que ele precisa pagar pelo o que ele fez, que as ações que teve tinham que ter conseqüências, mas Shikune... – ela passou a mão pelo antebraço, inquieta. – É difícil para mim vê-lo sendo preso.

Ela sabia que Shikune a olhava com pena, mas agradeceu por ela não tentar a consolar ou simplesmente dizer que iria ficar tudo bem. Não iria.

— Naruto já... – deixou a pergunta no ar.

Shikune balançou a cabeça positivamente.

— Ele está no carceiragem tentando entrar para vê-lo.

— É melhor eu ir pra lá também. – tentou forçar um sorriso e acenou como despedida.

O dia já estava amanhecendo e ela já podia ver alguns civis pela rua abrindo o comércio, por isso decidiu ir pelos telhados. Nos telhados notou ANBU’s em formação e o numero deles só crescia conforme ela se aproximava da prisão, aumentando a tensão.

Ali não estava somente Sasuke, ali eram jogados todos os criminosos de alta periculosidade que por alguma brecha ainda estavam vivos.

Era uma construção completamente de concreto, suas paredes cinza eram cobertas de selos em tinta preta que garantiam que tudo que entrasse ali nunca mais saísse ou saísse em um saco preto, haviam poucas janelas e as que tinham eram gradeadas com cerca elétrica.

Imaginava que as coisas não seriam as mesmas depois que Sasuke voltasse, mas com certeza não imaginava que seria daquela forma.

 Como procedimento padrão, ela desceu dos telhados para a rua entrando no grande prédio cinza, ao dar o primeiro passo sentiu como se seu corpo estivesse anestesiado e até mesmo sua mente ficou mais lenta, seu chakra completamente bloqueado. Ainda seguindo o procedimento, ela se deixou ser revistada e suas armas retiradas.

Ela seguiu pelos corredores até a ala que Sasuke estava, já havia estado algumas vezes ali escoltando alguns prisoneiros que ela tinha sido encarregada de caçar.

No caminho ela encontrou com Kakashi e Naruto, enquanto o loiro andava de um lado para o outro nervoso – e revoltado – pela situação, Kakashi era mais contido em seu canto parecendo bastante pensativo.

— Nós temos que fazer algo, Sakura-chan! – Naruto disse quando ela se aproximou. – Eles nem deixarem que eu falasse com ele direito!

Sakura uniu as sobrancelhas e olhou para seu sensei. Mesmo de mascara, Sakura conseguia ver na expressar de Kakashi a tensão em seus ombros muito diferente da postura relaxada que ele geralmente tinha. A situação de Sasuke realmente não devia estar nada fácil  

— Sensei?

Kakashi suspirou longamente, apoiando as costas na parede.

— Pelo o que ouvi, ele irá ficar na solitária por enquanto sem visitas e, também sem previsão de soltura. – ele balançou a cabeça negativamente. – Temo que ele vá ficar ai dentro até a poeira do ataque de Pain baixar.

Sakura levou as mãos até o rosto esfregando sua testa. Solitária? Ela nunca pensou que as coisas chegariam nesse nível, quando pensou em trazer Sasuke de volta, não imaginava que estaria levando diretamente para a prisão.

— Posso pelo menos tentar entrar? – ela perguntou inquieta por estar ali sem ter como ajudá-lo.

— Sakura... – Kakashi soltou seu nome em tom de advertência. – Não é uma boa ideia, a prisão dele ainda é muito recente e você ainda tem risco de ser condenada junto como cúmplice.

— Como é? – Naruto exclamou revoltado. – Eu acabo quando qualquer um que tentar encostar na Sakura-chan!

Apesar de admirar a atitude de Naruto em querer protegê-la, Sakura sabia que Kakashi falava sério e que aquela chance era grande. Com os ânimos altos, muitos na vila ainda tinham sangue nos olhos a procura de mais alguém para aplicar sua justiça.

— Me deixe tentar, sensei, por favor, eu... Eu preciso vê-lo. – seu pedido saiu baixo, mas suas palavras transbordavam de culpa, ela mantinha os olhos verdes voltados para o chão.

Sabia que o melhor seria era que ela se mantasse longe, pelo menos, por alguns dias para que a tensão abaixasse um pouco ao redor de Sasuke, mas ele sabia que dizer aquilo nada adiantaria para Sakura. Os dois – ela e Naruto – tinham lutado tanto para trazer Sasuke de volta que era quase absurdo sugerir algo do tipo para eles.

— Venha amanhã, logo após a troca de turnos, terá uma chance maior de deixarem.

Não era bem o que a kunoichi queria, mas sabia que também não poderia abusar do sistema, se Kakashi dizia que ela tinha mais chances de conseguir no dia seguinte, ela confiaria em seu sensei. Ela agradeceu e, depois de fazer uma breve reverência ao sensei e se despedir de Naruto, ela voltou pelo corredor que tinha pegado para chegar ali.

Seus pensamentos estavam longe e uma prova disso foi que só ouviu o chamado de Naruto depois dele surgir na sua frente, a chamando.

— Desculpe, eu... – ela suspirou passando a mão pelos olhos, os massageando. – Estava distraída.

— Tudo bem. – ele abriu um daqueles sorrisos que contagiavam todos em sua volta, ou melhor, ele tentou dar um daqueles, mas até a alegria costumeira de Naruto tinha se abalado com a situação. – Posso te acompanhar até sua casa? – perguntou um tanto acanhado.

— Claro. – aceitou com prazer a companhia do amigo.

Os dois continuaram a caminhada até o apartamento que Sakuraa costumava ocupar antes de toda aquela historia começar. Antes de receber a carta que pedia ajuda de uma med-nin, antes de Itachi a convencer a ajudá-lo, antes de reencontrar com Sasuke, antes de ser quase morta por este ultimo...

Era estranho voltar a aquele apartamente, a pensar nele como sua casa, era como se fosse o lar de uma pessoa completamente diferente da que ela era no momento.

Como poderia voltar para sua antiga vida quando ela não sentia que pertencia mais á ela?

Sakura não queria voltar para sua cama, deitar sua cabeça no travesseiro e fingir que aquilo ajudaria em seus problemas. Ela queria estar ao lado de Sasuke, o tirando daquela solitária horrível.

— Oe, Sakura-chan. – Naruto disse chamando a atenção dela.

Faltavam poucos metros até o apartamento da kunoichi e o caminho silencioso passou tão rápido que ela nem percebeu.

Notando que o amigo havia parado, Sakura parou também. Naruto tinha a cabeça baixa, os lábios se comprimiam e relaxavam, como se ele estivesse tentando dizer algo, mas parava antes que as palavras deixassem sua boca, seus ombros caídos passavam longe da postura sempre erguida que ele tinha.

Ela se aproximou dele, esperando o tempo dele.

— Obrigado. – o agradecimento saiu tão baixo e falho que Sakura teve dúvidas se ele tinha realmente falado aquilo. – Obrigada, Sakura-chan. – ele repetiu e, a surpreendendo, a puxou pelo ombro, a envolvendo em um abraço.

— Naruto-kun... – ela soltou surpresa, ainda um pouco sem reação com o abraço repentino.

— Obrigada, Sakura-chan! – repetiu mais uma vez e Sakura o sentiu tremer, soluçando ela também sentiu seu ombro ficar molhado onde o rosto de Naruto estava apoiado. – Você o trouxe de volta! Você... – ele a apertou mais, encaixando seu rosto na curva do pescoço dele.

Comovida e embalada pelos sentimentos dele, ela envolveu a cintura do loiro.

Talvez, somente ela poderia ter noção do que Naruto estava sentindo no momento.

Os dois tentaram por anos trazer Sasuke de volta, mesmo quando todos desacreditaram deles, mesmo quando Sasuke os empurrava para longe, mesmo com todos os inimigos que eles encontraram no caminho, mesmo quando ela mesma já tinha desistido Naruto nunca desistiu e agora finalmente Sasuke estava de volta.

— Você conseguiu! – ele dizia, seus ombros tremendo com os soluços – Você conseguiu, Sakura-chan! – ele a apertou mais uma vez antes de se separar, a segurando pelos ombros, ele a olhou nos olhos.

Seu rosto bronzeado estava molhado pelas lágrimas o que, para Sakura, realmente não combinava, ela levou as mãos até as bochechas com estranhos riscos e as limpou.

— Você trouxe Sasuke de volta. – ele comemorou, um sorriso enorme rasgou o rosto dele.

Ver como Naruto estava feliz, não evitou que ela se sentisse culpada pela situação.

Ela não agüentou o olhar nos olhos de azuis, abaixando a cabeça.  

— Não fique assim. – ele levou as mãos até os ombros da garota, massageando o local, sentindo os músculos tensos da amiga. – Nós vamos conseguir tirar o teme de lá. – tentou motivá-la, mas ficava difícil quando ele mesmo não transmitia sua alegria de sempre. – Vamos conseguir, ttebayo! – a balançou pelos ombros.

Ela até tentou forçar um sorriso, só para Naruto, mas não soube se fez algo além de uma careta.

Naruto a levou até a porta do prédio de Sakura e prometeu que iria passar ali logo de manhã para irem juntos tentar visitar Sasuke. Mesmo sabendo que a chance de conseguirem realmente visitá-lo era pequena, ela concordou só para não estragar a alegria dele.

Eles se despediram e Sakura entrou no prédio, subindo um tanto desmotivada as escadas seguindo seu antigo caminho até o apartamento.

Por mais que tivesse passado muito tempo desde que ela esteve ali da ultima vez, Sakura sabia exatamente onde cada uma dos móveis estava e ficou feliz por ver que, enquanto estava longe, seu apartamento tinha sido limpo e arrumado.

Agradeceria Kakashi e Naruto por aquilo quando tivesse oportunidade.

Tentando se sentir mais em casa, ela resolveu tomar um longo banho, se encher de cremes e cuidar do cabelo, coisa que ela não podia se dar ao luxo enquanto estava longe, e vestir um dos seus antigos pijamas que ela amava tentando voltar as seus hobbies antigos, porém mesmo depois daquilo, não conseguia se sentir em casa.

Se sentia ridícula olhando aquelas revistas de moda ou pintando as unhas do pé, não parecia certo ela se preocupar com aquelas futilidades. 

Depois de tanto tempo dormindo em camas improvisadas no chão de florestas e da cela nada confortável que esteve quando era prisoneira de Sasuke, deitar em sua cama fofinha era estranho demais, quase desconfortável, fora que ela não conseguiu pregar os olhos a noite toda.

Como conseguiria dormir se sua cabeça parecia explodir pensando em como Sasuke estaria?

Quando os primeiros raios de sol invadiram sua janela, ela se levantou indo se arrumar. Tinha que confessar que se sentiu melhor tirando aquele pijama de bichinhos e vestiu sua típica roupa de batalha.

Enquanto se arrumava, ela parou alguns instantes em frente ao espelho olhando para o cordão onde ela tinha colocado o anel Akatsuki de Itachi que Kisame lhe deu. Levou uma mão até o anel, acariciando o metal.

As coisas realmente não tinham acontecido da forma que Itachi previu, ela pensou soltando um suspiro afastou a mão do anel, mas ela iria dar um jeito das coisas melhorarem.

Terminou de se arrumar e saiu do apartamento, encontrando com Naruto virando a esquina. Tinha esquecido completamente que ele tinha combinado na dia anterior que iria passar para irem juntos.

Eles seguiram em silêncio até a prisão, a tensão do dia anterior ainda estava presente e Sakura sabia que parte daquela tensão só iria passar quando vissem Sasuke.

Encontraram com Kakashi na portaria da prisão. O ninja copiador tinha uma olheira enorme embaixo do único olho visível dele, sua expressão cansada e sua postura caída com certeza tinham sido presentes da noite em claro.

— Alguma novidade? – Naruto perguntou depois deles cumprimentarem seu sensei.

— Nada muito diferente. – Kakashi disse suspirando cansado no final. – Yamato disse que iriam discutir se não hoje, nos próximos dias, sobre a situação de Sasuke.

Naruto grunhiu irritado, xingando em voz baixa.

— Hoje poderemos visitá-lo, pelo menos? – Sakura perguntou.

— Sim. – Sakura e Naruto se entreolharam, sorrisos nasceram nos rostos deles. – Mas um de cada vez! – acrescentou antes que os dois se animassem demais e saíssem correndo.

Sakura riu quando Naruto soltou um muxuxo, chateado.

— Pode ir primeiro. – ela disse dando de ombros. – Você mal conseguiu falar com ele antes e eu passei dias olhando para aquele mal-humorado.

O loiro uniu as sobrancelhas, em dúvida. Dava ver claramente que ele estava muito animado em ir ver o amigo, mas não queria passar por cima da amiga para ir na frente dela.

— Tem certeza, Sakura-chan? Eu posso esperar.  

Ela balançou a cabeça negativamente, com um sorriso ela tentou mostrar que pra ela realmente não tinha problema ir depois.

Com a recusa dela, Naruto aceitou ir primeiro deixando Kakashi e Sakura para trás sozinhos.

— Pode ir pra casa, sensei. – ela disse se dirigindo ao grisalho.

— Sou um jounnin e seu sensei. – ele soltou uma risada curta. – Acho que aguento continuar aqui.

Sakura sorriu gentil levando as mãos até os ombros de seu sensei, seu chakra envolveu suas mãos em um tom de verde e passaram para os ombros dele, relaxando seus músculos que estavam tensos.

Podiam ter passados anos, Sasuke podia ter renegado e ido atrás de Orochimaru para treiná-lo, mas Kakashi sempre teria uma ligação especial com o Uchiha e não só porque os dois possuíam o Sharingan, outras coisas os ligavam e Sakura tinha notado essa preferência desde o ínicio quando formaram o time 7 então era obvio que Kakashi sempre se preocuparia com Sasuke.

— Descanse. – o tom de voz dela era quase uma caricia, serena, ela induzia qualquer um a fazer o que ela queria ainda mais usando seu chakra calmante. – Vamos cuidar dele, sensei, sabe disso. – garantiu.

Após alguns instantes, Kakashi bocejou, cruzando os braços atrás da cabeça. Ele fechou o único olho visível, inclinando o pescoço para os dois lados estalando o pescoço.

Sakura soube naquele momento que tinha ganhado aquela discussão.

— Se é assim, acho que irei mesmo. – ele declarou fazendo Sakura sorrir e retirar as mãos dos ombros dele. – Tentem não se meter em confusão, certo?

Ela riu fechando os olhos, balançando a cabeça positivamente como resposta, mas logo abriu os olhos quando sentiu uma mão pousar sobre sua cabeça, acariciando a testa da mesma. Sakura ficou surpresa ao ver Kakashi a olhando com afeição.

— Sensei?

— Obrigada, Sakura. – agradeceu e Sakura desviou o olhar para o chão, ter eles agradecendo só aumentava seu desconforto. – Sei que se culpa pelo o que está acontecendo ao Sasuke, mas não é sua culpa, Sasuke precisa passar por isso, tem que enfrentar as conseqüências pelo o que ele fez.

A kunoichi suspirou, acenando positivamente sem muita vontade, mas que foi o bastante para o jounnin que afagou o cabelo rosa por mais um instante e então se afastou, deixando Sakura sozinha.

Ela não teve muito tempo para deixar que seus pensamentos a torturarem, em poucos minutos Naruto surgir no corredor resmungando sobre como tinha sido sua conversa, ou melhor, seu monologo com Sasuke já que o Uchiha mal respondeu suas perguntas.

— Espero que você tenha mais sorte que eu. – resmungou com os braços cruzados, fazendo um bico bem infantil.

— Acho bem difícil. – ela respondeu sendo bem sincera.

Achava difícil Sasuke a receber bem depois dela o convencer a voltar e ele acabar  preso.

Sakura se despediu do loiro e seguiu pelo corredor que ele tinha passado antes, percorrendo todo um caminho que ela já conhecia dos tempos que em que fazia escolta dos criminosos. Ela soube exatamente em que cela Sasuke estava, pois haviam dois ANBU’s parados de cada lado da porta de ferro com uma pequena abertura retangular.

— 30 minutos. – o ANBU á esquerda da porta informou e Sakura podia jurar que já tinha ouvido aquela voz antes, talvez ela o já tivesse tratado no hospital.

Ela assentiu e o ANBU a direita desprendeu o molho de chaves de seu cinto, procurou entre as chaves a chave que era porta e abriu a cela.

Com passos inseguros, Sakura entrou na cela escura.

Não havia iluminação na cela, não havia interruptores para ligar a lâmpada do teto que era controlada da central de comando, as paredes e o chão eram feitas do mesmo cimento duro e nenhum pouco confortável. Não haviam móveis apenas um colchonete fino em que Sasuke estava sentado de costas para ela.

Ela engoliu seco.

De costas para ela, Sakura conseguia ver os braços de Sasuke amarrados para trás por uma camisa de força, seus olhos ainda estavam vendados pelo selo que neutralizava o uso do seu Sharingan.

Ela sabia que tinha pouco tempo para estar com ele, mas Sakura não tinha ideia do que falaria.

Seu coração doía ao ver Sasuke naquelas condições.

Ela deu alguns passos, adentrando na cela e se aproximando dele, sua aproximação fez com que Sasuke erguesse o rosto como se soubesse que era ela ali.

Ah, é claro, ele a reconhecia pelo perfume.

— Sasuke-kun...

— Achei que não deixariam você vir. – ele se pronunciou, sua voz fazia certo eco nas paredes de concreto.

— O que quer dizer com isso?

— Eles podem ter me vendado, mas ainda tenho ouvidos. – ele disse com certo desdém. – Ouvi conversarem do lado de fora da cela, disseram que teriam conseqüências para você.

Sakura uniu as sobrancelhas.

— Não se preocupe comigo, não faram nada comigo. – garantiu se aproximando mais, se ajoelhando ao lado dele. – Como você está?

— Já estive melhor, se é o que quer saber. – respondeu um tanto ácido.

A kunoichi soltou a respiração lentamente e conforme o ar deixava seus pulmões, seus ombros caiam.

 — Queria ter boas notícias, mas ainda não temos uma previsão para quando você irá sair daqui.

— O idiota me falou disso. – Sasuke não pareceu dar muita importância. – Não vou ficar aqui por muito tempo.

Os olhos verdes se ergueram até o rosto do Uchiha, confusa por ele realmente não estar tão preocupado assim.

— Eles iram me soltar quando Obito atacar e perceberem que não tem chances sem mim.

Ela ergueu ambas sobrancelhas e tentou controlar a vontade de rir.

— Sua arrogância chega a me fazer rir. – rebateu e com um meio sorriso decidiu provocá-lo. – Nós sobrevivemos muito bem sem você aqui.

A resposta da garota realmente não o agradou, já que todo o bom humor que ela conseguia ver nele desapareceu.

Sakura pode não ter percebido, mas suas palavras tiveram grande impacto em Sasuke.

— Se é assim, quando me cansar daqui vou embora.

— A é? E por que não sai daqui? – perguntou ainda achando graça de como ele realmente não mudava em alguns aspectos mesmo estando naquele lugar horrível. 

Ao contrário do que Sakura achou, Sasuke não respondeu na mesma hora com uma resposta feita e transbordando de auto confiança. O silêncio preencheu a sala, afastando o clima agradável que tinha tentado se formar no local e a velha tensão voltou deixando a cela ainda mais fria e desconfortável.

— Eu disse que voltaria por você e é por você que continuo aqui. – Sasuke respondeu depois de um tempo, sua voz baixa interrompendo o silêncio soou clara, não deixando dúvidas do que tinha sido dito.

Sakura arregalou os olhos verdes prendendo a respiração por um instante, pasma de Sasuke se expressar assim tão diretamente. Nunca imaginou que ele seria um dia capaz de dizer algo do tipo para ela e com tanta facilidade.

Olhou para ele amaldiçoando a venda que a impedia de olhá-lo nos olhos, atentamente ela correu os olhos pela pele branca e lisa das bochechas dele, seus lábios pálidos estavam relaxados e os cabelos bagunçados e amassados pela venda.

Ela soltou um pequeno suspirou e – vencendo a timidez que tinha a tomado depois da confissão de Sasuke – levou uma mão até a lateral da cabeça dele acariciando seu cabelo, sentindo os fios lisos deslizarem entre seus dedos. Sasuke inclinou seu rosto na direção dela a fazendo engolir seco pela proximidade que eles estavam no momento, sentindo suas bochechas pegarem fogo, Sakura aproximou seu rosto do dele a ponto de poder sentir sua respiração bater em seu rosto.

Sua boca salivava e ela teve que mais uma vez engolir seco para se controlar, ainda tímida, ela roçou seus lábios nos dele com medo de Sasuke recusar seu contato, mas tudo que ele fez foi soltar um suspiro antes de pressionar totalmente seus lábios nos dela.

Sakura soltou um gemido baixo e levou sua outra mão até o rosto do Uchiha, começando a mexer seus lábios delicadamente nos dele quase como uma caricia até a língua de Sasuke pedir passagem na boca dela e eles intensificarem o beijo. Ela podia sentir os braços de Sasuke se remexerem na camisa de força como se ele estivesse lutando contra o tecido para se libertar e tocá-la.

A kunoichi não conseguiu reprimir um gemido de sair quando Sasuke sugou seu lábio inferior, puxando o mesmo entre os dentes. Seus dedos se enterravam mais e mais nos fios negros, se movendo inquietos descendo do cabelo para o pescoço e subindo mais uma vez.

Um dos ANBU’s gritou  “5 minutos” do lado de fora da cela e o beijo foi finalizado depois de alguns minutos por alguns selinhos cálidos que Sakura continuou distribuindo pela mandíbula dele, seguindo até seu ouvido sua bochecha colada com a dele não querendo se afastar do mesmo.

— Eu vou tirar você daqui. – ela prometeu roçando suas bochechas, seus dedos acariciando a nuca dele.

Sasuke balançou a cabeça minimante, assentindo.

— Prometa que virá mais vezes. – ele pediu, sua voz vacilando pela primeira vez.

Sakura passou os braços pelo pescoço dele, o abraçando com força como se quisesse mostrar que estaria ali.

— Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro, tenho que sair correndo e não tive tempo de revisar, mais tarde eu tento.