Prisoner escrita por Lobo


Capítulo 34
Meu lado.




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Ela sentiu as extremidades de seu corpo formigarem e ela sabia aquilo era o resultado de ter ficado parada por muito tempo, seu peito descia e subia em uma respiração quase inexistente. Seu corpo estava em modo automático e ela podia sentir o chakra pulsando nos locais onde as raízes de Zetzu a prenderam.

A dificuldade para fazer seus músculos responderem, fez uma urgência em abrir os olhos para verificar o perímetro crescer. Se estivesse sozinha e alguém a atacasse naquelas condições, ela não teria como se defender sem ganhar ferimentos graves.

Se ela pudesse arregalar os olhos, teria feito ao reconhecer a insígnia dos Uchihas estampado na parte de trás da camisa do individuo sentado há poucos metros de onde ela estava deitada.

Se aquilo não tinha sido o bastante para que identificá-lo, o cabelo arrepiado atrás e o perfume misturado a suor e sangue denunciavam quem era.

Ela tentou se mexer mais uma vez e sua tentativa chamou a atenção do outro que a olhou por cima do ombro, a encarando minuciosamente.

 — Você ainda parece fraca, descanse mais. – disse voltando a olhar para longe dela, sua instrução mais parecia uma ordem algo que incomodou a kunoichi.

 — Eu estou... – ela teve que fazer uma pausa no meio da frase pelo esforço que teve para se sentar. – bem. – completou com um ofego, apoiando a mão no chão para conseguir se sustentar.

— Não seja teimosa, mal consegue se sentar. – Sasuke a censurou, aborrecido pela insistência dela.

Por que ela tinha que ser tão teimosa? Estava claro que ela ainda não estava completamente recuperada do encontro desastroso com Zetzu, por que ela não o ouvia nenhuma vez? Por que ela não tinha ficado em Konoha onde estaria segura? Por que tinha que se arriscar mais uma vez para vir atrás dele?

Grunhiu irritado, se pôs de pé ainda sem olhá-la.

— Faça o que quiser. – resmungou ajeitando sua espada na bainha.

Vendo Sasuke se afastar fez uma inquietação horrível surgir dentro dela. Não queria que ele se afastasse, não queria ficar sozinha. Ela precisava ter algumas respostas antes que Sasuke inventasse de se distanciar mais uma vez.

— Por que... Como... – reformulou sua pergunta várias vezes, sem saber como abordá-lo sem que Sasuke saísse correndo para evitar discutir o assunto. – Eu agradeço por ter aparecido naquele momento, não posso evitar de me perguntar... – ela levantou o olhar até o rosto dele, observando o atentamente procurando qualquer mudança na expressão dele. – Como sabia sobre Zetzu? Quem te alertou?

O silencio predominou entre os dois enquanto Sakura esperava por uma resposta do nukenin.

— Ninguém me alertou. – ele finalmente lhe respondeu, depois de torturá-la por mais algum tempo. – Eu... – Sasuke não completou a frase, engolindo seco. Sua mão foi até a Kusagina, seus dedos trambolizando pelas faixas que enrolavam o punhal da espada. Tentando fazer com que o pequeno exercício diminuísse o nervosismo.

Sakura olhava para ele com expectativa, esperando que completasse sua sentença quando os instintos ninja dos dois entraram em alerta ao ouvirem estalos de galhos quebrados próximo dali.

Sasuke puxou Kusagina da bainha, se virando em posição de ataque na direção de onde vinha o barulho.

— Fique aqui. – ordenou sem olhá-la, seguindo a passos cautolosos em direção de onde os barulhos tinham vindo.

Sakura não pode evitar soltar uma exclamação, irritada por Sasuke lhe dar uma ordem como aquela e deixá-la para trás. Seu orgulho se sobressaia a dor nas articulações e os músculos rígidos, ela tentou mais uma vez se erguer.

— Você deveria ouvir o que ele diz.

Os olhos verdes se arregalaram e seu instinto de auto-proteção falou mais alto a colocando em posição de defesa agachada no chão assim que reconheceu a voz. Há quanto tempo ele estava ali com o chakra mascarado?  

O que era aquilo? Parecia que alguém tinha enfiado a mão no bueiro do inferno e puxou todas as pessoas que se ela pudesse nunca mais visse na vida? Não bastava apenas Zetsu aparecer, agora Tobi também?

Ela quase rosnou quando Tobi começou a surgir das sombras.

A capa da Akatsuki tinha sido substituída por um manto roxo de gola alta e manga longa, calças e luvas pretas, sua mascara laranja tinha sido trocada por uma branca com detalhes em preto, agora exibindo seus dois olhos e não só um como a antiga.

— Não me reconhece mais? – Obito perguntou tombando sua cabeça um tanto para a direita, tirando sarro do silêncio dela.

Sakura crispou os lábios antes de abrir um sorriso de lado, com um leve toque de arrogância que ela usava para encobrir qualquer vunerabilidade que Obito podia querer usar contra ela. Podia não estar em seu melhor estado, mas nunca admitiria aquilo.

— Apenas curiosa sobre seu novo olho. – fingiu passividade.

— Presente do Pain, gostou? – apresentou seu olho roxo com orgulho.

— Presente, sei. – seu tom deixava claro que não acreditava naquilo, provavelmente Obito tinha roubado depois que Pain morreu. – Pensei que tinha sido uma das novas invenções de Kabuto. – fez uma falsa expressão de desapontamento. – Imaginei que estariam trabalhando em algo, afinal, vocês passaram um tempo considerável sozinhos naquele laboratorio em que me mantinham presa, mas pelo jeito vocês aproveitaram de outro jeito. – não resistiu em provocá-lo, deixando bem claro que sabia o que eles tinham feito a ela.

Nunca esqueceria.

A postura de Obito mudou, se tornando mais rígida.

— Eu salvei sua vida.

— Salvou minha vida?! – grunhiu as palavras, sentindo suas mãos tremerem de raiva. – Você me transformou em um rato de laboratório! – esbravejou – Deixou que Kabuto fizesse experimentos em mim, me clonou e usou minha imagem para atacar Konoha! – jogou as acusações na cara dele como kunais, seu ódio eliminou qualquer faceta de desentendida que ela tinha antes.

—- Eu salvei a sua vida. – ele repetiu dando mais ênfase. – Se não fosse por mim, você teria morrido depois do que Sasuke te fez, se meu objetivo fosse só fazer clones com você, não teria porque te manter viva.

Ela soltou uma gargalhada desdenhosa.

— E espera que eu faça o que? Agradeça por ter me deixado lá presa? – desdenhou. – Não tente me convencer que o que fez foi para o meu bem.

— Não tinha porque te manter viva.

— E por que fez então? – indagou debochada, imaginando qual seria a explicação brilhante que Obito iria dar.

Obito andou para o lado, calmamente sendo seguido pelos olhos de águia da kunoichi.

— Uma vez disse que sua lealdade aos Uchihas era admirável. – as sobrancelhas da rosada se uniram enquanto ela buscava pelo a memória quando aquele momento tinha acontecido, se lembrando vagamente de uma conversa que teve com ele depois da batalha entre ela e Sasori. – A Quarta Guerra Ninja está se aproximando e Uchihas devem permanecer unidos. – declarou parando mais perto do que Sakura tinha percebido, ou queria.

Sakura desviou o olhar para o chão por um momento.

— Não sou uma Uchiha. – pontuou não deixando passar, ergueu o queixo voltando com sua postura. – e tenho minhas duvidas que Sasuke irá concordar, ele não gosta muito mentem para ele, sabe? Ele está furioso. – debochou soltando uma pequena risada depois.

Obito não pareceu se abater pela provocação dela, continuando a olhá-la de forma seria.

— Não quero nem a você, nem ao Sasuke como inimigos, Sakura. – declarou a olhando nos olhos.

— Como pode falar isso depois de ter feito tudo o que fez por mim? Me deu como morta e se não fosse por Kisame eu ainda estaria feito naquele laboratório. – balançou a cabeça negativamente, testando suas articulações verificando que já estava melhor.

Começou a se mexer, se ponto de pé, mas se apoiando na arvore atrás dela. Obito esperou ela ficar de pé para continuar.

— Nunca foi minha intenção lhe fazer nenhum mal, no tanque você pode se recuperar totalmente tanto do episodio com Sasuke quanto das suas sessões de tratamento com Itachi.

Sakura abaixou a cabeça, sabendo que de todos, Obito tinha sido o único a perceber que as sessões de tratamento de Itachi nada mais eram do que uma transferência. Ela não podia curá-lo, apenas lhe dar algum tempo transferindo os efeitos colaterais da doença dele para si.

Sakura balançou a cabeça negativamente.

— Não tente mascarar o que você fez. – resistiu, não deixando as palavras dele a influenciarem.

— Você sabe que se eu quisesse sua morte, poderia ter feito isso logo depois de conseguir seu material genético se minha intenção fosse só fazer clones seus.  – Obito argumentou tentando dissuadi-la.

— O que você fez não foi certo, a guerra que você planeja não é certa, Obito! Será que não tem noção de quanta gente inocente irá morrer?!

Ele soltou a respiração bem lentamente parecendo decepcionado por ela não ver o seu lado.

— A guerra precisa acontecer, Sakura, o mundo... – ele balançou a cabeça negativamente. – Esperava que você pudesse entender e ajudasse o Sasuke a entender também.

— Mesmo que eu me deixasse cair nesse seu discurso de herói, você é ingênuo demais em pensar que eu conseguiria convencer Sasuke de alguma coisa. – debochou. – Estou aqui justamente porque fui idiota de vir atrás dele, para, mais uma vez, dar de cara na parede.

— Você não tem ideia de como ele ficou depois da sua falsa morte, não é? – Obito perguntou parecendo achar graça das conclusões dela.

Sakura desviou o olhar para o chão.

— Não me importa as lágrimas durante a morte, se em vida ele não demonstra nada. – disse depois de um tempo, seus olhos opacos foram de encontro com o ônix e o estranho rinnegan. – Não vou mudar minha decisão, Obito, não irei me juntar a você.

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Se é assim, só lamento por sua morte. – Obito disse a olhando uma ultima vez, Sakura pode sentir o chakra dele finalmente e assumiu sua posição de defesa esperando por um ataque dele.

Mas o ataque não veio, ela sentiu o chakra dele aumentar e seu olho erquerdo abrir um pouco mais antes da imagem dele se borrar em um redemoinho e sumir. Quase no mesmo instante, Sasuke apareceu caindo ao lado dela com a espada em punho.

— O que...

— Obito apareceu. – informou sem delongas, apoiando uma das mãos na arvore em busca de apoio para dar seus primeiros passos.

Sasuke agarrou o braço dela, a girando para que ficasse de frente para ele.

— Obito esteve aqui?! – as palavras escaparram entre os dentes dele. – Como? – balançou a cabeça em negação, ela pode ver a mandíbula dele travar. – Por que não me avisou? Porque não gritou por mim?! – cobrou a sacudindo.

Sakura puxou seu braço de forma bruta do aperto dele.

— Meu tempo de gritar por sua ajuda acabou faz um tempinho, sabe? – debochou voltando a guardar suas coisas nos bolsos. – Ele queria conversar comigo, me convencer a passar para o lado dele da guerra. – bateu a mão no ar, diminuindo a importância da conversa.

Sasuke não desistiu, acompanhando de perto os movimentos da kunoichi.

— Por que ele faria isso? Há algo entre vocês dois que não está me contando?! Algo mais aconteceu enquanto você estava com a Akatsuki? – exigiu saber.

Sakura ergueu uma das sobrancelhas.

— Não tenho nada com Obito agora, nem tive quando estive ao lado do seu irmão. – a expressão facial dele se enrrugou com a menção do Uchiha mais velho. – Estupidez é você achar que eu teria qualquer tipo de ligação com ele depois do que aconteceu.  

Ela deu as costas mais uma vez para ele, continuando a guardar suas coisas.

— Aonde pensa que vai? Ainda não está recuperada. – Sasuke disse se colocando no caminho dela.

— Já estou bem o suficiente para continuar.

— Não seja imprudente! – a repreendeu.

— Não me diga o que fazer! – explodiu cansada dessa preocupação forçada dele, para logo depois respirar fundo se acalmando. – Não sei como soube, ou porque decidiu me ajudar e eu agradeço pelo o que fez, mas não posso perder mais tempo muitas pessoas feridas ainda precisam de ajuda.

Sasuke apertou os olhos, abaixando a cabeça, com certeza recriminando as atitudes dela. Ela não esperou a próxima repreensão dele, começou a caminhar ainda mancando um pouco ainda sentindo onde as raízes tinham apertado.

— Por que nunca fica quando peço? É para sua própria segurança! – Sasuke indagou já perdendo a paciência com a teimosia dela.

— Como se você não fizesse o mesmo! – rebateu.

— Você é teimosa e irritante! E vai acabar morrendo por isso!

— Diga algo que eu não sei. – debochou o olhando por cima do ombro por um instante. – Prefiro morrer tentando proteger minha vila do que ficar viva me escondendo.

Ela ouviu ele bufar impaciente e o som da lamina sendo guardada na bainha, passos apressados se aproximando dela.

— O que está fazendo? – perguntou quando ele se alinhou ao lado dela, caminhando ao seu lado.

— Nessa velocidade só chegaremos em Konoha no final da guerra. – ele resmungou ignorando a pergunta dela.

— Chegaremos? – ela repetiu em um sussurro, confusa com o plural da palavra.

Sasuke não a olhou, seu olhar era focado em frente pulando para um galho alto. Sakura continuou o olhando parada no chão

— Você é impulsiva e o Naruto, um idiota. – ela ergueu uma sobrancelha na entendendo aonde ele queria chegar com aquilo. – Se querem ter uma chance, precisam de mim.

— Voltará para Konoha? – ela perguntou sem acreditar.

— Querem ter pelo menos uma chance, não querem? – ergueu uma das sobrancelhas no auge da prepotência.

A kunoichi levantou ambas sobrancelhas, quase querendo rir.

Mesmo em um momento daqueles, Sasuke não abandonava sua arrogância ou admitiria que tinha concordado em voltar para Konoha. Não, ele nunca admiria que tinha sido convencido ou que cedeu as tentativas.

Ela saltou para o galho onde ele estava, o olhando nos olhos, o pequeno sorriso que tinha surgido em seu rosto por causa da situação foi diminuindo. A intensidade dos olhos ônix varreram o humor da situação.

— Não saia do meu lado, não importa o que acontecer. – seu pedido saiu mais como uma ordem.

As sobrancelhas dela se uniram e uma resposta nada contente com a ordem já estava na ponta da língua quando Sasuke se aproximou. A mão direita dele se ergueu, indo até o pescoço dela, segurando sua nuca e entrelaçando os dedos entre os fios rosados e macios. Deu mais um passo até ela, se aproximando.

Sua expressão era hesitante conforme os olhos ônix percorriam o rosto dela.

— Uma vez você disse que seu lugar não era ao meu lado porque sabia que eu não te perdoaria pelo o que fez. – Sakura engoliu seco olhando para a pele aparentemente macia do peito dele que ficava exposta pela blusa. – Não há nada o que perdoar.

Ela ergueu os olhos até os dele, encontrando firmeza. Sasuke desceu o olhar até os lábios dela, como imãs, seus rostos foram se aproximando até suas testas se tocarem.

— Não volto por eles, sabe disso, não sabe? – a respiração dele batia no rosto da kunoichi conforme ele murmurava, Sakura tinha apenas um filete dos olhos abertos entorpecida pelas ações dele. A mão dele que estava em sua nuca, a apertou, aproximando mais seus rostos.

Inconscientimente, os lábios dela se entreabriram.

— Não saia do meu lado. – ele repetiu, mas dessa vez não pareceu uma ordem. O pedido era como se necessitasse, suaves batiam no rosto dela como uma brisa. – Não importa o que aconteça.

A resposta dela foi esquecida quando Sasuke se aproximou, roçando seus lábios fracamente nos dela antes de, finalmente, uni-los totalmente.


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Notas finais do capítulo

olááá genteeeeeeeee como estão?
não morri, mas demorei bastante, né?
como algumas leitoras que tbm acompanham you and i já devem estar sabendo nesse meio tempo aconteceram mtss coisas que não deixavam que eu conseguisse escrever.
Bem, espero não ter perdido o jeito e que o capitulo esteja bom foi um pouco complicado voltar a escrever ;/
beijos e espero que estejam bem