Eles levantaram o acampamento e continuaram seu caminho, só parando ao anoitecer para descansar. Assim passaram os quatro dias seguintes. Depois de experimentar a comida da rosada Suigetsu pediu, lê-se encheu a paciência, a Sakura  para que ela começasse a fazer o jantar também.

Tinham acabado de montar o acampamento quando Sakura e Juugo saíram juntos para achar comida e madeira para a fogueira, Sasuke decidiu ir treinar e Karin se ofereceu para ir junto, mas como sempre Sasuke recusou.

— Não diga que ficou chateada. – Suigetsu disse depois de Karin bufar pela quinta ou sexta vez. – Sabe que ele não gosta de treinar acompanhado.

Suigetsu estava deitado de costas sob a grama, seus braços cruzados atrás da cabeça. Karin estava sentada com as costas apoiadas no tronco de uma arvore, na direção oposta a que Suigetsu estava deitado.

— Não estou irritada por causa disso.

Suigetsu a olhou de canto de olho.

— Então é por causa da Sakura.

Karin enviou um olhar irado na direção dele. Suigetsu virou o corpo, deitando de lado, pôs o cotovelo no chão e apoiou o rosto sobre a mão.

— Não precisa ficar com ciúme, ruivinha. – debochou.

Karin soltou uma risada forçada jogando a cabeça a cabeça para trás.

— Acha que estou com ciúme daquela coisa? Há. – soltou mais uma risada forçada. – Estou sentindo mesmo é vergonha de vocês que não conseguem resistir a um rabo de saia qualquer que já estão andando de quatro por elas.

— Assim você me ofende. – ele disse colocando a mão sobre o peito, fingindo estar sentido.

A ruiva revirou os olhos, ajeitando o óculos.

— Não ferra, você sabe que eu tenho razão. – disse levantando uma das sobrancelhas. – “Sakura-chan, como você é legal” “Sakura-chan, faz meu jantar por favor!” “ Sakura-chan, não se vá!”— disse com a voz fina, imitando os pedidos de Suigetsu.

Suigetsu soltou uma risada forçada e levantou seu dedo do médio para a garota.

— Vai se ferrar, vadia invejosa. – cuspiu as palavras. – Está morrendo de inveja porque o Sasuke presta mais atenção nela do que um dia prestou em você.

Karin grunhiu, levantando na mesma hora pronta para partir pra cima do companheiro de time.

— Vocês dois, parem. – Sasuke disse surgindo na clareira onde tinham montado acampamento.

Karin respirou fundo, trincando os dentes. Fazendo esforço, ela pôs um sorriso forçado no rosto que mais pareceu uma careta.

Sasuke ignorou a tensão presente e sentou entre os dois na frente da fogueira apagada em posição de meditação.

Não demorou muito para Sakura e Juugo voltarem, rindo de alguma piada particular. O maior carregava grande parte da madeira e comida, deixando Sakura carregar algumas frutas.

O sorriso no rosto de Sakura foi morrendo conforme ela percebeu a tensão presente no local. Sem comentar nada, ela foi até a mesa improvisada e colocou as frutas que carregava. Juugo foi até a fogueira e ajeitou as madeiras, criando o fogo.

Sakura foi até ele para ajudar na preparação do jantar. Sasuke observava em silêncio os dois trabalharem, Suigetsu, que tinha voltado a se deitar, cantarolava em voz baixa com os olhos fechados.

— Acha que tem problema eu treinar um pouco mais tarde? – ela perguntou para Juugo. – Sinto que estou meio enferrujada depois de tantos dias. – passou a mão na nuca, esticando seu pescoço para os lados, sentiu seu pescoço estalar.

Juugo sorriu para a garota.

— Contanto que prometa não tentar mais uma de suas fugas, não vejo problema. – respondeu bem humorado.

Sakura retribuiu seu sorriso.

— Pode vir comigo? É chato treinar sozinha.

Juugo desviou o olhar para o chão, Sasuke viu seu pomo de adão se mexer enquanto ele engolia seco. O bom humor que apresentava antes tinha sido substituído por uma tensão palpável.

— Não é uma boa ideia treinar comigo.

Sakura uniu as sobrancelhas, confusa.

— Vai ser só um treinamento leve, não vamos arriscar muito. – tentou confortá-lo.

A risada alta e debochada de Suigetsu invadiu a conversa deles.

— Será que você ainda não entendeu, Pinky? – ergueu o tronco até ficar sentado. – Ele é a porra de uma bomba relógio demoníaca. – apontou para Juugo que ouvia tudo de cabeça baixa.

Sakura uniu ainda mais as sobrancelhas, irritada com a forma que Suigetsu tratava o problema de Juugo.

O homem de cabelos laranja segurou o antebraço da garota, a fazendo desviar seu olhar mortal de Suigetsu e olhar de forma hesitante para o maior.

— Ele tem razão, Sakura. – disse dando um sorriso fraco. – Não é seguro testar meus limites.

Ela mordeu o lábio inferior ainda hesitante.

No meio daquela situação toda, Juugo tinha se tornado uma pessoa muito querida para ela. Sempre muito atencioso, ele sempre queria vê-la bem e tudo isso ela sabia que eram sem segundas intenções, tinha uma inocência que de certa forma a lembrava Naruto.

— Se quiser mesmo treinar, eu vou com você. – Sasuke disse de repente.

 Os outros quatro olharam para o Uchiha, surpresos. Sasuke continuou olhando na direção dela, ainda em posição de meditação.

Um sorriso malicioso nasceu nos lábios de Suigetsu e olhou na direção de Karin, a garota tinha os olhos arregalados como um peixe e seu rosto estava vermelho como um pimentão.  

Ela se pôs de pé no mesmo instante.

— Você acabou de voltar seu treinamento. – disse com uma falsa comoção. – Eu vou com ela.

Sakura a olhou com ambas sobrancelhas erguidas e até Sasuke dirigiu seu olhar até a ruiva.

— Er, eu... – Sakura piscou várias vezes surpresa e confusa. – Por mim tudo bem. – concordou ainda bastante confusa e surpresa.

Karin forçou um sorriso e uniu suas mãos, apertando com força. De longe dava para ver que ela estava se esforçando ao máximo para se controlar.

— Posso ir junto? – Suigetsu disse se metendo na conversa. – Adoro ver duas garotas brigando. – disse malicioso e se inclinou na direção da rosada. – De preferência em uma banheira cheia de gel. – lambeu o lábio inferior.

Sakura fez uma careta, mas para a surpresa geral, ela soltou uma risada alta e depois não conseguiu mais parar.

— Suigetsu! Não fale esse tipo de coisa, temos garotas aqui. – Juugo brigou.

O de cabelos brancos revirou os olhos.

Depois do jantar, as duas se aprontaram e seguiram para uma área mais afastada. Sakura olhava para a ruiva pelo canto de olho, desconfiada da boa ação repentina de Karin.

— Aqui. – Karin jogou um par de luvas pretas bem parecidas com as que Sakura usava antes e que tinha deixado no esconderijo.

Sakura agradeceu com um aceno de cabeça.

As duas se colocaram em posição de ataque, Karin foi a primeira a avançar Sakura desviou sem nenhum esforço.

— Sabe, eu até fiquei tocada depois de tudo que você falou depois da nossa primeira conversa. – Karin disse sem parar de atacar, o par de kunais em suas mãos dançavam mirando qualquer parte do corpo da rosada.

Sakura apertou o maxilar desviando sem parar dos ataques da ruiva. Em um dos ataques, ela desviou para o lado esquerdo e agarrou o braço da ruiva antes que ela o recolhesse, ainda segurando o braço dela, Sakura girou o corpo de forma rápida e arremessou Karin contra as árvores.

A ruiva atravessou algumas arvores até finalmente parar.

— Pensei que fosse mais inteligente, querida. – Karin disse em um tom venenoso se erguendo, ainda um pouco mancado. – Por que acha que Sasuke faz tanta questão de que você fique? – perguntou tombando a cabeça para o lado, um sorriso debochado.

Sakura engoliu seco e recuou um passo.

— Você sabe, é uma garota esperta. – Karin se aproximou como uma cobra se preparando para dar o bote. Sakura recuou mais um passo. – Afinal, foi você mesma que disse ele faria qualquer coisa pra conseguir sua vingança contra o irmão. – parou na frente da rosada. – Até mesmo usar uma garota boba como isca para a Akatsuki.

Sakura engoliu seco, sua garganta parecia completamente fechada, seus olhos verdes ardiam com as lágrimas que ela impedia de caírem, respirou fundo desviando seu olhar para o chão.

Karin estava certa, aquilo já tinha passado pela sua mente, mas ela tinha que admitir que ignorou completamente. Não quis acreditar que Sasuke seria tão baixo e usaria o amor de sua ex-companheira de time para um propósito tão cruel.

Relembrou de todos os momentos desde que tinha reencontrado com ele, como seu comportamento tinha mudado depois que Deidara e Sasori apareceram para levá-la. Seu lado romântico incurável a fez a acreditar que essa mudança tinha sido pelo medo de perdê-la.

Ela soltou um grunhido.

Em alguns dias tinha voltado a ser aquela menina idiota de 13 anos ignorada por um garoto que não queria nada com ela.

E agora ele estava a usando.

Sakura soltou uma risada pelo nariz, balançando a cabeça negativamente.

— Karin? Sakura? – Juugo apareceu entre as árvores, confuso ao ver as duas garotas paradas tão próximas.

— Aconteceu alguma coisa? – Karin perguntou como se a conversa anterior não tivesse nenhuma importância.

Juugo desviou o olhar dela para Sakura, ficando preocupado ao ver a expressão fria na face da rosada.

— Já está tarde, amanhã partiremos cedo, Sasuke quer ir a vila mais próxima para conseguir mais suprimentos.

Sakura virou o rosto para longe deles ao ouvir o nome do Uchiha.

— Oh, tudo bem, nós já acabamos, não é mesmo, Sakura-chan? – Karin disse com uma falsa simpatia.

A rosada assentiu fracamente e Karin abriu ainda mais seu sorriso, saiu do local acenando brevemente para Juugo.

O de cabelo laranja se aproximou de Sakura que ainda estava parada no mesmo lugar.

— Sakura? – ergueu a mão para tocá-la, mas Sakura tirou seu braço do alcance do toque dele.

Juugo uniu as sobrancelhas encarando a ninja.

— Vamos antes que Sasuke venha me caçar. – ela disse com certo tom de desprezo e deixou o local sem esperar por Juugo.

Na hora que os dois voltaram para o acampamento, Karin já estava deitada e Suigetsu já roncava baixo, Sasuke os esperava sentado em seu saco de dormir que era ao lado do de Sakura.

A rosada foi se sentar perto da fogueira ignorando completamente o olhar de Sasuke, o Uchiha então desviou sua atenção para Juugo. O mais alto deu de ombros, mostrando que também não sabia o porque do comportamento de Sakura ter mudado tão de repente.

Sasuke suspirou baixo, tentando adivinhar o que Karin poderia ter feito. 

— Sakura, se a Karin... – Sakura interrompeu o que Juugo iria dizer.

— Karin não me fez nada. – disse um pouco dura ainda olhando para o fogo.

Juugo desviou o olhar para Sasuke antes de olhar novamente para a garota.

— Acho melhor você ir dormir, amanhã acordaremos cedo. – Juugo sugeriu.

Ela deu um leve aceno de cabeça, continuando a olhar para o fogo.

Juugo e o Uchiha trocaram um olhar, conversando pelo olhar decidiram que não iriam pressionar a garota.

— Sakura-chan? – Juugo disse sonolento ainda deitado.

Sasuke tinha ficado a noite de vigia e Juugo acabou dormindo,a garota ainda estava parada no mesmo lugar agora encarando as cinzas do que já tinha sido a fogueira.

— Estou indo embora, Juugo. – ela anunciou sem olhá-lo.

Juugo se ergueu, ficando sentado no mesmo instante. Sakura se levantou.

— Sakura, nós... – engoliu seco ao ver uma pequena bagagem nas mãos dela. – Você deu sua palavra!

Ela virou o rosto, o olhando por cima do ombro.

— Dei minha palavra que ficaria até estar recuperada. – olhou para o braço enfaixado.

Juugo jogou as cobertas para o lado e se pôs de pé também. A conversa dos dois começou a atrapalhar o sono dos outros.

— Oew. – Suigetsu reclamou colocando um braço sobre seus olhos. – Parem de falar tão alto assim.

Juugo ignorou a reclamação ao amigo e foi até a garota que já estava andando em direção a mata, segurou o antebraço dela.

— Sakura, espera pelo menos o Sasuke chegar. – pediu.

A ninja levantou uma das sobrancelhas dando uma risada forçada.

— Não sou propriedade dele pra ter que pedir permissão para nada. – cuspiu as palavras.

— Sakura... – Juugo disse o nome dela como um pedido ainda sem soltar o braço dela.

Ela respirou fundo, não queria ter que ser grossa com ele. Juugo não merecia.

— O que está acontecendo? – uma voz nova invadiu a conversa dos dois.

Juugo e Sakura se viraram para a nova pessoa, Sasuke acabava de sair da mata e os olhava com os olhos estreitos.

— Sakura, ela...

— Estou indo embora agora. – o interrompeu, seca sem olhá-lo.

Sasuke arregalou um pouco os olhos e se aproximou rapidamente dos dois.

 - Mas você disse...

— Eu sei o que eu disse. – o cortou impaciente. – E já chegou minha hora.

— Você não pode ir agora. – Sasuke disse aborrecido.

— Você não é meu dono pra me dizer o que eu posso ou não posso fazer. – rebateu cuspindo as palavras sem se importar de parecer rude.

Juugo arregalou os olhos e tanto Suigetsu quando Karin se sentaram, interessados na conversa.

— Eu não sei o que aconteceu, mas você não parece estar pensando direito. – Sasuke olhou para Juugo e o maior entendeu o sinal, indo para trás da garota como uma barreira para que ela não fugisse. – Vamos conversar...

Sakura balançou a cabeça negativamente.

— Você não está cumprindo sua palavra. – balançou o dedo indicador na direção dele.

— Só estou tentando te manter segura. – ele disse aborrecido.

Sakura ergueu uma sobrancelha, com uma postura debochada.

— É mesmo? – soltou uma risada forçada. – Porque eu acho que eu nunca deixei de ser prisioneira aqui.

Sasuke bufou irritado.

— Está ficando doida?!

— Em vez de uma cela e grades, disse uma ou duas palavras doces e achou que isso iria me convencer de ficar até conseguir o que queria. – o acusou, os olhos verdes brilhavam de raiva.

— Sakura, por favor, se acalme. – Juugo se pronunciou, olhando para a garota de forma suplicante.

— Eu não quero me acalmar! – ela respondeu entre os dentes e apontou para Sasuke. – Esse filho da mãe tá me usando como isca para a Akatsuki. – acusou.

Sasuke uniu as sobrancelhas permanecendo calado e Juugo pareceu chocado.

— Ih, deu a doida na Pinky. – Suigetsu comentou rindo.

Todos o ignoraram.

— Eu tenho certeza que se nós conversarmos...

— Saia da minha frente, Juugo. – ela o interrompeu tentando passar por ele.

— Juugo! – Sasuke disse o nome como uma ordeme o ninja se pôs de novo no caminho da rosada.

— Por favor, Juugo.

O maior balançou a cabeça negativamente.

— Eu não posso te deixar ir assim.

A rosada suspirou abaixando a cabeça.

— E eu sinto muito por isso.

E no instante seguinte, as mãos da rosada, cobertas por uma luz verde, seguravam a cabeça de Juugo. Juugo arregalou os olhos quando a luz verde que estava nas mãos dela brilhou com mais intensidade.

— O que ela... – Suigetsu se pôs de pé no mesmo instante.

Os olhos verdes de Sakura brilharam forte de uma forma assustadora e então o corpo de Juugo começou a sofrer mutação. Seus músculos estufaram e sua pele ganhou a cor cinza, o branco dos seus olhos foi pintado pelo preto e um som animalesco saiu do fundo da garganta dele.

Sakura estava libertando o demônio interior de Juugo.

— Karin, Suigetsu rápido! – Sasuke gritou para os companheiros de time que se colocaram em posição de defesa.

Sakura afastou suas mãos de Juugo quando a transformação foi concluída, seus olhos voltaram para o verde de sempre.

Sussurrou mais uma vez um pedido de desculpas para o amigo, que foi ignorado, e desviou do primeiro golpe que ele deu em retribuição. O soco de Juugo atingiu o chão criando uma nuvem de poeira, aproveitou e fugiu sem olhar para trás.

Não parou em nenhum momento, nem para dormir a noite, não diminuiu sua velocidade, andou em zingue-zague sem parar por três dias até finalmente encontrar o que queria, ou melhor, foi encontrada.

— Você está horrível, sabia disso? – Hidan disse quando Sakura o encontrou em uma caverna perto da aldeia do som.

Sakura respirou fundo piscando lentamente, se apoiou na parede da caverna, suas pernas tremiam de dor pela longa jornada sem pausas. Sem forças até  para realmente dar a resposta que Hidan merecia, então só direcionou um olhar feio para ele.

Ele soltou uma risada nasalada e se aproximou da garota, passando os braços ao redor da garota, a abraçando.

— Vamos, vou te levar pra casa.

Ela assentiu depositando seu peso nele, aceitando seu abraço e ali apagou, sem ter mais forças pra nada.

Acordou algum tempo depois, estranhando estar sendo carregada nas costas de alguém reconhecendo o cabelo branco como sendo de Hidan.

— Rosinha, acorda. – Hidan disse passando as mãos pela perna dela.

Hidan podia ser um babaca as vezes, mas ele também sabia ser gentil as vezes.

— Acorda logo, minhas costas estão doendo.

As vezes, quase nunca.

Ela grunhiu saindo das costas dele.

— Vá pro inferno, Hidan. – resmungou passando por ele.

Seus músculos ainda doíam e ainda estava muito cansada e com fome, mas não podia deixar depois. Caminhou entre os corredores até chegar a sala que queria e, com o coração na mão, abriu a porta com tudo.

A sala era quase uma escuridão total, pouca coisa se conseguia distinguir com a fraca luz do luar que vinha das janelas. Sem medo, ela entrou no quarto e foi até o final parando perto de onde ela sabia que estava uma grande cama.

— Tadaima, Itachi-kun. – disse se ajoelhando ao lado da cama.

Uma mão pálida saiu das sombras iluminada pela luz do luar e foi de encontro ao rosto delicado da rosada, acariciando o local.

— Okaeri, Sakura.  – o dono dos olhos vermelhos vibrantes respondeu.