Sakura ofegou ainda olhando nos olhos ônix sem conseguir evitar lembrar de um certo alguém que tinha olhos iguais aos deles. Sem aguentar a pressão de manter os olhares, Sakura desviou o olhar para o chão.

Não conseguia encará-lo, não era tão cara de pau assim, se sentia um verme estando ali daquele jeito. Sasuke nunca tinha se aberto tanto, nunca tinha deixado ninguém se aproximar daquele jeito, se ele soubesse o que ela tinha feito, com quem tinha estado...

Sentiu uma queimação na boca do estomago enquanto sua consciência gritava a palavra traidora em sua cabeça.

Ela engoliu seco se encolhendo e Sasuke sentiu na mesma hora.

Confuso com a reação corporal da garota, Sasuke desfez a prisão de braços que prendia a garota a árvore. Sakura estava tão presa em seus pensamentos que nem reparou os movimentos do Uchiha.

— Sasuke, eu... – ela engoliu seco, sentindo um bolo se formar na sua garganta. – Eu não...

— Por favor, Sakura. – ele interrompeu vendo que ela iria dar uma resposta negativa. – Pelo menos fique até você melhorar. – sugeriu apelando para o lado médico dela.

Sakura suspirou fechando os olhos. Ela não sabia porque Sasuke estava insistindo tanto para que ela ficasse, que droga, por que logo agora ele tinha que começar a se importar?

— Eu...

Sasuke segurou o queixo dela, levantando o rosto dela. Assim que os olhos verdes se conectaram aos dele, como se estivesse hipnotizado, Sasuke aproximou o rosto do dela desviando o olhar para os lábios rosados. Engoliu seco e acariciou o lábio inferior dela com o dedão.

O momento entre os dois foi interrompido quando Sasuke pressentiu a presença de outros chakras se aproximando.

 - Sasuke! Sakura! - Suigetsu os gritos e os dois se afastaram rapidamente e até um pouco grosseiramente.

 Os dois mal tinham se distanciado quando as figuras de Suigetsu e Karin apareceram ao lado deles.

 Suigetsu olhou para Sasuke e Sakura desconfiado, abriu um sorriso de lado malicioso. Karin estreitou os olhos na direção da rosada e se aproximou de Sasuke, como um animal marcando território.

 - Fiquei preocupada que tivesse acontecido algo. - ela disse para Sasuke mostrando que sua preocupação se limitava ao bem estar só de Sasuke.

 Sasuke olhou sem interesse para a ruiva enquanto ela  o verificava atrás de algum machucado ou algo de errado.

 - E então, Pinky, vai ficar? - Suigetsu perguntou se aproximando, ficando mais perto do que Sakura achava que era tolerável pra uma pessoa que não era tão íntima assim.

 Sasuke uniu um pouco as sobrancelhas vendo as atitudes suspeitas do ninja de cabelos brancos.

 Sakura desviou o olhar para o chão, passando a mão no outro antebraço parecendo envergonhada.

 - É, acho que sim... - respondeu com um sorriso tímido.

 O sorriso malicioso de Suigetsu cresceu e ele desviou o olhar da garota por um instante, olhando para Sasuke. Curioso sobre o que tinha acontecido entre os dois enquanto estavam sozinhos.

 - Vamos. - ele disse de repente jogando um braço sobre os ombros da rosada. Sakura arregalou os olhos com a ação dele. - Juugo está preocupado achando que disse algo que fez você fugir da gente. - disse rindo enquanto puxava a garota na direção ao acampamento deles.

 Sasuke estreitou os olhos e seguiu os dois com Karin ao seu lado.

  O caminho até o acampamento foi todo preenchido pela voz de Suigetsu que insistia em puxar assunto com Sakura que sempre respondia com toda a educação, mas que geralmente eram vagas e só alimentavam mais a curiosidade dele. Atrás dos dois falantes seguiam Sasuke e Karin em completo silêncio, o Uchiha observava com atenção a interação entre a rosada e seu companheiro de time enquanto Karin encarava Sasuke, como sempre.

 Juugo se levantou assim que vou a rosada de volta, abrindo um sorriso animado para ela. Sakura retribuiu o gesto.

 - Fico feliz que tenha decidido voltar. - disse quando ela se aproximou.

 Sakura balançou a cabeça.

 - Pelo menos até ficar recuperada. - disse levantando o braço enfaixado.

 Sasuke estava passando pelos dois e encarou Sakura quando ela disse aquilo.

 Ela sabia que eram questão de dias até que ela ficasse completamente recuperada o que era muito pouco tempo comparado ao que Sasuke realmente queria que ela ficasse, mas pelo menos teria alguns dias e talvez, se insistisse da forma certa, pudesse influencia-la a ficar por definitivo.

Eles se reuniram ao redor da fogueira e jantaram, já estava tarde e depois da pequena confusão que Sakura tinha feito estavam cansados. Karin foi a primeira a se retirar, logo depois Suigetsu e Sasuke foi fazer o perímetro ao redor do acampamento, sobrando só Juugo e Sakura na fogueira.

Sakura não sabia aonde poderia dormir então ficou sentada na fogueira, Juugo estava ao seu lado. Pelo o que o que ela entendeu, Juugo iria assumir a ronda depois de Sasuke.

Ela deitou o corpo em posição fetal, usando o braço bom como travesseiro.

— Você não vai dormir ai, vai? – Juugo perguntou quando Sakura fechou os olhos se encolhendo mais tentando se aquecer. – Sasuke preparou uma cama pra você.

Sakura abriu um filete dos olhos, estava morrendo de sono, mas o que Juugo disse tinha chamado atenção dela.

— Ali. – apontou para um colchonete perto do fogo, mas afastado de onde Suigetsu e Karin estavam deitados.

Sakura ergueu o corpo, apoiando o braço bom no chão. E uniu as sobrancelhas em confusão ao ver sua cama improvisada ali já feita.

Por que ele...

Juugo deu um sorriso de canto ao ver a expressão confusa no rosto dela. A ninja médica suspirou, balançando a cabeça.

— Não é todo dia que ele faz algo assim. – Juugo disse quando Sakura fez menção de deitar de novo onde estava ignorando a cama que Sasuke tinha feito.

Ela só balançou a cabeça mostrando que tinha ouvido.

— Sakura... – ele chamou a ninja. – Aceite a boa ação.  – pediu com jeito.

Sakura olhou para ele por alguns segundos antes de suspirar e engatinhar até sua cama improvisada.

— Que fique bem claro que só estou aceitando porque sei que você não me deixaria em paz. – ela resmungou a resposta enquanto se enfiando debaixo das cobertas.

Juugo deu uma risada abafada, balançando a cabeça negativamente.

Sakura dormiu ao som do fogo crepitando e o cheiro da fumaça, algo como carvalho defumado, e acordou com o som dos pássaros acordando.

Mesmo acordada, Sakura não se mexeu nem mesmo abriu os olhos.

Se sentia pobre por dentro.

Ali estava ela, deitada em uma cama que Sasuke teve a consideração de fazer para que ela dormisse confortavelmente, ele que tinha pedido com tanta insistência para que ela ficasse... O que ele pensaria que quando descobrisse o que ela andava fazendo com o irmão dele?

Ela suspirou e abriu os olhos, sentindo o fundo dos olhos queimarem com a claridade. Piscou várias vezes até sua visão ficar totalmente focada e quando a imagem ficou clara, ela arregalou os olhos ao ver Sasuke deitado não muito longe dela, se esticasse seu braço poderia alcançá-lo.

 Sakura o admirou por mais algum tempo sem fazer qualquer movimento que colocasse o Uchiha em alerta e o acordasse.

Ele parecia estar em paz, parecia estar livre de toda aquela obsessão pelo irmão e todo aquele peso de ter que vingar seu clã.

Aquela devia ser a única hora que ele podia ter um pouco de tranqüilidade então Sakura iria tentar prolongar ao máximo aquele momento.

O mais silenciosa que pode, ela se levantou arrumando sua cama e saiu de perto do Uchiha, quanto mais longe estivesse menor seria o risco de acordá-lo.

A fogueira da noite passada tinha virado cinzas então Sakura decidiu andar pelas redondezas atrás de madeira para fazer fogo e outras coisas para fazer o café da manhã.

Pelo menos para agradecer a cama improvisada que Sasuke tinha feito para ela.

Demorou um pouco mais de tempo do que ela pensou que iria levar, mas assim que conseguiu todas as coisas necessárias voltou. Chegando lá a tempo de ver um Sasuke furioso andando de um lado para o outro, um Juugo sonolento tentando acompanhar o moreno com os olhos, mas a cada piscada parecia que ele mais estava dormindo do que acordado. Suigetsu nem fingia estar acordado para acompanhar o ataque de Sasuke, ele estava todo jogado sobre o ombro de Juugo dormindo sentado, Karin devia estar de vigia.

Sakura uniu as sobrancelhas olhando para os três.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou andando hesitante até a fogueira, os braços ocupados com as coisas que tinha ido buscar.

Sasuke girou o corpo para ela e pela forma com que ele a olhava Sakura sabia que faltava pouco para ele ativar o Sharingan.

Ela uniu as sobrancelhas se ajoelhando ao lado da fogueira, depositou as coisas no chão. Claramente não ligando para o ataque que Sasuke estava fazendo.

— Onde você estava? – ele perguntou entre os dentes não gostando da calma que Sakura apresentava.

Sakura tombou a cabeça para o lado, não entendendo ainda o porque ele estava tão alterado.

— Fui arranjar comida para o café da manhã. – apontou para as frutas e outras coisas que tinha pegado.

Sasuke uniu as sobrancelhas desviando o olhar para as coisas no chão, parecendo notar somente agora o que ela vinha trazendo.

— Pensou que eu tinha ido embora? – perguntou sem olhar para o Uchiha, começando a preparar o café da manhã.

Sasuke levantou uma sobrancelha.

— Ontem você estava indo embora sem avisar ninguém, hoje acordo e você não está, como não queria que eu pensasse isso?

Sakura parou o que estava fazendo e olhou para Sasuke, piscando os olhos preguiçosamente.

— Se eu quisesse realmente ir embora, já teria ido embora a muito tempo. – disse calmamente e sorriu no final.

 Sasuke uniu as sobrancelhas.

Suas habilidades sempre foram superiores as dela, afinal de contas, ele possuía o Sharingan e todas outras técnicas exclusivas ao clã Uchiha.

O que a fazia ter certeza que conseguiria escapar dele se tentasse fugir? O que Sakura parecia sempre estar escondendo?

Ele não disse mais nada, andou até a cama improvisada de Sakura, que ficava próximo de onde a garota estava e sentou em posição de meditação.

Suigetsu observava os dois de longe, já tinha acordado a algum tempo, mas preferiu ficar só observando a conversa dos dois. Vendo o quanto a rosada conseguia mexer com o Uchiha com tão pouco.

Um sorriso nada inocente surgiu nos lábios dele já imaginando as confusões que iriam surgir.

— Cada vez mais interessante.