Aventuras de uma nova vida nome tosco, dps troco escrita por Mister Milena potato


Capítulo 2
Quero voltar pro subúrbio!


Notas iniciais do capítulo

Um pouco da nova rotina de Beatrice, o drama de Paulo e o mistério de do menino.



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— Eu não acho boa ideia comprarmos tantas roupas de frio assim, já faz um mês que chegamos, um mês de frio, estamos nos virando muito bem com as roupas de frio que temos- Bia sugeriu.

—Também acho, Robson, vamos acabar comprando roupas e amanhã começa o calor. Vamos esperar até amanha e ver- Maria Luiza.

—Pois é né, gente, vocês já estão me falando isso desde a primeira semana aqui. Vamos acabar não comprando nada, vai continuar frio e ninguém vai sair pra lugar nenhum com essas roupas de frio velhas- Robson já estava bem nervoso, ele queria sair logo.

—Eu só acho que deveríamos ficar em casa, todos pelados, no calor humano- .

—PAULO!- Robson, Maria e Bia exclamaram enojados.

Todos já estavam entediados, já haviam arrumado tudo, brincado em família, haviam até comprado um cachorro, só estavam esperando pra curtir o resto das férias antes das aulas começarem.

Maria Luiza iria começar faculdade de artes e Robson iria abrir uma empresa. Bia e Paulo só iriam terminar o ensino médio e seja o que Deus quiser. Mas agora estavam numa escola de nível elevado.

                                          ...

—Eu não sou burra não! Comprei uma roupa pra mim na internet semana passada e chegou hoje, já tenho o que vestir pra ir no shopping hoje com Paulo, vamos conhecer e comprar algumas coisas- Bia.

—Devagar, Bia, dinheiro não é infinito- Robson preocupado.

— E calcinha e sutiã não dá na gaveta! Preciso de coisas básicas pra viver, pai!-

— Ta, vê se compra umas roupas pro teu irmão-.

— O quê? Mais calça jeans, blusa lisa e casaco preto? Ele tem muito já. E outra, ele nem usa cueca-.

— Então compra um sabão em pó pra ele e explica que roupa tem que lavar- caçoou Robson.

Bia estava super empolgada, Paulo nem tanto assim. Ela queria mesmo era comprar maquiagem, um computador e almoçar em alguma lanchonete. Ele só queria secar a mão no secador do banheiro do shopping e voltar pra comer a lasanha que estava no congelador de casa mesmo. Por um instante ele hesitou em abrir o congelador e ficar por ali mesmo, mas viu Bia muito empolgada e decidiu acompanhá-la.

Bia já saiu toda agitada puxando Paulo pelo braço, desceu pela portaria e já tinha até um táxi esperando.

— Ai meu Deus, vou me acostumar fácil com essa vida!- entrando com um charme debochado no carro.

—Menos, maninha...-

—Ai! Todo estranho... Tá na hora de melhorar, não? Ficar mais alegre, usar cuecas, cortar essa juba que ta maior que a minha. Pelo menos você cortava o cabelo antes quando Caio te levava no tio dele-.

—Verdade, mas o Caio não ta aqui...-

— É, mas o papai disse que podemos trazer nossos amigos, quando não, visita-los. Vai deixar pra cortar essa cabeleira só quando for visitar o Caio?-

—Bom, quando ele vier, ele corta- deu um sorriso fanfarrão

—Como assim, Paulo?- duvidosa

— Bom, não existe tio algum, era o Caio mesmo que cortava- abriu um sorriso e em seguida deu um risinho.

— Então... Pera aí, vocês iam pra casa distante de um tio inexistente, passavam o dia todo voltando desse lugar... era tudo mentira??-

— A gente ia pra casa dele mesmo, haha...-

— Não quero nem saber o resto!-

— É uma pena, porque eu ia contar...-

— Não quero saber as esquisitices de vocês. Já não basta eu ver você mandando foto de uma lagartixa dissecada pra ele. Chegamos-.

O Cabelo de Bia era um pouco abaixo dos ombros, era castanho claro, assim como seus olhos. Já Paulo não tinha nada haver com a irmã, ou melhor, a irmã que não tinha nada haver com os pais. Paulo era a mistura perfeita, os olhos mel da mãe, cabelo preto do pai, olhar caído e rosto simetricamente perfeito; era praticamente um modelo revoltado. Bia só herdara a personalidade da mãe e a organização do pai.

Com todas suas economias e mais um pouco da nova mesada que já estava juntando um tempo, ela tinha tudo pra comprar o que queria e mais um pouco. Paulo só tinha dois reais, que em breve seria um, porque assim que chegaram no shopping, ele já foi comprar um chiclete em uma maquina de banca de revista.

— Onde nós vamos primeiro?- olhando em volta, Bia nunca tinha ido num shopping tão grande, não tinha dessas coisas na sua antiga cidade.

— Quer um chiclete, eu pago?- ofereceu Paulo.

—Não, obrigada. Mas se quiser comprar uma casquinha pra mim, eu aceito- com os olhos ainda brilhando.

— Não, desculpa, só tenho um real- lamentou Paulo.

— Sério, como você consegue?-.

— Jogos-.

— Aff... Vamos ali naquela loja- disse ela apontando e já andando de pressa.

— Espera, tem cadeira lá? Esquece, eu sento no chão mesmo-.

Era uma loja de sapatos, ela já saiu pedindo a vendedora os que ela gostou na vitrine, tudo 37.

— Cara, pra quê tanto pisante?- inconformado indagou Paulo.

— Ah, shiu, vai escolher um all star-.

— Ta bom, mas quero ver você conseguir usar dez pares de sapato-.

— Pedi só seis e... Não se mete!-

Saíram de lá, ela com três tênis, uma sandália e duas botas. Ele comprou um all star mesmo e já saiu até com o tênis no pé. Foram em várias lojas, compraram roupas que segundo ela, pra usar no dia-a-dia, pra sair, etc... E a cara de tédio dele se tornava cada vez mais expressiva, até que enfim compraram tudo, lancharam e por fim foram a loja de eletrônicos, onde lá Paulo tirou um grande cochilo numa poltrona na frente de uma tv de 300 polegadas.

— Cruzes, esse garoto dorme em qualquer lugar...- pensou alto.

— Entendo você, minha namorada reclama da mesma coisa, mas nós homens não fomos feitos pra shopping... reclamava... ex... Enfim, posso ajudar você com alguma coisa?-

‘’ Claro que pode, seu lindo, me pede em casamento!’’ – É... ele não é meu namorado, é só meu irmão caçula... ‘’ a que devo a presença desse ser lindo maravilhoso na minha frente, em?’’ – Então... Quem é você?- ... ‘’homem lindo’’

— Prazer, sou Pietro, vendedor daqui, interessou por algo?- ‘’ sim, você, pena que não posso comprar vendedor, ou posso?’’

— Ah sim... Bom, eu vim a procura de um computador mesmo, pra necessidades básicas... Trabalho escolar, etc...-

— Nossa, uma mulher feita assim, achei que já estivesse na faculdade... Bom, vejamos, me acompanhe- .

‘’mulher feita... aff, me beija’’ – haha, obrigada! Faculdade ano que vem só e você?- ‘’ que que eu to falando meu deus’’

— Também vou terminar esse ano.  O que achou desse?- mostrou-lhe um computador.

— Que legal. Gostei desse, qual você indica?-.

— Esse é o melhor que temos, mesmo. Tem uns mais baratos, porém não tão bons. Esse você pode usar no que quiser inventar, durabilidade da bateria é boa, indico esse mesmo-.

— Ótimo, esse mesmo que vou levar. Tenho que ser rápida, meu irmão está cansado né- ‘’aproveita  e entra na bolsa junto com o notebook, nunca te pedi nada’’.

— Espero que aproveite seu computador, volte sempre- ‘’volto, se Deus quiser’’

— Espera aí, me dá seu telefone?- ‘’sério, o que é que eu to fazendo?’’

— Ah.. é... tá bom- anotando num papel e entregando a ela, sorriu-.

— Desculpa, me mudei de uma cidade pequena, não soube reagir a sua beleza e simpatia, mil desculpas, se quiser o papel de volta... Foram só alguns segundos de insanidade- ela esticou a mão lhe dando o papel, ele empurrou de volta e sorriu, ela sorriu de volta e foi embora.

Depois de dar alguns passos voltou correndo com um sorriso sem graça e foi acordar o Paulo, ele sorriu de volta novamente. ‘’Cara, que coisa mais nada haver’’- pensou ela rindo, Paulo saiu na mesma velocidade que foi se arrastando até a poltrona, dali pegaram um táxi e foram de volta pra casa, na manhã seguinte seria o primeiro dia de aula.

                                         ...

Bia passou a noite imaginando que aconteceria igual filme; que ela chegaria na escola no dia seguinte, esbarraria com alguém, suas coisas cairiam no chão e quando suas mãos se tocassem, seria o Pietro da loja de eletrônicos. Já não bastava sua vida está totalmente cliché, ela queria mais.

 De madrugada quando levantou pra pegar água, ouviu uns barulhos estranhos vindo do quarto de Paulo, apoiou o ouvido na porta e tentou se concentrar no barulho, para sabe o que era. Era barulho de choro, ela bateu na porta, o barulho imediatamente parou e quando abriu, Paulo não estava na cama. Ela já pensou no pior, como seu irmão era cheio das esquisitices, ela já olhou pra janela e lá estava ele. Ela correu gritando – Não faz isso, você não é idiota!- e quando chegou mais perto dele, ele se virou e começou a chorar mais ainda, estendeu os braços e lá estava o cachorrinho que eles tinham comprado, morto. Ela não entendeu nada. Por que o cachorro morreu? Não entendeu porque ele estava chorando, se eles estavam com o cachorro tão pouco tempo, que mal dava pra desenvolver sentimentos e também não entendeu porque Paulo estava tão emotivo, se esse não era o Paulo que ela conhecia.

Bia pegou a caixa de sapato do all star jogada no quarto e botou o cachorrinho dentro. De manha deixou um bilhete em cima da caixa, em cima da mesa da sala. O dia já havia começado estranho, mas do mesmo jeito eles teriam que ir pro primeiro dia de escola.

Chegando lá, Paulo foi para a turma de segundo ano que viu seu nome escrito, calado, Bia enrolou um pouco nos corredores, achando que realmente iria encontrar o Pietro da loja de eletrônicos, cansou e foi. O primeiro dia foi apresentação de todos os professores, os métodos de estudos e dos alunos, alunos esses que não incluíam o Pietro da loja de eletrônicos. De quebra ela já não foi de cara de ninguém.

— De onde você é?- Perguntou a professora.

— Interior de SP- disse meio alto, meio baixo.

Ela já pôde ouvir sussurros de ‘’suburbana’’ pela sala...

Ela podia ser imaginativa demais, mas que parecia que ela estava em um filme ou novela, parecia sim.

“Tenho medo ‘’...

—Calma, fica com medo não- ‘’pelo amor de Deus, que susto, viada’’

— Obrigada, quem é você? Não vi você na apresentação- indagou Bia.

— Eu cheguei agora, relaxa, também sou do subúrbio- brincou a menina loira.

— As informações correm rápido por aqui em-  impressionada.

— Bom, acostume-se, esse lugar parece filme- sussurrou e foi se afastando de volta pra cadeira de trás-.

Bia virou – qual seu nom...- e ela não estava mais ali. Virou pra frente e num reflexo de susto, fechou os olhos ao ouvir ­ _ Daiane!-.

— Como você veio tão rápido pra frente?- assustada.

 - Cala a boca, eu só andei até aqui, agora ouve a instruções, senão nunca mais você vai saber, só quando levar advertência quando fizer o que não prestou atenção-

— mas...-

— ssssh...-

Bia ficou assustada, mas gostou dela. Também não viu a garota pelo resto do dia na escola. Voltou pra casa com Paulo, buscou respostas sobre o choro da noite passada e nada conseguiu. O que será que ele tem? Onde é que o Pietro da loja de eletrônicos está? Que dia sem sentido e chato. Será que viver aqui vai se resumir nisso? E meninas chatas? Quero voltar pro subúrbio!

''Espera aí, eu tenho o telefone dele...''


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Notas finais do capítulo

O que será que ele tem? Onde é que o Pietro da loja de eletrônicos está? Que dia sem sentido e chato. Será que viver aqui vai se resumir nisso? E meninas chatas? Quero voltar pro subúrbio!



Espero que tenha curtido. Eu achei meio merda.



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