Puzzles escrita por CandleLove


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/69902/chapter/6

Na manhã seguinte acordei cedo como sempre, e por um breve momento esqueci-me dos eventos da noite anterior. Mas quando os meus olhos avistaram a janela aberta as memórias ainda frescas assombraram a minha mente.

O Mello não estava mais aqui, e eu não teria uma chance de vê-lo o dia todo.

Virei-me na cama e olhei para a porta, tentando ouvir o fraco som das pessoas lá fora que já tinham começado o seu dia.

Nada parecia fora do normal ainda. Perguntei-me por um momento se alguém além do Matt repararia que ele não estava mais aqui.

O pensamento do que aconteceria quando ele descobrisse que ele não estava mais aqui não me interessava. O que ele faria? Informaria o Roger? Iria à procura dele sozinho? Ou esperaria simplesmente para ver o que acontece? A última opção não me parecia algo que ele faria.

Levantei-me e vesti as minhas roupas normais e depois fechei a janela antes de sair pelo corredor observando as acções dos outros.

Não me surpreendeu que os outros órfãos estivessem a agir da mesma forma de sempre, a maioria parecia meio a dormir enquanto os outros faziam o seu caminho alegremente para as escadas.

Mal tinha chegado às escadas quando uma voz parou os meus movimentos. “Near.” A minha mão ficou parada no corrimão; quando olhei para trás para descobrir o dono da voz, deparei-me com o Matt a andar na minha direcção.

“Bom dia, Matt.” Disse, educadamente.

Ele parou a poucos metros de mim; estava surpreendido por não encontrar um jogo de vídeo a prender-lhe o interesse, mas não seria grande surpresa se ele tivesse um no bolso.

“Sim, ‘dia. Viste o Mello hoje? Não o vejo desde ontem à tarde.”

A minha expressão não mudou de todo, mas se eu fosse do tipo que faz isso teria lhe dado um olhar confuso, “Porque é que, de toda a gente, me perguntas a mim?”

“Muita gente disse que viram o Mello a chamar-te na sala comum no outro dia. Então pensei que soubesses de alguma coisa.” Ele declarou.

Ah, então ele está preocupado. Se não tivesse não se daria ao trabalho de perguntar a outras pessoas o que elas tinham visto. “Sim.” Confirmei. “Ele chamou-me, mas meramente para me dizer que desta vez teria melhor nota que eu nos testes. Como faz sempre.”

Ele ficou a olhar para mim durante um longo período de tempo e eu fazia o mesmo, olhando para ele; Não tinha a certeza se ele estava à espera que eu me desmentisse ou algo assim. Se ele estava era em vão, se ele ainda não percebeu até agora é preciso muito mais para me por a falar algo que eu não quero dizer, se isso ainda não o atingiu ele devia receber o prêmio por ser a pessoa mais despercebida da história.

Posso não ser tão bom quanto o Mello, mas ainda sei como fazer uma mentira parecer credível; especialmente quando é uma mentira que em si já é natural como esta.

“Ok.” Ele então passou à minha frente nas escadas como se nada tivesse acontecido.

Os meus olhos seguiram-no e os meus dedos começaram a enrolar uma mecha do meu cabelo. ‘O que planeias fazer, Matt? Tu és apenas o terceiro melhor e isto mostra o porquê. Falhas-te em perceber que eu sou o único que poderia ter algum efeito no Mello. Além de tu e eu, ele não se importa com mais ninguém neste sítio para sequer ouvir o que eles podem dizer. Ou isso ou não sabes como provar que eu tenho algum envolvimento além do que aconteceu há uma semana.’

Sacudi mentalmente a cabeça e forcei-me a voltar a andar escadas a baixo, até parecia que eu queria que o Matt descobrisse tudo.

Sem o Mello por perto e comigo a esforçar-me para não me preocupar com ele o que mais havia para a minha mente se ocupar?

Eu sabia que não podia me envolver com a preocupação do Matt, se eu me interessasse demasiado então tornar-me-ia suspeito e isso apenas lhe daria mais uma razão para ele tentar descobrir o que se passou na noite passada.

Não, era melhor se eu apenas continuasse a agir como se não soubesse de nada e simplesmente esperasse para ver o que acontece.

O dia progrediu calmamente e por um tempo eu presumi que nada aconteceria. Que talvez demorasse alguns dias até que o Roger e ou outros se preocupassem com o paradeiro dele.

O porquê dele ter saído era um assunto totalmente diferente. Qualquer um que conhecia o Mello sabia que ele era o tipo que exagera com tudo. Não tinham como saber se ele não tinha simplesmente se enervado com algo.

Mesmo eu não sei se ele não vai voltar dentro de um dia ou dois. Talvez alguns dias na cidade o faça ver que o plano está mal ou não vai funcionar e volte.

Ou talvez ele apenas sinta a necessidade de obter o título de L que irá inevitavelmente voltar. Consigo até imaginar ele fazer isso.

Mas assim que o dia estava prestes a se tornar noite Roger apareceu na entrada da sala.

“Crianças” ele disse, virando a atenção de todos para ele. Até os meus olhos se moveram do meu puzzle para ele por um breve momento antes de olharem para baixo novamente. “Por causa do repentino desaparecimento do Mello, coisa que a maioria de vocês já deve ter ouvido hoje, e os eventos de à uma semana, quero vos lembrar a todos da regra sobre não sair do perímetro da escola.”

Não sair do perímetro? Só isso? Não… Tem que haver algo mais. Tem que haver. A maioria dos miúdos aqui não seriam estúpidos o suficiente para saírem do orfanato e depois voltarem para sofrer as consequências.

“Wow, então é por isso que estava tudo tão sossegado hoje.” Uma das crianças disse à que estava ao seu lado, que concordou. “Sabes onde é que ele foi, Roger?”

“Não.” Disse, sem rodeios.

“Não o vão trazer de volta, pois não? Ele é tão violento e mau, é melhor se o deixarem lá.” Uma rapariga disse.

“Talvez ele tenha ido para a cidade?” Outro rapaz perguntou.

“É possível.” Roger respondeu, “Mas não temos a certeza. Não existe maneira de sabermos ao certo.”

“Onde é que achas que o Mello está, Near? Tu és o mais esperto de todos aqui, tens certamente alguma ideia.” Alguém me perguntou na mesma altura que eu colocava uma peça branca no seu sítio no puzzle.

“Bom,” Comecei sem olhar para a origem da voz e continuando a montar aquilo que se encontrava à minha frente. “A cidade é perto daqui, então é uma opção. Mas como o Roger disse não há como saber, e eu duvido seriamente que ele fosse para lá. O Mello não conhece limites, já tornou isso bastante óbvio, ele faz o que bem quer e tenho a certeza que isso envolve ele ir para onde bem quiser também. Se ele está zangando com alguém por alguma razão ele provavelmente quer afastar-se o mais possível dessa pessoa. Duvido que a cidade seja longe o suficiente para ele.”

A sala ficou em silêncio quando eu me calei. Talvez as minhas palavras tenham tido algum tipo de efeito; no mínimo não procurariam na cidade por ele, ou qualquer outro sítio.

Fora da cidade havia um infinito numero de locais para onde ele podia ir, tentar encontrá-lo quando ele claramente não queria ser encontrado não fazia sentido.

“Pois.” A mesma voz disse. “Tens razão.”

“Bom seja como for, por hora fiquem próximos ao orfanato.” E com isso o Roger saiu da sala comum e passou à sala de jantar. Provavelmente para espalhar a noticia.

Virei-me e olhei para a janela, observando o céu que não tardava a ficar escuro e as árvores que se moviam com o sopro do vento. Não tinha que sequer colocar um pé lá fora para saber que estava frio, de todas as épocas do ano para isto acontecer tinha que ser no inicio do inverno.

Pergunto-me quanto tempo o Mello vai esperar até decidir voltar. Espero que seja depois do anoitecer para que ninguém repare nele.

Fiz a minha parte tendo a certeza de que ninguém estava com suspeitas e para pressioná-los a não o irem procurar, mas agora ele tinha que agir de forma a que não reparassem nele a voltar.

Mais tarde nessa noite os minutos pareciam mais horas para mim, sentado na cama com as luzes apagadas e a janela aberta, a esperar.

Eu sabia que esperar ali não faria com que ele viesse mais depressa, mas não podia pensar em mais nada para fazer que me distraísse o suficiente.

Então fiquei ali a esperar.

Perguntei-me o que tinha acontecido no seu dia: O que é que ele fez? Onde é que ficou? A minha urgência de saber era quase tão grande como aquela de o ver.

Tive de me certificar que a porta estava trancada antes de ficar aqui a esperar. Já era noite posta, já passava da meia-noite da última vez que vi, mas não queria arriscar alguém entrar de rompante pela porta por qualquer razão.

Não que eu ache que alguém faria isso, mas a altura em que se ignora certos factos é quando eles acontecem.

De repente ouvi o barulho de pegadas nas pedras, e ervas a serem arrancadas do outro lado da parede e levantei-me, e assim que o fiz ele apareceu ali.

“Yo.” Ele disse, empurrando-se para o lado de dentro do quarto e fechando a janela.

Não me consegui conter, a porta estava trancada e a janela fechada, não estava mais ninguém ali. Andei em frente e imediatamente abracei-o surpreendendo-me depois, “Estás frio.” Disse a olhar para ele.

“Também tu.” Disse ele.

Ficamos a olhar um para o outro por um longo minuto, não sabia o que lhe dizer ou o que fazer. Havia alguma coisa que se pudesse dizer num momento destes? Se havia ele provavelmente a diria antes de mim.

“Então?” Ele perguntou, com um olhar de impaciência.

Do que é que ele estava à espera? Oh! Inclinei-me para frente e dei-lhe um leve beijo, depois descansei a cabeça no seu peito; o som do batimento do coração dele acalmava-me. “Senti a tua falta” Disse numa voz que parecia um sussurro.

Os seus braços frios abraçaram-me e eu resisti à urgência que o meu corpo tinha de tremer, sabendo que isso faria com que ele me largasse.

Depois de um momento afastei-me e andei mais para dentro do cômodo, convidando-o sem palavras.

Andei da minha cama para a minha mesa de cabeceira enquanto que ele se sentava no colchão largando o seu casaco no chão, ficando apenas com as normais peças de couro. Não é a roupa indicada para se usar no inverno, mas ele vestia o que queria não importando o que o tempo lhe indicava.

“Como correram as coisas hoje?” Ele perguntou.

“Quase o mesmo de sempre.”

“Quase?” Ele deu-me um olhar interrogativo enquanto que eu vasculhava pelos objectos perfeitamente colocados em cada gaveta.

“O Matt estava um pouco preocupado, mas isso já seria de esperar.” Anunciei. “E o Roger relembrou a todos que ninguém devia sair das zonas do orfanato.”

Olhei para ele mesmo a tempo de o ver a desviar o olhar “Aquele filho da mãe nem sequer considerou me procurar?”

“Eu convenci-o para que ele não o fizesse.” Os olhos dele voltaram a encarar os meus, novamente confusos. “Eles estavam a discutir onde é que podias estar e eu simplesmente os lembrei que a probabilidade de estares na cidade era muito baixa quando tu podias ir para onde bem quisesses e que seria inútil procurar por ti sem nem saber por onde começar.”

Ele suspirou, “Certo.”

Soltei um pequeno sorriso quando tirei as mãos da gaveta; finalmente achei o que queria. Depois segui para perto dele. Subi para o seu colo, como tinha feito na noite da tempestade e mostrei-lhe o chocolate que nos separava.

Os olhos dele começaram a brilhar e instantaneamente as suas mãos arrancaram aquilo que estava anteriormente nas minhas. “Onde é que arranjas-te isto?” Ele perguntou enquanto arrancava o papel.

“Tenho alguns aqui guardados, mas como não como muitos doces.” Declarei enquanto que ele dava uma dentada.

“Eu comi o meu último esta tarde.”

O seu comentário lembrou-me das perguntas que eu tinha antes de ele ter chegado, “O que é que fizeste hoje?” perguntei.

Ele olhou para mim, “Tipo… Não fiz nada. Encontrei um sitio onde ficar até conseguir roubar o suficiente para ir para um sitio melhor. Vou começar essa parte do plano amanhã.”

“Vais roubar?” Era algo que ele provavelmente faria, mas surpreendeu-me por alguma razão.

“Claro. Como achas que eu vou sobreviver se não o fizer? Não há grande mercado de trabalho para um miúdo de quinze anos.” Ele disse enquanto dava mais uma dentada no doce. [1]

Eu compreendi o que ele disse, mas naquela altura apenas queria que houvesse algo que eu pudesse fazer para evitar que ele fizesse isso.

Depois de dar mais uma mordida na barra de chocolate os seus olhos dirigiram-se a mim, deixando o chocolate na cama ao nosso lado e agarrando a minha cintura, “Conta-me mais sobre o dia de hoje.”

“Não há mais nada. Vai demorar alguns dias até que alguma coisa comece a acontecer.” Declarei, colocando os braços à volta do pescoço dele. “E por essa altura só deverão haver rumores para manter as pessoas interessadas.” Continuei.

“E o Roger? Não o consigo imaginar a fazer alguma coisa se não sabe onde eu estou.”

Acenei. “Ele provavelmente não vai fazer nada.”

Fomos deixados no silêncio por uns longos minutos, num deles descobri que eu devia dizer algo, mas novamente todas as coisas sensíveis que eu podia dizer naquela altura pareciam ter-me abandonado.

E então senti as mãos do Mello a agarrarem-me com mais força; Ele puxou-me para mais perto e os seus lábios sussurraram na minha orelha “Acreditavas em mim se eu dissesse que senti a tua falta hoje?”

Bom… depende de que lado dele estamos a falar. Do Mello que eu conheço à anos, que é extremamente violento e me odeia: Não, não acreditaria. Se for do que me ama: Sim.

“Não.” Disse finalmente; um plano a formar-se na minha mente.

Senti que ele ficou surpreso, mas não me afastou. “Pois, é algo que tu dirias. O que é que eu preciso fazer para te convencer?” Ele perguntou.

“Mostra-me” Disse, aproximando mais os nossos corpos. Acho que é a isto que se chama de provocar, vamos ver o quão poderoso isso é como arma.

Ele hesitou por apenas um segundo antes de se afastar da minha orelha e pressionar os seus lábios nos meus.

Sucesso! Consegui o que queria.

Puxei-o para mais perto de mim, até estar seguro de que não havia mais espaço entre nós, e deixei que os meus dedos se aventurassem nos seus loiros, suaves cabelos.

Ele agarrou-me ainda com mais força, parecendo mais violento que a última vez. Mas então ali estava a sua língua, a lamber o meu lábio inferior em vez de forçar a entrada como eu calculei que ele faria.

Concordei com isso instantaneamente, sabendo que nunca seria capaz de lhe resistir por mais que quisesse, e quase que imediatamente senti a sua língua a juntar-se com a minha, sentido o doce sabor que carregava.

Senti as suas mãos a tocar-me na carne, por baixo da camisa; o toque das suas mãos frias mandou arrepios pela minha espinha e um calor percorreu todo o meu ser. Quase que instintivamente aprofundei-me mais no toque, querendo mais.

Mas então o meu eu sensível voltou.

“Mello.”Disse ao conseguir me afastar dele. Mas os seus lábios encontraram os meus novamente, silenciando-me com os seus suaves, doces, viciantes lábios. Mais uma vez afastei-o “não.” Ele tinha de perceber ao que eu estava a dizer não.

Senti-o a suspirar. mas os seus lábios passaram dos meus para o meu pescoço e começaram a descer e as suas mãos a percorrer o meu tronco. “Dá-me uma razão para eu não o fazer.” Ele murmurou, os seus lábios roçando na minha pele.

“Muito arriscado.” Disse.

“Tu és muito cuidadoso.”

“Tu és muito impulsivo.”

“Nunca ouviste aquele magnífico provérbio que diz algo como mandar o cuidado pela janela?” Os seus dentes mordiam a minha pele enquanto que ele falava. Mordi o lábio evitando um suspiro de prazer que ameaçava sair.

“Sim.”

“Então segue o conselho.”

“Não posso.”

“Por quê?” Ele estava a ficar frustrado, mas mesmo assim capturou novamente os meus lábios, provavelmente para evitar que eu falasse e pudesse fazer algo que me levasse a perder a sanidade.

Bom, se ele vai usar este tipo de acções como vantagem então eu uso as palavras. “Já te vi a cometer muitos erros desta forma.”

Ele de repente mordeu o meu lábio, com força o suficiente que dava para perceber que ele queria arrancar sangue quando se afastasse. “Golpe baixo, Near.” Ele disse num tom quase irritado, mas nunca tirou as mãos de debaixo da minha camisa.

Não podia falar muito, eu também não tinha tirado as mãos dos cabelos dele. “Muito arriscado.” Repeti, não queria alimentar mais a sua frustração ao lhe declarar que o que eu disse era verdade.

Mesmo agora, parece que ele ainda odeia o facto de eu ser melhor que ele. Aparentemente ele apenas se tornou melhor em esconder isso. Ou então desde que eu não mencionasse tal coisa o seu ódio não se mostraria; era bom saber.

Finalmente ele suspirou e inclinou-se para frente; Deixando leves beijos ao longo do meu pescoço. Acho que ele está demasiado viciado para ficar frustrado comigo por muito tempo.

Deixei um suspiro de prazer sair pelos meus lábios e dei-lhe mais espaço para ele continuar; eu adorava a forma como aqueles lábios se faziam sentir contra a minha pele. Não há como negar. “Mello…”……..

“Hm?” Ele pronunciou contra a minha pele.

“O barulho.” Disse simplesmente. O sentimento caloroso que me preenchia não era como os de antes; este estava localizado mais nas minhas bochechas do que noutro sitio qualquer. Vergonha, talvez?

Sentiu-o a sorrir, “Apenas fica em silêncio.”

Os meus olhos fecharam-se enquanto que ele continuava com as suas acções. Como é que era suposto eu ficar em silêncio? Sim era fácil ficar durante o dia e não dizer nada, mas num momento como este eu mal conseguia deter o mínimo som. Parecia impossível fazer algo como isso; especialmente se fosse aquela imagem de beleza que o fazia.

“Eu não con-… não, Mello.” Eu suspirei, mudando as minhas palavras no último minuto.

Quando senti o seu sorriso a aumentar e os seus dentes a trincarem a minha pele uma vez mais a pele do meu pescoço percebi que ele tinha entendido aquilo que eu não quis dizer, ele é bom nisso.

“Relaxa; Deixa-me mostrar-te.” As suas suaves palavras eram tão atractivas e faziam-me querer desistir. Eu queria, queria desistir de tudo por ele e ver o que acontecia.

Mas não podia, não aqui e certamente não esta noite.

“Mello” Disse novamente.

Ele deixou outro sinal de frustração em forma de suspiro e lambeu a marca que eu tinha a certeza que tinha no pescoço. Espero que ele tenha pensando o suficiente e a tenha deixado num sítio onde a minha camisa a tape.

E então afastou-se, os seus olhos encontraram-se com os meus, “Pronto, como queiras.” As suas mãos moveram-se e saíram de debaixo da minha camisa voltando a agarrar a minha cintura.

Beijei-o “obrigado”. Disse suavemente, descansando a cabeça no seu peito, absorvendo o seu cheiro único. Estranhamente ele não tinha o doce aroma que eu esperava que tivesse, era um mais obsceno, que me fazia desejá-lo ainda mais.

“Pois.” Ele resmungou.

“Amo-te”

“Pois, pois”

Olhei para ele com o meu olhar inexpressivo, estava ele a tentar ganhar-me com culpa? “Mello.”

“O que é?” Ele disse irritado, “Epah, vai dormir é tarde sabes? Além disso, tu és uma tentação demasiado grande quando estás acordado, se continuas assim eu como-te aqui e agora.” Este parecia mais o Mello que eu sempre conheci.

Os meus olhos fecharam-se, “Então presumo que não vais estar aqui quando eu acordar?” conseguia-me sentir a adormecer a cada segundo que os meus olhos estavam fechados.

“Claro que não, vou-me embora antes que amanheça.” Disse. De alguma forma arrastou-se até à cabeceira da cama levando-me com ele e puxou os cobertores por cima de nós.

Não conseguia encontrar palavras para dizer, queria ficar acordado para que parecesse que ele estava a ficar mais tempo ao meu lado do que realmente estava, mas não conseguia achar a força de vontade para o fazer.

Senti os dedos dele percorrem o meu cabelo, passando por ele e brincando com cada mecha, tal como eu sempre fazia. Essa acção não ajudou a minha intenção de ficar acordado.

Mas acabei por suspirar, era uma causa perdida, e ajustei-me melhor ao corpo dele de forma a que conseguisse ouvir o bater do seu coração.

Podia jurar que antes de entrar no escuro (mesmo assim pacifico) sonho senti um beijo na minha testa e ouvi um “Também te amo.”  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[1] Ok, eu sei que a idade do Mello e o tempo não encaixam bem no contexto original da história (visto que o L morre em Novembro) Mas considerando o que eu preciso que aconteça nesta história não há forma de eu ter esses acontecimentos em causa E fazer todas as minhas ideias funcionar. Não os quero por ainda mais novos visto que já é estranho eles serem tão novos e já tão... envolvidos. Então para o bem da minha história imaginem que o L morre, digamos, no ano a seguir. Ou melhor ainda, nunca!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Puzzles" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.