Puzzles escrita por CandleLove


Capítulo 7
Capítulo 7




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 Tal como eu tinha pensado; demoraria alguns dias até que o desaparecimento do Mello provocasse algum tipo de reacção nos outros órfãos. Então, depois de uma semana e meia de nada acontecer com ele o assunto foi substituído por outro drama.

Até onde eles sabiam o desaparecimento dele queria dizer que ele não voltaria tão cedo; estava mais do que disposto a deixá-los continuar a pensar assim.

No que conta a nós, as coisas continuaram da mesma forma, todas as noites ele voltava e fazia o papel de rebelde que sempre me tentava persuadir a ter uma noite mais ‘interessante’ e eu tinha o papel de consciente que parecia controlá-lo.

Fazia sentido, desde que não fossem feitas novas restrições na Wammys não haveria riscos de ele ser apanhado, o que significava que não havia risco de ficarmos mais separados do que já estamos.

Mas as coisas pareciam diferentes hoje.

Não sei bem porquê, talvez fosse só a maneira como os outros órfãos andavam de forma esquisita ao meu redor… bem, mais que o normal, ou a tempestade que tinha permanecido sobre a Wammys desde de manhã preenchendo o orfanato com uma escuridão anormal. Ou talvez fosse simplesmente eu que, por alguma razão, não conseguia formar uma torre com mais de dez dados de altura.

Seja o que for, algo não estava bem e isso perturbava-me porque não conseguia perceber o que era.

O facto de que a noite tinha-se apoderado do edifício mais depressa que o costume não ajudava em nada a acalmar os meus nervos que estavam ainda mais atentos que o normal.

A noite significava que todos estariam a dormir excepto eu e o Mello, o que significava que o que eu sentia que estava mal iria se mostrar nessa altura.

Tive um mau pressentimento quando pensei sobre o que poderia ser.

Tentei afastar esses pensamentos enquanto caminhava até o meu quarto. Todos já estavam nos seus quartos mas mesmo assim ainda se conseguia ouvir o som de vozes a falar e rir.

Assim que cheguei à porta do meu quarto suspirei silenciosamente, esperando que talvez eu estivesse errado pela primeira vez e que os meus pensamentos paranóicos não significassem nada.

Mas assim que abri a porta percebi que estava enganado.

O quarto estava escuro e frio, sem surpresas, visto que eu sempre deixo as luzes apagadas e tinha ganho o hábito de deixar sempre a janela aberta.

Mas ainda assim, ainda conseguia ver claramente o Matt na minha cama, iluminado apenas pela luz do jogo que estava nas suas mãos.

Os olhos dele moveram-se para mim quando reparou na minha existência. Simplesmente fechei a porta e acendi as luzes com casualidade para que ele não percebesse nada de estranho nos meus movimentos.

“Boa noite, Matt.” Eu disse, observando-o a salvar o jogo e desligá-lo.

“Pois.” Ele murmurou.

“Posso perguntar o porquê de estares no meu quarto tão tarde?” Perguntei, os meus olhos seguindo-o enquanto que ele se levantava e guardava o jogo no seu casaco.

“Eu descobri.” Ele disse numa voz baixa. Ele não estava certo sobre o que quer que fosse que tinha descoberto.

Não senti nenhum tipo de surpresa ou sequer a necessidade de agir com cuidado, era impossível ele saber mais do que eu lhe tinha dito. Eu mesmo tinha-me assegurado disso.

“Descobris-te o quê, Matt?” Perguntei.

“Descobri que és o único que sabe o porquê do Mello ter saído daqui.”

Claro, ele estava tão inflexível quanto eu pensei que estaria. O seu melhor amigo, que um dia estava completamente bem no outro desaparece sem dizer uma palavra sequer, isso é motivo o suficiente para que um amigo de verdade se preocupe; o Matt não era excepção para isto.

“Já te disse o que aconteceu naquele dia, não há nada mais que eu te possa dizer.”

Ele estava virado para mim mas eu conseguia ver os seus olhos desviados através dos seus óculos. “Não acredito em ti.” Ele disse. “O Mello não é assim.”

“Ele é impulsivo.” Afirmei.

“Não a este ponto. Já teria voltado a esta altura. O que é que tu lhe disseste para ele fazer isto, Near?” Ele perguntou-me, os seus olhos a encarar os meus agora.

“Nada.” Declarei, o que era verdade, este plano tinha sido feito inteiramente por ele.

“Não acredito nisso.” O tom da voz dele estava a tornar-se mais confiante. Deve se ter convencido a si mesmo que eu sabia algo que era desconhecido para ele.

Fiquei em silêncio.

“Ouve, Near” Ele deu um passo em frente e eu resisti a dar um passo para trás, este ainda era o meu quarto tinha que manter, nem que fosse só um pouco, de domínio sobre ele. “O Mello é o meu melhor amigo, e eu quero pelo menos saber o porquê dele ter se ido embora, tu embora sejas um ser anti-social tens que perceber isso, diz-me apenas o que eu quero saber.”

Comecei a enrolar um fio de cabelo nos dedos. Ele não tinha provas algumas a não ser o facto de eu ter estado com ele uma semana antes de ele desaparecer. O seu desaparecimento era a única coisa fora do comum. Ele estava a seguir o seu próprio instinto em vez de provas concretas.

Considerando o quão não-natural aquilo era, até que fazia algum sentido; mesmo eu suspeitaria de mim mesmo se estivesse na posição do Matt.

“Eu não sei de nada.”

Vi as mãos dele a fecharem com força antes de relaxarem de novo “O que é que aconteceu entre vocês dois mesmo?”

Ele estava a interrogar-me para ver se encontrava falhas na minha história? Ele estava a interrogar a pessoa que irá suceder ao título de L quando este morrer; ele devia ter percebido que eu sabia o que ele estava a pensar.

“Ele prometeu que tiraria melhores notas que eu nos testes. Se estás à procura de detalhes houveram umas ameaças pelo meio, mas isso é algo sem importância no longo currículo dele.”

O Matt ficou quieto e eu vi ele a fechar a mão novamente; não consegui evitar de me perguntar quanto tempo ele aguentaria até finalmente rebentar… O que aconteceria então?

Não devia ter perguntado.

Mal tive tempo de perceber o que se estava a passar. Ele atravessou o pouco espaço que nos separava e agarrou o colarinho da minha camisa, depois atirou-me contra a parede mais próxima; senti o lado direito do meu corpo embater violentamente contra a mesa de cabeceira antes de finalmente bater contra a parede.

“Tu sabes alguma coisa Near.” Ele disse alto o suficiente para eu ouvir, mas não o suficiente para chamar a atenção de quem quer que seja que estivesse a passar lá fora. Pelo menos ele estava a ser cuidadoso. “Tens que saber!”

Tentei não demonstrar a dor ao mesmo tempo que tentava não responder. Ele estava a agarrar-me com força contra a parede então era impossível eu sair dali mesmo que tentasse.

Mas o olhar nos olhos dele é que me impediu de fazer qualquer coisa.

Eles pareciam quase arrependidos por detrás da expressão forçada que não queria mostrar nada. Era como se ele estivesse a tentar se desculpar pelas suas acções e me dizer que ele não queria fazer aquilo mas que era a sua única escolha.

“Mas não sei.”

Senti um murro no estômago; instintivamente dobrei-me para a frente, uma leve expressão de dor passou-me pelo rosto antes de eu a esconder. Os seus golpes não eram tão fortes quanto os do Mello, disso tenho eu a certeza.

“Não me mintas!”

Novamente o murro, os meus olhos fecharam-se enquanto que eu tentava ignorar a dor. Podem não ser tão fortes mas isso não quer dizer que fossem menos dolorosos.

“Diz-me.” Ele disse.

Fiquei em silêncio encontrando novamente os olhos dele.

Estavam mais sérios agora, apagando todo o remorso que uma vez tinham.

Acertou-me outra vez antes de me largar o que fez com que eu escorrega-se pela parede até ao chão de madeira. Instantaneamente coloquei-me na minha posição normal e comecei a observá-lo enquanto tentava me convencer que a dor não estava ali para que não se mostrasse.

Ele afastou-se de mim e suspirou pesadamente, o reflexo nos seus óculos observava-me a observá-lo; Mal conseguia ver qualquer réstia de expressão nos seus olhos. Observava-o sem nenhuma emoção, visto que se eu deixasse uma coisinha sequer passar pela minha expressão seria como uma promessa silenciosa de que ele nunca perceberia o que se estava a passar.

Não preciso de o provocar a fazer algo mais drástico no momento.

Com um suspiro repentino ele colocou as mãos nos bolsos e virou-se para a porta como se nada tivesse acontecido. “Boa noite.” Ele disse ao sair pela porta; os meus olhos continuavam a segui-lo.

As palavras dele intrigavam-me, não houve nenhum “Não contes a ninguém sobre isto.” Ou “vejo-te amanhã.” Deixou-me sem saber se ele planeava repetir os mesmos eventos amanhã ou não.

Ele planeava deixar-me naquele tipo de incerteza?

Espero que não, ao levantar-me e andar até à porta para a trancar conseguia sentir a dor a espalhar-se pelo abdómen. Iam haver nódoas negras amanhã, sem duvida. Não gostava nada da ideia de ter que lidar com ele todas as noites.

Não me incomodei a desligar as luzes depois de trancar a porta e comecei a andar para a cama.

Deitei-me e olhei para a janela aberta, sentindo a brisa fresca que vinha dela. Eu queria sentir o Mello perto de mim, poder adormecer nos seus braços como já havia se tornado um, agradável, hábito.

Mas eu sabia que como que acabara de acontecer era impossível saber se o Matt voltaria hoje ou não. Não estava disposto a arriscar isso. Este era o método mais seguro.

Se as coisas correrem como eu prevejo amanhã não vai ser uma noite calma.


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Notas finais do capítulo

Então ficou mais ou menos, ficou melhor do que eu pensei que ficaria. Estava hesitante neste capitulo porque eu normalmente foco-me muito no Mello e no Near e não no Matt porque eu não gosto nada dele. Então escrever uma acção tão dramatica da parte dele, não tinha a certeza se estava a sair da personagem ou não. Embora, quer dizer, excluindo o facto de eu o odiar profundamente e saber que ele é uma personagem sem personalidade alguma, consigo imaginar como ele chegaria àquela conclusão. Espero que tenha conseguido convencer vocês também.