Puzzles escrita por CandleLove


Capítulo 4
O plano


Notas iniciais do capítulo

N/A: Ok depois deste capítulo as coisas vão começar a ficar particularmente interessantes. Acho eu. Mas ao mesmo tempo eu ainda estou a pensar em como vou organizar as coisas. De qualquer das formas vamos começar com o capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/69902/chapter/4

Já se passou uma semana desde o incidente com a tempestade e tal como antes a vida continuou como se aquela noite nunca tivesse acontecido. Não… como se os eventos daquela noite nunca tivessem acontecido.

Tal como antes eu continuei a desejar que algo acontecesse e que o Mello me procurasse por uma razão qualquer, para que assim ele pudesse estar perto de mim de novo.

Mas isso nunca aconteceu.

Eu tentei fazer as mesmas coisas que fazia antes de isto tudo acontecer. Desnecessário é dizer que em termos académicos as coisas ficaram iguais: eu tinha os melhores resultados enquanto o Mello tinha os segundos melhores.

Observei-o do outro lado da sala a ter a mesma reacção que sempre tinha: olhar com os olhos extremamente abertos para o placar por uma eternidade, como se ele acreditasse que olhando os resultados assim eles fossem mudar. Eu estava um pouco surpreso por ele não me ter batido no corredor ou na sala comum por ser melhor que ele como sempre fazia.

Tudo no meu exterior também estava normal; eu tinha conseguido de alguma forma manter a minha expressão durante o dia enquanto montava os meus puzzles na sala comum ou jogava com os meus robôs.

Mas no interior era uma história completamente diferente. Uma que eu nunca havia lido e que não entendia.

Os puzzles e os meus robôs já não me prendiam o interesse o suficiente para manter a minha mente ocupada e eu não tinha nenhuns pensamentos interessantes.

Por consequência os meus pensamentos eram todos do Mello.

Era interessante, sempre que eu pensava sobre o loiro tudo o que eu normalmente escondia parecia explodir de uma vez. A minha mente ficava clara e tudo ficava calmo; e a seguir vinha uma enorme dor que me preenchia enquanto eu lembrava que provavelmente nunca mais estaria com ele.

Mas isso não era o pior.

A pior parte era quando eu andava pelo edifício, ou me sentava na sala comum e ele passava sem sequer me olhar; quando os nossos olhos se encontravam nunca era por muito tempo e não havia nenhum sentimento nos seus olhos azuis.

Já não havia aquele olhar que procurava algo, que ele sempre parecia ter quando estávamos sozinhos. Agora ele olhava para mim com o olhar vazio que normalmente tinha.

Tudo estava a voltar ao normal e isso era o que me magoava. Mesmo eu sabendo que não duraria eu fiquei agarrado ao pensamento de que iria e agora eu estava magoado por me ter sido enfrentado pela realidade.

Então eu tentei esquecer e continuar sem que ninguém notasse. Se eu me perdesse nestes sentimentos desesperados eles seriam de alguma forma o meu fim.

Era de tarde e eu tinha finalmente me decidido em sair do meu quarto e mudar-me para a sala comum. Estava um dia ensolarado lá fora e aquele lugar sempre tinha a melhor luz. E por causa do bom tempo não havia duvidas que os outros estariam todos lá fora aproveitando ao máximo dele.

Então se tudo corresse bem, como eu calculei que correria, eu teria a sala para mim mesmo durante um pouco; e isso era o que eu queria no momento.

Mas de repente o som de uma porta a abrir-se por detrás de mim no corredor chegou às minhas orelhas e eu tentei não prestar atenção nas vozes familiares que preenchiam o anteriormente silencioso corredor.

“Soubeste sobre aquelas duas garotas que se meteram em sarilhos no outro dia?” A voz do Matt se fez ouvir quando ele saiu do quarto. Eu silenciosamente respirei fundo e tentei me acalmar novamente.

“Do que é que tu estás a falar?” O meu coração saltou uma batida no momento em que a voz dele substituiu a do Matt. Porquê, oh porquê ele teve que despertar estas emoções em mim? Como que me transmitir emoções que eu não entendia não fosse o bastante, tinham que ser estas!

“Tu sabes, aquelas duas garotas que saíram sozinhas sem ninguém saber e depois voltaram mais tarde nessa noite? Aparentemente o Roger estava furioso.” Matt disse enquanto eu percebia os passos deles a aproximarem-se de mim, era apenas uma questão de tempo até que passassem por mim.

“Isso não tem nem o mínimo de interesse, Matt. É apenas estúpido.” Mello disse seguramente, mas havia algo diferente na maneira que ele soava agora. O Matt parecia estar mais próximo a mim que ele, eles não estavam a caminhar lado a lado?

O Matt passou por mim como se eu nem ali estivesse e nesse momento eu percebi que a resposta para a minha pergunta era ‘não’.

Mas eu nem tive a oportunidade de sequer considerar olhar para trás para ver a razão pela qual Mello tinha tão de repente abrandado o passo.

O repentino toque de lábios no meu pescoço mandou ondas de arrepios pela minha espinha. As minhas mãos agarraram com força os robôs que eu carregava. Aqueles malditos, suaves e quentes lábios dele!

Então, na mesma velocidade que a sensação apareceu ela desapareceu e em vez disso fui empurrado contra a parede mais próxima “Estás no meu caminho.” Ele disse para mim enquanto apressava o passo ficando assim lado a lado com o Matt.

Eu olhei para cima, ignorando a dor no meu ombro, vendo-o assim dando-me um último olhar.

Em vez do típico olhar vazio que ele me dirigia desta vez havia algo leve o suficiente para eu perceber. Ele parecia como que pedindo desculpa pelo acto de violência. Isso não era típico do Mello. Mas pensando melhor nestas ultimas duas semanas eu tenho começado a perguntar-me qual lado do Mello era o verdadeiro.

Ele virou-se novamente para o Matt “Então, aonde é que elas foram para irritar o Roger assim tanto?”

Este encolheu os ombros “hum, não sei bem. Acho que foram à cidade.”

“Apenas isso?”

“Yep”

Mello começou com um tom de troça assim que eles começaram a descer as escadas, “Como eu disse, isso é apenas estúpido.”

Quando o corredor foi deixado em silêncio de novo eu recompus-me e comecei a andar na mesma direcção para onde eles haviam ido.

Parecia que a sorte não estava do meu lado. Quando eu cheguei ao meu destino vi que já lá se encontravam 3 órfãos ligeiramente mais novos.

Mas claro que eu não disse nada a respeito, eu apenas fui para um espaço vazio e comecei a jogar com os meus robôs, quase desesperado por manter a minha mente afastada de um certo loiro viciado em chocolate.

A tarde já estava quase a acabar quando o resto dos órfãos começaram a recolher-se para a noite e pouco a pouco a área começava a ficar cada vez mais ocupada.

Eu considerava ir de novo para o meu quarto cada vez que outro miúdo entrava na sala, mas todas as vezes eu decidia que desde que eu tivesse o meu espaço não importava quantas pessoas ali estivessem.

E então uma única voz conseguiu silenciar toda a sala. “Near.”

Eu silenciosamente suspirei, pela quinquagésima sétima vez nesse dia, e continuei a olhar para o que estava a fazer. Eu estava posicionado longe dele para que não tivesse que olhar para ele; desde que eu estivesse assim seria bem mais fácil resistir à tentação.

“Near!” A voz do Mello era rápida quase acelerada. Isto intrigava-me, mas mesmo assim não olhei para ele.

“Mello.” Falei simplesmente, para apenas lhe dar conhecimento que o ouvia.

“Anda comigo.” Ele disse no seu normal tom imperativo que não deixava espaço para debate. Pena que eu sabia que tinha que ser teimoso sobre isto.

Eu olhei ligeiramente na direcção dele, ele estava na entrada. Eu conseguia vê-lo a cerrar e descontrair os punhos em impaciência.

As pessoas à nossa volta olhavam dele para mim, provavelmente pensando o que eu iria dizer em resposta. E muito provavelmente imaginando como iria acabar. Até onde eles sabem quando eu e ele ficamos sozinhos sempre resulta em eu ser magoado.

“Para onde?” eu perguntei no meu normal tom que não continha nenhuma emoção.

“Isso não importa apenas vem comigo, porra!”

Eu voltei a olhar para os meus robôs, mostrando-lhe que não tinha a mínima intenção de ir para mais lado nenhum.

Eu senti-me a ser contrariado por mim mesmo. Durante esta ultima semana todo o que eu queria era pelo menos dois minutos a sós com ele. Mas naquele momento, mesmo que eu estivesse interessado em saber o que ele queria. Eu sabia que tinha que resistir.

Se eu desistisse assim agora e tudo acabasse remotamente parecido com o que havia acontecido antes então não haveria duvida que eu tinha que me recompor novamente para mais uma semana depois que acabar. Honestamente não tinha a certeza se valia a pena.

“Isto é importante, Near.” O seu tom firme quase que soava mais grave. Estaria ele a ficar desesperado?

“Do que se trata?” eu olhei para ele novamente, os meus olhos prenderam-se nos dele. Mas enquanto eu olhava nos seus olhos azuis eu conseguia me sentir a desistir. Eu precisava de mais força de vontade, mas eu sabia que não a tinha. Então qual era o significado desta luta sem sentido?

Poupar-me da dor que viria mais tarde, claro.

Mas isso não era o único motivo. Eu já tinha desistido para ele uma vez antes mesmo sabendo da dor em que ele me deixaria.

“Tu sabes do que se trata! Agora vem comigo; eu arrasto-te se for preciso!” eu sabia que ele faria mesmo aquilo se fosse preciso.

Bom, o Mello é definitivamente uma droga letal. Eu nunca fui um masoquista, mas suponho que há realmente uma primeira vez para tudo. Se eu ia mesmo destruir a barreira que me bloqueava das minhas emoções mais valia aproveitar algumas delas.

Desnecessário é dizer que eu finalmente me levantei, deixando pela primeira vez os meus pertences para trás, visto que ele não tinha a paciência para esperar que eu os arrumasse. Segui-o silenciosamente da sala comum para o corredor.

A sua expressão não mostrava nada, subimos as escadas ambos silenciosos. Ele olhou em volta antes de me permitir entrar no próximo corredor; perguntei-me porque.

Depois disso ele pegou na minha mão e começou a correr pelo corredor, arrastando-me a mim, e à minha confusão, atrás. Foi ai que eu percebi que o corredor estava vazio, presumi que era isso que ele estava a tentar confirmar para poder fazer isto.

Ele puxou-me para dentro do meu quarto e instantaneamente fechou e trancou a porta assim que estávamos lá dentro. Os meus olhos foram da maçaneta da porta para ele, “Me-”

Os lábios dele interromperam-me sendo pressionados contra os meus; a mão dele que havia agarrado a minha largo-me logo achando caminho para a minha cara enquanto a outra estava em volta da minha cintura trazendo-me para mais perto dele.

Por um breve momento eu estava demasiado surpreso para sequer perceber que ele estava a levar-me passo a passo em direcção à minha cama e então eu fui empurrado contra o colchão.

Ele ficou em cima de mim; a sua língua atravessou os meus lábios e tocou na minha. Uma onda de calor percorreu o meu corpo assim que eu provei novamente o sabor de chocolate que ele tinha.

Eu suspirei dentro do beijo, as minhas mãos agarraram a camisa preta dele puxando-o para mais perto de mim.

Como eu disse, o Mello é definitivamente uma droga letal, não há mais dúvidas sobre isso.

Estar longe dele provoca-me uma dor insuportável, e ao mesmo tempo torna-se fácil dizer-lhe “não” por pouco. Mas com esforço da parte dele eu sempre cedo à tentação mesmo sabendo que irão haver consequências para essas acções mais tarde.

Mas em momentos como este, quando ele está colado a mim e eu consigo saborear o sabor a chocolate que ele tem, e as minhas mãos que se agarram a qualquer parte dele com medo de me afogar na felicidade, eu sei que estou viciado.

Mas a parte mais sensível de mim sabia que se eu queria evitar as consequências que se seguiam eu só tinha mais uma chance. Eu teria que o afastar de mim. Eu sabia que tinha as palavras para o fazer parar e que tinha a habilidade para o fazer parar.

Mas quando o meu corpo não reagiu aos meus comandos, eu percebi… eu tinha a habilidade e as palavras para o fazer parar, mas eu não queria.

E ele diz que eu que o vicio.

Os seus lábios moveram-se para o meu pescoço, “seu idiota viciante”, ele disse com os seus lábios colados à minha carne, lambendo-a depois de falar deixando escapar um pequeno gemido dos meus lábios. “Eu devia afastar-me de ti mas não consigo.”

Ah, parece que sofremos do mesmo mal então. Muito interessante.

“Mello de que isto s- ah!” ele mordeu a pele do meu pescoço, “de que isto… se trata?” a minha cabeça estava de tal modo perturbada que eu mal conseguia forçar as palavras a saírem.

Ele não me respondeu.

“Mello.”

“Hm?” ele disse contra mim. Eu usei as minhas mãos que ainda o agarravam para o afastar, para o desgosto dele, “Mas que raio?” Ele perguntou.

“Responde à minha pergunta.”

Ele arreganhou os dentes levemente e inclinou-se novamente para a frente, resistindo às minhas mãos que ainda o empurravam para tomar os meus lábios outra vez. Ele afastou-se depois apenas o suficiente para encontrar os meus olhos, “Eu tenho um plano.” Ele disse.

Eu mal tive tempo de registar as palavras dele pois ele me beijou novamente; eu podia sentir as suas mãos a moverem-se do fundo da minha camisa para dentro das minhas calças. O meu corpo queria sentir mais do toque dele mas eu tinha que receber uma resposta para as minhas questões já! Antes que eu me perdesse naquele prazer!

“Não estou a perceber.”

“Isso é estranho tu estás horrivelmente fora do comum hoje.”

‘Pergunto-me porquê’ Pensei comigo mesmo.

 Ele beijou-me uma vez mais e afastou-se, “Um plano para as coisas resultarem entre nós, claro.” Eu calculei que fosse isso que ele queria dizer. “Para nós ficarmos juntos temos que nos separar.”

“Isso é contraditório”

“Não, não é,” Ele disse, “não ouviste o que o Matt disse mais cedo sobre aquelas duas raparigas que se meteram em sarilhos?”

Eu fiquei em silencio, ainda não compreendendo completamente e não querendo o admitir.

“A única maneira de fazermos isto funcionar é eu sair da Wammys e ir para a cidade.”

Comecei a apertá-lo com mais força, com medo que se eu o largasse ele desaparecesse da minha vida. E eu não tinha nenhuma intenção de deixar isso acontecer.

Quando eu não disse nada ele continuou. “Ambos sabemos que se ficarmos aqui estaremos constantemente na luta para nos tornarmos o próximo L. E essa é a razão pela qual não podemos estar juntos.”

Ele suspirou e desviou o seu olhar, “E por mais que eu odeie admitir, ambos também sabemos que tu és o melhor para obter o titulo de L. E não importa o que eu faça, tu sempre serás melhor que eu! Então acho que se eu sair da Wammys essa competição não estará mais presente. Não tanto… acho. ”

Eu nunca vi o Mello a admitir que era o segundo melhor e parecer bem sobre isso. Derrotar-me significava tudo para ele; tornar-se o próximo L também. Ele estava mesmo disposto a desistir de tudo isso?

“Eu quero ir.” Eu disse antes de sequer pensar no assunto.

Os seus olhos azuis olharam novamente para mim “não, tu ficas aqui.”

Eu sabia que haviam razões pelas quais eu devia ficar ali, ele tinha explicado tudo bastante bem para se entender o porque de ele puder ir mas eu não. O pensamento de que ele estava disposto a deixar-me por sua livre vontade dava-me um aperto no coração.

Quando eu não disse mais nada ele inclinou-se para a frente, dando-me um leve beijo o qual eu não tinha intenções de responder naquele momento. Ele afastou-se assim que percebeu isso; os seus olhos presos nos meus, “Eu venho te visitar todas as noites.”

Eu desviei o olhar, uma das minhas mãos largou-o começando a enrolar uma mecha do meu cabelo. A parte triste era que o plano dele fazia sentido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Ok então o final não era bem o que eu tinha em mente. Eu queria que a explicação do plano fosse um pouco mais esclarecedora. Mas já estava a ficar um pouco longo então decidi guardar isso para o próximo capitulo. Ah e antes que vocês digam algo, o Near pode parecer um POUQUINHO fora de personagem quando não percebe o plano do Mello mas, quer dizer, honestamente, vocês conseguiriam pensar bem se tivessem um sexy Mello a assediar-vos? Bom eu não conseguiria…! De qual quer das formas digam-me o que acharam…
Reviews?
—-CandleLove



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Puzzles" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.