— Estão dispensados! – Tsunade-sama apenas sabe falar aos berros, se ela soubesse o tanto que isso irrita um Hyuuga pararia. Bem que acho que não iria parar, apenas um palpite.

Tenten admira tanto essa mulher e fico pensando como seria se ela acabasse seguindo seus passos, mesmo tento uma forte queda por armas e outra maior ainda por bebida. Tenten não consegue beber mais que um recipiente cheio de bebida alcoólica e já se sente mal, mas é melhor do que Lee que não sabe a hora de parar.

E só de pensar que ela está em casa e dormiu na minha cama. Espero que não tenha pensado nada absurdo sobre isso ao acordar, mas Tenten também tem uma forte queda por coisas absurdas. Feito aquela vez onde estávamos em missão secreta na aldeia da nevoa e ela queria ir a uma peça de teatro. E isso não foi o mais absurdo da história, na verdade a parte mais absurda foi deixa-la me convencer a ir, pois bem. Nós fomos e não preciso dizer que as coisas não saíram como planejado.

— Neji-nii-san! –Já estou na saída do prédio quando escuto meu nome dito de forma escandalosa, mas nem preciso abrir os olhos para ver quem é. Hanabi-sama está cada vez mais deste jeito, digo escandalosa.

— Parabéns! – Nem mesmo para a sua corrida veloz e diz algo no mínimo suspeito. Parabéns pelo o que? Mas não tenho tempo para desvendar outro de seus enigmas incessantes, feito uma vez, a qual decidiu escrever histórias de romance entre ninjas e espalhar pela vila seus contos, dos quais tinha até um fã número um. Digo Kakashi, o qual parou de ser seguidor da Hanabi-sama quando ela fez uma história de amor entre ele e Shizune-san. Bem que parece que ela não tirava suas ideias do nada, uns romances até se concretizaram mais tarde.

— Felicidade ao casal, sempre achei que vocês dois combinavam. – Uma senhora peculiar que me fez carregar suas compras em outrora resmunga ao passar do meu lado escorada em sua bengala, a qual acertou o Lee uma vez. Aquilo foi engraçado, gostaria de ver novamente.

Não atribuo importância a ela, pois por algum motivo ela crê que eu e Tenten formamos um casal e sempre disse isso. Como disse, uma senhora bastante peculiar.

— Yo! Neji, até que fim hein. – Kiba diz e logo Akamaru late em concordância, creio eu. Nunca entendi o Kiba, me parece que ele gostava da Hinata-sama, mas sempre chamava Tenten para ajudá-lo a dar banho no seu companheiro de pelo. E é claro, eu sempre dei um jeito de fazê-la desistir disso, mas parece que ele foi o primeiro cara que ela beijou.

Bem que tenho minhas dúvidas, pois minha fonte é tão confiável quanto volátil, digo Hanabi-sama.

— Demorou, mas está contanto. Que bom que tomou iniciativa Hyuuga. – Shino chega sorrateiramente fazendo Kiba se assustar. Ele já não deveria ter se acostumado com isso? Entretanto deixo isso de lado para tentar descobrir do que eles estão falando.

— Iniciativa em que? – Recebo o silêncio em resposta, pois Akamaru decidiu correr atrás de um gato e Kiba o seguiu me deixando sozinho com o Aburame. E esse para falar algo que não lhe cabe é melhor do que baú, acho que nem Ino consegue manipula-lo.

— Por Kami-sama! – Hinata se aproxima do seu antigo colega de time e a me a olhar ganha aquela vermelhidão. Ainda bem que superou os desmaios quando via o Naruto-san. Percebo os risinhos e olhares destinados em minha direção e Hinata parece desesperada.

Quer saber? Irei para casa, pois amanhã irei ser avaliador da Souke, pois parece que ninguém é capaz para avaliar os guardas de Hiashi-sama.

— En-então não é verdade, Neji-nii-san? -Hinata questiona algo que eu desconheço e minha cabeça começa a latejar. Por que todos da vila resolveram falar coisas sem nexo hoje? Isso é uma função privativa e exclusiva da Tenten.

— Verdade sobre o que? – Questiono sem paciência alguma, afinal o que pode ser tão importante para vila toda estar de conversinha pelos cantos quando eu passo. Algo que notei desde que voltei da pequena missão. Não estranhei o fato das meninas ficarem me observando, mas quando Shinobis e homens começaram uma leve fisgada de desconfiança me tomou, mas como sempre eu desconsiderei, pois Tenten sempre disse para eu parar com isso. De desconfiar de tudo e de todos.

Hinata não responde e fica batendo os dedos indicadores um no outro, pensei que ela já tinha parado com isso. Shino nada responde, mas parece afetado com isso. O que está havendo com estes dois?

— Ainda se faz de desentendido, não me conformarei, Neji. – Shino diz e deixa transpassar uma áurea assassina logo sumindo entre os transeuntes. Chega!

— Com licença Hinata-sama, seja o que for, irei descobrir mais tarde. – Deixo Hinata a tentar formular uma frase e sigo para minha casa, a qual espero estar bem arrumada. Tenten nunca foi a melhor em organização, na verdade ela é o oposto nisto.

Deixo minha prima para trás, mas os olhares de pessoas conhecidas e desconhecidas continuam a me acompanhar. Me lembre de elaborar um jutsu de transporte, feito aquele de uma Konoichi da vila do raio.

Chego em frente do meu apartamento depois de ser consumido pelos olhos dos outros e ver uma konoichi se afundar em lágrimas. Me sinto aliviado.

Deixo meus calçados do lado da porta, agora bem mais calmo e cansado. Hoje eu só quero tomar um banho e ter um sonho tranquilo. Procuro Tenten com os olhos no meu campo de visão e não a encontro. Ativo meu doujutsu e vejo que ela não se encontra.

— Esperava que ela me contasse o que está acontecendo. – Acabo por resmungar, algo que não é de meu feitio e sim da ninja das armas, esta que por acaso resolveu tomar chá de sumiço.

*****

Noite 2

Eu sabia, sabia que isso iria acontecer! Por kami, Neji estava furioso fitando a fachada de seu prédio e é claro, não precisa ser um gênio feito ele para saber que está espumando raiva pela boca por culpa da Hanabi e seu boletim diário.

Boletim este que teve uma notícia extra hoje, a qual diz que eu e Neji-kun somos dois pombinhos apaixonados. Está mais para eu sou a pomba e o Neji vai ser o caçador que vai arrancar meu pescoço fora.

Neji sempre escutou minhas justificativas ou argumentos validos quando eu faço algo errado, mas faz um bocado de tempo que nossa relação de amizade, repito amizade não está com os vínculos fortalecidos. E isso me fez pular a janela no momento que ele abriu a porta.

Are, Konoha inteira está comentando a notícia do momento e uma garota petulante do clã Hyuuga me veio falar poucas e boas. De que o Neji era dela e tal, será que ela comprou ele na feira? E segundo ela, como Hanabi não é uma fonte confiável veio tirar satisfações sobre o seu futuro marido. E eu ri é claro, pois como ela pode ter certeza disto?

Neji me contaria se estivesse se relacionando de forma tão séria, contaria? Não, não contaria. E como eu sou uma garota que não engole sapos e tenho a boca muito grande, segundo o motim de todos estes desentendimentos, eu confirmei. Sim! Eu confirmei, porque eu nunca fui com a cara daquela menina, digo mulher.

Are e agora não consigo encarar o meu anfitrião. Rumo para minha casa que está parcialmente construída. E olhando bem, sabe? Entortando o pescoço para direita já dá até para voltar a morar aqui. E só jogar uma lona numa haste de madeira e ficaria ótimo, para passar vergonha.

O que irei fazer? Isso é deprimente. Subo no telhado da casa à frente da minha, que deveria existir. Confesso, sempre foi um sonho tosco querer ficar no mesmo recinto que Hyuuga Neji e agora que tenho essa oportunidade tudo acaba saindo do meu controle. Bem que eu nunca tive nada sob meu controle.

Fiquei o dia inteiro pensando nas palavras da Hanabi, será mesmo que Neji se preocupava no que eu pensava e achava? E será que ele não notava o tanto que eu gostava dele, o tanto...

— Que gosto dele? – E agora ele vai me expulsar da sua casa. Are, acho que estou muito azarada, essa seria minha segunda noite com ele. Quero dizer na casa dele.

— Não sei, apenas sei que está na hora de ir para casa. – Sufoco o grito com a mão, mas é inevitável o arrepiar na espinha pela surpresa de ser pega falando sozinha. Olho para Neji sem expor meu sorriso forçado, sempre com os braços cruzados e os olhos cerrados.

Que alivio de não ter dito seu nome. Ter dito seria muito desastre, até mesmo levando em conta quem sou eu. A desastrada e azarada do País do Fogo.

E ele mal esperar eu levantar e começa a andar. Sigo logo atrás, como sempre. Outras pessoas considerariam isso estranho, mas não me sinto no direito de andar ao seu lado, como se fossemos mais do que antigos colegas de time.

Bom, Neji nunca se importou e eu nunca demonstrei me importar, enfim isso não é relevante. A coisas mais importantes no mundo.

— Tenten-san, qual é o novo boato na vila? – Escuto sua voz grave e a minha que deveria sair em resposta engasga na minha garganta. Minha nossa, meu fim chegou!

— Boato? –Apenas adio o inevitável e Neji me conhece bem para saber que estou enrolando. Eu, sem sombra de dúvidas não irei falar em hipótese nenhuma. Entretanto ele parece absorto demais e demora a dizer aquela frase de sempre “ Ande Tenten, não tenho o tempo todo para besteiras”

E pela primeira vez seus olhos se chocam com os meus. Are, agora não vou conseguir mentir. Fico em silêncio e ele não pergunta nada. Ele é ainda mais bonito aqui de perto.

*****

Eu queria bombardear Tenten com perguntas dos comentários direcionados a minha pessoa, pois eu sei que ela nunca iria mentir, não para mim. E com o Byakugan ainda ativado pude vê-la correr em direção a sua casa e acabei seguindo-a por três motivos.

Primeiro queria, ainda quero saber o motivo dos boatos. Segundo pensei que havia ocorrido algo e terceiro fiquei preocupado. Mas eu esqueci todos eles, pois cheguei a tempo de ouvir sua confissão para o nada que ela gosta de alguém.

Parecia que apenas conseguia pensar nesta frase e fiquei feliz por Tenten ser péssima em detectar presenças, pois se ela percebesse que eu estava lá eu perguntaria sem rodeios quem é o homem.

Mas me recompus a tempo de perceber que Tenten não me deve explicações, pelo menos não disto, mas de sumir com uns pertences meus quando ainda erámos crianças sim. E então falei para irmos para casa, sem usar o termo de posse como deveria usar, pois eu queria que ela se sentisse a vontade por um momento e esquecesse que não era a minha casa.

Mas Tenten é desatenta demais para perceber isso e mais desatenta ainda para perceber que sempre diminuo o passo, para que, ela fique a meu lado, entretanto não sei por qual motivo ela insiste em ficar para trás ou ir na frente. Nunca a meu lado. Confesso que já tive vontade de agarrar seu braço e faze-la andar ao meu lado, mas nunca coragem suficiente para perguntar, pois Tenten não parece se importar com este fato.

E eu saberia caso ela se importasse, pois ela vive deixando escapar pensamentos altos ou fala sem pensar. E como se isso não fosse o suficiente seguimos o caminho inteiro sem conversar, ou seja, ela quieta.

E silêncio e Tenten não são sinônimos, tem algo de errado com ela. Então toquei no assunto que se tornou minha tormenta e ela ficou a enrolar, como está enrolando até agora.

E pela primeira vez não estou irritado com ela por isso, pois não consigo tirar da cabeça sua confissão. De quem ela gosta? Um aroma suave desprende de sua pele e este mesmo aroma me faz lembrar de uma missão anos atrás, onde ela acabou adormecendo colada em meu corpo por conta do frio intenso. Seu perfume não se alterou em nada.

— Boa noite, Tenten-san. – Deixo meus devaneios de lado por que Tenten parece não querer deixar os seus. Ela afirma um pouco perdida.

— De quem você gosta? – Pergunto num impulso, Tenten sempre soube que não sou uma pessoa de fazer rodeios. Seu rosto se enrubesce e seus lábios formam um círculo pequeno.

— Para quem é aquele Kimono? – Ela desvencilha da minha pergunta e aponta para a cama no outro cômodo. Forma rápida de não responder minhas perguntas, mas ela já foi melhor.

— Para uma pessoa. – Ela faz sua expressão de incrédula e entorna a cabeça levemente para o lado esquerdo. Ela sempre faz isso quando fica desapontada com algo.

— E você não respondeu minha pergunta. – Ela volta para seu estado de alerta facilmente. Tenten não é uma garota que guarda rancores, pois supera as coisas muito rápido ou apenas esquece. Como esqueceu da minha pergunta. Seu silêncio se mantem firme e me sinto um tolo por querer saber algo tão íntimo.

— De uma pessoa. – Escuto sua resposta e aquele sorriso forçado aparece. Aquele mesmo sorriso que ela distribui quando estou por um fio com ela, mas por incrível que pareça esta estratégia está funcionando muito bem até agora.

Fecho meus olhos para não ver sua reação a ver meu sorriso e deixo a sozinha antes que comece a perguntar por qual motivo ele surgiu ou se estou caçoando de si. Afinal ela apreendeu usar as mesmas respostas que dou para ela.

— Boa noite, Tenten-chan. – Não viro para ver sua reação pelo sufixo que lhe atribuí. Nunca o havia usado antes, mas apenas quis usar agora.

Pois aquela garota com roupas casuais e despojadas no centro da minha sala é intima o suficiente na minha concepção.

E acho que poderia ser um poucos mais.

****

03:03 da madrugada.

Ah Hyuuga Neji você me paga. Me paga por ter tirado todo meu sono. Ele nunca tinha me chamado assim, isso foi inédito. Mas eu sei que ele apenas fez isso, para que, me sentisse mais confortável como sua hóspede.

Sabe, acho que estou confundindo o real com o abstrato. Pois nem nos meus sonhos Neji se preocupava em saber de quem eu gosto, na verdade ele nunca deu a mínima e muito menos créditos para que eu falo.

E agora do nada, ele me pergunta direto e reto. E não deveria ter ficado surpresa, pois quando Neji quer saber de alguma coisa ele pergunta sem enrolações. Me arrumo melhor no sofá, que descobri ser uma cama. E só de pensar que dormi toda encolhida nele na noite passada, are como sou lenta tem vezes. E Neji deve ter achado isso, mas ele mesmo não me falou nada, então agora não tem o direito de caçoar da minha cara.

Como se ele fosse fazer isso, pelo jeito a única coisa que ele sabe fazer são interrogatórios e sair sorrindo sem motivo aparente. Volto a abrir a janela sem sua permissão, eu sei que ele não gosta, mas está de madrugada e ele está dormindo. Dormindo?

Eu nunca vi o Neji dormindo, aliás sempre foi ao contrário. Oh, não! Não é uma boa ideia invadir seu quarto para isso, mas me repreendo quando já estou com a mão na maçaneta. A porta não range para meu alivio e o breu dentro do cômodo não me deixa enxergar nadinha de nada. Se eu ligar a luz ele acorda, mas se eu puxar uma fresta da cortina não. Sigo no escuro para perto da janela rezando para não tropeçar em nada.

Que ideia senhorita Tenten, que ideia! Agora não tem como voltar atrás, tem? Tem! Mas eu não quero, ele me deve por ter tirado o meu sono. Alcanço a janela para minha alegria e puxo o tecido com cuidado, agora falta pouco para vê-lo dormindo.

A iluminação fraca da rua atingi bem o seu rosto. E pelo que parece está tento um sono tranquilo, a feição do seu rosto está serena e a respiração calma. Ele fica ainda mais bonito dormindo.

— O que você está acha que está fazendo? – Não consigo evitar o grito pelo susto, mas que droga! Ele não estava dormindo? Ele aperta o interruptor apenas para fitar minha cara de pau preste a lhe dar uma mentira deslavada.

— Eu achei melhor abrir a janela, pois eu sou claustrofóbica, sabe? E eu não consigo ver cômodos completamente fechados.

— Engraçado, você passa horas trancafiada no banheiro. – Escuto Neji dizer e aquela feição irritadiça não está instalada na sua face. Um lado desconhecido de Hyuuga Neji, pois eu poderia jurar que se alguém invadisse seu quarto no meio da madrugada ele mataria.

— É diferente. – Acabo por fazer bico. Nada em minha defesa será suficiente para justificar minhas ações.

— Gomen, Neji-san. Estou me retirando. – Seu silêncio me constrange, não que eu não fosse acostumada com ele, mas agora é diferente. Olha só a situação em que me coloquei?

— Tenten! – Sua voz ríspida me chama quando estou preste atravessar a porta, viro nos calcanhares para fita-lo e o vejo sem camisa. Eu nunca vi Neji sem camisa! Por Kami-sama.

— Fique e durma. Com licença. – Neji me ultrapassa na porta enquanto estou embasbacada com a visão de poucos segundos. Largue de ser pervertida, garota!

— Neji, obrigada. Mas acho melhor eu voltar para o sofá. – Digo um pouco alto, pois ele já não está no meu campo de visão. Espero a voz vir do além em resposta e nada aparece.

— Deixe de tolices, Tenten. E não seria a primeira vez que dorme nela. – Provavelmente se tivesse luz suficiente neste corredor poderia ser visto a escalas de tons vermelhos na minha face.

Are, eu deveria ter desconfiado que ele sabia, na verdade isso era certeza, afinal nada passa despercebido aos olhos de Hyuuga Neji. Aquela cama quase arrumada é tentadora. Encaro o breu no corredor e a cama. Tenho duas opções, a primeira dormir numa cama quentinha, a segunda é voltar para sala é encarar Neji. Avaliando minhas opções eu fico com a primeira.

Deito na cama macia e afundo meu rosto no travesseiro. O perfume amadeirado moderado dele é viciante junto a maciez dos lençóis. Are, tudo o que é dele parece ser maravilhoso, incluindo este lado desconhecido dele.

Tenho certeza que nem em mil reencarnações, Neji me deixaria dormir aqui e muito menos não gritar comigo ou me chamar de idiota, como costumava a fazer.

Duas noites, nenhuma ofensa, duas vezes dormindo na sua cama e um desastre, agora falta completar a sequência de 2 e 1. E sinceramente eu quero que termine com 2 em um, ou seja, eu e ele juntos.