(Rebobinando)

Callie bem que tentou voltar a se concentrar em sua lembrança a repeito de Arizona e aquietar seu coração ao lado de Sofia, mas isso foi completamente inútil. Ter percebido que ainda sentia algo por Arizona foi inquietante demais e não houve como ficar quieta.

Levantou-se devagarzinho para não despertar a linda bonequinha, que dormia um sono calmo e profundo, e voltou ao seu quarto. Deitou-se novamente, ligou a TV e tentou assistir alguma coisa, mas foi em vão, desligou a TV e pegou o celular, entrou e saiu de algumas redes sociais, mas também não foi uma boa ideia, naquele momento nada estava prendendo a sua atenção. Resolveu, então, que o melhor a fazer era tomar um banho, porém, ao se levantar, o celular tocou. Ela achou que desmoronaria, sentiu que poderia ser Penny e definitivamente ela não queria falar com a ex agora. Pensou em não olhar, ignorar, mas foi tomada pela curiosidade e pegou o celular para atender, nem se dando chance de verificar quem era:

— Alô!

— Callie, sou eu Miranda, tudo bem? Te acordei? Me desculpe eu só tive tempo de ligar para você agora.

Callie respirou aliviada.

— Não.(Uffa), não me acordou não. Pode falar.

Como assim pode falar? Foi você quem me ligou, mulher!

Callie tinha esquecido que havia ligado para Miranda no dia anterior com a intenção de conversar a respeito de sua partida do hospital, e agora que as coisas estavam confusas ela não sabia muito bem o que dizer.

— Ahhhh, é verdade, eu havia me esquecido, sabe...é...é... que...

— É o que criatura, diga logo!

— É que eu queria saber se o Tuck poderia vir aqui em casa brincar com a Sofia, Zola, Derek e Ellis. É eu to querendo fazer uma reuniãozinha com eles para Sofia.

Miranda acha estranho, mas responde.

— Ahhh sim, era isso? E você precisava me ligar 7 vezes? Eu achei que pudesse ser algo grave ou que você viria com aquela ideia louca de ir embora novamente.

Callie se espanta com o comentário da amiga e pergunta.

— Co...como assim ir embora?  De onde você tirou isso?

— Ué, foi o que Arizona me disse ontem.

—ARIZONA???? Você falou com ela ontem? O que ela disse? Como ela estava?

Miranda do outro lado da linha percebeu que coisas estavam estranhas.

— Callie, eu estou próximo da sua casa, posso passar ai e a gente toma café juntas?

— Claro, é um ótima ideia.

Disse Callie muito feliz, pois viu ali uma ótima oportunidade para sanar sua curiosidade a respeito do que Bailey conversou com Arizona.

Passados mais ou menos uns 20 minutos, a campainha toca na casa de Callie e ela - mais do que prontamente - corre para atender.

Ao abrir a porta se depara com Miranda, com seu jeito apressado e meio afobado segurando uma caixa de Dunets e dois copos gigantes de café.

— Toma, Torres, segura.

Miranda fala retirando seu casaco.

— Agora me dá aqui e me diga em que cômodo desta casa podemos comer e beber em paz, estou precisando disso.

Callie sorri e responde.

— Podemos comer aqui mesmo na sala. Vou pegar pratos.

— Oh não, pra quê? Eu trouxe guardanapos e o copo do café é descartável, não vamos gastar louças. Sente aí.

As duas se sentaram e cada uma pegou sua bebida e uma das rosquinhas que estavam com uma cara deliciosa.

— Mas então me fale, quer reunir as crianças para comemorar o retorno de Sofia para sua casa, devido à guarda compartilhada?

— Ah sim, isso. Eu acho que esta é uma situação a se comemorar, não acha?

Disse Callie bastante sem graça, porque sentia que não estava sabendo disfarçar muito bem.

— Sim, eu acho. Ainda mais depois daquele tribunal horrendo. Fico realmente feliz que seja este o motivo da ligação. Quando vi que havia me ligado sete vezes pensei logo em problema, ai eu encontrei Arizona no hospital e aproveitei e perguntei a ela se sabia qual seria o motivo de você estar desesperada para falar comigo.

Callie viu ali sua chance:

— Ah, é você me falou ao telefone.

Falou ela tentando parecer naturalmente surpresa e continuou.

— E o que, afinal, ela falou?

— Ela me disse que você deveria querer conversar comigo a respeito de sua saída do hospital, afinal de contas já está com Sofia, que era o que te prendia aqui.

—Entendo. É... Mas não era nada disso.

Callie sorriu sem graça.

— E como Arizona estava?

— Arizona? Bem, ela estava estranha, na verdade eu a achei bem triste...

Miranda deu início aquela conversa com a intenção de contar mesmo a Callie o quanto Arizona estava sofrendo por causa dela, mas decidiu que não deveria ser tão explicita, afinal, era Arizona quem deveria contar, então, se dignou a tentar ser sutil, mas de certa forma se fazer entender.

— TRISTE? Como assim triste?

Entre um sorriso de canto de boca ao ver a reação de Callie, Miranda continuou.

— Sim, ela estava com uma carinha de triste. Tentei conversar com ela, mas não me falou muito. Disse apenas que estava cansada, mas deu para perceber que não era só isso. Deu pena de ver, sabe?

Enquanto Miranda falava, Callie fazia cara de surpresa e apreensiva.

— Mas... Por que ela poderia estar triste?

— Callie, eu não sei, mas que ela não estava bem, não estava. Até mesmo porque não era plantão dela e ela estava com uns 30 prontuários na mesa. Ela me disse que estava revisando alguns, mas eu não acreditei.

— E você tem algum palpite? 

Perguntou uma apreensiva Callie.

— Eu não sei, mas me parecia estar tentando fugir de algo, ou esquecer. Arizona tem estado diferente ultimamente não acha? Eu não sei, mas acho que ela mudou, me parece mais madura... Ou será que ela tem uma namorada nova? Sei La né, às vezes o inicio de um romance não é fácil.

— NAMORADA???

Callie quase engasgou com o café mediante a hipótese de Miranda - que ficou feliz em confirmar sua hipótese para ver Callie ainda mais tensa.

— Ué, é! Você já esta com a Blake a algum tempo, Arizona tem que seguir, não acha? Ainda mais agora que Sofia irá morar com você e você tem a possibilidade de ir morar em Nova Iorque.

— Não, NÃO! Arizona, namorando? Não, claro que não.

— Mas por que não...? Ela é linda, inteligente e SOLTEIRA.

Disse Miranda, plenamente feliz por estar torturando Callie. Não era a intenção fazer mal à amiga, mas ela viu que aquela conversa poderia trazer efeito benéficos para sua felicidade e continuou.

— Isso é natural Callie, você já refez sua vida, nada mais justo que Arizona refaça a dela. Aliás, nunca entendi porque ela ficou solteira tanto tempo. Estranho não acha? Será que ela ainda tinha esperança que vocês reatassem?

Callie olha para Bailey surpresa demais para falar qualquer coisa. Ela nunca havia parado para pensar e racionalizar que Arizona estava realmente solteira há anos e que tendo em vista como ela era, isso definitivamente não era normal.

O coração e a mente de Callie se encheram de perguntas e dúvidas maiores do que as que já a rondavam.

Miranda, tendo visto que atingiu seu objetivo, diz:

— Bem querida, o papo foi ótimo, mas preciso ir, daqui a pouco estou no hospital e de lá não saio tão cedo.

Callie se levanta e concorda com a cabeça ainda sem falar nada. Leva sua amiga até a porta.

— Dê um enorme beijo em Sofia por mim. Me ligue para dizer o dia da festinha, ok?

E acordando um pouco Callie responde.

— O..Ok..claro.

Miranda então se vai.

Callie fecha a porta com uma dor de cabeça violenta e os questionamentos permanecem. “Como ela não percebeu nada antes? Como não se questionou nem por um segundo isso? Por que Arizona ainda estava solteira? Isso deveria ser alguma coisa. Mas o quê?”

Ela andava de um lado para o outro na casa, até que em um rompante pegou o celular, segurou-o, tentou discar, desistiu, tornou a olhá-lo, desistiu novamente e o colocou contra o peito. Assim ficou durante alguns segundos até que sentiu seu coração bater mais forte do que tudo e viu que precisava fazer alguma coisa... Discou o numero de Arizona e ela atendeu.

— A...Arizona, eu não, eu não posso... Eu não deveria ligar, eu sei... Mas... Eu não posso, eu tentei, mas eu não fiz, eu não falei pra ela................... Eu simplesmente não posso ir! Mas eu deveria ir... Eu tenho...

Arizona então interrompe a nervosa voz do outro lado da linha.

— Callie... Por favor... (respirando fundo)... Por favor, não vá. “