Callie e Arizona: O Retorno ideal escrita por Olivia Lassance


Capítulo 4
Ter coragem ou aceitar?


Notas iniciais do capítulo

Capitulo revisado por Mel Schocair



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Arizona nunca havia dirigido tão desatenta antes, era um milagre conseguir chegar ao hospital. A distração era tanta que ela quase bateu umas três vezes durante o percurso. Um caminho que normalmente faz em trinta minutos, ela fez em mais de três horas. Na verdade ela se sentia meio anestesiada, meio sem local, meio sei nada. Tudo não parecia ter sentido. Por isso dirigiu sem parar por vários lugares, embora estivesse distraída, dirigir ainda mantinha sua atenção em alguma coisa que não fosse Callie e Sofia. Ela pensou em ir para casa, mas não teve coragem, pensou em ir falar com algum amigo, mas viu que não tinha capacidade de conversar a respeito de nada, então viu que o melhor lugar era o hospital, ali teriam os pacientes que a ocupariam de alguma forma.

Chegando ao hospital foi imediatamente parada por Richard:

— Oi, querida, e ai, levou Sofia para Callie?

Tentando parecer muito bem, Arizona responde:

— Ah! Sim, levei, ela ficou radiante quando viu a mãe, e, nossa, Callie também, a felicidade era tanta que mal cabia no peito delas! Elas estão felizes, muito felizes, e isso é o que importa, né? Agora deixe eu ir que eu tenho que rever uns prontuários. A gente se fala.

Arizona saiu o mais rápido que pode, mas Richard entendeu muito bem o porquê e a deixou ir.

Arizona pegou todos os prontuários que pode, sentou em uma mesa na sala de médicos e se afogou naquilo, leu um, dois, três... Dez! E por ai foi, mas entre as frases técnicas que lia só conseguia sentir cada vez mais o vazio, só conseguia pensar que aquele hospital não seria nada legal sem a Callie. Depois de umas duas horas se esforçando para mergulhar no trabalho, resolveu parar e olhar em volta. Aquele é o hospital de sempre, com as pessoas de sempre, tudo tão igual, mas tudo tão diferente. Callie ainda não havia ido embora, mas ela se permitiu viver verdadeiramente como se já estivesse ido e aquilo foi cruel. Em meio a seus pensamentos, foi interrompida por Miranda:

— Arizona?! O que faz aqui?! Esta de plantão esta noite?

— Não, não, só passei para revisar uns prontuários.

— Ah, sim entendi! Escuta, eu recebi uma ligação da Callie, mas não tive tempo ainda de retornar, você imagina do que se trata?

Arizona fica com aquela pressão no peito e o nó na garganta novamente, mas responde:

— Bem, eu acredito que seja a demissão dela. Ela vai para Nova Iorque.

Miranda fica chocada!

— Como assim?! Ela vai ter coragem de deixar Sofia?!

Arizona queria muito não ter que responder, mas sabia que se titubeasse Miranda iria questionar ainda mais:

— Não, Sofia vai junto. Eu abri mão da guarda total. Callie não estava bem e nem a Sofia por vê-la assim, então eu fiz o que era melhor para todo mundo.

Escutando Arizona com atenção e vendo bem alem do que ela tentada passar com as palavras, Miranda senta próximo à amiga, olha bem para ela, segura sua mão e fala:

— Você fez o que era melhor para Callie, certo?

Arizona tenta disfarçar.

— Não, fiz o que era melhor para Sofia também.

— Eu sei, eu sei, mas ficar longe de você nunca será o melhor para sua filha Arizona, mas tudo bem, eu entendo, você achou que assim Callie ficaria mais feliz, Sofia não a veria mais sofrer, mas... e quanto a você?

Arizona congelou, tinha certeza de que estava disfarçado muito bem.

— Eu?! Eu o quê?! Eu estou ótima, só cansada, e... Deixe-me trabalhar.

Miranda persiste.

— Arizona, foi muito corajoso o que você fez, abrir mão da sua filha para que a Callie seja feliz é um ato de amor, mas eu sei que isso vai além de Sofia. Estou errada?

— Não sei do que esta falando. Eu fiz isso pela minha filha, não queria vê-la sofrer por causa da mãe.

Miranda continua.

— Eu sei que fez, mas eu quero saber sobre como você está? Desculpe-me meter, eu tento me manter imparcial, mas eu sou amiga de vocês duas e vejo as coisas acontecerem bem na minha frente, não posso ficar calada sempre, então goste você ou não, vai me ouvir. Sim eu sei que você fez por Sofia, mas também sei que fez pela Callie e isso está matando você por dentro, certo?

Arizona não foi capaz de responder, apenas começou a chorar.

— Eu acompanhei o inicio de vocês, eu fui basicamente o padre... (ela riu)... do casamento, eu escutava coisas que eu até nem gostaria ou deveria (fala Miranda lembrando das vezes que Callie falou sobre sexo com ela), eu vi o amadurecer de vocês, eu assisti aos dramas e às comedias, e infelizmente eu também vi o fim e eu sei como ambas lidaram com isso, mesmo que apenas de certa forma. Vocês não terminaram por falta de amor, mas sim por não acharem mais um caminho de paz e isso, minha querida, acontece e quando acontece leva as pessoas envolvidas a cometerem erros ainda maiores. Eu sei que Callie agora tem a Penny e eu realmente imagino o quanto isso deve ser difícil para você, mas em meio a isso, como espectadora mesmo, eu estive e ainda estou esperando você mostrar algo. O que eu vejo sempre é uma Arizona que aceita tudo mesmo pensando o contrario. O que você fez agora foi lindo e altruísta, mas esta pagando isso com a própria felicidade. É realmente isso que você quer?

Arizona em meio a lágrimas começar a falar:

— Eu não sei o que poderia fazer... Como eu, que já errei tanto com ela, posso pedir alguma coisa? Eu nos levei a isso Bailey. Como posso impedi-la de seguir?

— Não, você não pode, Arizona, mas também não pode se impedir de tentar. Diga a ela como se sente, fale a verdade do que está dentro de você. De fato você pode conseguir mudar tudo, ou nada, mas ao menos terá tentado.

— Se eu for até ela, se eu revelar tudo o que eu sinto e nada mudar, eu não serei capaz de sobreviver a isso. - completa Arizona.

— Mas e se você nunca tentar, como vai saber?  E se ainda existir algo por parte dela também? A questão aqui agora é apenas de coragem, Arizona. Coragem! - fala Bailey.

Bailey dá dois tapinhas carinhosos nas mãos de Arizona e sai, deixando-a pensativa em relação ao que deve fazer.

Em sua mente Arizona repete a ultima palavra que Bailey disse:

“CORAGEM.”

Mas ela está dolorida, magoada e com medo demais para conseguir isso agora.

Arizona decide ir para casa. Quem sabe lá, em sua cama, ela poderá ser capaz de pensar no que realmente fazer? “Aceitar ou lutar com coragem?” Esta é, sem dúvida, uma questão e tanto a se resolver.

Arizona se levanta, reúne os prontuários e os devolve. Caminha pesadamente pelos corredores em direção aos elevadores, quando escuta.

— Arizona, espere!

Ela se vira e vê Richard vindo em sua direção, com roupa de sair.

— Richard, eu estou muito cansada, estou indo para casa.

— Eu imaginei, Arizona, eu só quero te dar uma carona.

— Não precisa, estou com meu carro.

— Eu sei que não precisa, mas você poderia dar honra a este seu velho amigo aqui de te levar para casa em um dia que não foi nada bom?

Arizona e Richard sorriem e eles saem.

No caminho ate a casa de Arizona, Richard não pronuncia nenhuma palavra. O silêncio impera. Ao chegarem, os amigos se despedem e Richard apenas completa:

— Minha querida, eu sei que as coisas não estão fáceis, mas você é mais forte do que imagina. E, acredite, “Toda conquista começa com a decisão de TENTAR”.

E assim ele sai com o carro, deixando Arizona bastante reflexiva.

Arizona entra em casa e, para sua felicidade, De Luca não se encontra. Ele é uma pessoa maravilhosa, mas tudo que ela mais quer agora é tomar um banho e deitar, ela sente como se suas forças tivessem ido embora.

Ela toma um banho relativamente demorado, sente como se a água lavasse todo aquele dia, embora ainda não seja capaz de esquecer tudo que houve e tudo que ainda está por vir.

Ela deita em sua cama e, para sua tristeza, encontra um ursinho de Sofia, o que a faz ficar com os olhos cheios de água, porém ela está tão esgotada que a única coisa que é capaz de fazer é abraçá-lo e fechar os olhos com a esperança de que amanhã as coisas possam ser mais leves.


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Notas finais do capítulo

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