Já era noite e Sofia e Callie viam TV juntas em seu quarto, comendo pipoca.

Callie parecia um pouco mais aliviada, ela passou o dia tentando não pensar em tudo que sua filha tinha falado. Deixou as passagens que Arizona deu em seu criado mudo e, mesmo que volta e meia as olhasse, tentava ao máximo se concentrar em outra coisa. O celular não tocou e ela não tentou mais falar com Penny. Para ser verdadeira, ela estava até mesmo com medo de que ele tocasse, não queria falar com ninguém. Estar com Sofia ali naquele momento era o melhor e não queria ter que pensar em nada.

— Mamãe, quando a gente viaja?

— Muito em breve, filha, mas... – Callie queria perguntar a Sofia uma coisa, mas estava com medo.

— Mas o que, mamãe?

— Não, não é nada, é que eu estava pensando...Você gostaria de mudar de escola? Deixar seus amigos...?

— Mamãe, quando a minha mãe falou eu não gostei, mas ela disse que seria legal lá e que você ficaria muito feliz, então eu fiquei feliz.

— Mas e se nós não fossemos, você ficaria triste?

Sofia, que estava deitada agarrada a um pote com pipoca, sentou-se, olhou para a mãe e disse:

— Se você não ficasse triste...

— Não, a mamãe não ficaria mais triste. A gente poderia ficar, e você não precisaria ver a sua outra mamãe só às vezes.

Os olhinhos de Sofia começaram a brilhar e Callie viu que ela começou a ficar bastante empolgada. De repente Callie parou e pensou...

“Callie vá com calma, é dos sentimentos de Sofia que estamos falando. Você precisa entender primeiro o que você quer...” Então disse:

— Filha isso é só um pensamento, ainda não sei se vamos ou não.

— Mamãe, eu posso falar uma coisa? – Perguntou Sofia bastante sem jeito.

— Claro!

— Eu não quero te ver triste nunca mais, mas se a gente não for eu vou gostar, eu não quero deixar a minha mãe aqui.

— Eu sei meu amor, eu sei. É chato, né? Mas a mamãe vai pensar em alguma coisa para não ser tão chato, tá bem? Agora vamos dormir que já esta tarde, tá bom? Escove os dentes e eu já venho lhe cobrir e dar boa noite. Vou levar isso para a cozinha.

Sofia foi fazer o que mãe mandou e Callie foi até a cozinha deixar as coisas. Voltou e fez o prometido a Sofia e, finalmente, foi para seu quarto deitar. Ao mesmo tempo em que queria ficar sozinha para tentar se entender, tinha grande medo do que poderia descobrir. Tudo estava certo e ela não conseguia entender o porquê de agora estar se questionando tanto sobre algo que ela acreditava estar completamente encerrado.

Trocou de roupa, deitou, cobriu-se e olhou o celular mais uma vez, embora estivesse com medo de ver uma ligação perdida de Penny. Pode respirar aliviada quando viu que nada tinha em seu celular. Colocou- o no criado mudo e aproveitou para reolhar as passagens e reviver o momento em que Arizona apareceu em sua porta com aquilo. Ela reviveu cada segundo, tentando encontrar alguma coisa que pudesse mostrar a ela o que Sofia havia contato. Mas não conseguia, não sabia dizer se era a felicidade que a invadira naquele momento, quando ela ainda era certa de que queria Penny, mas Arizona parecia certa também. Na verdade, nos momentos em que aquela cena acontecia em tempo real, Callie só pode ficar feliz por estar tendo Sofia novamente e por ter a chance de ir embora, e isso já era muito, tanto que não conseguiu acompanhar todas as expressões de Arizona e isso agora lhe causava bastante incômodo.

Fechou os olhos e jurou não pensar nisso até o dia seguinte, pelo menos.