2016

"Audrey Sidle Graham, você foi selecionada!"

Era a terceira vez que lia o que estava escrito em meu e-mail, estava claro, mesmo assim não conseguia acreditar que havia conseguido.

—Eu consegui? _Sussurrei. Voltei a ler. Sorri. _Eu consegui! _Gritei. Finalmente  minha ficha caiu, imediatamente peguei o tablet, pulei da cama e as pressas corri até a cozinha onde minha mãe estava terminando de preparar o jantar. 

—Mãe... _Gritei assim que cheguei à escada e ainda estava metade quando dei um salto para chegar logo ao fim, acabei caindo quando toquei os pés no chão, logo levantei.

—Você está maluca? _Meu irmão perguntou, um olhar assustado estampava seu rosto. Minha mãe apareceu na sala e sua expressão também era de susto e ao mesmo tempo de preocupação.

—O que houve Audrey? _Rapidamente veio ao meu encontro. _Você está bem?

—Calma mãe. Eu estou bem. _Afirmei. Ela soltou o ar, ficando mais calma.

—Essa garota é doida. _O pestinha do outro lado sofá murmurou e voltou a jogar no seu vídeo game. Não dei atenção a ele e com um enorme sorriso, encarei minha mãe.

—Eu fui selecionada para ser treine no laboratório de Las Vegas! _Com um imenso sorriso, mostrei o e-mail que recebi à minha mãe. Ela estreitou o olhar, segurou o tablet, leu o e-mail e me encarou sem entender o aquilo significava. Foi então que me dei conta que não havia lhe dito sobre a inscrição que fiz. 

—Como você se inscreve em algo e não me fala nada, ainda mais tendo que ir para Vegas?

—Me desculpa mãe. _Implorei e expliquei porque não falei nada. Afinal, quando soube das inscrições, sabia que era uma grande oportunidade, no entanto, sabia que seria difícil, primeiro por ser muito nova e segundo, embora estivesse prestes a terminar, ainda estou faculdade. Mesmo assim me candidatei, os dias foram se passaram e cheguei a pensar que não havia passado e acabei esquecendo. Até ter uma mega surpresa.

—A mãe da Lindsey trabalha no laboratório. _Fomos até a cozinha, e continuei falando enquanto ela olhava e mexia nas panelas. É raro ver minha mãe cozinhar, ela é uma excelente psiquiatra, lida com criminosos perigos, psicopatas é ótima em seu trabalho, mas na cozinha nunca se saiu bem, sempre que tem a tarefa de cozinhar nós comemos lasanha ou seu famoso espaguete. _A Lind sempre soube do meu sonho de ser uma csi. Então, há dois meses ela me ligou assim que a mãe dela informou sobre as inscrições para Treine.

—Mesmo não tendo certeza se passaria você tinha que ter me dito. _Falou de costas para mim. Sua voz não demonstrava raiva ou desaprovação por eu não ter falado nada. Ela se virou, encostou-se a pia e cruzou os braços. _Sempre soube da sua vontade e não a impedirei de ir.

 Sorri com sua "permissão", mas ela permaneceu seria, o que me deixou preocupada.

—Mas? _Indaguei.

Ela rodeou a mesa sentou a meu lado.

—Mas, quando você vai começar? Onde vai morar? E você vai conseguir se dedicar a faculdade e ao treinamento?

—Claro que vou conseguir, mãe. Você conhece a filha que tem! _Abracei-lhe com força. 

—Conheço sim, só quero ter certeza. Porque lá vai ser bem diferente da vida que você tem aqui.

—Eu sei! _Não era uma garota mimada, embora não trabalhe e minha mãe tenha uma ótima condição financeira, sempre aprendi que nada vinha de mão beijada, e morar sozinha significa ter mais responsabilidade. Isso é o de menos. Sentirei mais falta dos mimos dela de não vê-la todos os dias...

 Ouvi um fungado, olhei para minha mãe e seus olhos que estavam com lagrimas.

—Mãe... _Voltei a abraça-la. _Vou sentir saudades.

—Minha menina. _Falou segurando meu rosto. _Eu te amo, não queria que você saísse do meu lado nunca. Mas você está seguindo o seu sonho, assim como segui os meus.

Espelhei-me nela minha vida inteira, no quanto ela lutou, passando por todas as dificuldades para estar onde sempre quis. Como meu pai dizia, ela sempre foi uma guerreira. A minha vida foi uma maravilha perto de tudo o que minha mãe passou.

Isso me motiva a querer realizar os meus sonhos, assim como minha mãe realizou os dela. Só falta uma pessoa, que infelizmente não está mais com a gente.

—Queria tanto que o papai estivesse aqui! _Murmurei, sabendo o quanto ele se sentiria orgulhoso. Embora ainda seja cedo para comemorar.

—Ele não está aqui ao nosso lado. _Me encarando, ela tocou seu coração e o meu ao mesmo tempo. _Mas ele estará sempre aqui. E, tenho certeza que Liam está muito feliz e orgulho de você.