O casal tinha virado o assunto da cidade toda, alguns não compreendiam o porquê de eles estarem juntos, já que o rapaz havia causado grande dor na moça. Já outros viam com bons olhos esse namoro, sabiam que a moça merecia alguém para lhe proteger e mesmo após o fatídico dia em que sofrerá humilhação pública, ela havia perdoado o rapaz.

   O casal anda de mãos dadas pelo colégio, chamando a atenção dos outros alunos e até mesmo dos professores – que sempre se preocuparam com a moça – mas nenhum dos sois estavam se importando com as opiniões alheias. Param em uma mesa longe das outras, com um bom cavalheiro ele puxa a cadeira para ela, a mesma senta e ele emburra a cadeira, em seguida puxa outra e senta na mesma.

   Richard apoia o cotovelo na mesa e apoia o queixo na mão, inclinando a mesma para observar a face calma de sua namorada. Seus olhos se encontram, levando ambos para seu próprio universo, onde só existem eles dois.

—Que lindo. – Uma voz doce e suave surge de repente, fazendo ambos olharem para a dona da voz. – Atrapalho?

   Uma menina em torno dos 13 anos, de aproximadamente 1,55 de altura, pele clara de olhos castanho esverdeados e cabelos castanhos claros – usando o uniforme do colégio – ela alterna o olhar entre Richard e Beatriz.

—O que faz aqui? – Segura na mão da jovem à sua frente e a puxa fazendo a mesma sentar em seu colo. – Achei que estaria com sua turminha.

—Só vim lhe dar um oi. – Revira os olhos. – Como vai Beatriz?

—Estou indo, Srtª Campbell. – Sorri constrangida.

—Sem essa, nós temos quase a mesma idade. – Olha sério para Beatriz. – E agora você é minha cunhada, faz parte daminha família.

—Assim você assusta ela. – Richard ri da careta de espanto de Beatriz. – Nós só estamos namorando a uma semana, não deixe ela assustada.

—Que seja. – Diz dando de ombros. – Mas vim aqui porque mamãe mandou perguntar se você convidou a Beatriz para o almoço lá em casa.

—Tinha esquecido. – Sorri amarelo. – Nem lembrava mais disso.

—Tapado. – Dá um tapa na cabeça do irmão. – Anda com a cabeça aonde? Mamãe tem falado disso desde que contou sobre o namoro.

—Doeu Natália. – Ralha a irmã. – Não faça mais isso, pirralha. – Volta sua atenção para a namorada, que apenas observava o momento deles. – Você quer ir nesse almoço? Não é obrigada a ir se não quiser.

—Eu aceito. – Desvia o olhar. – Será um prazer conhece-los.

—Eu vou avisar a mamãe. – Natália levanta do colo do irmão. – Vou deixá-los a sós. – Ela dá um beijo na bochecha do irmão. – Cuida bem dela e não apronte de novo. – Ela pisca para Beatriz. – Tchau. – Diz já saindo de perto deles.

—Desculpa por isso. – Segura na mão da namorada. – A Lia as vezes exagera. – Se aproxima ainda mais dela. – Quer comer alguma coisa?

—Não, obrigada. – Beatriz percebe os olhares sobre si e por instinto abaixa a cabeça. – Nós podemos sair daqui?

—Não ligue para essas pessoas.  – Segura o queixo da namorada, o erguendo em seguida. – Estarei ao seu lado para sempre.

—Para sempre? – Seu coração falha uma batida.

—Quero estar sempre ao seu lado. – Acaricia a bochecha rosada da namorada. – Como amigo e namorado.

—Estaremos juntos até onde Deus permitir. – Fecha os olhos apreciando as carícias. – É tão bom ter você por perto.

—Hoje vamos no rio? Nadar um pouco. – Entrelaça seus dedos nos da namorada. – Sei que não gosta que fiquem nos olhando.

—Eu não tenho roupa para isso. – Diz ao abrir os olhos e encarar as safiras a sua frente. – Mas aceito ir no rio.

—Eu arrumo uma roupa para você. – Chega ainda mais perto da namorada. – Agora vou fazer algo melhor.

   Richard sela seus lábios de Beatriz, antes mesmo da namorada responder - um beijo calmo e desajeitado, mas repleto de paixão - uma entrega total de ambos.

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—Cansei, Chard. – Natália se joga nos braços do irmão e o mesmo a pega por reflexo. – Me carrega.

—Não faça mais isso. E se eu não tivesse te pegado? – Repreende a irmã.

—Você sempre me pega. – Pula nas costas do irmão, fazendo o mesmo a segurar pelas pernas. – Viu? Você sempre me pega.

—Não sei porque te trouxe comigo. – Bufa irritado. – Era para ser encontro, sua chata.

—Não vou te deixar você sozinho com a Beatriz. – Dá um tapa na cabeça do irmão. – Você é um pervertido.

—Sou é? – Sorri maldoso ao avistar o rio. – Vai pagar caro por isso.

  Richard sai correndo em direção ao rio – Natália dá tapas nas costas do irmão ao perceber para onde estão indo – ele pula com tudo dentro do rio, arrancando uma gargalha de Beatriz que apenas observava tudo e xingamentos vindo de Natália.

—Seu imbecil. Babaca. – Bufa irritada. – Me molhou toda, estou ensopada.

—É para você aprender. – Diz ao sair do rio. – Para de ser chata, é só água. – Tira a blusa molhada, jogando a mesma na irmã.

Beatriz alheia da situação continuava a arrumar as coisas do piquenique – ajeitava tudo embaixo de uma árvore – a jovem se sentia extremamente feliz, sua vida estava tomando um rumo que nunca imaginara.

   Os irmãos ainda continuavam a discutir, Natália reclamava enquanto Richard ria descaradamente na cara da irmã.

—Vamos nadar? – Diz ao abraçar Beatriz por trás. – Ou prefere ficar aqui?

—Solta ela, seu tarado. – Natália puxa Richard, fazendo o mesmo cair no chão com tudo. – Estou de olho.

—Paranoica, igual a mãe. – Richard levanta indo até a irmã. – Nunca mais lhe trago. – Mostra a língua para a irmã.

—Chato. – Revira os olhos. – Vamos nadar, Beatriz? – Ela sorri meigo para a cunhada.

—Sim. – Retribui o sorriso.

   Constrangida por estar diante de Richard, Beatriz se encolhe um pouco, vendo o desconforto da cunhada, Natália empurra o irmão para longe da namorada. O mesmo resmunga e tenta voltar para onde estava, olhando atentamente para irmã entende o que ela estava fazendo – deixando Beatriz a sós para se livrar das roupas – ela para quando percebe que está longe o suficiente.

   Richard sabia que Beatriz tinha vergonha, ainda mais se tratando de contato com outras pessoas e a namorada sempre estava com roupa que lhe cobria quase todo o corpo, mas ele sabia que ela tinha um corpo bonito e queria ver melhor. A beleza da namorada era o que mais lhe chamava a atenção, uma beleza diferente das outras.

—Pronto. – Beatriz grita para que possam voltar.

   Sem esperar Richard corre de encontro a namorada – queria ver como ela estava vestida – e ao chegar ao local e encontrar a namorada parada no mesmo lugar, usando um short cintura alta e um bustiê – um conjunto que ganhara da cunhada antes do passeio – na visão de Richard ela estava ainda mais bela.

—Fecha a boca. – Natália dá uma tapa na cabeça do irmão ao passar por ele. – Ficou linda, sabia que ia caber direitinho.

—Acho que falta tecido aqui. – Disse enquanto tentava se cobrir com as mãos. – Mostra muito.

—Você está perfeita. – Segura nas mãos da namorada ao se aproximar da mesma. – Não precisa ter vergonha, nós só iremos nadar um pouco e nadar além disso.

—O Chard está certo. – Natália fuçava em sua bolsa. – Não se preocupe, nós não estamos pecando e nem cometendo nem cometendo nenhum erro. – Se vira para o casal com o celular em mãos. – Posso tirar uma foto de vocês? São tão fofos juntos.

—Claro. – Richard abraça Beatriz de lado e lhe beija na bochecha. – Iremos nos divertir e muito. – Vira a namorada para si e lhe rouba um beijo.

   Natália tira uma foto aproveitando a distração do casal. Estava feliz pelo irmão que havia mudado por causa de uma garota, mas para a caçula dos Campbell, Beatriz não era qualquer garota e sim a garota ideal para seu irmão.

   Por frequentarem a mesma igreja e se verem quase sempre, Natália conhecia Beatriz, sabe que a jovem tem uma bondade que nunca virá em sua vida, porém nunca falará com ela por medo, mas das pessoas – pois Natália não tem medo de enfrentar as pessoas – tinha medo de Beatriz não gostar de sua companhia.

   Quando Natália descobriu que o irmão tinha feito uma aposta envolvendo Beatriz, ela lhe aconselhou a contar a verdade e não brincar com os sentimentos da jovem, porém foi inútil e acabou sendo ameaçada pelo irmão se ousasse contar alguma coisa para Beatriz e quando tudo acabou viu que o irmão havia ferido a si mesmo também e lhe dera outro conselho – que resultou no namoro deles – mas Natália sentia algo estranho vindo de Beatriz, a jovem à sua frente não se parecia em nada com a jovem que conhecia e via na igreja.

   Os três sentaram-se debaixo da árvore para comer, afinal não haviam comido nada após saírem do colégio e estavam famintos – Natália havia preparado uma cesta bem farta para o passeio deles – e agora saboreavam cada comida que continha dentro da cesta.

—Beatriz, você tem algum pedido especial para o almoço? – Natália tira um bom pedaço do sanduíche e em seguida bebe um pouco de refrigerante.

—Não. – Beatriz encosta na árvore. – Será que seus pais vão gostar de mim? – Direciona seu olhar para Richard que está ao seu lado.

—Eles já gostam. – Abraça a namorada, a trazendo para mais perto de seu corpo. – Se sinta feliz por minha mãe não querer fazer uma festa para lhe apresentar a família.

—Dona Denise é louca. – Limpa a boca como guardanapo. – Mas ela irá fazer isso, até o final do ano você ganhara uma festa de apresentação. – Ri ao ver o olhar assustado da cunhada. – Se brincar ela coloca até no jornal.

—Não brinque com isso. – Richard ri junto com a irmã. – Não se preocupe, eles iram gostar de você. – Beija o topo da cabeça da namorada.

—E qualquer coisa, nós estaremos lá. – Natália se aproxima de Richard e se aconchega no do outro lado do peito dele. – É bom ter você por perto. – Segura na mão da cunhada. – Agora você tem pessoas que gostam de você.

   Richard abraça as duas com força, se sentia feliz por estar com Beatriz e por sua irmã gostar de sua namorada. Um vínculo está se formando entre eles três, agora Beatriz tem mais uma pessoa além do namorado e do irmão – ganhará uma cunhada e amiga – não estava mais sozinha.

   Beatriz havia descoberto uma doença incurável e ao mesmo tempo ganhado três tipos sentimentos – o amor fraterno, uma paixão e uma amizade – sua vida estava ganhando uma nova direção e um novo começo. Será que ela irá contar a eles que está morrendo ou ela está sendo vingativa? Afinal a melhor vingança seria essa, todos a amariam e depois sofreriam com sua morte.