Sem Recurso escrita por Deisy Ferreira


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho saído do forno agorinha kkkkkk ... Tomara que vocês gostem!!!



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Capítulo 02

 Como na frase do filósofo Sócrates: "Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida".

 O enigma da vida vem nos desafiando a cada segundo, nos tornando capazes de coisas inexplicáveis. Porque a vida é cheia de portas entreabertas capazes de serem fechadas a cada momento e não existem chaves para se ter a segurança de que um dia poderemos abrir de novo essas portas quando elas se fecharem. A vida é assim, é feita de desafios que podemos encarar, sim ou não, o problema é que quando há um sim, sempre vem o não e esse desafio faz de nós incapazes de conquistar.

 O dia vem conduzindo junto com a vida. A simples diferença entre o dia e a vida é que o dia são apenas vinte e quatro horas e cinquenta e nove segundos, já a vida dura mais do que pensamos. Por isso temos de vivê-la como se fosse o último amanhecer, desafiando cada segundo.

Sem Recurso, Cap. XV, pág. 70



 Deisy não parava de olhar para Bibi, a presença dela incomodava muito. Ela não só queria como precisava se concentrar, afinal estava cuidando de uma vida e um pequeno erro poderia custar muito. Fora da casa, numa mesa de madeira, o estranho rapaz lutava para se manter vivo e Deisy estava dando suporte para que isso acontecesse cuidando de seus ferimentos, enquanto que sua irmã, do outro lado do cômodo, apontava uma espingarda semiautomática para a cabeça dele.

 — Bibi dá pra parar?! — Deisy enfim se virou para ela, estupefata.

 — O que eu fiz agora?

 — Você está me atrapalhando! Estou tentando fazer uma cirurgia aqui. — Deisy apontou um bisturi ensanguentado para a irmã. — Agora dá pra você sair daqui?

 — Nossa Deisy. Eu aqui tentando te proteger e é assim que você me trata? — Bibi retrucou indignada.

 — Proteger de quem? — Deisy desviou seu olhar da sutura para Bibi.

 ― Dele. — ela apontou o cano da espingarda para rapaz. — Ele pode ser um bandido, um assassino, um psicopata e pode te atacar.

 — Aff! — Deisy bufou. — Quem é um bandido aqui? É ele que está deitado na mesa inconsciente ou é você que está apontando essa arma para ele?

 — Ótimo. — Bibi abaixou a arma a contragosto. — Eu sei quando não sou bem vinda.

 Bibi entrou em casa e logo em seguida Maçu apareceu com um balde, toalha, sabonete e uma sacola que aparentemente tinha algumas roupas.

 — Filha, como ele está? — pergunta Maçu, logo que vê Deisy dando o último ponto em um dos ferimentos.

 — Pai, foi por muito pouco que ele não morreu. Se Bibi não o tivesse encontrado naquela hora ele estaria morto. — Deisy tira as luvas e pega uma toalha e limpa o suor da sua testa. — Ele tinha um corte na região do abdômen. A sorte dele que o corte não foi profundo, se tivesse ferido algum órgão interno sua situação seria pior.

 — Que bom, mas ele também teve a sorte de ser cuidado pela suas mãos. — Maçu se aproximou da filha sorrindo e lhe estendendo o balde cheio de água e sabonete.

 — Não pai. Isso não. — Deisy já se virava para sair quando o pai suspirou.

 — Me ajuda a dar um banho nele. Sua mãe disse que ele só entra depois de um banho. — Maçu deixou as coisas no chão para segurar as mãos da filha. — Afinal você é minha filha querida.

 Deisy fechou os olhos, já arrependida de suas próximas palavras.

 — Tá, eu ajudo.



 Bibi estava sentada no sofá lendo uma revista e Deisy andava de um lado para outro. A espera já não podia ficar mais agoniante quando Maçu enfim apareceu com uma bela mulher de cabelos castanhos dourados a seu lado. Tinha olhos verdes claros, o que contibuía para sua expressão calma e fazia o seu sorriso ainda mais radiante. Era muito mais baixa que Bibi e estava acima do peso. Havia quem se enganasse, mas ela sempre deixava claro sua personalidade marcante, demonstrando ser uma mulher forte em muitas situaçôes em que outros fraquejariam. Ela era, sem dúvida, uma mãe excepcional.

 — Tomamos uma decisão a respeito do rapaz que Bibi encontrou. Sabemos como hoje está difícil de sobreviver, mas sozinho... — Maçu balançou a cabeça deixando clara sua opinião. — Como estamos fazendo uma jornada, eu e sua mãe achamos que... — Maçu respirou fundo, buscando um jeito melhor de falar sobre a decisão, no entanto Bibi já havia escutado o suficiente. Com os nervos à flor da pele, ela levantou-se bruscamente do sofá jogando a revista que estava lendo no chão e se pronunciando de forma exaltada.

 — Me explica uma coisa: como um desconhecido entra na família de uma hora pra outra? — embora tentasse se conter, Bibi parecia que teria um ataque. Sua respiração estava acelerada, os olhos arregalados e uma expressão de total descrença tomava conta de seu rosto. — Isso pode ser brincadeira!

 Ninguém se pronunciou, dando a ela uma clara resposta que a mesma se negou a aceitar. Virou-se então para a irmã.

 — Deisy, fala alguma coisa! Que droga, eu sou a única pessoa sensata aqui? Por que ninguém fala nada? — Bibi encarou a todos que estavam ali presentes, mas a única a tentar tranquilizá-la foi Deisy.

 — Calma Bibi. Concordo com você que é difícil aceitar um completo estranho entrando na nossa família assim do nada. — Deisy a olhou, compreensiva. — Porém se eles tomaram essa decisão é porque têm algum motivo. E a gente deve respeitar isso.

 — Isso está estranho. Eu estou enganada ou estamos trocando os papéis? Não é você que sempre descorda de tudo e eu sou a compreensiva? Que saber, vou tomar um ar.

 — Espera Bibi. — Rozania interviu com um tom de voz sério que se refletiu no verde de seus olhos. — Entendo a sua desconfiança, no entanto eu nunca tomaria uma decisão que prejudicaria a nossa família. Acredite, eu pensei muito antes de estar aqui. Você pode estar com muita raiva e sem entender isso tudo, mas você pode ter certeza: eu nunca comento erros desnecessários. — Rozania lançou um olhar intenso para a filha. — Dá para você compreender agora?

 Depois disso Bibi apenas fechou a boca e voltou a se sentar no sofá, dando um olhar assassino para Deisy que sorria descaradamente para ela.

 — Que bom que todos se acalmaram. — Maçu continuou. — Vou apresentar o novo integrante da nossa família. Entra Max.

 Meio desconfortável e alternando o olhar a todos que o encaravam, o jovem entrou e parou a alguns passos de Rozania e Maçu, como se não estivesse certo de qual era o seu lugar. Deisy achou o fato curioso. Quando estava cuidando dele não havia imaginado como seria quando se encontrassem em outra situação que não envolvesse sangue e suturas. Por isso, não conseguiu deixar de analisá-lo. Ao que aparentava, devia ter por volta de uns 20 anos, embora seus cabelos castanho-mel que no momento estavam bagunçados dava-lhe um ar adolescente, descontraído. Sua pele era clara e conseguia destacar muito bem a cor de seus olhos verdes, muito mais profundos que os de Rozania. Os ombros largos e os braços relativamente fortes ficavam escondidos sob a camisa larga que usava. Deisy imaginou se ele não teria ainda um peitoral robusto e barriga sarada. Olhou para sua irmã buscando saber se ela pensava o mesmo, mas Bibi apenas encarava o rapaz com os olhos entrecerrados, parecendo alheia ao fato de que o mais novo integrante da família era bem atraente.

 Incomodado com tantos olhares e o silêncio absoluto que se instalou com sua chegada, Max pigarreou e se dirigiu as duas garotas que o observavam.

 — Oi, meu nome é Maxwel e... muito obrigado por me aceitarem aqui. — ele disse, meio sem jeito.

 — Seja bem vindo, Maxwel. — Deisy disse, simpaticamente. — Meu nome é Deisyelle, mas você pode me chamar de Deisy.

 Max deixou o ar escapar. Até que não foi difícil. Porém, quando olhou para a outra garota mudou imediatamente de ideia. Deisy teve de dar uma cotovelada em Bibi, instigando-a a se apresentar, e recebeu um olhar raivoso em troca.

 — Oi, meu nome é Gleicyane e como você ouviu, porque sei que você estava escutando atrás da porta, meu apelido é Bibi e é assim que todos me chamam. — ela disse de uma vez, enquanto lhe lançava um olhar tão frio que Max acreditou que pudesse congelar seu sangue.

 Ele olhou as duas irmãs por um momento e fez uma breve comparação entre elas. Deisy até momento parecia ser uma pessoa bem legal e muito risonha, por outro lado Bibi parecia ser uma garota bruta, dura e séria, que não se preocupava em esconder que não gostava da presença dele ali.

 Bibi olhava para Maxwel e não conseguia parar de pensar que ele seria um completo estorvo que ela teria de suportar sem nenhum motivo considerável. A visão geral que ela tinha sobre ele era única e irrefutável: ele era um completo idiota e nada mais. Deisy em contrapartida tinha uma pulguinha atrás da orelha, afinal, por que Bibi teve essa reação diante da presença de Maxwel? Será que eles vão se matar ou vão se gostar?, era o que Deisy se perguntava.


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Notas finais do capítulo

Eu acho o Max d++++ e vcs , n deixem de comentar !!!



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