Sem Recurso escrita por Deisy Ferreira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A sinopse não esta perfeita, mas a história é boa. Da uma passadinha aqui e descubra um pouco desse universo que eu criei. Bjoocas!!!



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 Sem Recursos 
Capítulo 01
Como no trecho do texto de Chaplin "Tudo Depende de Mim!": Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje...
    A humanidade com sua ignorância não imaginava que tudo que é mais importante poderia acabar. Não se ligou quando as primeiras evidências surgiram, não fizeram nada para mudar. E agora já é tarde para se fazer alguma coisa.
Sem Recurso, Cap. XX, página 83
 
— Para Bibi, já não aguento mais ouvir a sua voz!
— Eu que não aguento você com essas historinhas que existe um futuro!
    Bibi olhou estupefata para sua irmã. Era incrível como até assim, com um simples olhar, era possível notar mais um dos incontáveis aspectos que as diferiam. De um lado, Deisy de cabelos pretos com cachos que chegavam aos ombros, olhos castanhos claros, 1,73 de altura e pele morena, usava uma blusa de mangas laranja e calça jeans escura. A contraposto, Bibi exibia longos cabelos castanhos e olhos verdes, tinha pele clara e uns 9 centímetros a menos que sua irmã. Naquele dia optara por uma blusa de manga verde clara e calça marrom. Porém, não fora esse detalhe trivial que iniciara a discussão entre elas.
— Mas existe, você que não tem fé. — Deisy devolveu o olhar a Bibi e continuou seu discurso. — Eu queria que pelo menos uma vez na sua vida você confiasse em mim e não me contrariasse com suas suposições. Eu sei que nós temos um destino, eu acredito nisso.
— Eu não tenho suposições, eu tenho fatos comprováveis de que você está errada. Olha para isso Deisy, olha para sua volta. — Bibi abriu os braços enfaticamente. — Isso tem futuro? Pelo menos uma vez na sua vida você tem certeza de que você está certa? Porque a única coisa que vejo é a sua ignorância e nada mais!
Deisy absorveu em silêncio as palavras da irmã até que a persuasiva voz na sua mente lhe dissesse que talvez Bibi estivesse certa, então Deisy a calou pondo um fim na discussão:
— Já chega Bibi, você é uma chata que se acha muito esperta, mas é uma idiota. É só isso que você é: uma chata!
— Olha quem fala. Quem está fazendo papel de idiota é você e não eu. Sou capaz de te provar, mas não vale a pena, você não ia entender mesmo.
— O quê? — Deisy ecoou, os olhos cheio de lágrimas. — Você não tem coração, sempre me trata assim...
— Já chega vocês duas! — disse Maçu, se aproximando com expressão séria. — Não posso deixar vocês sozinhas nem por um minuto? Deixe sua mãe saber disso. Ela disse que não queria ver vocês brigando.
— Nós não estávamos brigando, só discutindo. — Bibi revirou os olhos para o pai.
— Sei, Bibi. Agora vamos, temos que terminar o que viemos fazer aqui.
— É pra já, Papi! — Deisy exclamou com um sorriso largo e foi à frente, deixando os outros dois para trás.
Já a uma boa distância, ela parou e olhou a sua volta, pensando que talvez Bibi tivesse razão. Onde tinha futuro nisso? Deisy abaixou-se e pegando um pouco do solo, ficou ali, observando aquele punhado de terra seca na palma das suas mãos. Logo sentiu vontade de passar um pouco em seus braços; o simples atrito do solo com sua pele, fez com que se sentisse mais confiante para sua tarefa. Então, pegando um novo punhado de terra, sentiu seu cheiro e após uma última olhada ao redor, Deisy se levantou e correu para o leste.
— Ela já começou o ritual. — Bibi soltou uma gargalhada. — Ela parece uma louca.
— Não ria da sua irmã. — repreendeu Maçu. — Ela sabe o que está fazendo, ela é uma boa caçadora.
— Nisso você tem razão, pai, ela sabe o que está fazendo. Só que é muito engraçado.
— Nós temos que ir senão não vamos alcançá-la. ― ele disse, observando Deisy se afastar ainda mais.
— Vai na frente, depois eu vou. ― Bibi pediu. ―  Tenho que fazer umas pesquisas aqui.
— Toma cuidado filha.
— Está bem.
Maçu tentou alcançar Deisy, mas essa estava uns bons metros à sua frente e continuava se distanciando. Até que de repente ela parou, dando chance para que ele conseguisse alcançá-la.
— Que foi filha? — Maçu se aproximou, retomando o fôlego, e parou ao lado de Deisy.
— Pai, é difícil. ― ela confessou, o olhar perdido em meio à paisagem devastada. ― Eu olho para essa cidade e o que vejo são apenas ruínas. Não tem nenhum mato verde no chão, pois ele é tão duro quanto pedra. Não tem árvores e muito menos pássaros. A única coisa que há aqui, além das casas abandonadas, são as ossadas dos animais que viviam nos currais. — Deisy olhou por um momento para seu pai e ele imediatamente entendeu onde ela queria chegar. — Mas mudando de assunto, parece que aqui não tem.
Repentinamente ouviram gritos de Bibi, ao longe. Sem pensar duas vezes, Maçu saiu correndo em direção à filha e Deisy seguiu-o de perto. O patriarca da família Ferreira Cardoso já tinha 47 anos, mas corria como um garoto. Há um certo tempo, havia aparado os cabelos pretos num corte social que em contraste com sua pele negra e olhos também negros, o deixavam com um ar mais sofisticado tal como um homem de negócios. A comparação era válida, afinal sempre que preciso Maçu se tornava um. Naquele momento, no entanto, ele era apenas um pai preocupado indo ao socorro da filha. Depois de dar a volta numa construção antiga, uma loja talvez, encontraram Bibi assustada, sentada com as costas contra a parede esburacada.
― O que foi Bibi? ― Maçu indagou com uma expressão preocupada, olhando ao redor. 
― Tem um homem ferido logo ali. ― Bibi apontou um local há poucos metros de onde estavam.
— Deisy, fica com sua irmã que eu vou até lá. 
— Ok, pai, mas toma cuidado.
Maçu foi em direção ao local e encontrou um homem deitado de lado, com os olhos revirados, o corpo machucado e o chão úmido ao seu redor. A princípio, por conta do forte mau cheiro, Maçu achou que fosse urina a culpada pela umidade, mas logo que virou o corpo viu que algumas das feridas estavam abertas e o sangue escorria por elas, regando as fendas na terra e ensanguentando ainda mais as roupas sujas do rapaz.
— Deisy preciso da sua ajuda, vem aqui! — Maçu gritou, depois de conferir o pulso do homem.
— Já vou. ― ela gritou em resposta e se voltou para a irmã. ―  Bibi é melhor você ir para casa e avisar sobre o que aconteceu. Depois a gente vai.
— Ok, Deisy. Mas não demora se não vou colocar fogo no seu quarto. —  Bibi deu uma risada forçada.
— Não se preocupe. Vá, eu te prometo que não vou demorar.


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Notas finais do capítulo

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