Back to New Orleans escrita por America Jackson Potter


Capítulo 14
XIV




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Estava quase pronta. Faltava pouco para a festa e eu estava começando a ficar muito nervosa. E começava a me arrepender de ter escolhido um vestido roxo que prendia a minha respiração.

Para piorar, não havia aberto a porta para Pietro. Não iria conversar com ele antes da festa. Estava adiando algo que iria me prejudicar depois, ou não.

Respirei fundo terminando de me arrumar. Peguei a mascara que Eddie havia me dado e a segurei. Nunca pensei que, quando fosse matar a pessoa que tirou meu pai de mim, estaria de vestido.

Sai do quarto. Os três estavam me esperando sentados no sofá da sala sem falar uma coisa sequer. Suspirei alto, chamando a atenção deles. Pietro foi o primeiro a se virar, me encarando com um sorriso.

— Não fala nada! — disse antes que ele falasse algum elogio.

— Ok, não falo. — Pietro riu. — Está pronta?

— Só falta isso. — balancei a mascara. Pietro se levantou e veio amarrar a mascara em meu rosto. Seus dedos passaram por meu pescoço me fazendo arrepiar. — Obrigada. — agradeci quando ele terminou de amarrar.

— Podemos ir agora? — Josh perguntou se levantando. Sorri e caminhei até a porta.

— Sim, é melhor irmos antes que eu me arrependa de vestido esse vestido. — senti Pietro rindo. Eddie despediu-se rapidamente de Josh.

— Boa sorte. — o garoto falou. — Estarei esperando vocês.

— Vamos voltar. — Josh retribuiu o sorriso. — Eu prometo.

...

Fiquei encolhida nos braços de Pietro, claro que não era esse o objetivo, mas Josh teve de ir à frente para dar inicio a tudo. Tínhamos chegado a enorme construção, aquilo era familiar, antes de ir conversar com o vampiro que estava nos portões, Josh havia dito que era ali onde minha família tinha morado, o coração do French Quarter.

— Eles são lobos. — o vampiro aumentou o tom de voz para que pudéssemos ouvi-lo.

— Sim, eu sei. Mas como disse eles querem e vão nos ajudar. — Josh virou-se para nós revirando os olhos. — Andem. — puxei Pietro em direção à porta. Assim que passei pela pelas grades, o vampiro puxou meu braço olhando mundo em meus olhos. Senti a respiração de Pietro ficar pesada em minha nuca.

— É melhor se comportarem. — o homem me soltou e dei um passo para trás, tentei não demonstrar que aquilo havia doído.

— Só se você comportar. — Pietro falou entre dentes. Josh o puxou antes que Pietro atacasse o vampiro e fizesse com que o plano fosse água a baixo.

— Nada de brigas, encaradas ou algo assim. — alertou Josh. — Sem sussurros. Muito menos conversem com alguém. Fiquem no canto de vocês se divertindo, vou achar Alistair. — o vampiro disse tentando parecer confiante e sumiu entre as pessoas. Essas mesmas pessoas, olhavam para mim e para Pietro. Corri os olhos pelo salão. Uma onde de nostalgia me atingiu: tinha sido criada ali e havia sonhado com todo o lugar.

— Vai dar tudo certo. — falei comigo mesma. Pietro passou as mãos por meus braços e eu suspirei fundo.

— Acho melhor irmos dançar. — ele disse com um sorriso. Havia alguns fios do seu cabelo fora do lugar e aquilo atrapalhava para ver direito seus olhos. Me peguei olhando fixamente para ele por longos segundos.

— Não... eu estou com fome. — disse eu entrando na casa e me deparando com uma mesa cheia de carnes e massas.

— Para vampiros, até que tem muita comida. — Pietro sussurrou em meu ouvido e me puxou para pegar alguma coisa. Ri baixo com aquilo, não poderia chamar mais atenção.

Quando terminamos de comer, percebi que uma mulher me olhava. Aquele rosto era familiar. Tentei não encara-la, mas não dava, pois ela não parava de me encarar. Respirei fundo, tentei não ligar e acabei aceitando dançar com Pietro. Tive de bloquear a minha mente para não voltar a pensar no sonho. Nós dois rodávamos pelo salão cheio de vampiros, até que finalmente vi Josh. Agarrei o braço de Pietro e nos levei até nosso amigo.

— Temos problemas. — ele falou sério.

— Que seriam? — Pietro ergueu uma sobrancelha.

— Sua mãe. Ela foi pega.

E meu mundo desabou.

— C-Como...?

— Eu não sei bem, me expulsaram de lá antes que explicassem direito. — Josh colocou as mãos em meus ombros. — Fica calma. Você não pode entrar lá assim.

— Então você conseguiu? — Pietro perguntou. Estava em choque para falar qualquer coisa.

— Sim, mas não ponham nada em risco. — Josh disse nos conduzindo para dentro da casa, não pude ignorar uma loira me olhando, a mesma loira que havia dito meu sobrenome na igreja.

Subimos algumas escadas e acabamos chegando a um escritório. Tudo estava velho e mofado, não havia condições de ninguém viver ali. Mas já houve pessoas que morou ali, pensei, eu mesma já morei aqui, só que não lembro. Pietro percebeu meu olhar sobre tudo e apertou meu ombro. O encarei e pude ver seus olhos, havia um brilho na parte azul de seus olhos, e na parte marrom esverdeada, estava meio confusa, não sabia se seria bom ou não continuar com aquilo. Respirei fundo e esperei Josh dar o segundo passo.

Josh entrou na sala, Pietro o seguiu e eu fui atrás dos dois. Havia um homem grande, um mulato talvez, olhando para a janela. Senti uma estranha sensação quando o homem se virou, por um impulso me encolhi levemente atrás de Pietro e Josh.

— Marcel? — Josh pareceu surpreso. Eu estava segurando meus impulsos para não atacar ele ali mesmo. — Cadê Alistair?

— Quem são eles? — o maior ergueu uma sobrancelha.

— Os lobos que eu falei. — Josh olhou para trás dando de ombros. — Agora, por favor, me...

— Foi cuidar pessoalmente de Hayley. — Marcel o cortou e meu coração pesou. — Lembra-se dela, não lembra?

— Claro, sempre vivia falando como arruinou a vida da filha dela. — Josh revirou os olhos. Marcel rosnou baixo para o vampiro. — Ok, ok, bem, esses são Pietro, da matilha Berry, e Esperanza, uma ômega.

Marcel se aproximou de nós dois. A essa altura, já estava com a mascara na mão e prendendo a respiração, estava com muito medo de ser descoberta. E agora que minha mãe foi pega, não sabia e nem pensava o que poderia estar esperando por mim.

— Marcel. — uma voz veio da porta tirando Marcel de sua atenção que estava voltada para mim. — A garota não estava com mãe. E as duas bru... Estou atrapalhando?

— Não Kailo. — Marcel fechou a cara e olhou para nós dois. — Se querem mesmo nos ajudar, então que venham. — o mais velho atravessou a sala com grande rapidez. Josh suspirou alto e o seguiu. Pietro olhou para mim e eu apenas desviei o olhar e segui nosso amigo.

Passamos por todos os convidados que davam caminho para Marcel passar. Realmente ele tinha respeito. Ou era muito temido. Segurei a barra do meu vestido para acompanhá-lo. Pietro ia logo atrás de mim tentando acompanhar o ritmo dos três vampiros em nossa frente. Não demoramos muito e havíamos chegado em um galpão, havia um vampiro na porta. Ele demorou um tempo para abrir, não estava entendo porque tinha dois lobisomens ali.

Assim que entramos, Pietro segurou meu braço. Ele havia visto a cena primeiro que eu, e queria me tirar dali. O ignorei e virei o rosto. Encontrei minha mãe amarrada em uma cadeira, cheia de feridas e algo ligado a ela. Wolfbane. Recuei alguns passos esbarrando em Pietro.

Minha mãe levantou a cabeça e pude encontrar seu olhar por alguns segundos. Antes que ela dissesse algo, eu apenas neguei com a cabeça e virei o rosto encarando Marcel, esperando que ele dissesse alguma coisa. Marcel analisou minha mãe e se voltou para um vampiro que estava mais próximo dela.

— E as bruxas?

— Não querem dizer nada. — o vampiro falou. — Alistair foi tentar arrancar alg...

— Não é por hipnose ou força que se arranca alguma informação de uma bruxa. — Marcel se aproximou de minha mãe, a analisou e voltou o olhar para mim e Pietro. — Se querem mesmo estar comigo, achem a garota, achem Hope Mikaelson. Não deve estar tão longe da mãe, ou muito menos fora da cidade. A garota vai vir pelos pais. E vocês dois vão esperar. Josh pode ajuda-los. — ele voltou o olhar para minha mãe. — Não vai colaborar, Hayley?

— Você arruinou a vida da minha família. — Hayley cuspiu as palavras.

— Falando nisso, onde eles estão? Os originais? — Marcel ergueu uma sobrancelha com um sorriso no rosto. — Estão mortos ou escondidos?

— Não te interessa. Se você realmente ligasse para algum deles não teria feito nada disso. — Hayley gritou.

— Não diga isso, Hayley, não sabe da minha história com os Mikaelson. — Marcel revirou os olhos. — Por que vocês dois ainda estão aqui? Não mandei irem atrás da criança?

— Hope não é mais uma criança. Dezoito anos, Marcel. Passaram-se dezoito anos! — minha mãe continuou gritando. — VOCÊ ARRUINOU A VIDA DELA! Klaus te amou como seu próprio filho! Poderia ter te deixado para trás, mas não fez isso, ele te acolheu!

— Me acolheu tanto que me jogou fora depois. Eu cansei de servir como um servo, agora eles que são meus servos. Sabe por quê? Porque eu sou invencível! — Marcel gritou. Josh puxou meu ombro e de Pietro para fora. A ultima coisa que deu para ouvir foi minha mãe dizendo que era para ele esperar, esperar para conhecer Hope Mikaelson.

Quando nos afastamos do galpão, sentei na rua e cobri meu rosto. Deixei que as lágrimas rolassem, estava pouco me importante se Pietro ou Josh iriam me ver chorar, se a minha maquiagem iria borrar. Pouco importava isso. A única coisa que eu estava disposta a continuar era com o plano. Pelo canto do olho, vi os dois se sentarem perto de mim. Josh encostou uma mão em meu ombro, fazendo com que eu o olhasse.

— Não está tudo bem. — ele disse. — Desculpe, eu não sabia que... não sabia que sua mãe estava na cidade. Desculpe pelo o que viu lá dentro...

Não respondi, apenas suspirei fundo e deixei que mais algumas lágrimas escorressem. Não me sentia forte, poderosa ou algo parecido. Não me sentia uma Mikaelson. Eu estava fraca, vulnerável e me sentia uma completa idiota.

— Sabemos onde as garotas e sua mãe está... — Pietro disse sorrindo sentando-se ao meu lado. — Isso não é bom?

— Elas não estão seguras. — respondi limpando algumas lágrimas. A mão de Pietro foi ao meu rosto e segurou a minha. Ele me encarou com um olhar triste. Fechei os olhos para não poder encara-los, mas apenas senti mais algumas lágrimas descendo.

— Não chore. — ele pediu passando o outro braço pelas minhas costas, agarrando-as. Apoiei-me em seu peito. — Cadê a garota forte que eu conheci? A garota que nunca se abalava com nada?

 — Essa garota tinha a mãe para poder ajudar. — respondi. Minha voz saiu abafada com o choro e por sua blusa branca, que já deveria estar preta devido a maquiagem borrada.

— Mas você tem a Josh, Eddie... — ele fez uma pausa. O senti suspirar na minha nuca. — Você tem a mim, H.

— Não diga isso. — falei o encarando. Ele pareceu confuso. — E não faça isso também. Não aja como se estivesse apaixonado ou querendo outra coisa comigo, somos amigos, acho que menos que isso... talvez colegas colaborando para o bem comum. — respondi. Minha voz estava carregada de raiva, não sei de onde aquilo havia surgido, mas eu estava com raiva dele.

— O que está dizendo? — ele perguntou. Antes que eu o respondesse, minha mente ficou branca, depois vi uma figura. Era uma garota, talvez um pouco mais velha que eu, vestida de branco.  Levantei da calçada e comecei a encara-la. Ela fez um gesto para que a seguisse e foi o que eu fiz. Iria fazer qualquer coisa para não dizer nada sobre aquele assunto com Pietro.

A mulher entrou no cemitério Lafayette e logo a segui. Estava esperando as vozes, mas elas não vieram, fiquei agradecida. Andei mais alguns metros e a garota parou, olhou para mim e depois para uma parede onde havia vários nomes de bruxas. Apenas um me chamou a atenção. Davina Claire. A fantasma sorriu ao ver que eu tinha visto o tumulo da bruxa e prosseguiu o caminho até parar em uma tumba sem nome. Ela entrou. Hesitei em segui-la, mas quando vi Pietro entrando no cemitério, eu entrei na tumba. Por um segundo, vi apenas poeira e teias de aranha, logo depois, tudo aquilo estava arrumado e havia velas acesas. A garota estava em um canto e se aproximou. Antes que ela dissesse alguma coisa, abri a boca:

— Davina Claire, não é? — ela concordou e esperou em falar qualquer coisa. — Precisava tanto de sua ajuda...

— Sou um fantasma agora, e ainda não tenho mais poderes de bruxa. — ela disse. Sua voz era suave e doce.

— Como estou conversando com você agora? — ergui uma sobrancelha.

— Por causa de nós. — vi minha avó e minha tia saírem de um canto. — Nós podemos te ajudar.

— Não podemos interferir no seu mundo. — disse Dahlia. — Mas podemos te ajudar a interferir.


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Notas finais do capítulo

Comentem, fantasmas! Eu juro que sou legal e não mordo!



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