Talvez seja um sonho escrita por Lorde Saphe


Capítulo 2
Love is a losing game


Notas iniciais do capítulo

Hey, eu estava com essa música na cabeça quando estava escrevendo o capitulo. Também é a música que os personagens escutam, então se quiserem ouvir eis o link https://www.youtube.com/watch?v=4L9-AvjsB6g



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— Três dessa e você vai esquecer até o seu nome.

Eu sempre me achei uma pessoa azarada. "As chances não estão ao meu favor", eu costumava dizer. Mas agora eu tenho certeza. Talvez em uma outra vida eu tenha irritado todas as divindades possíveis. Quando o sábado chegou, Grover ligou me chamando para ir jogar basquete na quadra do rio. Nós fazíamos aquilo direto, eu sempre perdia todos os jogos, é claro, mas era sempre divertido. Quando eu venci a segunda partida no mesmo dia, eu soube que algo estava errado. Ele sentou comigo num banco e eu perguntei o que tinha acontecido. Bem, eu devia não ter perguntado nada. Simplesmente deveria ter levantado e chegado em casa vitorioso. Grover me contou, que ele tinha ido bem cedo na casa do tal Luke para entregar o barril de cerveja, aparentemente ele não queria ter que levar quando estivesse indo para a festa. O cara abriu a porta e convidou ele para entrar. Grover levou o barril até a cozinha, e já estava saindo quando ele viu Rachel saindo do banheiro vestindo apenas uma camisa. Eu não sei bem como eu reagi, mas acho que dei de ombros e disse que voltaria para casa.

Bem, eu sei que a Rachel é uma garota que sabe tomar suas próprias decisões. Também sei que ela é solteira e tem o direito de fazer o que bem entender, com quem ela bem entender. E que ninguém tem o direito de opinar sobre isso. Mas aquilo fez eu me sentir mal. É triste perceber que a pessoa que você gosta não dá a mínima pra você. Eu não culpava a Rachel, e estava tentando não culpar o tal do Luke também. Juro que eu estava. Percebi também que eu não iria mais naquele encontro.

Então, no meio do caminho para casa eu parei. Eu poderia ir encontrar minha mãe, poderia contar a ela. Ela me consolaria e talvez eu até chorasse. Eu poderia conversar com o Grover sobre isso também. Ele me entenderia, mas acho que esse não era o nosso tipo de amizade. A gente tinha esse entendimento mútuo, não precisávamos colocar em palavras. Então eu fiz a coisa mais comum para um adolescente que está sofrendo. Eu fui para um bar.

Era um bar pequeno e pouco movimentado. Na frente tinha uma placa escrito Jack's, que piscava em vermelho e verde. O interior era todo de madeira e tinha um pequeno palco, onde duas pessoas organizavam os instrumentos. Eu não costumo beber. Já provei antes, mas o gosto nunca me agradou. Sempre acreditei que a bebida servia para ser usada apenas como desculpa. Sentei em um banco e um rapaz que estava limpando um copo se aproximou. Ele era careca e tinha uma barba castanha. O ombro esquerdo era maior que o direito. E seus olhos eram muitos claros.

— Preciso de uma bebida que me faça esquecer.

— Três dessas e você vai esquecer até o seu nome. — Ele colocou um copo pequeno na minha frente e encheu de um liquido transparente.

— Beba de uma vez só. — Ele se apoiou no bar, como se estivesse me incentivando a beber.

Então eu virei o copo. A bebida quase saiu pelo meu nariz. Minha garganta queimou depois que a bebida passou. Uma garota sentou no banco próximo a parede e o bartender saiu rindo pra atendê-la. A bebida não fez eu me sentir melhor. Pensei em minha mãe sozinha em nossa casa. Será que ela estaria preocupado por eu não ter aparecido para nosso filme? Ou ela estaria feliz com um pouco de paz e sossego? Pensei em meu melhor amigo, será que ele tinha ido para a festa? Provavelmente sim, nada tinha acontecido que o impedisse de ir. Aquilo fez eu me sentir pior. Eu não era bom em lidar com a solidão. 

— Acho que você me trouxe a bebida errada, essa aqui ta me fazendo lembrar. Eu quero ESQUECER! — Eu praticamente tinha gritado isso para o bartender que ainda estava servindo a garota que entrou. Ele caminhou até onde eu estava e encheu novamente meu copo. A bebida desceu ainda mais quente que a primeira vez, mas não tentou sair pelo meu nariz, dessa vez. Pensei em meu pai navegando em navio de metal por águas profundas. No reino do deus mais temperamental que existe, sempre lutando contra as mudanças drásticas do oceano. Perdido em alto mar numa paisagem que nunca muda.

Uma música começou a tocar. Uma garota estava no centro do pequeno palco, de olhos fechados e com um violão na mão. O álcool provavelmente começou a fazer efeito nesse momento, pois minha mente começou a focar em pequenos detalhes. A bebida da garota próxima a parede parecia sangue. Seu rosto tinha duas luas cheias. Eu pisquei e percebi que eram seus olhos.

— Desculpe? — Ela mexia o canudo de forma circular na bebida. Ela me encarou com a testa franzida. Percebi então que eu deveria ter pensado em voz alta. Isso ou talvez ela soubesse ler mentes.

— Você tem duas luas cheias no rosto. — Falei enquanto apontava para os meus olhos. Ela sorriu, e eu vi as duas luas cheias mudarem para luas crescentes.

Eu me sentia muito pior. A voz da garota no palco parecia entrar no meu corpo. Ela cantava e eu podia sentir sua dor. A música falava sobre um amor que deu errado. O bartender veio e encheu novamente o copo. Ele me olhava de um jeito estranho, parecia intrigado. Ele usava um cordão com o pingente de uma bússola, o que era mais estranho ainda. Minha cara deveria estar engraçada, mas não pensei muito nisso. Três copos, ele dissera. Então eu virei o copo novamente.

— HÁ! Acho que enfim eu descobri algo em que eu sou bom...Minha mente é imune ao álcool. PERSEUS JACKSON! — O esforço de levantar o braço com o copo fez minha cabeça girar. Eu nunca utilizava meu nome verdadeiro, nem mesmo Grover sabia. E aqui estava eu gritando ele em um bar. A garota com as mini luas se virou para mim.

— Perseus, como o herói grego? — Ela parecia realmente interessada. Usava brincos em forma de coruja. Seu cabelo estava amarrado em um coque.

— Herói, sim... Aquele era um... era um Perseus que nunca perdia. Salvava o mundo...e... — As palavras pareciam se esconder na minha mente. — Salvava o mundo e... conquistava, isso. Conquistava a garota.

Ela sorriu e toda minha mente focou em quão linda ela ficava quando estava sorrindo. Seus olhos brilhavam, sua testa suavizava aquela expressão de constante preocupação. Seus dentes eram perfeitos. Os lábios estavam vermelho por conta da bebida.

— Luas crescentes com um céu estrelado. Você fica linda sem aquela... ex... ex...droga. — Fechei os olhos. O mundo parecia vibrar mesmo com eles fechados. — Expressão de tristeza, isso. É isso.

— É como a garota estava cantando ali, o amor é um jogo perdido. Terminei um relacionamento de cinco anos, hoje. Ele me traiu. — Ela girava o canudo novamente em forma circular na bebida. Enquanto eu observava ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Uau...é...uau. — Eu chamei o garçom e ele encheu novamente o meu copo. Aquele era um daqueles momento em que era preciso usar muitas palavras difíceis. Mas minha mente não tinha condições. Eu levantei meu copo.

— Para a maior das causas perdidas: o amor. — Ela repetiu o gesto e tomou um gole da sua bebida. Eu virei novamente o copo. Meu estomago revirou.

— Sabe de uma coisa...é... Qual seu nome mesmo? — A garota sorriu.

— Annabeth.

— Eu sou...Percy. Percy Ja... Jack. E sabe de uma coisa, Annabeth? Bem, isso. Você vai ficar. Uma pessoa que é estupida o bastante pra...trair. Bem. Ela não merece. Eu também vou ficar bem. Só não sei como ainda. Vou voltar para a estúpida Goode. Cancelar...cancelar com Rachel. E ficar...bem.

— Goode? — Annabeth sorria, mas meu cérebro não parecia acompanhar mais. — Sabe de uma coisa, Perseus? Vou pagar sua conta. Obrigado por me animar hoje. Enquanto ela mexia na bolsa eu devo ter dormido.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo tem menos palavras, mas eu queria dar uma exclusividade aos dois. Provavelmente os outros terão mais.



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