Talvez seja um sonho escrita por Lorde Saphe


Capítulo 1
It's a dream


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma fic Percabeth. Acho que Afrodite aprovaria, já que estou fazendo de tudo para ser interessante. Eu sou bastante preguiçoso e pessimista. Se gostarem do capitulo, me digam. Se não gostarem, me digam o porquê. Se quiserem me perturbar, o que eu adoro, mandem uma mensagem no meu twitter @psahel



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No sonho, eu estava no topo de uma colina. Mas eu parecia...diferente. Estava mais novo, uns onze ou doze anos. E eu estava apavorado, embora não soubesse o porquê. Então, em algum lugar a minha direita ele surgiu. Um homem-touro de uns quatro metros de altura. Sua cara era tão feia que eu provavelmente teria pesadelos com ela minha vida inteira. Quando ele rugiu, eu entendi o porquê do pavor. Fiquei observando sem conseguir me mexer, sem conseguir falar. Eu queria gritar para o menino correr, mas minha garganta parecia feita de pedra. De alguma forma o menino se esquivou do primeiro ataque do monstro, ele parecia saber o que estava fazendo. Ele parecia ser mais corajoso do que eu poderia ser. Em uma jogada inteligente, ele saltou para cima do monstro e arrancou um de seus chifres. O monstro ficou ainda mais ameaçador, mas quando ele investiu novamente contra o garoto, se desfez em poeira quando o seu próprio chifre foi enfiado na lateral do seu corpo.

Eu levantei tão rápido que meu mundo girou. Fechei os olhos e esperei alguns segundos até minha cabeça parar de doer. Quando eu os abri novamente, pude ver que ainda estava no meu quarto. As paredes azuis ainda eram as mesmas, os desenhos que eu fiz ainda estava em cima da minha “mesa de estudos”. O Minotauro estava no topo da pilha de desenhos, como se eu tivesse acabado de desenhá-lo. O relógio marcava sete e trinta, o que significava que eu perderia a primeira aula se não fosse logo me arrumar, não que eu me importasse muito.

Eu estudava numa dessas escolas de bairro, era relativamente pequena e os professores não ligavam muito para o que os alunos aprendiam em suas aulas, eles só não queriam problemas. Então, contanto que você ficasse calado na sua, eles não pegavam no seu pé. Eu não gostava da escola, sentia que lá não era meu lugar, passava a maioria das aulas desenhando. A verdade é que eu não sabia o que eu queria fazer da vida, tinha a impressão de que quando eu encontrasse, o que quer que fosse, isso soaria um alarme dentro de mim “É ISSO, É ISSO”, ou algo do tipo.

Acho que era esse o motivo do sonho. Eu estava sempre procurando algo em que eu fosse bom e ser algum tipo de herói que não precisa ir pra escola e saí por ai matando monstros da mitologia grega parecia bem bacana.

Havia um bilhete da minha mãe pedindo desculpas em cima de um prato de waffle azul, o que eu achei brilhante. Pelo que parecia ela tivera que sair mais cedo para abrir a loja em que trabalhava. Minha mãe, Sally Jackson, é a melhor mulher do mundo. Ela trabalha numa dessas lojas de doces no centro da cidade. Não era o tipo de trabalho que paga muito bem, mas a gente sempre inova e se diverte do jeito que dá. Meu pai é um pescador, o que significa que ele passa boa parte do ano fora de casa, em alto mar. Sempre que ele chega minha mãe parece rejuvenescer dez anos. Ela sorri mais, seus olhos brilham, é contagiante. Eu sempre pedia para que meu pai me levasse junto em uma de suas viagens, mas ele dizia que eu tinha que tomar conta da minha mãe. Eu odiava o fato dele estar sempre fora, mas realmente não sei se conseguiria deixar minha mãe.

É claro que eu cheguei atrasado na escola. Talvez o meu professor de história tivesse me deixado entrar, mas o diretor estava em pé no meio da sala dando alguns avisos. Quando eu lido com o talvez, a resposta sempre pende pro lado que eu vou me dar mal.

— Ah, Peter Johnson, atrasado outra vez? — O diretor é um cara baixinho, acima do peso e que sempre usa a mesma camisa de estampa de leopardo, como se tivesse um armário cheio delas. Ele, como todas as outras pessoas da escola, parece não querer estar ali. Fora a camisa de leopardo, ele sempre está de bermuda e chinelas. Ninguém levaria ele a sério, mas seus olhos brilham de um jeito louco. Todo mundo o chama de “Sr.D” já que ninguém parece saber seu nome verdadeiro.

— Percy Jackson, senhor. Desculpa o atraso e tudo mais, mas eu tive um pequeno problema no caminho. Uma senhora tentou se jogar na frente do ônibus que eu vinha e causou a maior confusão. Mas, já que a aula ainda não começou, não tem problema eu entrar, certo?

— Ah, tem sim Sr. Jackson, eu estava falando agora mesmo pra turma que não iria mais tolerar atrasos.

— O senhor não estava falando sobre os incidentes com papel higiênico no banheiro? — Essa era uma das razões do porquê Grover era meu melhor amigo. Ele morria de medo do diretor, mas sempre me cobria. Eu tentei não sorrir.

— Ah…muito bem Perry, vá sentar. Sr. Clóvis, próxima vez levante a mão antes de falar. Eu não gosto de ser interrompido. — Ele continuou parado alguns segundos como se imaginasse todos nós explodindo, então saiu sem falar nada.

Nosso professor de inglês, Quíron, batia o pé ansioso enquanto o Sr. D falava, ele ficou bastante aliviado quando o viu deixando a sala. Quíron era um desses professores de inglês raros, ele realmente tentava nos ensinar algo. Ele não ligava para as provas, sempre perguntava como a gente podia aplicar os ensinamentos dele na vida real. Ele deveria ter em torno dos seus quarenta anos, mas seu cabelo e barba já esbanjavam fios brancos. Ele era alto e moreno, como se passasse todas as suas tardes tomando sol. Deveria ter algum problema nas penas, pois quando ele andava parecia estar trotando.

— Cara… — Sussurrou Grover. — O lance da senhora que se jogou na frente do teu ônibus é verdade?

— Grover...eu sempre venho a pé.

O restante da aula correu tudo bem. Grover e eu rimos do Sr.D até Quíron nos chamar atenção. Peguei meus livros e fingia ler alguma coisa enquanto desenhava. Podia ouvir Quíron falando alguma coisa sobre a mitologia grega, mas meus pensamentos estavam no meu sonho. Quando o sino tocou, anunciando o fim das aulas, o desenho estava quase terminado.

Era uma paisagem bonita, com várias árvores e um riacho. A água batia nos meus joelhos de doze anos, vestido numa armadura grega completa. Outros cinco guerreiros me cercavam, um deles tinha uma lança elétrica.

— Percy, se liga. — Grover me cutucou, enquanto passávamos pelo corredor em direção a saída. Quando eu olhei o que ele estava querendo me mostrar, meu coração parou. Rachel Elizabeth Dare. Meu pesadelo ruivo.

A primeira coisa que você precisa saber sobre a Rachel é que ela é rica. E a segunda coisa é que ela parece não dar a mínima para isso. Ela veste roupas que ela mesma pinta, vem andando para a escola quando poderia vir de helicóptero. Resolveu estudar em uma escola de bairro quando poderia estar em um internato para moças ricas. Ah, e se existir uma manifestação em algum lugar da cidade, ela estará lá. Seja pra salvar um animal de estimação ou ajudar as crianças de algum orfanato. Ela e eu costumávamos ser amigos, nós estudamos juntos desde crianças, ela gostava de arte e eu desenhava, parecia suficiente. Mas em algum ponto(talvez quando todos os garotos passaram a se interessar por ela) ela mudou e simplesmente partiu. Um dia sentava na mesa junto comigo, no outro não. Algumas semanas atrás eu a convidei para sair comigo, e ela surpreendentemente aceitou.

— Hey, Grover. Vai ter essa festa na casa do Luke, sábado. Espero ver você lá. — Ela entregou pra ele um panfleto, e saiu. Nem parecia que eu tava do lado dele. No fim do corredor, ela se virou.

— Ah! traga um barril de cerveja. — E simples assim ela partiu.

— Quem diabos é Luke? — Tentei não demonstrar raiva, mas acho que não consegui.

— Não sei, mas...acho que não vou. — Ele tava com esse olhar estranho, como se estivesse com pena de mim.

— Não cara, tudo bem. Eu tenho planos com minha mãe no sábado. — Isso não era bem verdade, mas minha mãe sempre ficava feliz em assistir um filme sábado a noite. E como eu não era um cara popular, isso acontecia todos os sábados.

Talvez eu tenha ficado com um pouco de ciúmes do Grover. Talvez eu tenha ficado...chateado por ser ignorado pela Rachel. Talvez. Eu sempre esquecia que Grover não era um perdedor, como eu. Ele não era popular também, mas as pessoas gostavam dele. Ele jogava pelo time de basquete da escola, e sabia ser extrovertido nas festas.

Passei o resto do dia jogando basquete numa quadra próximo ao trabalho da minha mãe, esperando ela sair. Era uma quadra bastante boa, ficava num canto pouco movimentado, próximo ao rio. Tinha longos bancos ao redor, onde era possível relaxar, ler um livro, olhar as estrelas e etc. Era muito frequentada por casais buscando um lugar romântico ao por do sol.
Quando minha mãe apareceu já era noite. As primeiras estrelas já estavam no seu lugar no céu. Nós caminhamos, escolhemos alguns filmes, comemos em uma barraquinha de cachorro quente. E estávamos voltando para casa.

— Então, Percy, qual o problema? — Acho que um dos requisitos para ser mãe é essa habilidade extraordinária de sempre saber quando algo está errado com seu filho. Acho que chamam de sexto sentido.

— Eu não sei. E isso me preocupa. Simplesmente não sei o que fazer, tudo parece...vazio? Sem sentido. Não sei. — Ao ouvir meu tom de voz, percebi que aquilo estava me afetando mais do que eu imaginava. Minha mãe pareceu perceber também. Ela suspirou e parou nossa caminhada. Estávamos quase em casa. Ela olhou para o céu, como se pedisse uma ajuda divina.

— Percy, eu sei que isso te assusta. Não saber o que fazer. Não saber como vai ser o futuro. Mas você precisa desacelerar, querido. Essa pressa que você sente, essa necessidade de resolver tudo em um dia, definir todo o seu futuro e depois trabalhar pra alcançar...não sei se isso funciona. Você tem dezoito anos, querido. Você precisa descobrir quem você é. A duvida sempre vai existir, mas quando você sabe quem você é, ela não vai mais te derrubar. Por muito tempo eu... eu me senti como você. Eu tinha saído da casa dos meus pais, mas não sabia o que fazer. Eu estava perdida. Seu pai me deu força para continuar e eu pensei que talvez eu tivesse descoberto o motivo para se viver. Mas foi só quando eu tive você que eu entendi. Realizar nossos sonhos, Percy. É por isso que vivemos. Você é o filho que eu sempre quis. E é quando estamos nos descobrindo que criamos nossos sonhos. Você tem o coração no lugar, Percy, sei que vai descobrir o que é melhor para você. — Eu sorri pra ela e a abracei. Ela disse que tudo ia dar certo e eu repeti isso. O que eu não disse pra ela foi que aquele abraço me consolou mais do que aquela história. Sei que minha mãe me ama, mas também sei que o sonho dela é se tornar uma escritora, e talvez eu estivesse atrapalhando ela a realizá-lo. Quando eu fui dormir, rezei para não acordar. Talvez os sonhos me salvassem da realidade.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas pelos erros de escrita, faz bastante tempo que não escrevo nada a não ser meu nome. Deixe seu review, isso me faria feliz.



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