A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 60
Capítulo Sessenta - Mais Uma Vez


Notas iniciais do capítulo

Como eu atrasei o capítulo que havia prometido, decidi dar um a mais pra vocês.
Então divirtam-se... Talvez. Heheheh



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             Belinda estava mais pálida que o comum, a mão agarrada a medalhe com o texugo estava levemente trêmula e com as juntas esbranquiçadas de tão forte que se agarrava o medalhão de prata. Ele pensou no que fazer em uma fração de um segundo, até que fechou a porta atrás de si e se agachou a sua frente, colocando a mão sobre a dela, que estava fria, e a forçando a abrir os dedos, o mais delicado que pôde e a colocou sobre a perna da menina, que ainda o encarava sem dizer uma única palavra ou mesmo tentar se desvencilhar. Antes de soltar sua mão, ele a pressionou levemente e em seguida a largou, Belinda respirou fundo e os ombros tremeram, seja o que ela estivesse pensando, a estava fazendo desabar as poucos, rachando as grossas camadas do muro tão bem construído. Tudo estava desmoronando de uma única vez.

              Belinda tentou segurar as emoções, mas sonhar com Cedrico ainda era uma ferida aberta e que lhe causava muita dor, pois sabia que jamais veria o amigo outra vez. O pensamento de nunca mais poder ver o sorriso caloroso do rapaz, somado ao fato de em breve estar nas mãos de Bellatrix e toda a desgraça de sua vida, sem contar com a probabilidade de ficar frente a frente com o assassino de Diggory a fez perder o controle e as lágrimas transbordaram, seguidas por um soluço tão violento que balançou seu corpo. No instante seguinte o loiro estava ao seu lado no banco e ela em seu peito, chorando tudo o que estava preso dentro de si.

               Ele sabia que ela desabaria em algum momento, temia essa hora, mas por mais doloroso que fosse ficava aliviado em saber que ela não estava sozinha e que esse sentimento a tomara antes que ela estivesse com alguém que tornaria ainda mais doloroso.

                 Lestrange não sabia dizer ao certo por quanto tempo seu descontrole emocional durou, mas no final estava exaurida, tão cansada que somente se desvencilhou do rapaz e se apoiou no encosto do banco, respirando fundo e tentando tomar o controle das próprias emoções novamente, mas o domínio sobre si mesma parecia longe de seu alcance.

—O-obrigada. –A palavra saiu tremida.

—Não precisa de agradecimento, você sabe bem disso. –Ele foi gentil.

               Belinda assentiu e depois suspirou longamente, erguendo as mãos trêmulas para secar as lágrimas do rosto.

—Então você só aceita meus agradecimentos quando eles estão em forma de comida?

                Ele compreendeu a piada e riu baixinho.

—Assim é mais divertido, não é mesmo?

                Belinda rolou os olhos.

—Eu deveria não ter dado merda nenhuma ou envenenado aquela tortinha.

                Draco sorriu de canto.

—Eu não esperava que você fosse me dar uma. –Ele admitiu, enquanto a menina continuava a secar o rosto com as mãos.

—Foi um agradecimento, nada mais. –Ela esclareceu e ele sorriu novamente.

—Eu sei.

             Draco realmente sabia disso, soube no instante que a viu estendendo a tortinha que ela não lhe perdoara por aquilo, o perdão viria em pequenas quantias até se formar um todo. Contudo, desde que ela se afastara dele, era a primeira vez que ficavam perto e conversavam, mesmo que não sendo os amigos de antes, era quase como se fossem dois conhecidos de longa data que mal se viam e falavam e que se reencontraram pelo acaso em um momento de dificuldade, mas que não tinham intimidade o suficiente para invadir realmente o momento do outro.

—Obrigada por agora também. –Ela falou, quebrando o silêncio familiar, mas que naquele momento estava quase pesado.

—Por nada.

              Belinda finalmente secou os rastros de lágrimas e encarou o loiro atentamente.

—Como você me achou? –Ela questionou.

              Draco deu de ombros.

—Você não é a única que foge pra esses lados. –Ele argumentou e ela bufou levemente. –Eu também precisava ficar longe do barulho, afinal a gente tá indo para o lugar que mais se parece o inferno, né?

              Belinda se calou, não tinha certeza se Draco via as coisas como ela. Mas ela compreendia, mesmo Malfoy temia a volta de Voldemort e a futura reunião que poderia vir a acontecer.

Ele vai estar lá?

              Draco soube imediatamente de quem ela falava, pela expressão de pavor, ódio e a voz de nojo.

—Espero que não.

             Belinda assentiu e permitiu subir a mão até o cordão de Cedrico, segurou a medalha por um longo tempo antes de arranca-la com toda a força do pescoço, sentindo a pele arranhar, mas ela não se importou, foi uma dor bem-vinda e que ajudou a clarear sua cabeça.

—Belinda! –Draco se mexeu para para-la, contudo viu os olhos decididos dela.

—Eu ainda não o perdoei e você sabe disso. –Ela o encarou firmemente, parecendo reajustar sua mente e postura naquele momento. –Mas ainda é a única pessoa para quem posso pedir que guarde isso. –Ela estendeu o colar de Cedrico entre eles e soltou, segurando somente pelas pontas da corrente e fazendo a medalha pender e balançar.

—Bell.

—Guarde e não me deixe saber onde ficará, mesmo se eu o pedir de volta. –Draco encarou o cordão suspenso entre eles. –Eu treinei muito duro, sangrei e fiquei de pé inúmeras vezes, perdi noites incontáveis de sono, minha paz é quase inexistente nesse momento e mesmo parte da minha sanidade se foi, nós bem sabemos disso, assim como sabemos que eu já pensei em desistir várias vezes...

—Belinda...

—Eu só preciso ter a absoluta certeza de que Bellatrix não chegue perto das minhas melhores memórias e do pouco de pessoas que amo. –Draco viu os olhos dançando de raiva e dor. –Eu não vou me matar agora, Draco, isso eu posso jurar pra você. –Ela parecia firme como a tempos ele não via. –Antes de qualquer coisa eu preciso acabar com Bellatrix. Minha vida, por mais doloroso que seja tem um propósito, matar Bellatrix Lestrange. –Ela soltou um riso mal humorado. –Na ironia da vida, o quão parecida com ela isso me faz?

               Draco pensara sobre isso antes mesmo da pergunta surgir.

—Ignora qualquer merda que você tenha parecido com ela! –Ele foi duro e pegou o cordão, segurando a mão fria dela na sua. –Não sei se um dia você vai conseguir perdoar meus erros, mas eu vou estar bem aqui quando você precisa, entendido?

         Belinda sorriu, um sorriso triste e quebrado, mas era o melhor que ela poderia fazer naquele momento. Era bom ter Draco ao seu lado novamente e compartilhando as coisas, mas ela ainda recordava o que ele fizera a cada vez que o olhava. Admitia que ele estava reconquistando sua amizade aos poucos, entretanto ela ainda não se sentia pronta para desculpar todo o erro.

—Eu sei disso e é uma das muitas coisas que sou grata a você. –Ela segurou a mão dele em retorno, antes de soltar. –Eu sou a pessoa mais egoísta desse relacionamento, não é mesmo? –Ela questionou. –Porque sei que você não vai me deixar sozinha nessa merda toda que estamos indo enfrentar, mesmo que você saiba que não o perdoei.

—Bem, eu já fui assim. –Ele debochou de leve e a menina sorriu. –Mas alguém não desistiu de mim.

              Belinda sorriu novamente, mas os olhos continuavam sem sentimentos, nenhum positivo pelo menos.

—Eu vou me despedir da galera. –Ela assumiu, enquanto se colocou de pé e puxou a mochila do banco a frente. –Não sei como será nosso retorno e nem se terei um.

—Você terá! –Draco se desesperava com a probabilidade de Belinda não retornar, o que a fez suspirar.

—Que seja. –Ela abriu a porta. –Se eu fosse você, me despediria de todos... –Belinda parou e o olhou por sob o ombro, dando um sorriso de canto que permitiu a diversão e a malicia chegarem aos olhos. –Inclusive de uma certa Leoa Sabichona.

—Caralho, por que diabos vim falar com você mesmo?

—Porque por mais egoísta que eu seja, você ainda preza minha amizade.

             Draco não teve contra-argumento para usar enquanto a menina saia e fechava a porta atrás de si. Mas apesar de tudo, ele se sentiu aliviar, agora, mesmo sem o perdão completo, ele sabia que poderia ficar próximo e tentar livrá-la de machucados desnecessários e da completa solidão. Era bom ter sua melhor amiga por perto, mesmo que com a relação em faze de reconstrução, mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

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Beijos e até o próximo capítulo.



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