A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 50
Capítulo Cinquenta - Fardo


Notas iniciais do capítulo

Normalmente eu digo para vocês se divertirem, contudo dessa vez eu não direi e nem posso dizer "Divirtam-se!" porque é um capítulo triste e de rompimento, então só... Leiam e espero que vocês gostem.



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                Os dias se arrastaram e os problemas em Hogwarts ficavam mais intensos, Dolores parecia muito mais atenta e maldosa que o comum. E Belinda, logo após descobrir que Cho não fora responsável, exatamente, por dar a localização da Armada, ainda deixara o Dente da Mandrágora, intitulado pelos gêmeos e Lino, na cama da menina por mais três dias, até pedir a Flavinha para tirar do quarto de Chang e jogá-lo na lareira.

 

 

                 Belinda se apoiou na parede e encarou as unhas, mas sem realmente notar o que fazia, sua mente estava em modo quase que robótico, mas desde que vira Taylor, vinha pensando no quão baixa fora da última vez, já passara quase mês e o máximo que fazia era cumprimentá-lo de longe, mesmo sabendo que ele não a odiava, Ty só parecia perdido com alguém sabendo de um segredo tão vergonhoso de sua família, segredo esse que Belinda entendia, ou devia entender, melhor que qualquer um.

                  Lestrange suspirou e subiu a curta e estreita escada, a pequena torre estava cheia de poeira e o único som que a menina ouvia era de respiração pesada.

—Posso ser justa e dizer que a estátua não lhe fez nada.

 

                  Taylor estava exaurido, nunca achou que alguém fosse descobrir que havia um Comensal da Morte em sua família, sempre achou um segredo tão triste, pesado e vergonhoso, desde que descobrira. Mas algo que devia ser mantido o mais isolado possível. Contudo fora descoberto por Belinda, alguém que estava em uma situação tão parecida e tão diferente ao mesmo tempo, chegava a ser irônico.

                   Taylor olhou pro céu escuro e suspirou, as estrelas quase não apareciam naquela noite, as nuvens as cobriam e anunciavam tempestade.

                   Parker sempre fora um nome de orgulho no mundo Bruxo, um nome respeitado e que seguia incólume, sem uma única mancha conhecida, há muitas gerações, mas bastou seu pai casar pela segunda vez, com a pessoa errada, e o sobrenome passar a viver em risco. Não era como se muitos conhecessem aquele segredo, mesmo dentro da família Parker, ou como se Taylor realmente se importasse em proteger um nome, porém sabia que no mundo em que vivia, um nome era status e principalmente, era como lhe reconheciam, não importava se você tivesse a ficha mais limpa do mundo e fosse um exemplo de integridade, não se o nome de sua família estivesse manchado, pois você seria ligado e reconhecido pelos erros de outros.

                   A raiva foi tanta que Taylor explodiu a estátua sem nem mesmo pronunciar o Feitiço, com um simples girar de Varinha a escultura de porte médio se transformara em nada e a torre enchera de poeira, mas isso pareceu lhe levar o ar junto, o deixando ofegante e cansado. Se bem que o cansaço era um sentimento constante nos últimos dias de sua vida, antes mesmo de Belinda descobrir a verdade sobre Clara.

—Posso ser justa e dizer que a estátua não lhe fez nada.

                   Taylor se surpreendeu com a frase, ouvindo os passos de Belinda atravessarem a torre, por entre a poeira e finalmente parar ao seu lado, se apoiando na grade de proteção e encarando a noite, enquanto ele estava chocado demais com a presença dela, que o estava evitando desde que lhe contara sobre a descoberta de Clara.

—Acho que você não me esperava. —Ela comentou, parecendo distante e sem olha-lo ainda.

—Achei que você não fosse querer falar comigo, não tão cedo. —Admitiu, virando para encara-la.

                    Belinda havia perdido peso, sua pele estava mais pálida e as olheiras abaixo dos olhos negros pareciam mais evidentes que nunca, assim como a dureza em sua expressão. Havia algo áspero na menina.

                    O comentário de Taylor foi irônico ao ponto de Belinda sorrir de canto, sem sentir nada.

—Você quem deveria me odiar, afinal a filha de prováveis Comensais sou eu. —Ela virou o rosto na direção do rapaz, estava séria. —Sem fala que dá última vez que conversamos, fui uma pessoa extremamente baixa e cruel. —Informou. —Você e eu já nos conhecemos há bastante tempo para que eu queira encerrar nosso relacionamento da forma que fiz. —Arqueou uma sobrancelha rapidamente. —O que sinto por você é bom, para que a última lembrança que você tenha de nós, seja eu jogando o que descobri sobre sua madrasta na sua cara.

                    A seriedade de Belinda o atravessou como uma lâmina, havia algo tão cortante na menina, mesmo ela tentando ser gentil, algo que fazia Taylor querer conforta-la de algum modo, querer resgatar a Belinda de antes, a garota por quem ele se apaixonou.

—Como você está com tudo isso? —Taylor perguntou por fim, a pegando de surpresa.

—Perdão?

                    Belinda esperava muitas palavras furiosas do rapaz, xingamentos ou até mesmo ser ignorada por ele, mas não sua preocupação, o que a deixou confusa.

—Nós já passamos da fase de fingir estar bem na frente do outro, Belinda.

                    Lestrange deu um sorriso vazio e assentiu, voltando a encarar a noite.

—Cansada e você?

                    Taylor pensou sobre a resposta e a pergunta.

—Posso dizer que cansado também.

                    Belinda assentiu levemente, muito concentrada nos pensamentos que lhe passavam na mente, haviam tanta questões gritando para serem feitas, mas não sabia até que ponto Taylor sabia ou mesmo lhe revelaria. Segredos de família eram sempre mais vergonhosos de expor.

—Quando você descobriu sobre sua madrasta? –Quis saber, por fim. Era a pergunta mais simples.

                    Taylor suspirou e se encostou ao lado da menina, os braços quase se tocando. Ele pensou sobre a questão.

—Na fuga dos Lestrange, não quando foi divulgado, na verdadeira.

—Antes do Natal. —Ela concordou, recordando que ele falara algo a respeito.

—Sim. —Assentiu. —Clara estava agitada antes de a visita do irmão dela, sempre alerta, recebendo correspondências inesperadas, mas não por Corujas, sempre vinha um homem entregar... —Ele pensou. —Eram coisas que a deixavam muito animada ou absurdamente irritada. —Confidenciou. —Depois da visita do irmão dela, o Auror, ela desapareceu o dia todo, quando retornou estava irritada e inquieta, até que a noite, depois que todos dormiram, por mania eu decidi sair pra andar um pouco, mas a vi em frente a lareira, conversando com alguém.

—Sabe com quem? —Ela não pôde evitar fazer a pergunta.

                    Belinda o encarou, Ty a olhava fixamente, a fazendo notar toda a preocupação nos olhos verdes e ela desviou o olhar outra vez.

—Não, não consegui ver. —Respondeu. —Mas ouvi quando ele falou que os Lestrange estavam de volta ao lado do Lord das Trevas e ela... —Ele hesitou. —Ela ficou feliz, muito feliz... –Suspirou pesadamente. –Eu corri de volta ao quarto, antes de ser descoberto... Quer dizer, se Clara era um deles e pegasse alguém lhe observando, o que poderia fazer?

                     O silêncio perdurou por alguns minutos, o pensamento de Taylor sendo pego por um Comensal da Morte fez o coração de Belinda saltar de forma dolorosa, principalmente se Clara fosse parecida com Bellatrix, isso a fez engolir a seco.

—E seu pai? –Perguntou, precisava saber se Sr. Parker era um dos seguidores de Voldemort, pois isso a faria ter ideia de quanto perigo havia ao redor de Taylor.

                     Taylor suspirou, havia se feito aquela mesma pergunta várias vezes, passando noites em claro e tentando descobrir qualquer comportamento do pai que o condenasse.

—Não sei. —Admitiu por fim. —Mas eu acho que ele não sabe... Quer dizer, eu fiquei de olho enquanto estive em casa, mas Clara nunca falava nada sobre isso com ele, quando desaparecia ele não sabia onde ela estava... —Deu de ombros. —Pra ser bem franco, Belinda, eu não reconheço meu pai desde a morte da minha mãe. –Riu sem humor. –Não sei afirmar se ele tá envolvido com isso ou só é idiota demais para ficar contra a Clara ou realmente não sabe de nada. –Respirou fundo e passou as mãos no rosto. –Ou talvez o verdadeiro idiota da história seja eu, que por ser filho dele, não quero admitir ou ver que tem probabilidade de meu pai ser um maldito Comensal da Morte.

                     Belinda assentiu outra vez e o encarou.

—Talvez seja melhor, caso seu pai esteja com os Comensais, você não saber a verdade. —O comentário o fez encara-la de olhos arregalados e notar que a expressão dela estava neutra.

—Como?

                     Belinda suspirou e suavizou a expressão, sabia que precisava ser o mais gentil possível para falar palavras tão duras.

—Se você descobrir que seu pai é um Comensal, você terá que carregar o fardo da traição, Ty. —Ela disse o mais gentil possível. —Porque se você guardar o segredo, traíra nosso mundo... Mas se contar, trairá sua família. –Os olhos verdes brilharam com a dor do pensamento. –Infelizmente, de um modo ou outro, você terá que trair alguém, talvez e principalmente a si mesmo. —Ela tocou de leve o braço do rapaz. —E eu não desejo esse fardo pra ninguém, muito menos pra você.

                      Taylor ouviu a dor e angústia em sua voz, os sentimentos eram profundos e tristes, tão dolorosos que ele gostaria de poder arrancar essas emoções ruins da menina.

—E você sabe que não é um fardo que tenha de carregar sozinha, não sabe? –Questionou. –Quer dizer, nós podemos dividir isso, eu tenho problemas, você também... –Ty viu a angustia no olhar dela, tão profunda que machucava. –Não é mais fácil ter alguém pra nos ajudar a carregar o peso?

                      Belinda deu um curto sorriso de canto e se inclinou, encostou sua testa na do menino por um momento e lhe deu um beijo de leve nos lábios. Fazendo com que Lestrange sentisse aquela sensação boa, de quando descobriu estar apaixonada por ele, lhe aquecer um pouco, mas não podia se deixar tomar por aquilo, não quando estava tão perto de ter que retornar a Mansão Malfoy e as garras de Bellatrix, precisava manter quem amava a salvo e não colocaria Ty em perigo, não sabendo que Clara era próxima a Bella.

                      Lestrange abriu os olhos e focou nos dele.

—É, pode ser mais fácil sim. –Ela sorriu um pouco. –E por isso espero que você tenha alguém pra dividir sua dor, porque não é comigo. –O sorriso desapareceu. –Porque esse fardo é pesado demais, contudo é meu fardo, independente de quem eu escolha trair. Independente do quanto eu vá me trair. –Ela se afastou. –Mas não vou deixar você cair nesse buraco escuro comigo. Você e nem ninguém.

                      Taylor a viu se afastar com passos felinos e logo desaparecer, era um fardo que estava pesado demais só pra ela, porém Belinda não aceitaria que ele a ajudasse a carregar, somente uma pessoa conhecia todo o sacrifício que Lestrange vinha fazendo e era a única pessoa que a própria garota estava evitando ao máximo. Parker sentiu que de alguma forma Belinda estava se despedindo dele, não do que viveram ou das lembranças, só estava cortando o vínculo e isso o enlouquecia, mas acima de tudo, o preocupava, principalmente por recordar de Freddie e George lhe dizendo que Belinda poderia desistir de tudo se as coisas ficassem mais pesadas. E ele não poderia simplesmente permitir que a próxima vítima de Voldemort e de seus Comensais da Morte fosse Belinda Lestrange.

 

 


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Notas finais do capítulo

Esse foi um rompimento que eu não esperava escrever.
Foi triste, na realidade, fazer isso. Porque nesse ponto é possível ver o quão quebrada a Belinda está, o quão perdida e desesperada ela se sente.
Espero, apesar da tristeza do capítulo, que tenham gostado da leitura. Nos vemos em breve.
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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