A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 5
Capítulo Cinco - Vaca Desgraçada!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem
Divirtam-se.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698185/chapter/5

Draco decidira por dormir no quarto da amiga novamente, tanto porque achavam melhor não correr o risco de encontrar Bellatrix no caminho de volta a seus aposentos, quanto porque Draco estava preocupado com Belinda, que se assustava a todo momento com os barulhos externos. Demoraram a dormir, mas quando o fizeram, Draco simplesmente foi puxado, como não acontecia a tempos, para um profundo sono.
Belinda mal dormira durante a noite, todo barulho fora do quarto, por menor que fosse, a fazia acordar, achando que Bellatrix já viera se vingar. Bell estava ficando paranóica e isso a irritava, se ergueu da cama com calma, para não acordar Malfoy, e foi até a janela, a abrindo o máximo possível e deixando o vento noturno de verão invadir o quarto.
Belinda olhou o horizonte, o céu estava estrelado naquela noite, fazia tempo que não apreciava o céu, coisa que tanto gostava, mas com os três Lestrange na casa, mal conseguia tempo para descanso, ainda mais para um prazer tão simples da vida.
Lestrange se deixou perder em lembranças enquanto olhava pela janela. Lembranças dela correndo com Draco ao redor da casa quando crianças, dela caçando as charadas que Mary escondia por entre os arbustos, de quando comprou Rúnda e teve que subir em uma árvore porque o gato não conseguia descer, do dia em que ela e Draco finalmente voltaram a se falar. A Mansão Malfoy estava cheia de recordações de sua vida.
Belinda não percebera a aproximação, até que ele se inclinou ao seu lado na janela e olhou para a ponte, vários metros a baixo.
–Tem tanto pra lembrar, não é? —Questionou.
Belinda poderia ter saltado como um gato faria, devido ao susto, mas permaneceu imóvel por um momento, registrando que a voz que lhe falara era de Draco. Quando por fim o choque passou, ela assentiu, sem demonstrar o quão ficara assustada por ser tirada tão bruscamente de seus pensamentos.
–Até demais. —Respondeu.
–Lembra quando eu escondi seu lápis de cor no jardim? —Ele deu um sorriso de canto, nostálgico.
–Eu queria matar você por aquilo. —Sorriu tão nostálgica quanto ele.
–Quem diria que tudo ficaria tão difícil?
Lestrange assentiu e respirou fundo, as pupilas se perdendo na negritude dos olhos.
–Quem diria que eu passaria a odiar meu próprio sobrenome?
Draco assentiu e ela pousou a cabeça em seu ombro.
–É irônico como a vida pode mudar tão de repente. —Ele constatou.
O silêncio se fez presente e o único som que se ouvia era do vento entrando pela janela, onde eles se encontravam encarando o horizonte, porém sem ver realmente, voltados para as próprias mentes confusas e cansadas.

As horas restantes que faltavam para seu treino, provavelmente o último de sua vida, chegaram ao fim e Belinda se viu obrigada, após um banho e troca de roupas, a descer.
–Eu vou com você. —Draco falou, reaparecendo no quarto, após ter ido ao seu e tomado banho.
–Não precisa.
Draco sabia que apesar dela não querer que ele estivesse no campo de visão de Bellatrix, para protege-lo, os olhos brilharam, como não ocorria a muito tempo, de gratidão.
–Ninguém disse que precisava. —Ele deu de ombros e ela deu um sorriso de canto e Draco sentiu saudade novamente da época em que o sorriso chegava aos olhos da amiga.
–Vamos então.
Draco caminhou lado a lado com a menina, que quando chegou ao último lance de escada, agarrou sua mão. A mão de Belinda estava absurdamente fria, notou o loiro, a apertando de volta, tentando passar um conforto que ele sabia não ser possível naquele momento. Antes de virarem em direção a sala, Belinda se soltou do amigo e saiu a sua frente.
Belinda tomou a dianteira, não sabia o que esperar, mas colocar Draco ao seu lado, o faria um provável alvo e ela não desejava isso, embora algo bem no fundo de sua mente dissesse que Bellatrix não o atacaria por causa de Narcisa.
Lestrange entrou na sala e antes de ver direito quem estava lá, sentiu a dor excruciante a derrubar no chão e lhe tomar por inteiro, era como se seus ossos estivessem sendo esmagados todos ao mesmo tempo.
Draco assitiu a cena com pavor, os berros de Belinda ecoavam por todos os cantos, assim como a súplica de Narcisa para que parassem aquilo, mas o que sobrepunha todos os sons era a maldita risada de Bellatrix, escandalosa e lunática.
–Pare com isso! —Narcisa implorou e Bella continuava a gargalhar.
–Chega Bella. —Rabastan disse com tranquilidade, encarando tudo como se não fosse nada. —Você vai acabar matando o brinquedinho.
Os gritos de Belinda pararam por um momento e Draco a viu se encolher em posição fetal no chão, as lágrimas escorrendo sem controle, não percebeu que dera um passo na sua direção, não até a voz de Bellatrix o atravessar.
–FIQUE ONDE ESTÁ, DRACO! —Draco ficou imóvel, mas a encarou. Estava apavorado, mas também irritado.
Draco encarou Belinda jogada no chão novamente, parecendo inconsciente, mas de repente a Varinha de Bellatrix se dirigiu para a menina e ela abriu os olhos imediatamente, inspirando o máximo de ar que parecia conseguir. E antes que Belinda fizesse qualquer coisa, novamente fora atingida pelo Cruciatus, que arrancou novos gritos, contorsões e lágrimas. Malfoy queria se encolher em um canto isolado e tapar os ouvidos, para tentar afastar os gritos de Belinda, assim como sua imagem urrando de dor no chão.
–CHEGA! —A voz surgiu antes da imagem.
Draco ergueu os olhos e viu Rodolphus segurando o pulso de Bellatrix, que o encarava com ódio, expondo os dentes como uma fera selvagem.
–TIRE SUAS MÃOS DE MIM!
–Chega. —Repetiu, bem mais baixo, porém com a mesma intensidade.
–ELA MERECE UM CASTIGO! —Berrou Bellatrix, furiosa.
–Um castigo, não ser morta ou levada a loucura. —Esclareceu. —Ela precisa sobreviver e permanecer lúcida.
–ELA ME ACERTOU!
–Deveria saber que o objetivo do treino é exatamente esse, Bella. —Rabastan comentou, parecendo feliz. —Estamos ensinando nossa Ferinha a ser uma bruxa talentosa. —Draco encarava Belinda, que mais uma vez parecia ter sido levada a inconsciência.
Uma discussão deu início na sala, de um lado Bellatrix berrando de fúria e frustração e do outro Rabastan, que parecia se divertir ao provocar a mulher.
–Faça como quiser, Bellatrix. —Rodolphus falou por fim. —Mas não mate a garota e nem a deixe insana.
–Insanidade é a especialidade da Bella. —Rabastan comentou levemente.
–Idiota! —Bellatrix revidou e ele riu, mexendo somente os dedos, em um aceno irônico.
Draco viu Bellatrix chutar com força a perna de Belinda, que acordou com um pequeno rosnado de dor.
–LEVANTA! —Bellatrix ordenou.
Belinda sentiu a raiva crescente dentro do peito. O corpo todo doía e ela mal conseguia manter a mente desperta, seria impossível conter seu corpo e movimentos. Belinda lenvou um tempo relativamente longo para conseguir se colocar de pé, principalmente porque sempre que estava prestes a conseguir, Bellatrix a chutava ou com um girar de Varinha, a fazia voltar ao chão, rindo escandalosamente e a xingando.
Belinda respirou fundo algumas vezes, estava fraca, os músculos protestavam e a audição estava falha, por conta de um irritante zumbido, desde o momento que recebera o primeiro Cruciatus. Por fim, conseguiu ficar de pé, com os ombros arriados e o peito descendo e subindo rapidamente, sua respiração estava alta devido ao esforço.
–Inútil! —Bella riu.
–E é por eu ser inútil... —Pausou para tomar ar. —Que você me atacou antes que eu... —Se irritou com si mesma por necessitar de uma segunda pausa para tomar ar. —Tivesse a oportunidade de pegar... Minha Varinha? —Quis saber, finalmente concluindo a questão.
Belinda encarou Bellatrix de frente, os olhos da mulher estavam cheios de ódio e pareciam que sairiam das órbitas. Bella rangeu os dentes.
–SUA INSOLENTE!
–Onde está o desgraçada da frase? —Sorriu fracamente. —Sempre o achei... Charmoso.
Era difícil manter a respiração e o sarcasmo ao mesmo tempo, porém tinha que conseguir. Provocar Bellatrix a faria ganhar novas marcas, ela sabia, mas não conseguia evitar o deboche que vinha a cada vez que encarava a mulher.
Bellatrix moveu a Varinha e Belinda sentiu o corpo ser puxado pra cima, logo depois, muito rapidamente, começar a cair. O estrondo foi alto e a queda extremamente dolorosa, Belinda sentiu, assim como tinha certeza que todos ouviram, quando o osso de seu braço quebrou. O que a fez soltar um gemido alto e sofrido, se odiando e amaldiçoando por isso.
–SUA VACA DRESGRAÇADA! —Belinda berrou por entre os dentes cerrados e a dor, tamanho seu ódio.
–DO QUE VOCÊ ME CHAMOU? —Bela apontou a Varinha novamente pra ela.
–VAI EM FRENTE! —Mandou Belinda, sentando e segurando o braço quebrado contra o peito e encarando Bellatrix, os olhos da menina faiscavam de fúria, mesmo que as lágrimas estivessem presentes por conta da dor. —ME MATA! —Ordenou.
–Eu não provocaria muito se fosse você. —Rabastan comentou alegremente.
–ELA NÃO FARÁ! —Provocou rindo.
Draco temeu por Belinda e pela sua sanidade mental, que parecia tê-la abandonado.
–Belinda. —Havia um tom de alerta na voz de Rodolphus.
–Vá em frente. —Disse para Bellatrix, baixando o tom de voz, mas ainda rindo como uma lunática. —Não tem coragem, Bella? —Riu de novo.
Bellatrix começou a conjurar algum Feitiço, mas sua Varinha voou de sua mão e parou aos pés de Rabastan, que olhou com muito interesse para o objeto e depois para Rodolphus, que ainda estava com a sua Varinha estendida e uma expressão neutra, embora os olhos estivessem furiosos.
–Chega. —Ordenou.
–Eu não entendo. —Belinda se forçou a ficar de pé. —Por que não me mata de uma vez? Você parece tão inclinada a isso, Bellatrix. —Acusou.
Belinda mal conseguia manter o corpo de pé, as pernas tremiam levemente e ela sentia que poderia voltar ao chão a qualquer momento.
–Rabastan, ajude essa imbecil. —Rodolphus mandou. —Vamos sair daqui, Bella. —Chamou.
–VOCÊ... —Ela o encarava com ódio.
–Merlin. —O homem bufou de frustração. —Vamos logo, Bellatrix.
Rabastan riu e foi até Belinda, que bufou e tentou dar um passo, mas a perna vacilou e Rabastan a agarrou pelo braço, rindo.
–Fraca. —Disse e riu de novo.
Draco despertou do torpor, vendo Bellatrix ser retirada da sala por Rodolphus, que parecia cansado ao ouvir os berros da mulher. E logo se aproximou e apoiava Belinda, a levando para o sofá, ela não teria condições físicas de chegar ao quarto.
–Você é doida? —Ele estava furioso. —Como merda enfrenta ela assim? —Bell simplesmente o encarou. —Ela podia matar você.
A expressão estava demonstrando somente dor, o que o fez grunir de irritação e se afastar, dando espaço para Rabastan.
–Você sabe que ela vai querer tirar pedaço por pedaço seu, não sabe? —Questionou ele rindo, já pegando seu braço e estendendo a Varinha para o osso quebrado.
–Por que eu disse a... —Belinda sentiu o choque do osso sendo remendado e gemeu.
–Foi uma manhã agitada. —Disse ele rindo. —Mas se quer minha opinião...
–Não quero. —Revidou, sem saber de onde tirara aquela coragem pra bater de frente com eles, mas o comentário seco fez Rabastan rir.
–Ainda assim direi. —Riu de novo e a encarou. —Ainda não acabou, quando ela voltar, vai querer se vingar de você.
–Sua querida cunhada precisa aprender a ouvir verdade sem surtar.
–Minha querida cunhada precisa de muita coisa, assim como você precisa de sanidade mental.
–Olha quem fala. —Resmungou e ele se ergueu.
–Devia ter cuidado com o que diz.
–Provavelmente. —Disse com simplicidade e ele sorriu de novo.
Belinda viu um brilho estranho passar nos olhos dele, assim como aquele sorriso trazia algum significado que ela desconhecia.

Belinda seguiu para a biblioteca, assim que ninguém mais estava olhando, mesmo Draco estava aborrecido demais para permanecer por perto, o que lhe dava a chance que tanto vinha buscando a semanas. Bell se colocou atrás de uma das estantes pequenas da biblioteca da Mansão, sentou ali e procurou ficar o mais escondida possível. Apesar de todos os machucados e do braço, que mesmo remendado ainda doía irritantemente, ela sabia ou pelo menos esperava, que Bellatrix fosse tirada de casa, porque quando voltassem, Rabastan e Rodolphus viriam conversar na biblioteca, lhe dando a chance de tentar descobrir um pouco mais do que eles escondiam.
Belinda acabou por adormecer, não saberia por quanto tempo, mas despertou com a voz de Rabastan, perdendo o que ele dissera, mas seu tom era irritado.
–Você precisa se acalmar. —Rodolphus disse.
–Me acalmar? —Rabastan pareceu ficar mais irritado. —Você parece que não conhece a maldita esposa que arrumou.
Belinda se surpreendeu com a raiva em sua voz, não havia nada além da mais pura raiva ao falar de Bellatrix.
–Você implica também, Rabastan. —Disse o homem. —Não tem...
–É melhor você a controlar. —Alertou. —Bellatrix só tá viva até agora, porque o Mestre precisa dela. —Era surpreendente como o toque de deboche havia saído da voz dele. —Estou fazendo meu melhor para ensinar Belinda, quem sabe ela não faça o que eu não posso?
Belinda fez careta diante da informação.
–Ela é inútil, principalmente se comparada a Bellatrix, você sabe disso, irmão. —Rodolphus comentou com cautela. —Belinda ainda vai ter que aprender muito para conseguir machucar Bella, ainda mais chegar além.
–Se a menina deixar de ser tão inútil, torço pra que ela mate a desgraçada da tua mulher. —Disse claramente e Bell franziu o cenho, se segurando pra não deixar nenhum som escapar.
–Você nunca superou o fato da Bella ter matado... —A voz foi tão baixa que Belinda não conseguiu escutar.
Belinda escutou algo semelhante a um rosnado, era a primeira vez que ouvia Rabastan sem a nota de ironia e diversão na voz, ele estava despido de máscaras, só havia raiva e pela primeira vez Belinda gostou de conhecer a raiva de alguém.
–Se ela nunca gostou de verdade de ninguém é problema dela e só você é estúpido o suficiente pra aguentar aquela desgraçada.
Bell escutou passos duros e após um instante a porta se fechar, ela sabia que Rabastan se fora, alguns segundos se passaram e Rodolphus suspirou, indo atrás do irmão.
Belinda deixou alguns minutos passarem, respirou fundo e se colocou de pé, foi até a porta da biblioteca e tentou escutar qualquer som vindo do lado de fora, mas não havia nada, o que ela tomou por bom sinal. Bell subiu as escadas de dois em dois degraus e logo se trancava em seu quarto, a descoberta do ódio de Rabastan por Bellatrix foi quase tão saborosa quanto um de seus doces favoritos.
Belinda estava preparada para dormir, pobre ilusão e sonho, embora ainda nem passasse das quatro da tarde, estava exausta.
Uma explosão não muito alta ecoou e sua porta se abriu com um estrondo e Bellatrix estava ali, rindo com a Varinha em punho. Bell se assustou, passada a raiva, raciocinou bem o suficiente para saber que provavelmente morreria.
–Vamos brincar. —Bellatrix cantarolou e Belinda a encarou, sem nada dizer, teve medo que sua voz entregasse seu medo. —LEVANTA!
Belinda fez o que foi mandado, somente encarando a mulher, que deu seu melhor sorriso de psicopata.
–Vamos dar uma voltinha, Garota Insolente. —O sangue da menina gelou, mas ela manteve a postura, estava prestes a pegar a Varinha, quando ouviu Bella novamente. —DEIXE A VARINHA!
Belinda travou a mandíbula. Sim, ela estaria morta ao amanhecer. E sua certeza foi reafirmada quando Bella a jogou para dentro do porão e o primeiro ataque veio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.