Hocus Pocus escrita por mimidelboux


Capítulo 5
Algumas vezes você tem que fazer o que acha que é certo, e dane-se as consequências


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
A partir deste capítulo eu vou botar uma espécie de "glossário de feitiços" nas Notas Finais do capítulo, para maior compreensão da história!



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Já fazia meia hora que eles estavam procurando pelo tal duende. Merlin acendeu as luzes da biblioteca e Drake havia arrumado a bagunça que fez no escuro, inconformado por estar ajudando naquela loucura. Duendes não existe, não há porquê procurar um ali!

Mas a loucura do velho o convencera, e antes de começar a caçada pelo duende, Merlin fez questão de ensinar o básico sobre eles para Drake: detalhou as principais características físicas e de personalidade.

Drake se ofereceu para olhar os armários que guardavam os livros mais antigos da escola e seguiu para o fundo da biblioteca, sem antes ter a aprovação de Merlin, que por sua vez não estava prestando tanta atenção assim ao seu trabalho e ao seu redor. Sua mente vagava, preocupado com muitas coisas. Ele tinha que achar o duende, pois este havia dito-lhe que sabia quem era a reencarnação do rei Arthur. E agora ele também teria que apagar a memória do jovem menino, depois que eles encontrassem o duende. Doía-lhe saber que teria que aplicar seus encantos sobre alguém tão jovem, mas era necessário e era a coisa certa a se fazer, para preservar o mundo mágico. Por isso, ele queria encontrar o duende o mais rápido possível, assim não hesitaria em encantar a memória do garoto.

Já Drake estava bem focado na busca, chegando à um ponto em que estava se divertindo. Ele queria provar para o velho que duendes não existiam e quanto mais aquela caça demorasse, mais parecia que Drake tinha razão. Mas algo, bem lá no fundo do peito de Drake queria acreditar naquele conto de fadas que o velho havia lhe contado.

Ele trabalhava com uma ferocidade enorme: tirava e recolocava livros em seus lugares, olhava em baixo das estantes e armários, passava a mão por pontos cegos das prateleiras. Ele trabalhou com tanto afinco que em 15 minutos, só faltava um armário para ele checar.

Era um armário diferente dos outros, de madeira mais escura e detalhes mais rebuscados. Provavelmente o mais velho dos armários e o primeiro que a escola comprou para deixar na biblioteca. Drake abriu-o e eu livro caiu e sua cabeça, seguindo para o chão.

O menino soltou um gritinho de dor e pressionou a região atingida de sua cabeça com a palma da mão. Aquilo iria se tornar em um galo.

Ele olhou para o livro no chão, de capa dura e de couro marrom, mas sem nenhum título, o que achou muito estranho. Ao se abaixar para pegar o livro, ele ouviu uma risadinha vinda da última estante do armário. Ele olhou para cima e viu o que nunca imaginaria que veria na vida!

O duende ria com gosto e, ao ver que estava sendo observado, ele tirou seu chapéu e fez uma reverência, revelando seus cabelos ruivos como cobre.

— ACHE… - Drake mal começou a gritar e fora abafado pelo duende, que saltara do armário e caíra em cima dele.

Ne nimis cito victoriam edicere!— o duende proclamou, estalando os dedos sore os olhos de Drake. Uma frase estranha, mas que por alguma razão ele compreendeu o que o duende falou.

Mas já era tarde demais para o menino falar: a magia daquela criaturinha verde selou seus lábios e a única coisa que o jovem conseguia fazer era murmurar de pavor.

Vale!— o duende estalou os dedos mais uma vez e sumiu, deixando um rastro de fumaça, que entrou nas narinas de Drake e irritou seus olhos.

Ele não conseguia tossir e isso o enlouquecia. Ele tentava tirar o pó para fora de seu corpo com o nariz. Era uma sensação estranha, como se estivesse espirrando, mas com menos força.

Passada a crise, Drake se levantou, fazendo questão de pegar o livro do chão e guardá-lo em baixo da camisa, e começou a correr pelas estantes, procurando pelo velho. Drake pressentia que ele sabia como fazer a sua boca se abrir novamente.

Encontrou-o mexendo dentro de uma caixa de papelão, na mesa do bibliotecário. Drake pulava, acenando a mão, mas o velho não olhava para ele de jeito nenhum. Não teve outro jeito. Drake se aproximou de uma pilha de caixas, perto da mesa onde Merlin estava, e a chutou com força. O turbilhão de livros caindo no chão fez um som meio abafado, mas alto o bastante para Merlin olhar naquela direção.

— Mas o quê?! - Merlin gritou por reflexo ao ver os livros no chão. Ele voltou o olhar para o menino magricela que devia estar ajudando-o e não atrapalhando - PODE CATAR TUDO ISSO AÍ DO CHÃO!

Drake via a raiva nos olhos do velho. Sabia que fora ordenado a fazer algo, mas na situação atual ele não podia se dar ao luxo de obedecer o velho louco. Ele voltou a pular, agora com os olhos arregalados e gesticulando as mãos como se quisesse dizer "Ei! Minha boca está selada!! Você tem que me ajudar!!!"

Merlin olhava com o rabo do olho para aquele moleque desobediente, que fazia uma cena, e se segurava para não rir. Sua raiva até diminuiu um pouco, pois aquilo lembrava uma das mil vezes que Arthur fizera palhaçadas e idiotices. Algo naquela dança maluca do garoto lembrava o jeito estabanado de Arthur.

Merlin sentiu uma pontada atrás de seus olhos. Ele engoliu em seco, tentando engolir seus sentimentos pelo amigo querido, também. Aquilo não era hora para chorar sobre a mais antiga e preciosa de suas perdas.

Ele voltou a olhar o menino, que cansado, não pulava mais e respirava fortemente pelo nariz. Aquilo parecia errado. Merlin conseguia ouvir a respiração pesada do menino da onde estava. Quando nos cansamos nós não abrimos a boca para ajudar à encher o pulmão de ar mais rápido?

Ouve um estalo. Merlin correu para perto do menino, que começava a ficar azul.

— Abra a boca! - Merlin mandou.

O menino, pingando de suor, negou com a cabeça.

— Não consegue?

Drake fez que sim. E adicionou um gesto com as mãos, mexendo seus dedos sobre a face, numa tentativa inútil de fazer parecer estrelinhas caindo.

Mas Merlin entendera.

— O duende?

O menino fez que sim mais uma vez.

Merlin bufou. Não sabia porque ainda acreditava no serzinho, mesmo sabendo que a criatura adorava colocar humanos em encrenca.

Patefacio Sesamae.— Merlin falou baixinho, com os olhos queimando como o sol num dia de verão bem quente.


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Notas finais do capítulo

"Ne nimis cito victoriam edicere" = "Não cante vitória antes da hora". Feitiço usado para calar uma pessoa.

"Vale" = "Adeus". Feitiço usado para desaparecer de um lugar e reaparecer em outro.

"Patefacio Sesamae" = "Abra-te Sésamo". Feitiço usado para abrir coisas.



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