You're burning up, I'm cooling down. escrita por Thai


Capítulo 21
Dragon fire.


Notas iniciais do capítulo

Saindo mais um capítulo. Gente, to preocupada, o que houve? Ainda estão gostando da história? O feedback de vocês é muito importante pra saber se estou indo pelo caminho certo.
Irei viajar e ficarei alguns dias fora, então a fic vai ficar esse tempo sem atualização, mas irei recompensar vocês quando voltar.
Espero que gostem desse capítulo.



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O sol poente se derretia no céu cinzento de Winterfell quando Sansa foi desarmada por Arya. O choque do aço contra o aço fez um silvo agudo e a espada de Sansa caiu no chão com um baque. Aquilo havia acontecido mais vezes do que a orgulhosa Stark mais velha gostaria de admitir.

— Não sei por que ainda insiste, Arya. Vamos acabar com isso. — Sansa reclamou soltando um suspiro longo. — Minhas mãos foram feitas para empunhar agulhas e penas, não espadas. — seus dedos tinham calos doloridos, mas mesmo assim ela tornou a apanhar a arma que havia deixado cair e a ergueu em um movimento habilidoso.

— Pare com isso, Sansa. Precisa ter paciência. — a caçula disse branda. — Está segurando o cabo com muita rigidez. O toque deve ser firme, sim, mas suave ao mesmo tempo. A espada é um complemento de seu braço.

 Aquele era o terceiro dia de treino desde que trocaram as armas de madeira pelas de aço. Sansa lembrava-se claramente da sensação de empunhar uma espada pela primeira vez, mesmo que fosse um objeto quase inofensivo. A madeira tinha o mesmo peso do aço que segurava, Arya dissera que era revestida de carvalho, mas seu interior era preenchido de chumbo para igualar o balanço, deveria se acostumar com a força que teria de fazer com o braço para manter o equilíbrio. Quando envolveu seus dedos pelo punho de madeira duro, sentiu-se livre. Sentiu que pela primeira vez poderia ser capaz de se defender sozinha, sem precisar que outros se sacrificassem. Imaginou as canções que fariam sobre a Rainha Espadachim, cujos cabelos eram flamejantes e o golpe era tão doce quanto seus sorrisos, fazendo os homens aceitarem a morte de bom grado. A fantasia havia se desfeito no momento em que Arya deteve seu primeiro golpe e fez com que sua espada rodopiasse no ar enquanto assistia.

Jon duelara com ela algumas vezes, mas sentia-se muito envergonhada para tê-lo como professor. Tentou atingi-lo por horas, mas Jon se movia com rapidez e destreza, quase tão suave quanto Arya. Por fim, quando estava tão cansada que cada músculo de suas articulações protestava de dor, ele deixou que ela lhe derrubasse a espada, mas Sansa soube no mesmo instante que aquilo não era mérito seu, o futuro marido queria lhe passar confiança, mas havia feito o exato oposto. Além disso, Arya entendia como era a sensação para uma mulher, como era ter seu oponente a subestimando, lhe ensinou a usar aquilo a seu favor. Brienne lhe dera conselhos valorosos também, como usar luvas para evitar os calos, mas que fossem de tecido fino, para que ainda sentisse o contato da arma em sua mão. Disse para olhar nos olhos de seu oponente, de igual para igual, mesmo que sentisse que seria derrotada, a confiança do adversário abalava os homens de mente fraca. Aprendera todas as lições básicas. Respirava de forma controlada e profunda, mantinha sua postura ereta, mas de alguma forma ainda não tinha encontrado afinidade com a espada.

Arya rodopiou, trocando os pés de lugar enquanto dava um giro em seu entorno. Sansa sabia que a irmã era rápida demais para que pudesse deter seu golpe quando ela completasse seu movimento. Por isso segurou a espada com as duas mãos e deixou que ela caísse rasgando o ar, antes que Arya pudesse atingi-la pelo outro lado. A irmã se precipitou e deteve o golpe, mas de maneira desajeitada. Os pés estavam tortos devido ao passo interrompido no meio, o que prejudicou seu equilíbrio e deu a Sansa margem para passar a lâmina por baixo de Agulha e puxá-la com força, fazendo com que os dedos de Arya largassem o punho e a espada caísse no chão. As duas se olharam em choque. Ouviu a pequena plateia soltar saudações animadas enquanto gritavam seu nome. Os encarou e seu olhar se cruzou com o de Bran, que assistira a tudo de respiração presa, tenso. Estava acompanhado de Meera e Brienne. Viu o brilho orgulhoso nos olhos de sua protetora e sorriu. Quando encontrou os olhos de Arya ela também sorria. Apanhou agulha do chão e limpou a lama no tecido que sobrava por baixo da cota de malha que vestia.

— Você viu isso? — Sansa perguntou ainda sem acreditar no próprio feito.

— Fez muito bem. Aproveitou-se do meu movimento incompleto e me desarmou. Tente de novo. — então se colocou em posição.

Dançaram até que a noite tivesse caído. Sansa tinha as botas de cano longo cobertas por lama, os cabelos assanhados e o braço dolorido. Nada como uma lady. Vestia calças de couro e uma camisa de lã grossa revestida por couro fervido, as luvas eram de um tênue veludo cinza. Jamais se imaginara com aquelas roupas, mas admirava o conforto que lhe proporcionavam. Havia conseguido desarmar Arya mais duas vezes, o que era pouco comparado ao número em que Arya fizera o mesmo, mas era algum avanço. Havia mandado que um banho quente lhe fosse preparado em seus aposentos e quando adentrou o cômodo, o local era aquecido pelo vapor que saía da água fervente dentro da banheira. Despiu-se deixando as vestes de lado e entrou na água, afundando completamente enquanto sentia o calor lhe queimar a carne e deixar manchas vermelhas em sua pele sensível. Quando emergiu, começou a esfregar o corpo para se livrar do suor e da lama e viu as marcas arroxeadas que tinham em seus braços e pernas dos golpes que havia recebido. Eram marcas grandes e doloridas, mas via nelas o fruto de seu esforço. Em meio aos hematomas, viu também as marcas que Ramsay deixara em seu corpo. Cicatrizes de tecido morto e murcho, que doíam ao passar os dedos, mesmo que fosse uma dor psicológica. Evitou se demorar as encarando, para evitar que as lembranças lhe voltassem. Quando terminou de se lavar, enxugou a água de seu corpo com uma tolha e começou a enlaçar o vestido verde de algodão. Batidas suaves foram depositadas em sua porta e ela deu permissão para que seu visitante entrasse. Era Jon.

— Como foi o treino de hoje? — ele perguntou enquanto se aproximava.

— Consegui desarmar Arya com aço pela primeira vez! — comentou empolgada.

Jon lhe beijou os lábios em um gesto carinhoso e tomou os cordões em que ela trabalhava e a ajudou a amarrá-los nas costas.

— Você está se divertindo com espadas enquanto eu tenho que aturar Wyman Manderly. — ele comentou quando terminou e colocou as mãos em sua cintura, a fazendo se virar para olhá-lo.

— Não é tão divertido quando Arya me bate com aquela espada — tinha um sorriso afetado nos lábios. — Além disso, será o rei. — estavam muito próximos. Sansa podia sentir a respiração de Jon se chocar com a sua enquanto nuvens saíam de sua boca quando uma brisa gelada entrou pelas janelas.

Ela envolveu suas mãos na nuca de Jon e agarrou os cabelos negros quando sentiu o choque entre os lábios. As mãos dele eram firmes em volta dela e seus corpos estavam tão colados que podiam se fundir. O beijo que trocavam fazia com que um calor percorresse pelo corpo de ambos e as pernas de Sansa ameaçavam vacilar. E o fizeram, mas Jon a manteve de pé, a segurando. Era como se fosse o alicerce daquela construção caótica que era Sansa Stark. Sentiu quando a mão de Jon começou a passear pelo seu corpo e envolveu a elevação de seu seio esquerdo. Ele apertou as mãos em volta e Sansa parou de beijá-lo para o olhar. Os olhos dele queimavam. Sabia que Jon tinha suas necessidades, mas aquele toque fez um nó em sua garganta e não conseguiu puxar o ar para seus pulmões. O empurrou e se afastou, tentando a todo custo fazer com que as lágrimas permanecessem em seus olhos.

— Desculpe — ouviu Jon dizer, mas suas palavras não a alcançavam. — Eu deveria ter me controlado. Perdão, Sansa. — ele voltou a se aproximar dela, a puxando para seus braços. — Desculpe.

Sansa fechou os olhos, se forçando a inspirar o ar. Ele não está aqui, pensou. Jon não é Ramsay. Ramsay não pode mais tocá-la. Abraçou Jon com força, sentindo-se péssima por não conseguir lhe dar o que ele queria.

— Eu queria... — ela começou, mas Jon tocou seus lábios suavemente a impedindo de prosseguir.

— Eu vou esperar. Fui precipitado. Não é sua culpa. — suas palavras eram macias e calmas. Ele entendia. — Vamos descer, o jantar já deve estar sendo servido. — Sansa concordou com um aceno.

Caminharam com as mãos entrelaçadas até o Salão Principal e encontraram Bran e Arya aos risos na mesa principal. Sansa sentiu alívio ao ver o irmão sorrindo.

— Estava comentando com Arya sobre quando você se precipitou ao movimento dela e a desarmou. — Bran disse divertido. Meera estava ao lado dele também sorrindo. — Quem poderia imaginar Arya sendo desarmada por Sansa?

Jon acompanhou o riso dos dois, mas Sansa apenas repuxou os lábios em uma encenação de sorriso. Arya lhe lançou um relance e as duas se comunicaram com o olhar. A mais nova sabia que algo estava errado.

— Está tudo bem, Sansa? — perguntou quando Sansa se colocou ao seu lado.

— Sim. — se ateve a dizer. Arya procurou pelos olhos de Jon e ele deu de ombros.

Começaram a se servir. Comiam em silencio, exceto por vez ou outra quando Jon, Arya, Meera e Bran trocavam alguma palavra. Sansa não tocara na comida, seu estomago não aceitava nada. Em algum momento da noite, Jon agarrou sua mão e a apertou. Trocaram olhares cúmplices, mas nada foi dito. Não havia necessidade. Só quando Podrick surgiu ali com passos ligeiros e voz ofegante foi que Sansa falou:

— O que houve, Pod? Está vermelho, por que a pressa?

— Temos visita, minha senhora. — ele disse, por fim, quando recuperou o fôlego. — O homem quer ver Jon Snow, se diz um Patrulheiro.

Jon e Sansa trocaram olharem e seguiram Pod pelo caminho que ele guiou. Quando Podrick parou diante da porta da sala do conselho, ele deu espaço para que entrassem primeiro. Jon se adiantou e abriu a porta, dando de cara com um homem de cara gorda e redonda, o pescoço se perdia entre a carne que sobrava, os olhos eram grandes e pálidos e os cabelos, negros como as roupas que vestia. Estava acompanhado por um senhorzinho baixo e cinzento, a idade era avançada e a face era murcha como uma ameixa.

— Sam? — Jon perguntou. Sorria de ponta a ponta e se adiantou para abraçar o visitante. Sansa observou curiosa. Jon a olhou com olhos brilhantes. — Este é Samwell Tarly. É um amigo da Patrulha. Sam, esta é Sansa. — ele apontou para a garota.

— Então se reencontraram — o rapaz disse e se aproximou de Sansa. — É um prazer, Senhora. — ele beijou uma das mãos de Sansa com os lábios cheios e molhados.

— O prazer é meu. — disse de forma cortês. — O que o trás até nós? Aconteceu algo na Muralha? — ela não se recordava de ter visto Sam em sua estadia em Castelo Negro.

— Sam não estava na Muralha. O mandei para Vilavelha, estava estudando para se tornar um Meistre. O que faz aqui, Sam? Podem tomá-lo por um desertor. — Jon observou preocupado.

— Estava me especializando quando soube que Winterfell precisava de um Meistre. — falou. — Este é Meistre Moryn — apontou para o homem velho. Ele tinha uma corrente de elos brilhantes pendendo de seu pescoço de forma pesada, o que o fazia ter uma corcunda.

— Seria um prazer servi-la, minha senhora, se for de seu agrado — ele tinha a fala mansa e a voz era suave como cetim.

Sansa olhou para Jon a procura de apoio, que por sua vez encarou Sam.

— Meistre Moryn é de confiança, lhes garanto. Seria uma adição a Winterfell, tem todos os elos e é um meistre completo. Conhece as artes da cura e da guerra, tem conhecimento sobre ciência e religião. É tão sábio quanto precisa ser. — ele garantiu.

Sansa tomou as mãos do homem nas suas, eram tão frágeis que temeu machucá-lo se pusesse muita força no contato.

— Seria um prazer tê-lo conosco, senhor. Pod, procure um aposento quente para Meistre Moryn e lhe sirva alguma comida. Peça para que lhe preparem um banho. — ela ordenou e Podrick assentiu, levando o homem de idade avançada consigo.

Quando estavam sozinhos, percebeu que Sam tinha medo nos olhos.

— Cometi uma loucura, Jon. — ele disse, procurando apoio para as pernas, sentou-se na cadeira que era destinada a Wyman Manderly, a única que lhe cabia.

— Não teve tempo de concluir seu treinamento, por que voltou tão cedo? O que fez, Sam? — tinha repreensão na voz de Jon. Sansa observou em silêncio.

— Fiz o que me mandou, pesquisei sobre os Outros, pesquisei como matá-los. Mas não há nada além do que já sabemos. Fogo, aço valiriano e obsidiana. O que acontece, Jon, é que há uma conspiração na Cidadela. Os Meistres acreditam que a magia no mundo deve acabar. Meistre Aemon acreditava que Daenerys Targaryen é a prometida, acreditava que seus dragões eram sua espada de fogo. Acredita, nisso, Jon? Dragões? — Sam se misturava nos assuntos, estava afobado.

— Daenerys Targaeryen senta no Trono de Ferro. — Sansa lhe disse. Seria então a Rainha dos Dragões a verdadeira prometida e não Jon?

— Deuses! O velho estava certo, então? Gostaria que estivesse vivo para ver isso.

— Qual a loucura que cometeu, Sam? — Jon estava impaciente. Poderia ouvir sobre aquilo outra hora.

— Roubei dos Meistres, Jon. Roubei deles cinco velas de obsidiana. — ele então apontou para um baú de madeira que estava sobre a mesa.

Jon se aproximou da caixa e a abriu. O que viu não era algo que poderia ter imaginado mesmo que lhe descrevessem. Quatro cilindros negros e um verde, tinham um metro cada. Retorciam-se em pontas afiadas e brilhantes. Pareciam lâminas de uma espada e não simples velas.

— Velas, você diz? — Jon perguntou intrigado.

Sansa se aproximou para ver. Tocou uma com as pontas dos dedos, mas os afastou rapidamente quando sentiu o choque quente em sua carne.

— Mas... Sequer estão acesas, como podem ser tão quentes? — olhou para Sam a procura de uma explicação.

— É vidro de dragão, minha senhora. Tiradas da base de vulcões flamejantes com lavas escaldantes. Direto de Valíria antes de sua perdição.

— Fez bem, Sam. Os Meistres podem viver sem suas velas. Podemos usá-las contra os Outros. — Jon estava empolgado. — Mas são velas, você diz... Como acendê-las? — perguntava-se como seria possível colocar fogo em vidro.

— Ora, Jon, fogo de dragão, é claro. — Sam se ateve a sorrir e Jon sentiu seu corpo tremer quando a brisa gelada da noite entrou pelas janelas.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado. Não esqueçam de me deixar saber o que estão achando.