You're burning up, I'm cooling down. escrita por Thai


Capítulo 16
There's a storm starting now.


Notas iniciais do capítulo

Voltei! O capítulo de hoje foi mais curto, mas essa semana está meio conturbada, tanto por obrigações quanto por confusão mental. Mas não gosto de deixar vocês na mão. Espero que gostem.
A quem interessar possa, postei essa fic Dramione que eu tinha aqui guardada e resolvi modificar algumas coisas e publicar:
https://fanfiction.com.br/historia/704107/Sometimes_loves_not_enough/



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Quando Sansa despertou, viu que estava sozinha. Tocou o espaço vago da cama sobre a presença em falta de Jon. O lugar ainda estava muito quente e o perfume forte dele ainda se encontrava impregnado nos lençóis. Um sorriso lhe tocou os lábios, a lembrança de Petyr Baelish era esmagada no fundo de sua mente. Já fazia pouco mais de um mês desde sua sentença e Jon ainda dormia ao seu lado todas as noites. Forçou seu corpo a levantar. Suas articulações protestaram e massageou as coxas tentando fazer o sangue voltar a circular. Então tocou com os pés desnudos o chão frio de mármore, sentindo o gelo lhe tocar a carne como aço. O dia era cinza, mas aquilo não a incomodava. Os dias cinzentos a faziam lembrar-se de seu pai. O inverno está chegando. Era o que dizia. Era o que prevenia a Casa Stark por tantos séculos. E agora, finalmente, o inverno estava ali. O frio a fazia sentir-se acolhida, como se os próprios braços de Eddard Stark a envolvessem quando o vento gélido lhe tocava.

Abriu as pesadas cortinas e sorriu ao ver a imagem de Jon. Era um ponto distante no pátio, coberto por lã e veludo azul. Arya estava com ele, vestida como de costume, os trajes de montaria que pareciam sua segunda pele. Ambos sorriam e aquilo lhe causou uma agitação no peito. Arya segurava uma fina espada que reluzia a luz pálida que irrompia pelas nuvens carregadas, a erguia de maneira firme e a apontava na direção de Jon. Jon fazia o mesmo, mas não usava Garralonga, era uma arma mais modesta, porém parecia afiada e tinha um punho de couro negro, quase engolido pela luva da mesma cor que usava. Viu-se obrigada a parar de olhá-los e preparou-se para o dia que se seguiria.

Quando saiu do quarto, não houve surpresa ao se deparar com a imagem de Brienne de Tarth, sempre imponente a aguardando. Sorriu-lhe de forma cortês e as duas caminharam até a sala do conselho. Não havia muito a ser feito naquele dia, além de se certificar de que as provisões durariam até o fim do inverno e seriam suficientes para uma guerra. Quando entrou, viu que apenas Podrick aguardava e sentou-se em sua cadeira. Brienne imitou seu movimento e sentou-se de frente para ela.

— Bom dia, minha senhora — Pod a cumprimentou e colocou um pesado livro em sua frente. — Aqui está o livro de contas. — Sansa passou os olhos pelos números e franziu o cenho.

— Como está a colheita? A neve não nos permite mais plantar ao ar livre, mas os Jardins de Vidro deveriam suprir a necessidade, por que os números são tão baixos?

— Tivemos que mandar suprimentos para o cerco, minha senhora. Mas ainda há muito que se plantar. E o povo que ocupa a Vila de Inverno não encontra dificuldade no comércio.

 — Acredito que poderemos resistir até o fim do inverno. Sor Davos manda notícias?

— Sim, recebemos um corvo das Gêmeas — Podrick lhe apontou um pergaminho sobre a mesa. Sansa quebrou o selo e correu seus olhos pelas palavras.

— O cerco resiste. Mas não há como saber como está a situação nesse momento. Que minhas preces sejam atendidas e retornem para nós logo. — sentia-se tensa pela falta de notícias do Jardim. Nada ouvira de Lady Olenna desde que lhe mandara a carta. — Tem algo mais que gostaria de tratar? — ela perguntou e Podrick deu um aceno negativo.

Sansa sorriu aliviada e saiu dali depressa, seguida por sua sombra. Brienne sempre em seu encalço. Seguiu para o quarto de Bran e o encontrou sentado sobre uma cadeira alta no pé da janela. Seu olhar era melancólico e estava fixo em um ponto. Meera estava afastada, lia um livro qualquer. Quando notou sua presença, desviou a atenção das páginas e lhe lançou um olhar de tristeza, depois encarou Bran. Sansa entendeu que estava preocupada. Aproximou-se do irmão e lhe tocou o ombro, olhando para onde olhava. Viu a mesma imagem de Jon e Arya que havia visto mais cedo.

— Sansa — o ouviu cumprimentar com uma cortesia fria.

— Por que não sai desse quarto? — ela questionou mantendo a voz moderada. — Posso pedir para que Brienne lhe leve até o pátio. — encorajou e lhe sorriu quando ele a fitou.

— De que me serve assistir? De longe ou de perto não há diferença. Lembra-se de quando queria ser um cavaleiro? — os lábios de repuxaram em uma linha severa. Sansa lembrava.

— Sim. Mas os Deuses tinham outros planos para você e tem um dom incrível — tentou ser otimista.

— É... — ele disse brando. Não sabia se seu dom era tão incrível assim se sequer o podia controlar. — Tenho um pressentimento ruim sobre esses tempos de calmaria. Algo grande se aproxima. — Sansa sentiu seu corpo tremer e engoliu o ar forçando seus pulmões a voltarem a respirar.

— Vamos descer, Bran, será divertido. — Meera interveio ao sentir o clima pesado. Bran apenas acenou.

Brienne o ergueu nos braços e caminharam na direção do pátio. Meera arrastava uma cadeira. Pararam na ponte coberta e Bran foi colocado sobre o assento. Ele observou enquanto Arya e Jon duelavam, mas os dois não pareciam levar o embate muito a sério, zombavam um do outro e por vezes davam golpes no vento. Algumas vezes, no entanto, o tintilar do aço contra o aço ecoava pelas paredes do castelo. Sansa estudou Bran e viu quando os olhos dele cintilaram. A sugestão de um sorriso surgiu em seus lábios e ela conseguiu respirar aliviada.

— Vamos, Arya, luta como uma garotinha! — Sansa provocou a irmã que lhe lançou um olhar divertido. — Vamos, dê uma lição nele e mostre como se luta.

— Vai ficar contra mim? — ouviu Jon reclamar enquanto parava um golpe no ar.

— Garotas tem que defender umas as outras — ela disse e abriu um sorriso de ponta a ponta.

— Não vai me dar um apoio? — Jon olhou para Bran procurando por um amparo, Bran encolheu os ombros e sorriu.

A distração de Jon foi o suficiente para que Arya avançasse contra ele e lhe tocasse com a ponta da espada de forma leve, ele desequilibrou na mistura de neve e lama e acabou caindo. Sansa riu e ouviu quando o gargalhar de Bran pôde ser notado. Sentiu-se feliz. Até Brienne havia sorrido. Ela caminhou até Jon e lhe estendeu a mão para que levantasse. Jon a tocou no braço e a puxou, fazendo com que também perdesse o equilíbrio. Caiu com o quadril no chão e sentiu o impacto em seu corpo. Aquilo lhe deixaria marcas.

— Como ousa? Sou sua Rainha. — ela fez uma falsa voz de repreensão, mas sorria.

Jon levantou-se ligeiro e a ajudou a se erguer. Arrumou o vestido que tinha ficado abarrotado e agora se encontrava molhado e coberto por lama.

— Sinto muito, minha rainha. — ele disse zombeteiro.

— Eu ganhei, agora vai ter que escovar os nós de Nymeria e limpar a lama de seus pelos — Arya falou de repente. — Boa sorte. — e então riu. Sansa sabia que Nymeria dava trabalho quando tinha de tomar banhos.

Jon revirou os olhos e assanhou os cabelos da caçula. Arya o fuzilou com os olhos, detestava aquilo. Caminharam até Bran e o encontraram com a expressão distante, vazia.

— O que houve, Bran? — Sansa perguntou temerosa.

Ele não teve tempo de responder, Sansa ouviu quando o sentinela gritou da torre de vigia.

— Eles voltaram!

Jon se precipitou até o portão e Sansa o seguiu. Os portões foram abertos e puderam ver ao fundo a marcha de homens que avançava. Viram os estandartes conhecidos, o lobo gigante dos Stark tremeluzindo mais alto que todos. Mas viu também a flor Tyrell sobre o campo verde e viu o sol Martell rodeado pelo laranja do crepúsculo. Uma onda de excitação lhe invadiu. Os Deuses tinham ouvido suas preces. Viu quando eles se espalharam pelos muros e começaram a agitação de desmontar e montar acampamento. Wyman Manderly se aproximou dela. O homem gordo montava um corcel de guerra alto e elegante. Ele desceu com ajuda.

— Minha rainha — beijou sua mão em reverencia. — Sinto não termos mandado notícias por corvo, mas tememos que nossas cartas fossem interceptadas.

— O importante é que estão aqui, senhores. — ela sorriu.

— As Gêmeas são suas. Seu tio Edmure ficou nas terras fluviais, mas diz que quando for a hora marchará para o Norte. Se me permite, irei tomar uma grande caneca de cerveja preta e forrar meu estomago.

Sansa acenou para ele e o homem partiu. Viu quando Robett a olhou, os olhos do homem eram frios e distantes, como se lhe quisesse contar algo, mas não encontrasse palavras.

— O que houve? Onde está sor Davos? — ela perguntou. Sentiu uma fisgada em seu peito e seu corpo tremeu de medo.

Robett Glover não disse nada, acenou para uns homens e eles avançaram com uma carroça. Viu o corpo pálido de Davos deitado de mau jeito. Estava pálido e suado sob as cobertas. Sua respiração era irregular. Ela subiu depressa e lhe tocou a testa. O homem ardia em febre. Quis chorar. Quis correr dali sob a possibilidade de perdê-lo também e quis se machucar por tê-lo mandado para a guerra. Jon percebeu como ela tremia.

— Brienne, leve sor Davos para dentro, encontre alguém para cuidar de seus ferimentos. Esse homem não pode morrer. Não permita que ele morra. — Jon disse duro. Mas também temia perder Davos. Havia sido a figura paterna que perdera.

Ele abraçou Sansa e afagou seus cabelos enquanto ela chorava em seu ombro. Observou curioso a aproximação de um homem. Ele se sustentava por uma bengala elegante e caminhava altivo, mesmo que cuidadoso sobre a neve escorregadia e a perna coxa. Os flocos começaram a cair e pairaram no ar para depois tocarem a face dele e derreterem. Os cabelos eram de um castanho profundo e caíam em cachos largos até as orelhas. Os olhos eram verdes e vibrantes, quase do mesmo tom do estandarte Tyrell. A pele era bronzeada demais para os padrões do norte e sua face, muito gentil. Percebia-se que não pertencia àquele lugar. Vestia-se de lã e cetim verde escuro e tinha um casaco de pelo de urso lhe protegendo do frio. Não gostou dele, nem de seu sorriso cortês. Jon tocou Sansa e ela se desfez do abraço, notando a presença do homem. O olhou intrigada.

— Permita que me apresente, minha senhora. — ele tomou a mão dela na sua que não segurava a bengala e a beijou. — Sou Willas. Willas Tyrell.


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Notas finais do capítulo

Beijos e até a próxima ♥