Tulpa escrita por Manicy Nunes


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Uma pequena introdução pros próximos acontecimentos.



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02 de novembro de 1990, Cidade das Rosas

O pequeno cômodo em que se encontrava estava completamente envolto numa penumbra escura, um único feixe de luz avermelhada se encontrava na mesa de cabeceira, ao lado da cama infantil em que Sara estava, o radio-relógio marcava as onze horas e trinta e três minutos. Sara se encolhia na cama, vestia um macacão jeans, com as alças abaixadas  e uma camisa amarelada, rasgada nos cotovelos que costumava usar nas brincadeiras na rua, tinha levantado o cobertor até cobri-la até o pescoço, não podia deixar detalhe algum de fora, verificou o relógio e ao ouvir a maçaneta se mover, voltou a fingir que estava mergulhada em sono profundo, mesmo após seus olhos já terem se acostumado a falta de luz no quarto, a claridade incomodou seus olhos, mesmo fechados, quando sua mãe se aproximou da cama e acariciou-lhe a testa, sussurrando um desejo de boa noite se retirou do quarto, como de costume, saindo e fechando a porta atrás de si. A criança esperou mais alguns minutos, até que se levantou, com cuidado pegou a cadeira da escrivaninha que usava para fazer suas lições e a pôs segurando a maçaneta, já que não possuía trancas no quarto, levantou as alças do macacão, de joelhos abriu a gaveta inferior do guarda-roupas e embaixo da pilha de camisas, pegou um canivete que achou na caixa de ferramentas do seu pai, na vez que foi visitá-lo aquela semana, guardou-o no bolso do macacão, em seguida foi até a janela, ainda aberta, dando graças a Deus ou o que quer que existisse por sua mãe não tela fechado esta noite, afinal, estava um dia quente e era noite de lua cheia.

Sara subiu na cama e com pouca dificuldade conseguiu sentar-se na janela e pular a mesma, aterrissou no canteiro de flores sem muito barulho, continha o riso pela sua traquinagem, sentia seu coração acelerado, estava escapando da própria casa, assim que abriu o portão da casa, olhou para trás e se pois a correr pela rua iluminada mais pela lua que pelos postes na rua, parou apenas em frente ao terreno baldio, ao lado da casa de sua melhor amiga, que a esperava na janela do segundo andar da casa dela, com um aceno, a amiga desapareceu entre as cortinas, e a própria Sara se escondeu entre as arvores do terreno ao lado, ele era bem grande e apesar de ser próximo da casa da amiga, era muito fácil se esconder ali, arvores altas e escuras, nem mesmo a luz da lua penetrava aquelas folhas, se aproximou da maior arvore, a mesma que haviam marcado com o símbolo na tarde anterior, o tronco mais firme e grosso e esperou.

Naomi  se aproximou com uma lanterna pequena em formato de ursinho, a mesma que haviam ganhado na maquina de gancho que ficava no shopping  no centro da cidade, junto trazia ketchup e molho de pimenta. Assim que avistou a amiga, sorriu por entre as sombras, e correu até ela, colocando seus recém-adquiridos artefatos no chão sobre os pés da outra e a abraçando, abraço esse que foi correspondido na mesma intensidade, em seguida Sara abriu o bolso do macacão e tirou de dentro o canivete, mostrando-o a Naomi.

— Você viu as horas quando saiu de casa? - disse Sara enquanto se abaixava se sentando de frente a Naomi, que em seguida fez o mesmo.

— Faltava cinco minutos, vamos mesmo fazer isso? - perguntou segurando a garrafa de ketchup firmemente.

— Vamos fazer isso. Acha que vai funcionar se não usarmos nosso sangue?

— Não sei, podemos tentar, abra a garrafa de ketchup e coloque a pimenta dentro, estamos ficando sem tempo.

Sara abriu a garrafa e despejou todo conteúdo da pequena dentro dela, sacudiu um pouco e em seguida puxou o braço da amiga que a olhou e em seguida fechou os olhos virando o rosto pro lado oposto, passou o canivete rente a palma da mão da amiga fazendo o sangue pingar dentro da garrafa com a mistura, em seguida, entregou o canivete na mão da amiga e estendeu a mão oposta, fechando os olhos e mordendo os lábios, respirou fundo enchendo o pulmão de ar quando o canivete cortou a palma da sua mão, repetindo o mesmo processo de pingar o sangue. em seguida fecharam a garrafa juntas, e desenharam símbolos envolta de si mesmas, sentadas uma de frente para a outra, e deram um aperto de mãos, com as mãos que estavam feridas. Olharam-se por um longo tempo e proferiram o juramento que haviam planejado antes.

"Eu, Sara, juro ser sua melhor amiga para sempre, não importa para onde irei me mudar, em que lugar eu vá estar, vamos sempre ser melhores amigas."

"Eu, Naomi, juro ser sua melhor amiga para sempre, não importa para onde você vá, em qualquer lugar que você vá estar, vamos ser melhores amigas para sempre."

A lua nunca pareceu brilhar tanto como naquela noite, em meio a lagrimas, ambas se abraçaram, até ouvirem passos.

Ambas se levantaram e começaram a correr pelo terreno, fazendo apoio com as mãos, Sara ajudou Naomi a subir em uma mangueira, no processo, areia e terra entram na ferida recém aberta na palma da mão e ela da um gemido, ouvindo os passos se aproximarem naquela direção, logo Naomi oferece a mão para que Sara suba, mas ela apenas balança a cabeça e corre para outra arvore próxima, uma goiabeira mais baixa, ainda assim com mais galhos distribuídos, subindo o mais alto que pode, assim como Naomi, as duas ainda conseguem se ver sobre as folhas, apesar de estar alto demais para quererem olhar para baixo, ainda assim Sara olha e tudo que consegue enxergar é um feixe de luz, um homem encapuzado se abaixa no chão e com o auxilio de uma lanterna, mira sobre os símbolos desenhados com ketchup, pimenta e sangue e da uma risada, em seguida se levanta e parece olhar para o lado, Sara teme se mover e fazer algum barulho, olha para o lado, onde Naomi aperta o galho em que esta sentada encolhida, quando Sara olha para baixo novamente, tudo que vê é a lanterna apontando para cima, em sua direção.


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Notas finais do capítulo

Comentários sempre serão bem vindos, a história realmente começa a partir do próximo capitulo, até amanha!

E sim, as crianças morreram.



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