Mistakes escrita por Luc


Capítulo 9
Capítulo 09 - Esqueça Tudo


Notas iniciais do capítulo

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Não Tenho Arrependimentos

Max estava dirigindo, e Nicolas, ao seu lado, sentia a brisa bater sobre seu rosto enquanto dava atenção aos prédios que passavam como vultos. Os fios de cabelo esvoaçados, o olhar motivado... Nicolas estava feliz. Ligou o radio e sintonizou no canal de músicas populares “Ed Sheeran – Photograph”. Max o observava atentamente e ao mesmo tempo dava atenção ao volante. Era difícil se desprender daquele rapaz ao seu lado.

            - Então? Vai me dizer onde estamos indo?

            - Relaxa. É surpresa. – Sorriu. Em seguida envolveu sua mão direita na nuca de Nicolas e o surpreendeu com um carinho.

Nicolas o fitou com olhares encantados, se deixou levar pelo carinho das mãos ásperas e em seguida o beijou.

            - Cuidado com o volante. – Max brincou ao sentir os beijos no pescoço.

            - Eu nunca tinha feito nada parecido, sabia?

            - Tipo se desligar de tudo?

            - É... Eu sou muito programado. Acredita que eu tinha um diário com tudo que eu deveria fazer até completar vinte anos?

Risos.

            - Eu acredito. Você é cheio de expectativas sobre tudo. Totalmente diferente de mim.

            - Mas você estava desacreditado. Eu ainda vou fazer você mudar de ideia.

Max o encarou, sorriu no canto da boca e em pensamentos disse “Já mudou.’’

Depois de dirigir por algumas horas, indo até Shoreline-Washington, um pouco diferente de todo o caos de Seattle, eles chegaram num lugar isolado, onde havia muito verde em volta, um gramado imenso, um sol se pondo, dando uma fusão perfeita para o azulado céu, e para completar o clima perfeito, um vento friento trazia a frente fria noturna. A casa a frente deles era uma típica casa antiga americana. Feita toda de madeira industrializada, com detalhes rústicos aparente, o aspecto antigo era proposital. Era a casa onde os avós de Christian moraram por longos anos antes de falecerem.

            - Esse lugar é lindo. – Nicolas saiu do carro e admirou todo o verde à sua volta.

Era realmente fascinante para alguém que está acostumado com a bagunça da vida na metropolitana Seattle.

            - Sabia que você ia gostar.

            - Esse solzinho está uma delícia. Meu Deus, isso é incrível, Max. – Sorridente.

            - Que bom que gostou. – Max se aproximou e estendeu sua mão. – Vem, quero te mostrar um lugar.

            - O que? – Curioso, Nicolas deu a mão.

            - Vamos enfrentar? – Propôs de frente para o deque que dava acesso a um lago.

            - Vamos!!

Nicolas e Max se olharam e contaram até três, correndo pelo deque e se jogando na imensidão do lago.

Nadaram, fizeram guerra de água, se divertiram com muitas gargalhadas e momentos descontraídos. Max estava se entregando ao que queria fazer, mas nunca tivera uma real oportunidade.

            - Agora estou com frio. – Nicolas brincou.

Através de olhares, era notório ver o quão Max se sentia realizado ao ver cada sorriso do jornalista.

Horas depois que Max e Nicolas partiram para uma viagem inesperada, Christian levou Adam para uma festa na qual ele não poderia, por hipótese alguma, aparecer sozinho.  Chegando num belíssimo salão de festas, ilustrado na parte externa por um gramado verde, flores brancas, vasos de porcelana espalhados pela entrada, alguns fotógrafos registrando momento e todas as pessoas bem vestidas a caráter social, Adam olhou para Christian ao entender o tema da festa.

            - Não acredito que você me trouxe para um casamento.

            - Estamos de terno e gravata, o que você esperava?

            - Obrigado por me trazer a uma das festas mais entediantes que existe.

            - A bebida é de graça, pensa por esse lado.

            - É, pelo menos tem isso. – Deu de ombros.

Logo quando entraram foram parados pelo fotografo que pediu para registrar o momento, e em seguida foram até o salão principal que era num formato redondo com o teto todo de vidro, possibilitando a visão de todo o céu nublado. Em volta, as torres de cor branca embelezavam e dava um toque sofisticado, além de algumas cortinas bege penduradas na lateral, havia também cadeiras espalhadas por dois lados e um tapete vermelho central indo em direção ao altar.

            - Meu Deus, tanta cafonice... – Adam sussurrou. Em seguida pegou uma taça de champanhe quando um garçom passou servindo. – Posso beber, ne?

            - Claro. Eu também vou. – Christian também pegou uma taça e bebeu numa só golada.

Adam estranhou, mas teve sua atenção roubada ao notar que tinha um número excessivo de homens gays e lésbicas e imediatamente associou a um casamento homossexual.

            - Isso é...

            - Christian... Não pensei que você fosse vir, cara. – Um rapaz se aproximou. Boa aparência, cabeça raspada, sorriso sedutor, um brinco na orelha esquerda dando um toque sexy e pele branca. Era um antigo colega de Christian da época da escola.  

            - Fala aí, Jesser. – O cumprimentou com aperto de mão. - Eu não esperava te ver aqui, para ser honesto.

Christian tentou disfarçar para que Adam não percebesse nada suspeito.

            - Eu decidi dar uma chance. Comida de graça, bebida liberada...

            - Isso aí... – Risos. – Está namorando? – Jesser perguntou olhando para Adam.

            - Na verdade esse é meu amigo.

            - Amigo... Sei.

            - A gente transa. – Adam interrompeu sendo direto, como sempre.

            - E como você está se sentindo, cara? Em relação a isso tudo? – Perguntou, dessa vez falando mais baixo. – Eu fiquei triste quando soube que não tinha dado certo entre vocês. Vocês pareciam ser... – Era nítido que Jesser estava alcoolizado.

            - São águas passadas. Eu tranquilo, amigão. – Interrompeu para que Adam não soubesse dos detalhes.

            - Ei, Jesser! Jesser! – Um garoto se aproximou. Negro, gesticulando com as mãos de um jeito delicado e afeminado. – Eu te pedi para parar de beber... – Tomou a taça dele.

            - Foi mal, amor... É difícil resistir.

            - Desculpa, gente, vou levar ele lá para fora. – O rapaz se despediu e em seguida o levou.

Quando ficou a sós com Adam, Christian tentou não dar espaço para questionamento.

            - Você tem razão, é bem cafona mesmo. – Pegou outra taça quando o garçom passou e engoliu tudo de uma só vez novamente.  

            - Estamos no casamento do seu ex? – Adam questionou.

            - O que? – Se fez de desentendido e pegou a taça de Adam. Bebeu tudo.

            - Eu não sou do tipo que acha que ex namorados devem virar amigos, mas... respeito a sua atitude. Se você quis vir... – Adam comentou, ainda estranhando o modo como Christian estava reagindo a situação.

            - Christian? – Um outro rapaz se aproximou. De pele morena, com um sorriso e olhos verdes, um discreto cordão dourado que aparecia devido ao blazer e a camisa social estarem desabotoados, não foi difícil notar a descendência latina de Mathias.

            - Mathias? – Christian o abraçou. – Não sabia que você estava por aqui, cara...

            - Foram horas de viagem até chegar.

            - Bom te ver. Esse é meu amigo, Adam.

            - Prazer, Adam. Sou Mathias. – Educado e atencioso. – Então, cara... Eu não estava esperando te ver aqui depois de tudo que aconteceu. Só estou aqui porque o Sam quis vir. – Falava do namorado.

            - Tem muito tempo que não vejo o Sam, como ele está?

            - Está por aí fazendo amizades. Ele continua simpático. – Brincou.

            - Precisamos colocar o papo em dia, cara... Eu ando sem tempo por causa do exército, você sabe...

            - Nem me fale...

            - Espera. – Adam interrompeu a conversa. – Eu estou curioso demais pra saber o que aconteceu e eu não consigo ler através de códigos. Por que está todo mundo agindo como se você... na verdade eu preciso saber os detalhes. – Confuso.

Silêncio momentâneo entre eles.

            - Achei que ele soubesse, cara. Foi mal...

Christian abaixou a cabeça, tentou arrumar um jeito de não contar, mas era inevitável. Se despediu de Mathias que preferiu dar espaço ao casal e sentou-se numa cadeira ao lado.

            - Quer saber o que aconteceu? A típica história clichê. Eu estava noivo de um cara que me traia com meu melhor amigo na base militar. – Pegou a taça de Champanhe quando o garçom passou. - Isso que aconteceu. – Completou virando o copo.

Adam se surpreendeu com a revelação.

            - Porque você veio até aqui? Para se torturar? Meu Deus, Christian. Vamos embora. – Sentou-se ao seu lado.

            - Eu estou bem. Não abalado com isso tudo, mas é que... Eu não disse nada quando descobri. Quando vi eles transando, eu segui andando e nunca falei sobre nada. A gente nunca mais se viu, eu fui embora. Eu não poderia ter ignorado aquilo. Eu tenho tanta coisa para dizer, pra saber...

            - Você não disse nada? Tipo, nada? Meu Deus, como você conseguiu? Provavelmente o seu ex era um idiota. E por que dizer agora? Quer saber, não vou ficar te questionando. Você provavelmente tem seus motivos. – Adam pegou mais uma taça de bebida quando o garçom se aproximou. – Toma. A gente vai precisar de algumas doses a mais. – Se levantou. – Então, quer resolver esse capítulo? Vamos lá. – Estendeu a mão para o amigo.

Depois da longa diversão no lago, Nicolas e Max tiraram toda a bagagem de roupas do carro, e Max foi o responsável por levar tudo até o quarto no segundo andar da casa, enquanto no primeiro andar, Nicolas limpava o sofá e os móveis que estavam empoeirados.

            - Vou avisar o Christian que o cara que devia estar cuidando da casa, não está cuidando tão bem. – Max disse depois de descer as escadas e ir até a cozinha.

Havia algumas sacolas com os alimentos que eles levaram para passar os dias.

            - Eu adorei esse lugar, sério. É incrível.

            - Espero que a poeira não te incomoda.

            - Não. Está perfeito. – Sorriu. – Nicolas foi até a cozinha.

Max se aproximou o fitando com olhares e em seguida o beijou. Segurou Nicolas pelas pernas e o pôs em cima da pia e continuou a beija-lo. Nicolas por sua vez envolveu suas pernas na cintura de Max e o prendeu para que ele não escapasse. O beijo suave também estava carregado de desejo.

            - Não faz isso... – Max sussurrou ao sentir seus lábios serem mordidos.

            - Vamos comer? – Nicolas desceu da pia depois de provoca-lo. - Eu separei alguns biscoitos para a gente.

            - Relaxa aí, cara. Você vai ver hoje o que poucas pessoas viram; Eu cozinhando.  Revelou.

            - Sério?

Surpreendido, Nicolas sentou-se na cadeira que havia ao redor de uma mesa embutida de mármore, até que então viu a magia acontecer. Max se dedicou em não só organizar a cozinha, como também limpa-la e ao mesmo tempo preparar o prato que iriam comer. Uma deliciosa lasanha. A todo momento, Nicolas não desviou o olhar por um minuto se quer; Estava admirado.

            - Você é mais organizado do que eu pensei... – Nicolas comentou.

            - Talvez eu esteja só mantendo as aparências. – Brincou.

            - Não... Sei que você não é disso.

Max respirou fundo, ficou em silêncio e continuou a cozinhar.

Ainda na festa de casamento que estava há poucos minutos dar início a cerimônia, Adam e Christian resolveram tomar várias doses de bebidas mais fortes para tomarem coragem. A verdade é que o militar era o único que precisava realmente de encorajamento para falar com o ex namorado. Adam decidiu ajuda-lo e nada como um pouco de loucura para colocar assuntos pendentes no seu devido lugar.

Eles estavam num outro ambiente interno onde havia um corredor com três portas fechadas. Provavelmente uma delas era onde estava o noivo. Quando viu um papel pendurado com o nome do ex, Christian se prontificou em frente a porta e respirou fundo para tentar buscar coragem. Ele já estava um tanto alterado pelo álcool. Ao seu lado, Adam, que estava mais sóbrio e contido, disse que o esperaria ali enquanto ele resolvesse tudo.

            - Vai, e diga o que tenha que dizer. – Adam abriu a porta e em seguida a fechou.

Christian então deu de cara com seu ex namorado que estava apenas de calça, terminando de colocar a blusa antes do blazer. O rapaz é de pele branca, olhos claros, cabelo preto e lábios finos rosados. Os olhares dos dois militares se colidiram. Christian estava com emoções de angustia e decepção.  

            - Christian... – Brian estava surpreso. – Não sabia que você viria.

            - Brian... Brian, Brian... – Apesar da frequência de balanço do corpo, Christian não estava tão bêbado. – Você está bonito... Sempre foi, né?

            - Christian... – Estranhou.

            - Desde que fui embora, fiquei me perguntando o que eu te diria se te encontrasse de novo. Cara, você nunca me procurou. Nem pra pedir desculpas... Teve algum momento em que você se importou com o que fez?  

            - Claro que sim, Christian. Eu te amei muito... Eu queria pedir desculpas...

            - Por que não pediu? Acho que nós temos definições diferentes de amor. – Se apoiou num cabide.

            - Você já viu o Daniel?

            - Ainda não. Primeiro eu vim te ver... Te desejar boa sorte no casamento. Espero que com ele você seja fiel. Ou ele seja fiel com você. Estamos falando de dois traíras. – Gargalhadas.

            - Christian, melhor você ir embora. Você não parece bem.

            - Não, não. Desculpa, eu não quis ofender. Eu estou muito bem. Sério! Eu só queria dizer que... – Respirou fundo e confrontou o ex com olhares. – Eu te superei, Brian. O que eu sinto por você é pena. Nem você sabe o que está fazendo. Tudo isso? Esse casamento? Eu tenho certeza que não vai dar certo.

            - Saia daqui, Christian. Eu não vou discutir com você no dia do meu casamento – Voz alta.

            - Claro que não. Você vai fugir, como sempre. Você é desprezível.

            - Você que fugiu, não eu! – Voz alta.

            - Eu fugi porque estava decepcionado. – Alterou a voz também. – Você devia ter me procurado se fosse um homem decente, mas não passa de um desgraçado que fodeu com meu melhor amigo e todo o exército sabia, menos eu.

Em seguida, ao ouvir o grito no quarto ao lado, Daniel abriu a porta e se surpreendeu ao ver o melhor amigo que não vê há anos.

            - Christian.

            - O maior traíra chegou...

            - O que você está fazendo aqui, cara?

            - Eu só vim desejar boa sorte para o Brian. Pra vocês dois, na verdade. Como eu estava dizendo... Vocês se merecem. Dois traidores resolvem se casar. É irônico, não acham?

            - Eu acho. – Adam comentou.

            - Sai daqui, Christian. – Brian então o empurrou.

            - Não encoste nele, seu idiota. – Adam segurou na mão de Christian e o levou para o corredor.

            - Você não devia estar aqui. – Daniel disse.

            - Eu só vim ver meu melhor amigo se casar... Espera! Melhor amigo? Acho que não. – Risos.

Christian virou as costas para ir embora, mas antes, precisava fazer algo que queria e não fez. Num ato rápido, ele deu um soco certeiro no rosto de Daniel.

            - Desgraçado. – Esbravejou olhando para o corpo do amigo caído ao chão com os lábios sangrando.

            - Sai daqui! – Brian gritou.

            - Quer saber de uma coisa? Vocês dois são loucos de trair um cara tão legal quanto o Christian. Acho que ele tá certo. Vocês se merecem mesmo. Nada melhor do que duas pessoas que entendem de traição decidirem casar. Eu mal posso esperar o fim que vai ter esse casamento ridículo e cafona. – Adam atacou. – E pra completar... Aquilo tudo lá fora? Está uma cafonice. Estamos em dois mil e dezesseis, não em mil novecentos e oitenta.

Em seguida, os dois saíram correndo dali, com muitas gargalhadas e tentando encontrar equilíbrio no corpo embriagado.

Christian carregava uma garrafa de champanhe e Adam outra. Roubaram da festa antes de serem expulsos. A energia entre eles foi renovada. Adam estava pendurado nas costas de Christian enquanto perambulavam pelas calçadas iluminadas no início de madrugada em Seattle. Eram muitas gargalhadas aleatórias, resultado do nível alto de álcool no sangue, brincadeiras e momentos tão infantis que pareciam ter oito anos de idade. Parados no meio da rua, em cima da linha amarela que divide os carros, Christian olhou para Adam, teve que se curvar um pouco para colidir com seus olhos ao dele, acariciou seu rosto com suavidade e apesar de não conseguir ficar de pé com muita facilidade, Christian foi forte e o agradeceu por tudo que Adam fez numa noite que supostamente devia ser difícil.

            - Não esperava isso. Você é mais incrível do que eu pensei.

            - Eu tenho que dizer que também começando a gostar de você. – Adam revelou. Talvez a bebida o fez tomar coragem para se libertar do rapaz seguro e sem foco em relacionamentos como ele costuma se classificar.

            - Parece que não é só em sexo que a gente se dá bem, né? – Brincou.

            - Mas....Sexo é importante. – Adam começou a desabotoar a blusa de Christian. – Muito importante. – Voz arrastada

            - Você está se tornando importante. – Segurou a mão de Adam para que ele não continuasse com o ato que resultaria em sexo. Bêbado seria ainda mais difícil de controlar seu tesão.

Adam tentou evitar os olhares, mas já estava entregue, e bêbado, pouco se importou em dizer o que realmente queria.

            - Seria loucura cogitar você como um namorado? Quer dizer, você é do exército, eu sou jornalista... – Risos. – Quais são as chances, ne? Não que eu queira estar num relacionamento. Mas é que... – Tagarelou como quem tinha muito a dizer, mas temia a própria vontade.

Christian o beijou sem mais delongas. Um carro que passava na rua, parou pouco a frente do casal iluminando-os com o farol e buzinou frequentemente para que eles saíssem do caminho.

            - Vamos sair daqui. – Adam o puxou. – Vai se ferrar, motorista. – Correram.

O clima de romance entre Nicolas e Max fica cada vez mais intenso. Com a lasanha caseira preparada e posta a mesa, Nicolas não poderia estar mais surpreso com o gosto delicioso do prato.

            - Está aí, algo que eu jamais esperaria de você. Está muito gostoso!

            - Sabia que você ia gostar, cara. Mas tenho que dizer que é a única coisa que sei fazer. Pra alguma coisa minha mãe serviu.

            - Eu gostei muito.

Uma breve troca de olhares, Nicolas segurou na mão de Max, deu um suave beijo e finalizou o jantar o ajudando a arrumar a cozinha.

Agora sentados no sofá da sala, após juntos acenderem a antiga lareira, Nicolas apoiou sua cabeça no ombro de Max e o silêncio tomou conta do ambiente.

            - Caleb iria gostar de você... Ele sempre quis que eu entrasse num relacionamento.

Max respirou fundo quando Nicolas tocou no assunto do irmão, controlou seu coração acelerado e deixou o silêncio dominar antes de falar algo.

            - Seu irmão é muito especial para você, né?

            - Muito. Muito mesmo. A gente é cumplice um do outro. –

Imediatamente Max comparou à sua relação com Eric. Pelo tom usado por Nicolas, dava pra perceber o quão forte era a ligação entre eles. O que dificultava ainda mais de dizer a verdade.

            - Eu sinto muito por tudo que aconteceu com ele, mas ele vai acordar. – Comentou enquanto acariciava o rosto do jornalista.

            - Você entrou na minha vida justamente quando eu precisava esquecer tudo.

Max se posicionou no sofá de uma maneira que pudesse encarar Nicolas. Respirou fundo, controlou as mãos trêmulas, engoliu seco para que as palavras parassem de fugir de seus pensamentos...

            - Eu sei que você está estranhando isso tudo, mas tem um motivo pra eu tá agindo dessa maneira meio maluca. – Suspirou. – A verdade é que eu não sabia quem eu era até te conhecer. Tudo que eu tenho feito desde que te conheci, são coisas que eu jamais faria. Parece que a minha vida entrou no eixo depois que você entrou nela. Nicolas... – Pegou na mão dele. – É difícil dizer, mas você é a coisa mais importante que aconteceu na minha vida.

            - Eu te amo. – Nicolas soltou.

            - Eu também te amo. – Max se controlou para não se emocionar diante das circunstâncias.

Nicolas estava perdidamente apaixonado e não havia emoções o suficiente para descrever o quanto aquelas palavras eram importantes. E ali, com o fogo os aquecendo, as declarações de amor que foram feitas, o último passo de Max precisava ser dado. Estava chegando a hora de contar para Nicolas toda a verdade.  

Eric estava andando de um lado para o outro na varanda de sua casa e pelo nervosismo, parecia quere tomar uma decisão que poderia pôr um fim em tudo “ Faço ou não faço? Esqueço ou não esqueço? Eu amo meu irmão mais que tudo. Não posso decepcionar ele. São anos de cumplicidade. Max merece uma vida boa, ele merece uma chance. ” – Eric estava pensando em tudo a respeito do que conversou com seu irmão. Foram horas de flashbacks lembrando do passado, de tudo que viveu, de toda a superação com os pais problemáticos, da maneira como tiveram que lidar com a vida para sobreviver a adolescência conturbada... Max era seu companheiro, seu amigo. Esteve por perto em todos os momentos que precisou. Talvez era a hora dele finalmente retribuir. Ainda que custasse muito mais do que queria, ele precisava fazer.

“Max, se eu fizer isso, vai ser só por você, cara. Eu posso apodrecer na cadeia, mas preciso ficar em paz e saber que meu irmão ficará bem.”

Como num flashback, Eric se lembrou do passado...

Max e Eric tinham apenas doze anos de idade quando foram parar na sala de diretoria após se envolverem numa briga que deixou um garoto da mesma idade no hospital. Eric era o culpado, mas Max se envolveu para que o irmão não ficasse sozinho. Onde um estava, o outro também devia estar. Era essa a definição de irmão para eles.

            - Você está bem? – Eric perguntou.

            - Eles batem feito mulherzinha.

Risos.

            - Vamos dar o fora daqui, antes que o diretor chegue. – Eric propôs.

Juntos, fugiram da escola, sem se quer pensar nas consequências.  

Lembrando de todos esses momentos, Eric não tinha mais dúvida. O que estava para fazer, era pelo por Max. Companheirismo é uma das qualidades que sempre se orgulhou de ter.

Quando Adam chegou em casa, levou Christian para seu quarto e não deu tempo nem de tirar a roupa. Ele pegou a primeira camisinha que encontrou jogada na gaveta do armário, colocou no pênis de Christian e lentamente deixou que ele enfiasse enquanto estava em pé, encostado na parede. Os movimentos eram mais lentos e havia uma certa troca de olhar cujo não estava presente nas outras transas. Christian traçou sua mão sobre as de Adam, continuou penetrando sem aumentar a velocidade, o tomou de beijos suave seguido de leves mordidas e sentiu a mão de Adam tomar suas costas de arranhões que certamente deixariam marca.

Já entre Max e Nicolas, o clima era delicado, suave e lento... era genuíno. Diferente de antes, havia emoções totalmente verdadeiras. Max estava completamente entregue a Nicolas. Cada beijo e cada toque, era real, significava algo. Max tomou o pescoço de Nicolas por beijos até deixar pequenas marcas. Suas mãos ásperas passavam pelas nádegas, arrancando suspiros. Max se comportou como um verdadeiro homem, tomou posse da situação, controlou Nicolas a todo momento sem perder o olhar por um instante se quer. Ele fez questão de admira-lo e encara-lo a cada movimento que foi feito. A cada balanço do corpo, os olhares se colidiam. Ele se esqueceu de tudo e compartilhou com Nicolas, ainda que inconscientemente, o seu novo eu.

Pela manhã, Eric foi até a delegacia onde Lydia já estava em seu escritório trabalhando. Ele não teve que esperar muito no corredor de espera até que pôde entrar na sala da delegada que não deixou de conter sua surpresa ao ver o marginal a sua frente.

            - Eu estava naquele assalto. Foi eu que fiz tudo. Eu roubei, eu que atirei. – Declarou.

Acordado por uma mensagem de celular de Eric, Christian se contorceu para pegar o celular na cômoda ao seu lado enquanto Adam estava dormindo. Arregalou os olhos quando leu “Fui até a delegacia contar toda a verdade. Não consegui falar com o Max, mas eu fiz por ele." Christian precisava ligar para Max imediatamente, para que Nicolas não soubesse antes de ele ter a oportunidade de contar toda a verdade.


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Notas finais do capítulo

Eaí, gostaram? Mistakes ta chegando na reta final, e eu mal posso esperar pra liberar os ultimos capítulos pra vocês!



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