Mistakes escrita por Luc


Capítulo 3
Capitulo 03 - Aproximação


Notas iniciais do capítulo

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Seus olhos azuis eram reflexos de uma breve confusão que estava acontecendo a sua frente, porém, seu olhar reflexivo demonstrava preocupação. A gritaria não parecia ter importância.  Nicolas estava numa delegacia, e enquanto sentado numa cadeira, dois homens embriagados discutiam. Seus pensamentos estavam na preocupação com o estado do irmão, que ainda não apresentou nenhum sinal de melhora, e também em como estava o processo de investigação com a polícia. Apesar de passar por um dos momentos mais difíceis de sua vida, Nicolas, aparentemente teve um motivo para sorrir. Quando seu celular vibrou e ele viu uma mensagem de ninguém menos que Max o desejando bom dia, o sorriso no canto da boca e o olhar iluminado mostram nitidamente que o encontro entre eles fluiu perfeitamente.

Interrompendo sua troca de mensagens, a delegada chegou. Lídya. Uma mulher negra, de lábios carnudos, cabelo preso, especificamente rabo de cavalo e um olhar sério. Lydia é a responsável pela investigação do caso de Caleb.

            - Desculpa fazer você esperar, eu estava resolvendo alguns inquéritos.

Nicolas a acompanhou até seu escritório. Chegando lá, uma sala com alguns papéis espalhados pela mesa principal, armários embutidos lotados de inquéritos e uma cafeteira que já estava produzindo café fresco.

            - Aceita uma xícara?

            - Não, obrigado.

            - É sobre o caso do Caleb, certo? Eu lembro de você alguns dias atrás quando te interroguei.

            - Sou eu. Eu queria saber se...

            - Eu sei porque você está aqui. Olha, Nicolas... Eu vou ser sincera com você e te dizer algo que odeio, mas, é necessário. Você vai precisar ter paciência. A investigação de um caso é muito complexa.... Eu já interroguei você, seu amigo e o senhor gerente daquele mercado. Nenhum de vocês conseguiram me dar uma característica do assaltante, então eu estou partindo para câmeras de segurança e ainda essa semana nós vamos capitar todas as imagens precisas. É um processo longo até começar a investigar e interrogar outras pessoas.... Tudo que você tem que fazer é esperar.

Nicolas abaixou a cabeça, respirou fundo e apesar da indignação por saber que o assaltante está livre, ele compreendeu a posição da delegada.

            - Tudo bem...

            - Fique tranquilo. Nós vamos pegar ele.

Nicolas então agradeceu pelo tempo e foi embora, enfrentando mais uma vez a neblina matinal. Max estava dentro de um carro do outro lado da rua enquanto o vigiava, como tem feito todos os dias.

Quando Lydia ficou sozinha, ela explicou para seu parceiro de trabalho, Derek, sobre o porquê de não contar para Nicolas a respeito das informações que tem descoberto sobre um dos suspeitos. Era necessário ter cautela antes de expor qualquer suposição.

Andando pelas calçadas, enquanto ainda era observado por Max, Nicolas foi surpreendido quando um taxi estacionou ao seu lado. Lentamente a porta se abre e seu melhor amigo, Adam, aparece.

            - Quer carona, Abraham? – Sorriu.

Nicolas entrou no taxi.

Além de melhores amigos, Nicolas e Adam compartilham de objetivos em comum. Eles se formaram juntos e no mesmo período foram contratados para fazer parte da equipe de redação de uma das editoras de jornais mais circuladas de Seattle.

 

            - O que você está fazendo aqui? Não devia estar na redação?

            - Vim saber como você está.... Eu falei com o chefe e ele disse que eu poderia vir aqui te ver e voltar em uma hora.

            - O que você fez? Transou com ele?

Risos.

            - Ainda não, mas quem sabe...

Entre risos, Nicolas recebeu uma mensagem de Max o convidando para sair à noite. Interrompendo a conversa para ler a mensagem, Nicolas não pôde conter o sorriso entusiasmado ao aceitar o convite.

            - Ah... O cara do celular ataca novamente? – Adam ironizou quando viu o amigo entretido.

O comportamento mais alegre de Nicolas era notório toda vez que estava ativo no celular. Adam já tinha deduzido que os sorrisos tinham um motivo, e era homem.

            - Quem? O que você disse? – Nicolas respondeu confuso enquanto ainda dava atenção ao celular.

            - O que estou querendo dizer é que você fica todo sorridente quando mexe nesse telefone.

Risos.

            - Para a sua informação, eu marquei de sair com o Max hoje.

            - Ah.... Então o nome dele é Max? Interessante...

            - Nós somos amigos, Adam. Aliás, eu nem sei se ele é....

            - Espera! Nicolas Abraham está saindo com um possível hétero? Quem te viu quem te vê...

            - Adam, cala a boca. – Risos.

            - Ele deve valer pena... porque esse sorriso aí eu não vejo a muito tempo.

Nicolas sorriu e em seguida teve os olhos tomados pelo céu nublado ao olhar para as nuvens enquanto a neblina pairava.           

Enquanto isso, na casa dos Greyer o clima é intenso. Max e Eric estão em uma intensa discussão após Eric contar para o irmão sobre o plano de assaltar mais um local. Só que dessa vez o perigo seria ainda maior por envolver um supermercado mais movimentado.  Enquanto sentado no sofá olhando para Eric em pé, Max estava convicto de que não faria parte dessa loucura.

            - Não faz nem uma semana direito que a gente assaltou aquele mercado, Eric. Você ta maluco?

            - Qual é, Max. Nós precisamos do dinheiro.

            - A polícia está de olho na cidade. Eu não vou me arriscar. A gente passou dos limites da última vez e você sabe disso.

            - Ta falando daquele garoto que eu atirei? Fala sério, Max. Aquele mané lá deve estar andando por aí se divertindo. Foi só um tiro de raspão.

            - O moleque está em coma, Eric! – Max gritou – Você tem noção disso? Nós colocamos o cara em coma!

Silêncio.

            - Co-como assim? – Gaguejou? – Como tu sabe disso?

Silêncio novamente.

            - Passamos do limite. – Max enfrentou o irmão com olhares.

            - Como você descobriu sobre o moleque? Seja lá o que você esteja fazendo, para com isso antes que dê merda! – Se aproximou do irmão. – Eu atirei nele, não você. Eu fico com a culpa. Entendeu? - Confronto de olhares.

            - Fica tranquilo, eu sei o que eu estou fazendo. Eu só estou tentando saber como anda a investigação...

            - Não tem nenhuma prova contra a gente. A investigação não vai dar em nada.

            - Mas eu vou ficar por dentro... Não dá pra ter certeza.

            - Beleza! Eu preciso de dinheiro, você sabe que se eu não conseguir os cinquenta mil dólares eu tô ferrado... só preciso de mais três assaltos e eu tô livre com aquele traficante.

A verdade é que mesmo se Max quisesse parar com os assaltos, não poderia deixar seu irmão sozinho. Eric se envolveu com o tráfico de drogas há um ano atrás na expectativa de conseguir dinheiro fácil. Por alguns meses ele conseguiu o que queria. Clubes, mulheres... Era a vida que pediu a Deus até ficar sedento por mais dinheiro e meter os pés pelas mãos. Achando que era o melhor e invicto, ele acabou roubando um dos chefes do tráfico e se envolveu numa grande confusão, até saber que estava devendo quase sessenta mil dólares. Agora, vivendo por um fio, ele precisa conseguir esse dinheiro ou então estará morto.

            - Posso contar com você ou não?

Silêncio reflexivo vindo de Max por alguns segundos até que ele balançou a cabeça concordando. Talvez fosse fraco, ou talvez fosse fiel demais ao ponto de deixar uma das pessoas mais importantes de sua vida resolver seus problemas sozinho. Max balançou a cabeça concordando com o plano do irmão.

 

Dois dias se passaram desde o encontro de Max e Nicolas, e, apesar de não terem se visto desde então, a aproximação deles continuou em andamento. Via celular, numa troca de mensagens constante e praticamente a todo momento, Nicolas e Max foi conhecendo pequenos detalhes do dia-a-dia de cada um. Max falou sobre seus gostos pessoais, Nicolas relatou sobre os filmes que têm visto, sobre sua rotina de trabalho e diversas curiosidades comuns que só faz sentido na cabeça de pessoas que estão prestes a se apaixonar. Ambos estavam cada vez mais próximos e o envolvimento era apenas consequência da intimidade que eles estavam construindo, porém, somente um deles sabia das consequências dessa aproximação. Max parecia estar deixando a razão de lado e aos poucos as memórias do assalto estavam se desfazendo pelo sorriso e olhar de Nicolas que se tornou constante em seu coração. Ele tinha o controle da situação, mas fez questão de deixa-lo escapar.

Max estava pensando nas consequências? Estava pensando no que poderia acontecer se a verdade fosse exposta? A verdade é que ele estava se entregando para a pessoa errada. Ambos estavam! O sorriso constante com cada mensagem recebida, a euforia em mandar um simples bom dia, a curiosidade em saber qual era os planos durante o dia... Todas essas atitudes costumam ser chamada por um nome... Amor? Paixão? Eles irão saber. Após o convite de Max para dar um passeio durante uma noite de temperatura baixa sem previsão de chuva, Nicolas imediatamente aceitou o convite.

Por volta de onze da noite, sentados num banco de madeira numa praça deserta com iluminações de postes rústicos com lustres embelezando o ambiente, Max e Nicolas aparentemente estavam mais desinibidos diante um do outro. O sorriso de ambos era prova concreta de que não restava espaço para timidez, não mais. Já haviam passado desse estágio.

            - Eu ainda não te perdoei pela foto comendo brigadeiro. Foi golpe baixo... - referia-se a foto mandada em uma das conversas por celular.

            - Desculpa, é que eu... – Risos.

            - Não tem desculpa. Eu tinha acabado de falar que chocolate era meu ponto fraco.

Risos.

            - Tudo bem, eu admito que foi para te provocar.

            - Conseguiu.

A troca de olhares se tornou constante ao ponto de ser necessário.

            - Max, eu preciso te perguntar uma coisa...

            - Não... – calou Nicolas. – Eu já sei... – Encarou com olhares.

Sem mais palavras a ser ditas. O dançar do vento fresco, a leve neblina da madrugada, o frio... A ambientação parecia combinar perfeitamente com o ato a seguir. Suavemente tocando o rosto de Nicolas com os dedos, Max se aproximou e lentamente conectou seus lábios aos dele. E mais uma vez se entregaram a emoção, deixando de lado qualquer razão. 

 

Na manhã seguinte, Lydia estava em seu escritório reunindo algumas imagens do assalto envolvendo Caleb. Não achou nada específico ou que pudesse usar como prova, agora não havia outra maneira a não ser dar início às investigações pessoais.

            - Lydia? – Alguém bateu na porta. Era Derek, também investigador e colaborador do caso.

            - Entra.

Derek sentou-se na cadeira a frente da mesa de Lydia e falou sobre Eric e o que descobriu sobre ele.

            - Não tem muitas informações. Ele é o típico cara do subúrbio, tem uma namorada que se veste como uma prostituta, anda com alguns caras maconheiro e tem um irmão. Nada em específico, mas ainda sim acredito que é um suspeito em potencial.

            - Ele tem um irmão? – Lydia exibiu um olhar curioso. Analisou as fotos da câmera de segurança do mercado e logo lembrou que o assalto era protagonizado por dois bandidos.

            - Sim. O irmão dele aparentemente é mais tranquilo. Não tenho muitas informações. Devo investigar?

            - Deve! Me diga tudo que achar sobre o irmão dele, e depois vamos até o mercado fazer mais algumas perguntas para o gerente, ok?

As investigações continuam a progredir.


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Notas finais do capítulo

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Obrigado a todos e tenham uma boa leitura.



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