Mistakes escrita por Luc


Capítulo 2
Capitulo 02 - Envolvimento


Notas iniciais do capítulo

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Espero que gostem!



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Durante a madrugada, por volta de duas da manhã, Adam e Nicolas estavam na sala de espera do hospital enquanto aguardavam informações sobre a cirurgia de Caleb, que se encontra em estado grave e com grandes possibilidades de ir a óbito. Como um bom amigo, Adam tentou controlar seu nervosismo e amparou Nicolas, que estava apreensivo, trêmulo e com olhar reflexivo enquanto as lágrimas caiam. 

            - Nicolas e Adam? – Uma mulher se aproximou. Era a delegada. De aparentemente trinta e cinco anos, negra, lábios carnudos, olhos escuro e cabelo preso, especificamente rabo de cavalo.

            - Sim, somos nós. – Adam confirmou.

            - Eu sei que o momento é inoportuno, mas eu preciso fazer algumas perguntas.

            - O momento é perfeito... – Nicolas enxugou as lágrimas. – Eu quero aquele desgraçado que atirou no meu irmão na cadeia, pode fazer as perguntas.

A delegada adentrou a sala, fechou a porta e começou a fazer as perguntas condizentes ao ocorrido.

O céu nublado, os respingos de chuva, a temperatura baixa... Tais elementos da natureza parecem combinar perfeitamente com o misto de sentimentos que vem assombrando Max Greyer. Depois de protagonizar mais um assalto ao lado de seu irmão, Max percebeu que o controle de sua vida estava mais perdido do que o imaginado. Atormentado por suas inconsequências e pelas escolhas do irmão, Max vem tentando não pensar no rapaz baleado no último assalto. Esquecer não era uma tarefa tão fácil quanto é para Eric, principalmente quando virou notícia em alguns jornais. Enquanto deitado no sofá da sala de sua casa, por volta das nove da noite, ele recapitulou mais uma vez todo o acontecido daquela noite. Duas semanas já haviam se passado, mas pra Max tudo ainda estava muito recente. O olhar daquele jovem garoto sentado no chão como refém não saía de sua cabeça. Especialmente o expressivo par de olhos azuis assustado.

            - Fala aí, maninho.

Eric acabou de chegar rua e em mãos tinha um maço de cigarro que jogou na direção de Max.

            - Fala. – Respondeu num tom vago.

Max sentou-se, envolveu o cigarro entre os lábios e acendeu com o isqueiro que estava na pequena mesa no centro da sala.

A casa dos irmãos Greyer é uma típica casa do subúrbio americano. Uma sala não tão grande, com todos os móveis necessários e uma iluminação não tão clara, capaz de incomodar uma pessoa acostumada com claridade mais expressiva. A cozinha fica como um dos maiores cômodos contando com o quarto no corredor ao lado do simples banheiro.

            - Vou sair com a Victoria. Não devo voltar para casa, jaé?

            - Jaé.

            - Quando voltar vamos conversar sobre uma parada que planejando. – Eric riu.

O silêncio de Max demonstrou que ele já imaginava o que poderia ser.

            - Jáe? – Eric o encarou erguendo a mão para cumprimenta-lo.

Cumprimentaram com um toque de mãos exclusivo no qual usam desde quando eram crianças.

Na manhã seguinte, segue o tempo nublado e como de costume, ventos fortes trazem as neblinas.

Enfrentando a baixa temperatura em pleno dia de folga, mesmo sendo um dos maiores fãs de ficar acobertado por edredons assistindo filme, Nicolas resolveu ir até o mercado. Optou pelo caminho mais longo, pois desde o assalto ele não teve coragem de voltar ao mercado próximo de sua casa. Enquanto andava pelas ruas, seus olhos azuis eram lubrificados pelo forte sereno acompanhado de ventania. Seus pensamentos eram no irmão que está em coma no hospital. Apesar de ter aprendido a criar forças ao longo dos anos após ser abandonado pelo pai e ter sido criado pela mãe que morreu num acidente de carro, Nicolas precisava de um porto seguro.  

Alguns passos atrás, estava Max, que o seguia sem que notasse. A verdade é que Max nunca tentou esquecer o acontecido. Diferente do irmão, ele sentiu o peso de ter sido coadjuvante num assalto que pode ter afetado tragicamente a vida de uma pessoa. Max carregava esse fardo sozinho e cada dia o peso parecia maior. Durante as duas longas semanas, o resumo de sua vida tem sido observar cada passo de Nicolas. Ele concluiu que, Nicolas foi ao hospital diariamente, duas vezes foi até a delegacia, supondo Max, que é para ficar por dentro da investigação de seu caso. Uma conclusão perspicaz é que Max em nenhum desses dias viu o sorriso de Nicolas, mesmo quando ele estava acompanhado do melhor amigo, Adam. A tristeza era notável em seu rosto.

Adentrando no supermercado, Nicolas passou pela porta e foi direto na sessão de biscoitos. Max entrou em seguida e ficou na sessão ao lado, coletando alguns ingredientes simulando estar procurando por algo.

Ao pegar um dos biscoitos que Caleb mais gostava, Nicolas não pôde controlar seus sentimentos ao lembrar de momentos cômicos e divertidos com o irmão. As lágrimas caíram, inevitavelmente. Logo ao lado, Max presenciou a situação, respirou fundo e tentou ignorar, mas não havia sangue frio o suficiente para tal atitude.

            - Está tudo bem? – Aproximou sutilmente.

            - Está... está sim. – Nicolas enxugou as lágrimas. – Só estou procurando alguns biscoitos. – Disfarçou.

            - Esse aí é um dos melhores...

            - É o que meu irmão dizia. – Disse de cabeça baixa enquanto ainda segurava o biscoito.

O coração de Max disparou quando pescou a informação e entendeu que Nicolas era irmão do rapaz baleado.

            - Quer indicar algum que seja bom? – Nicolas desconversou puxando assunto.

Ao levantar a cabeça e olhar para Max, os olhos se encontraram. A fusão do mistério dos olhos castanhos escuro se colidiu com a claridade dos olhos azuis.

            - Eu sou viciado em biscoitos de chocolate, então... Já comeu esse? – Max pegou na prateleira.

            - Vou confiar. Aliás, sou Nicolas.

“O que eu estou fazendo? Isso é loucura? O que faço? Me apresento? Ele é o irmão do cara!!’’

E nesse momento, Max cometeu um dos piores erros que poderia ter cometido na sua vida: Se Envolveu.

            - Sou Max. – Estendeu a mão enquanto continuou a encara-lo com olhares.

Depois que, incrivelmente a conversa fluiu, eles foram até o balcão, onde lá Nicolas pagou pelo biscoito indicado por Max e juntos saíram do mercado enfrentando a neblina

            - Eu vou para esse lado, então... – Nicolas tentou enrolar para não se despedir.

            - Eu vou para o outro...

Novamente se olharam.

            - Tchau...

Aperto de mãos que durou longos segundos.

            - Tchau...

            - Está frio... acho que vou tomar um chocolate quente. Quer ir comigo? – Nicolas então convidou.

Novamente Max entrou em conflito interno com seus pensamentos. Ele sabia que seria um erro aceitar o convite, mas, assim como Nicolas, também se deixou levar pelo momento, e desafiou as consequências de uma escolha errada.

Juntos foram até uma cafeteria mais próxima. Um dos comércios mais concorridos em Seattle, devido ao fato de ser uma cidade de temperatura baixa o ano inteiro. Chegando no local, que não estava cheio, Nicolas e Max procuraram pela mesa mais afastada para que pudessem conversar melhor. O ambiente era bastante aconchegante, todo feito de madeira industrializada, uma arquitetura rústica, com vários quadros de enfeites e pequenos lustres em cada parede dando um toque sofisticado. Max e Nicolas sentaram-se ao redor de uma mesa próximo a uma parede de vidro que possibilitava a vista para a rua principal.

            - Prepara dois chocolates quente. – Max fez o pedido ao garçom que se aproximou – Quer comer alguma coisa?

            - Não, brigado.

Ao ficarem a sós, por alguns segundos o silêncio tomou conta, até que finalmente Nicolas abriu o primeiro sorriso que Max pôde ver.

            - Isso é loucura.... Eu não estou acostumado a fazer isso.

            - É.. Nem eu. – Max não é de sorrir, mas um sorriso modesto no canto da boca foi mostrado.

            - Não sei nem por onde começar.

            - O jeito é começar como nos filmes... me fale sobre você. – Max perguntou.

            - Esse lugar é ótimo, não é? – Nicolas desconversou.

            - Eu nunca vim aqui... – Mentiu. Max já esteve na cafeteria, com a grande diferença que da primeira vez foi para assaltar. – Não adianta fugir... Me fala sore você. 

Nicolas suspirou, mostrou um olhar mais pensativo, duvidando se devia ser sincero ou não, mas bastava olhar para o par de olhos misteriosos de Max que qualquer dúvida era desfeita.

            - Falar sobre mim... é difícil. Não tem muita coisa. Eu acabei de conseguir emprego como jornalista. Estou há quatro meses trabalhando. O que é muito legal, porque é a área que me formei...  

            - Só isso? Desculpa, cara, mas achei que fosse mais interessante. indo embora, jaé? – Max debochou com seu jeito descontraído e urbanizado.

As xícaras de chocolate quente foram servidas.

            - Bobo... – Abaixou a cabeça. – Ah... as partes emotivas são mais sérias. Eu sempre fui daqui. Moro com meu irmão Caleb, que... – Gaguejou, voz trêmula. – Que está no hospital... - O coração de Max estava acelerado. Não opinou, apenas ouviu. – Graças a Deus eu tenho meu amigo, Adam... já que não posso contar com a família.

            - O que aconteceu com seu irmão e seus pais?

            - Minha mãe morreu num acidente de carro e eu nunca tive uma relação com meu pai. Ele foi embora quando eu era pequeno. Provavelmente está por aí... não sei e acho que prefiro não saber. E meu irmão... ele foi baleado num assalto que aconteceu recentemente. Eu estava com ele... – Olhos cheios d’água.

            - Foi mal, cara. Sinto muito. – Max pôde ver no olhar de Nicolas o quão doía as memórias daquele acontecimento.  

            - E você? Me fale sobre você... Max. – Mudou de tom ao falar o nome do rapaz. - O que faz da vida?  Qual a sua história.

            - Eu só... só sou o cara que você conheceu no mercado. Não tenho muito o que falar de mim. – Sorriso no canto da boca. Disfarçando olhares e admirando o céu nublado.

            - Desculpa, Max. Achei que você fosse interessante, mas acho que não. Tô indo embora, jaé? – Nicolas ironizou.

Max finalmente sorriu.

            - Tranquilo... vou falar. – Pausa momentânea. – Eu cresci no subúrbio... não moro com meus pais. Na verdade, abandonei eles quando eu era pequeno. Vim pra Seattle e tô tentando umas paradas aqui. Eu não trabalho fixo... faço umas coisas aqui e ali... sei lá...

            - Sem expectativas? Interessante... eu sou totalmente o contrário.

            - O lance é que expectativas só servem para fazer a gente se ferrar. Se você não atinge elas, a frustração toma conta.

Os olhares voltaram se colidir. Diante daquela situação, Max, por alguns minutos simplesmente esqueceu todo o ocorrido que vem lhe assombrando e apenas viveu aquele bom encontro.

Ambos estavam cometendo um grande erro e desfaze-lo, dependia apenas de um deles: Max. Cabia a ele continuar, seja lá o que estava querendo, ou se afastar e impedir que o erro se transforme numa consequência sem volta.  

Enquanto isso, a delegada envolvida no caso de Caleb, estava em seu escritório, enquanto em seu laptop, analisava as últimas imagens disponíveis horas antes do assalto. Em cena, ela observou Eric entrar no mercado, com seu estilo urbano, de touca, calça jeans um tanto larga e mediatamente o associou como possível suspeito.

— Derek! – Disse em voz alta. Negro, porte físico estruturado, alto e de aparência séria.

— Sim, Lydia?

— Procura saber quem é esse cara. Ele pode ser um suspeito. – Respondeu virando seu laptop para trás e mostrando a imagem do rosto de Eric.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Se quiser saber mais curiosidades e outras coisas legais sobre a série, venham acompanhar pelo site também: http://statusescrevendo.wix.com/escrevendo

Conto com vocês!



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