Diário, Hogwarts e Wood escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 1
Marx.


Notas iniciais do capítulo

Bom, caham, Sansa ainda está em um tempo indeterminado de hiatos, e estou fazendo esse experimento porque sai do meu terrível bloqueio agora...
Espero realmente que gostem, e sério, preciso, mais do que nunca, agora de opiniões a respeito.



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         O ano letivo tinha começado fazia pouco tempo e jurava que nunca tinha ouvido tanto zunzunzum em Hogwarts como antes. Em todos os lados, em todos os cantos as pessoas comentavam sobre o novo aluno que desfilava nos corredores de forma totalmente inofensiva. Harry Potter.

         O Potter, ou melhor “o menino que sobreviveu” chamava muita atenção. Não podia imaginar o quão infernal deveria estar a vida desse garoto. Infelizmente, o garoto havia ido para a casa da Grifinória, certamente, um desperdício. Se Harry estava mesmo destinado à grandeza, como todos diziam, Sonserina teria sido a melhor casa para ele.

         Eu não fazia questão, no entanto. Se o Chapéu Seletor havia lhe colocado na Grifinória, bem, ele quem saia perdendo, não a gente.

         — Emma.

         Virei-me para o lado, em direção a voz masculina que chamava por meu nome.

         — Que?

         — Você não vem? — perguntou Marx, com um sorrisinho de canto.

         O garoto era apaixonado por mim, mas era um babaca. Da Sonserina e vivia sempre querendo pôr as mãos nos meus peitos. Era meio contraditório e eu achava que ele pudesse ter algum tipo de transtorno bipolar. Hoje me trazia flores e amanhã não falava comigo... No entanto, sabia que era apaixonado porque via como ele tratava as outras garotas, e de alguma forma era totalmente diferente quando se tratava de mim.

         Às vezes me sentia horrível por iludi-lo ainda mais, fazendo-o achar que talvez tivesse alguma chance de termos algo mais sério.

         Encarei o quadro negro lotado com as últimas anotações de Minerva e depois voltei meu olhar para Marx.

         Suspirei.

         — Só vou terminar isso aqui... — disse.

         O sorrisinho de Marx desabrochou, era claro que ele queria ir em algum lugar secreto e tentar novamente pôr as mãos nos meus peitos. A nossa próxima aula seria Herbologia com a Srta. Sprout, então não veria problema.

         — Tudo bem, eu vou indo então.

         Dei de ombros e Marx deixou a sala de Minerva. Foquei-me em terminar de copiar o último parágrafo que Minerva havia passado e logo estava com os livros apoiados em meu braço.

         Dei-me a sair da sala, no entanto, justamente na hora de sair, outra alma adentrava. Batemos, e meus livros e os livros do ser foram parar no chão.

         Reparei que era Olívio, o goleiro e agora, capitão do time de Quadribol da Grifinória. Ele parecia aflito e bem nervoso, quase diria que tremendo. Tínhamos aula de Transfiguração juntos, talvez tivesse esquecido alguma coisa e voltado, lembro-me de ter visto ele nessa aula...

         Os seus cabelos escuros estavam suados nos lados, isso consegui reparar. Estivera correndo? Não importava. Seus olhos castanhos me analisaram como os de quem está perdido.

         Agachei-me, quase ao mesmo tempo que ele, para pegar os meus livros. Captei o seu caderno que caíra aberto.

         “Lista de Apanhador” era o que estava escrito.

         Entreguei-o.

         — Carlinhos se formou, não é? Imagino o porquê de estar aí rachando a cabeça em nervosismo, primeiro ano sendo o capitão, é melhor se esforçar, muita pressão.

         Os olhos de Olívio me enxergaram com uma espécie de reconhecimento.

         — Obrigado — foi só o que ele disse e então se levantou. Levantei-me atrás.

         — Ei, o que fazem fora das salas? — a voz de Minerva surgiu. — O horário de início da seguinte aula já iniciou há tempos! Menos vinte pontos para as duas casas...

         — Eu já estava indo... — consegui retrucar.

         — Indo? Já era para estar dentro da sala... E você Wood?

         Wood. Soava bem.

         — Esqueci uns papéis na sua aula, voltei para buscar.

         — Então me encontrem, os dois, depois do jantar para que nunca se esqueçam dos horários e dos pertences. Responsabilidade, crianças!

         Então Minerva continuou a andar com passos apressados.

         — Minerva é bem chata, não é? — falei, brincando.

         — Eu gosto dela.

         Olívio deu de ombros e entrou na sala, recuperando o seu pertence.

         Dei-me a andar, inconformada com Minerva querer que lhe encontrasse depois do jantar, estaria ocupada fazendo... sabe-se lá o quê.

         Não sabia muito bem se Marx iria me encontrar em nossa Sala Precisa, no sétimo andar, como costumávamos fazer e matar as aulas chatas, como a de Srta. Sprout. Resolvi caminhar para lá, afinal, um bom tempo já se havia passado desde que a aula iniciara e iria poupar-me do sofrimento de ouvir sermão por chegar atrasada.

          Com passos apressados, para não ser pega nos corredores vagando, passei três vezes em frente à Sala Precisa... havia a descoberto junto com Marx em nosso terceiro ano em Hogwarts, procurando avidamente algum lugar para que ele pudesse pôr as mãos em meus peitos (que peitos?).

         Tínhamos apenas quatorze na época, agora que tenho dezesseis (Marx dezessete), visitamos o lugar de costume e às vezes também para tratarmo-nos como adolescentes se descobrindo (o que não deixa de ser uma verdade) e trocarmos saliva.

         No entanto, esse ano, nosso quinto ano, não podíamos simplesmente ficar de beijos pra um lado e pro outro, afinal, eu nem gostava de Marx... ele era uma espécie de diversão e esse nem é o ponto principal, esse ano faríamos nossa prova dos N.O.M.s e eu tinha que estar preparada.

         Eu era obrigada a estar preparada, caso contrário, meu pai me mataria.

         A Sala Precisa se abriu, revelando mais três pessoas ali dentro. Dois sofás extensos, uma mesa de vidro no centro, tudo com um ar vintage. Atrás dos dois sofás que formavam um L, prateleiras e prateleiras de livros antigos e de todos os estilos... Já havia passado boa parte do tempo por ali lendo, também.

A primeira pessoa que virou-se pra mim foi Marx e a expressão emburrada que ele demonstrava desmanchou-se na hora.

         Marx era um loirinho gostosinho (um dos motivos de ainda continuar aproveitando um pouco da fruta). Um típico rapaz que pega e faz você se apaixonar por ele só com um sorriso de canto; com uma piscada dos belos olhos azuis. Marx era o resumo de perfeição para muitas garotas e com certeza saia por aí sendo o motivo de muitas paixões platônicas.

         Lembro-me que quando Marx veio conversar comigo, era recheada de paixões platônicas, então devo agradecê-lo por me mostrar que uma mulher pode tudo o que quiser.

         Ele deu duas batidas na parte do sofá desocupado ao seu lado.

         — Achei que não fosse vir — comentou. — Por que demorou tanto?

         As outras duas pessoas que também se faziam presente na Sala Precisa eram dois amigos. Annie e Nick. Não, não o Nick Quase Sem Cabeça, esse era outro Nick.

         Os dois não pareciam muito preocupados com a minha chegada e entendia muito do porquê Marx estar com uma expressão desagradável antes de chegar... os dois se pegavam no sofá. Tipo, se pegavam mesmo. Juro que podia ver a mão de Nick passeando dentro da capa de Annie e ela não parecia um pouco incomodada. Bom, que sejam feliz.

         — Desencontros da vida — foi o que respondi.

         Sentei-me ao lado de Marx, que parecia animado com a cena ao nosso lado e parecia querer repetir. Assim que sentei-me, veio começando a beijar meu pescoço, mas pera lá, eu não estava no clima para esquentar as coisas.

         — Tá tudo bem? — Marx resolveu perguntar, com o semblante de repente, preocupado.

         — Sim — disse, e não deixava de ser uma verdade. — Só acho bem desconfortável Annie e Nick estarem se pegando bem na nossa frente. É constrangedor.

         Annie conseguiu levantar o dedo do meio em nossa direção, demonstrando que mesmo que estivesse em meio ao fogo, conseguia nos escutar.

         — Se estivermos nos pegando também, ninguém sai constrangido — Marx riu.

         Acabei por rir também. Percebendo que não ia rolar, Marx passou o braço por cima de meu ombro, puxando-me ao seu encontro, num abraço de lado.

         — Quero te mostrar uma coisa — resolveu Marx dizer, um tempo depois.

         Encarei seus olhos azuis.

         — Não é besteira, né?

         Ri.

         Marx negou, um pouco avermelhado. Então levantou-se do sofá e ofereceu-me a mão, para que também me levantasse. Aceitei. Marx guiou-me entre as prateleiras e então puxou um livro.

         — Achei esse livro aqui — ele começou a dizer, encarando-me a cada palavra, como se buscasse alguma forma de aprovação em suas palavras. — É sobre meus antepassados. Se lembra do que te falei?

         Era claro que eu lembrava. Marx não conhecia a mãe. O pai era muito rico e nunca comentava nada sobre a mulher... a única certeza que Marx tivera, para que iniciasse sua busca sobre a vida da mulher, fora que ele era, de certeza, um puro sangue, ou seja, a moça que lhe pariu fora uma bruxa.

         Evans. O seu sobrenome.

         Não tínhamos certeza, mas bolei um teoria com Marx, um pouco triste para se dizer a verdade, de que sua mãe poderia ter tido um casamento arranjado com o seu pai. As famílias costumavam fazer muito isso, para preservar o nome, o dinheiro e o sangue puro da linhagem.

         Era um total tiro no ar, mas era a única esperança que ele tinha. Sem fotos, documentos, nem nada... como se a mulher nunca tivesse feito parte da vida de seu pai.

         — E o que encontrou no livro?

         Foi então que ele conseguiu esboçar um sorriso.

         — Bom, por três gerações a família Evans, família do meu pai, tem arranjado casamento com uma tal família Ariston. Talvez minha mãe seja dessa família, o que acha? O livro não conta muito bem da geração do meu avó, e sequer a do meu pai, mas acredito que pode ser por aí...

         Era uma grande coisa.

         — Também acho que possa ser por aí — disse. — Agora basta-nos saber sobre essa família Ariston.

         Marx assentiu.

         — Exatamente, mais tarde voltarei pra cá, se quiser me ajudar. Acredito que aqui possa achar informações bem úteis, e mais fáceis do que na própria biblioteca.

         Então lembrei de Minerva.

         — Gostaria de ajudar, mas vou precisar encontrar Minerva mais tarde...

         Marx franziu a testa.

         — Por quê?

         — Longa história — dessa vez não era completamente verdade.

         Marx deu de ombros.

[...]

         Mais tarde, um pouco antes do almoço, porque não poderia me dar ao luxo de escrever de noite, graças à Minerva, reservei um tempo para escrever em meu diário.

         Sansa, era o seu nome. Infantil dar nome a um diário? Discordo.

         Infantil é ter um diário. Cada louco com a sua loucura, certo?

         “Menina Sansa, não vais acreditar no meu dia... tá, na verdade não aconteceu nada demais. Fiquei um tempo com Marx na Sala Precisa. Annie e Nick estavam lá, se pegavam feitos dois loucos, quase estavam gemendo, e juro que se tivesse chegado a este ponto, teria dado a louca! Tanto faz, na verdade, mas foi estranho...

         E Marx achou uma informação bem importante para encontrar a sua mãe, é estranho pensar que não sou a única com problemas familiares, dá um pouco de alívio, de certa forma (sou ruim por achar isso?)

         Ah, hoje bati com o menino Wood, sim, o estranho da Grifinória. Às vezes chego a pensar que ele não tem amigos, mas deve ter né? Parecia muito aflito e juro que hoje quando bati com ele, lembrei daqueles filmes dos trouxas onde um romance acontece a partir disso tudo... Imagine. Não, não imagine, é estranho. Olívio é estranho... Ah mds, por que estou pensando uma coisa dessas? Só mais uma coisa, ao contrário dos filmes dos trouxas, Olívio não é nenhum garanhão popular e eu não sou nenhuma nerd desamparada.”


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Notas finais do capítulo

Bomm, foi isso. Se chegou até aqui, obrigada!
Espero que tenha gostado, deixe seu comentário, agradeço!