Diário, Hogwarts e Wood escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 2
Annie.


Notas iniciais do capítulo

Bom, algumas pessoas aprovaram e fico feliz com isso, obrigada, espero que continuem acompanhando.
Quem lia a versão antiga da história deve ter percebido certa mudança na personalidade da principal... bem, a essência continua a mesma, só retirei alguns traços na qual achei desnecessário para a construção de uma personagem ainda melhor.



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Depois do almoço tive outras aulas, como Poções com o Snape. Quando enfim as aulas acabaram, dei-me a caminhar em direção as masmorras, para a Sala Comunal da Sonserina.

A sala estava um pouco cheia, já que os estudantes se reuniam para conversar. Um grupinho de alunos do primeiro ano parecia estar mais do que a vontade, e isso era horrível. Eles tinham que respeitar os mais velhos. Bom, outra hora iria lhes ensinar isso.

Resolvi não ficar por ali, subi para o quarto, deixei Sansa, o diário, guardada em um lugar especial e alimentei minha gata preta, Arya. Apôs isso, sai pelos corredores de Hogwarts. Talvez se encontrasse Minerva um pouco mais cedo poderia me dar ao luxo de ser dispensada mais cedo.

Mal sabia que estava errada.

Quando cheguei à sala de Minerva, onde esperava lhe encontrar, ela lá não estava por lá. Onde ela poderia estar eu não tinha ideia. Desisti de encontrá-la e caminhei pelos corredores.

Os corredores estavam bem movimentados e assim que estava prestes a virar um que levava às escadas, fui surpreendida por um corpo. E digo, não que tenha batido de frente novamente, mas um corpo literalmente voou em minha direção.

Cai. E o corpo tombou ao meu lado.

A dor de ter chocado com o chão foi instantânea e assim que me levantei, rapidamente, fiquei vermelha de raiva.

— Mas que porra é essa?! — gritei com o rapaz que se levantava também.

— E eu vou saber?! — ele gritou de volta, como se não tivesse culpa, mas pera lá, ele caiu em cima de mim. De MIM!

Demorou um pouco pra eu reparar que o rapaz era o mesmo que eu havia batido de cara. Olívio Wood? É isso?

— Como você não sabe? — Me aproximei, com a raiva tomando conta de meu ser. — Você caiu em cima de mim, seu idiota! — Empurrei o seu ombro.

— Ei, pera aí, ok?! — Ele falou, de forma defensiva. — Eu fui empurrado, não tenho culpa não!

— Ahh, eu quem tenho, decerto.

Olívio ficou sem o que responder, catou um livro seu que havia caído no chão e com passos firmes deu-se a andar. Encarando-me com fúria ao passar por mim.

— Ridículo — foi o que sussurrei. Captei o olhar de umas garotas da Lufa-Lufa que observaram o ocorrido. — Que foi, perdeu algo aqui é? Vem buscar então!

Elas desviaram o olhar e começaram a cochichar entre si.

Um tempo depois, encontrei Marx e Annie escorados na escada, eles pareciam rir e demonstravam-se descolados, como se esperando qualquer pessoa inferior passar para que pudessem fazer algum tipo de piada.

Aproximei-me dos dois ainda com a raiva presente e tentando me dispersar dela.

— E aí.

— Olha só se não é Emma — comentou Annie, virando o corpo em minha direção. — Onde esteve esse tempo todo?

Arqueei uma sobrancelha.

— Esse tempinho, você quis dizer — corrigi-a — No quarto.

Ela deu de ombros e Marx sorriu quando olhei para ele.

— O que fazem aqui? — questionei, sem entender muito bem.

Foi Marx quem respondeu, com desdém.

— Passando um tempo... mas acho que já vou indo — ele disse. Deu um beijo no rosto de Annie e depois um no meu.

E então se foi.

— Vai ficar por aí? — perguntei, pronta para continuar o meu caminho também. — Também vou indo — expliquei.

Annie negou.

— Então vamos... Onde exatamente?

Dei de ombros.

— Lá fora — puxei-a pelo braço e começamos a caminhar. — Você não vai acreditar no que aconteceu...

Annie era uma garota bonita. A garota que combinava com Marx. Os cabelos eram castanhos assim como os meus, mas os seus eram lisos e nunca pareciam sair do lugar, exceto quando ela acordava, daí o negócio era indomável. Mas era quase impossível pegá-la acordando, sempre acordava um pouco mais cedo, às vezes para encontrar-se com Nick e terem um tempo.

Os olhos eram azuis escuros e o rosto era fino, marcante.

Havia conhecido Annie através de Marx que me apresentou a quase todos os meus amigos de hoje. Sabe a garota solitária da Sonserina que ninguém chegava perto? Bem, essa era eu.

— O que? — Ela mostrou-se animada para descobrir sobre a minha recente e trágica batida com o Wood.

Descrevi para ela o fato, desde ter ficado vermelha de raiva até o olhar de fúria de Olívio.

— Ele foi empurrado em sua direção?

— Isso mesmo, acredita? É um absurdo, Hogwarts está ficando perigosa com esse primeiro ano. — Annie encarou-me séria depois de minha última afirmação e nós rimos um segundo depois. — Tudo bem, não perigosa.

Ela concordou.

— Mas é bem estranho — ela pareceu pensar por um tempo. — Bom, me lembra como conheci Nick, foi bem estranho também.

— Um desafio? Sim, com certeza estranho.

Ela riu.

— Se os amigos babacas dele não tivessem lhe desafiado, hoje não estaríamos aqui — disse ela, de forma inocente e apaixonada.

— E isso não te ofende? — questionei. Ela arqueou as sobrancelhas. — Quer dizer, tipo, ele não foi por você, foi por uma aposta.

— Ah sim, já brigamos por isso... Mas às vezes você tem que perdoar alguns vacilos — riu.

— Se você diz — dei de ombros, rindo.

Chegamos do lado de fora e escolhemos um degrau para nos sentar. Ficamos por alguns segundos em silêncio observando os alunos passearem de um lado para o outro.

— Mais tarde pretendo ir na biblioteca — comentei, de forma avulsa. — Quero me dedicar aos N.O.M.s sabe? Meu pai já está me mandando cartas dizendo que é melhor ir muito bem.

— Seu pai é um maníaco, Emma. Você não é obrigada a seguir carreira no Ministério da Magia, você sabe.

Dei de ombros.

— Eu sei. Mas não quero decepcioná-lo mais. Cansei das brigas e discussões com ele.

Annie fez cara de desgosto.

— Na minha opinião, você deveria fugir de casa. Ele não respeitou a morte de sua mãe, ou você não se lembra? Não respeitou o seu luto, principalmente... Esse cara não liga pra você.

Levantei-me do degrau, ofendida.

— Eu não sabia que tinha lhe dado tanta ousadia para falar assim da minha vida.

— Você está falando dela — ela também se levantou —, se não quisesse que eu comentasse fosse procurar outra pessoa para contar. Ou parasse de falar isso para as pessoas.

— Tudo bem — concordei e dei-me a sair de lá com passos apressados.

Assim que virei as costas para Annie, já sabia que estava errada e eu seria a pessoa que deveria pedir desculpas. Ela queria o melhor pra mim e como levava o título de melhor amiga, era a única garota à quem havia confidenciado a história toda.

Mesmo assim, eu não sabia lhe dar com críticas diretas. E tinha que aprender.

Meu pai era realmente um controlador, queria me ver trabalhando em lugar que eu não gostaria de trabalhar. E como Annie havia citado, não tinha respeitado a morte de minha mãe.

A mulher que havia me posto no mundo, uma bruxa com tamanha potencialidade, havia falecido de uma doença incurável. Havia ficado meses na cama antes de morrer. Cama que logo após sua morte recebeu a presença de uma outra mulher, metida e besta.

Meu pai estava traindo minha mãe mesmo quando doente e não esperou um tempo significativo para pôr outra em seu lugar. Não ligou se tinha uma filha caindo-se de depressão e fúria no quarto ao lado.

Ele não ligava para nada, um homem insensível e que só ia em busca de prazeres para o seu próprio umbigo.

Lamentável.

[...]

No horário do jantar, sentei-me no lugar de habitual. Encarei Annie durante alguns segundos para ver se iriamos continuar conversando como se nada houvesse acontecido. No entanto, não era isso. Talvez tivesse mesmo ficado aborrecida com minhas palavras, bem, com razão.

Ela somente respondia às perguntas de Nick e de Marx e ignorava qualquer comentário que eu fazia.

Depois falaria com ela.

Poucos antes do jantar de fato iniciar, vi a figura de Olívio passear em direção à mesa da Grifinória. O garoto sempre acompanhado de um caderno, parecia ser o mesmo que possuía as possibilidades de possíveis de novos apanhadores.

Depois de um pronunciamento de Dumbledore, reforçando que não era para nenhum aluno visitar o terceiro andar, todos fomos servidos.

— Só eu que estou percebendo que tem uma tensão no ar? — perguntou Marx, de forma inocente. Ele apontou para mim e depois para Annie. — Não tão comentando nada, como se um bicho tivesse picado vocês.

— Pra mim está tudo normal — comentou Annie de forma amargurada. Esqueci de comentar que assim como eu, ela também se ofende com facilidade.

Concordei, focando-me em meu prato.

— Só estou meio pensativa... — disse. — depois daqui terei que ir até à sala de Minerva, infelizmente vou fazer alguma tarefa por ter me atrasado.

— Você se atrasou por quê? — questionou Nick.

— Por ter ficado para copiar um restante de sua matéria — expliquei —, e depois tombei com um garoto e me atrasei ainda mais.

Nick e Annie perderam o interesse na conversa, iniciando outro assunto entre os dois.

— Um garoto? — Marx franziu a testa. — Que garoto?

— Um garoto da Grifinória, um idiota, nos batemos sem querer.

— Ele foi desrespeitoso?

— Não naquela hora — respondi.

— Quem é? Quero saber.

— O novo capitão de Quadribol da Grifinória, o tal de Olívio Wood.

— Hum — foi só o que Marx disse.

O jantar permaneceu por um tempo silencioso, e assim que terminei me retirei para ir ao encontro de Minerva. Quase no mesmo tempo, Wood apareceu atrás.

— Me seguindo, Wood?

— Com tantas pessoas para seguir, vou escolher justo você? — ele riu. — Você sabe que é só uma coincidência de termos que ir para o mesmo lugar.

Dei de ombros.

— Coincidências são muito fortes com você, não é mesmo? Tem certeza que não quer me jogar no chão novamente?

— Se você continuar irritante, talvez isso se torne uma opção.

Encarei-o em seus olhos escuros.

— Eu bem que sabia que você era esquisito.

— Você que me deu a opção.

No momento, chegamos à sala de Minerva, que estava concentrada, observando alguns papéis.

— Licença — pediu Wood, chamando sua atenção.

Minerva virou em nossa direção e por alguns instantes pareceu não entender o porquê de estarmos lá. Depois assentiu.

— Se aproximem, vamos — pediu. Remexeu em alguns outros papéis. — Separei uma tarefa muito especial para vocês, para aprenderem a ter responsabilidade. Não é ser chata, mas é fazer vocês aprenderem. Hoje irão ajudar os Elfos na cozinha. E sem um “A” srta. Stewart. — Fechei a boca, prestes a contestar. — Lavar alguns pratos e só.

Minerva se levantou e começamos a segui-la em direção a cozinha.

Os Elfos nos receberam com o maior carinho e uma feição de quem não queria que nós limpássemos os pratos por eles. No entanto, Minerva prosseguiu e deixou eu e Olívio em uma cozinha separada, para que não obtivéssemos ajuda.

— Só poderão sair assim que o último prato for limpo. E é sério. Lavar, secar e guardar. Simples.

Ela então nos deixou e fechou a porta. Para um simples teste, tentei abrir a porta. Falhei.

— Como vamos dividir a tarefa? — soltei no ar.

— Eu lavo, você seca e guarda — disse ele.

— Prefiro o contrário — comentei.

— Se preferisse o contrário deveria ter dito antes, não acha? — Ele foi de certa forma, arrogante.

— Olha o jeito que você fala comigo, tá achando que sou suas amiguinhas? Abaixa o tom.

Olívio riu.

— Você é muito exigente para o seu tamanho.

Franzi a testa, começando enraivecer.

— Disse “a girafa” — fui irônica.

Olívio riu.

— Pode lavar então — deu-me o lugar perto da pia. — Mas lave direito, por favor.

— Há, há! Eu vou é te ensinar como que lava, meu amor.

— Meu amor? Bem que dizem que brutos também amam. E do jeito que aparenta, não deve saber nem como se liga a água, cara de quem teve uma empregada que fizesse tudo na infância.

— UOU! Para quem tem cara de que não fala nada, você até que solta umas besteirinhas ignorantes, não é? Por favor, Olívio, você não me conhece, só cale a boca.

Ele realmente ficou quieto, mas antes parecia estar achando graça de nossa, posso dizer, discussão? Bem, comecei a lavar os pratos e Olívio ocupou-se em secar. Meia hora depois, quando tudo parecia estar terminando, Olívio resolveu soltar um comentário:

— Desculpa ter caído em você hoje mais cedo.

— Não sabia que era capaz dessas palavras — respondi.

— Você também nem me conhece, Emma. Estou tentando ser gentil e me desculpar, e não é por você, não dou a mínima, se fosse qualquer outra pessoa também estaria me desculpando. Não é algo para se envergonhar. Foi meio errado, só isso.

— Tudo bem, eu entendo. Eu sei que sou uma gata, se queria cair em cima de mim, poderia ter tentado de outro jeito... não que fosse funcionar — eu ri.

— Não é pra tanto — ele comentou, soltando um riso baixo.

— É pra tanto sim, meu bem.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— “Meu bem, meu amor”? Dá próxima vai me chamar de fofo?

— Com esse cara de gato abandonado e mal tratado, pode ser que sim.

O assunto morreu e focamos em terminar a tarefa. Mais alguns minutos e estávamos liberados. Olívio tentou abrir a porta e para nossa alegria, bem, funcionou.

Saímos. Os corredores já estavam vazios e com passos silenciosos e cautelosos dirigi-me para a Sala Comunal da Sonserina. Olívio seguiu o seu caminho da mesma maneira.

Cheguei no meu quarto rapidamente. Annie ainda estava acordada e lia algo em sua cama. Assim que viu que eu havia chegado, fechou o livro e virou-se.

Aquilo já estava começando a ficar ridículo.

— Não precisamos disso, Annie — eu disse, um tempo depois. — Sei que você só quer o melhor pra mim e peço desculpa por ter achado que você estava se metendo demais. Sabe como lido com críticas. E esse é um assunto bem sensível pra mim ainda.

Ela não respondeu, só se revirou na cama, como se um aviso de que havia ouvido.

Deitei-me e capturei Sansa. Com um feitiço, abri-a.

Olá Sansa, achei que não fosse precisar pegá-la novamente por hoje. Estive errada e mais coisas aconteceram nesse dia, vou lhe contar.

Agora que escrevo é bem tarde e bem, tive aquela tarefa que Minerva me deu para fazer. Olívio se revelou um cara bem idiota em um tempo estranhamente curto de tempo. Bati com ele novamente, quer dizer, ele bateu comigo, mas já pediu desculpas.

É estranho achar legal e chato ao mesmo tempo ter uma discussão com ele. É... sei lá.

Briguei com Annie também, culpa de papai. Ela comentou que ele é um babaca e fiquei um pouco surpresa. Culpa de minha personalidade explosiva, mas bom por não aguentar mais o clima que se instalou entre nós, pedi desculpas, algo que quase nunca faço.

Acho que para finalizar o dia foi só isso, mesmo. Bem, até mais Sansa!

Fechei Sansa e murmurei o feitiço para trancá-la. Coloquei-a de lado e deitei-me para valer.

— Eu te desculpo, Emma — foi a última coisa que ouvi, vindo de Annie, da cama do lado.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo e espero que tenham gostado. Deixem um comentário, por favor?
Obrigada, até o próximo!