Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 7
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

O emoji *smirk* define esse capítulo ;)



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Ela sentia a textura áspera das mãos de Fitz passeando por todo o seu corpo. Estavam deitados de lado sobre a cama, o torso dele em suas costas, a respiração pesada e as palavras incongruentes que ele murmurava em seu ouvido, quando não, envolvia o lóbulo da orelha dela entre seus lábios ou roçava suavemente os dentes pelo seu ombro. Ele parecia nunca se saciar de apreciá-la, querendo que ambos se experimentassem de todas as formas, de todos os ângulos. Jemma afundou a cabeça no travesseiro, tentando suprimir os gemidos que se tornavam mais audíveis em consonância com os movimentos frenéticos e o ritmo intenso dele atrás de si.

*

De bruços sobre o colchão, Jemma apreciava a sensação de ter o corpo de Fitz ondulando sobre o seu, envolvendo-a inteiramente. Ela arfou quando o sentiu chegar ao ápice e não evitou um sorriso diante do gemido abafado que escapou da boca de Fitz quando, finalmente, aquela doce agonia culminou em uma sensação indescritível de prazer para ele.  Jemma, no entanto, ainda não havia chegado lá. E necessitava disso urgentemente. O desejo que a consumia era quase insuportável. Ela ainda estava febril e ardendo pelo seu toque, mas não quis dizer nada. Ele saiu de dentro dela e um vazio se fez presente de imediato.

Logo, porém, sentiu os lábios dele traçarem um caminho de beijos e toques de língua pelas suas costas, pela cicatriz ainda modestamente visível da escoliose. Ele desceu cada vez mais por seu corpo até chegar à parte baixa de suas costas. E enquanto depositava beijos por aquela região, percebeu o quão sensível ela ainda estava e como sussurros entrecortados escapavam de sua garganta dependendo da forma como seus lábios e língua pressionavam sua pele.

E foi quando uma ideia indecorosa tomou de assalto sua mente e Fitz decidiu experimentá-la de uma forma que ainda não tinha feito – sentir seu gosto da maneira mais lasciva. Ele sabia que após prová-la daquele jeito, não teria mais volta. Que poderia se arrepender depois, pois aquilo ficaria para sempre impregnado em sua memória a partir de então. Mas a racionalidade o havia abandonado à sua própria sorte naquela noite, de modo que sem pensar muito e totalmente desprovido de qualquer pudor, ela a virou sobre cama tão facilmente – como se seu peso fosse fluido – circundou ligeiramente a língua por seu umbigo e desceu ainda mais pelo corpo dela, finalmente tomando-a em sua boca.

O primeiro som que escapou da garganta de Jemma foi semelhante a uma lamúria. Alta. Apenas por ter sido inesperado, não porque ela desaprovasse ou porque era incômodo. Exatamente o contrário. Era prazeroso de uma maneira que ela mal encontrava palavras para explicar. Uma de suas mãos foi parar no cabelo de Fitz, os dedos correndo dolorosamente por entre os fios, enquanto a outra se fechava em punho, agarrando o lençol, as unhas pressionando com força o tecido, como se procurasse por equilíbrio. Sua boca se abriu em um gemido mudo e, por fim, Jemma cerrou os olhos apreciando a sensação deliciosa de se chegar ao auge do prazer com a boca dele em pleno contato com sua intimidade. Agora, sim, ela sorria em regozijo, satisfeita, completa.

*

Nem tão completa e satisfeita, na verdade. Estava quase perfeito. Só faltava que ele a olhasse nos olhos. Jemma não conseguia compreender por que ele evitava isso com tanta energia. Sempre os posicionando na cama de forma que não precisasse travar um contato visual com ela.

O fato de não olha-la fazia com que a bioquímica se sentisse estranha. Mesmo que estivessem tão intimamente unidos, era como se Fitz estivesse em qualquer outro lugar, com qualquer outra pessoa. Ele a tocava, a beijava, penetrava seu corpo e tudo isso era muito real e ela nunca se sentira tão viva e desejada antes, mas... Ele parecia estar presente apenas em âmbito físico. Sua mente, no entanto, parecia distante, como se estivesse se autopreservando, protegendo-se de algo que ela não entendia bem o que era.

*

Naquele momento, Jemma tinha apenas uma certeza: a de que precisava conversar com alguém, buscar um conselho que ajudasse a clarear a situação para ela, partilhar o que estava vivendo e, de repente, a visão de outra pessoa sobre os fatos faria com que ela conseguisse compreender o que afinal estava acontecendo entre ela e Fitz.

Daisy foi a primeira pessoa que passou pela mente de Simmons. Havia um tempo em que elas se sentiam confortáveis em serem confidentes uma da outra. Mas, naquele momento, suas atenções estavam todas voltadas para o trabalho de reunir inumanos para sua equipe secreta. De fato, sua amiga estava tão concentrada e empenhada em sua missão particular que Jemma não quis incomodá-la com seus problemas pessoais e amorosos.

Ela encontrou Bobbi lendo na sala da base. Apesar de aparentemente melhor e recuperada dos traumas físicos e psicológicos provenientes das horas de tortura que sofrera nas mãos de Grant Ward e Kara Palamas uns meses atrás, a agente Morse ainda procurava tomar seu tempo e não se exceder. Ela queria participar das missões em equipe, mas também conhecia seus limites e precisava evitar recaídas. De modo que, enquanto a maioria do time saiu para uma nova missão, Bobbi decidiu, por bem, ficar daquela vez na base. Haveria novas oportunidades de mostrar seu valor em campo futuramente.

Hesitante e com passos receosos, Jemma aproximou-se de Bobbi. Assim que notou a presença da bioquímica na sala, sorriu.

— Bobbi, tem um minuto? – começou, um tanto incerta.

— Claro, Jemma! – Bobbi deixou de lado o livro que estava lendo e sinalizou para que Jemma se sentasse ao seu lado no sofá.

— É sobre Fitz...

— Sim...? – a outra arqueou as sobrancelhas.

— Você... Bem, você sabe que andei tendo pesadelos, certo?

Bobbi tocou seu braço, demonstrando preocupação.

— Você está bem? Esses pesadelos ainda estão te atormentando?

— Não – Jemma procurou sorrir, mas estava nervosa demais para isso – eu parei de ter pesadelos desde que...

Bobbi franziu as sobrancelhas, esperando que ela concluísse a sentença.

Jemma respirou fundo antes de continuar. Não adiantava nada fazer rodeios.

— Desde que... Bem, desde que eu comecei a dormir no quarto de Fitz – ela engoliu em seco antes de prosseguir – na cama dele...

A boca de sua interlocutora se abriu em uma interjeição de surpresa.

— Em cima dele, mais especificamente dizendo... – Jemma fechou os olhos, ruborizando levemente. Estava dito. Ela havia, enfim, partilhado seu segredo – E aconteceu...

— O inevitável...

— Sim... – Jemma evitou encarar Bobbi por um instante, desviando o olhar para um ponto qualquer na sala.

— E você se arrependeu?

— Não! – ela apressou-se em dizer – Foi... Ótimo – um sorriso oblíquo surgiu em seus lábios, sem que ela conseguisse impedir – Superou minhas expectativas.

— Então você tinha expectativas – Bobbi lançou-lhe um olhar perspicaz, e também sorriu. Naquele gesto havia uma mescla de um sentimento fraternal (como se indicasse que o segredo de Jemma estava seguro com ela) com um quê de malícia.

— Sim, desde que ele me beijou no laboratório. Que eu o beijei. Nós nos beijamos – ela revirou um pouco os olhos enquanto dava continuidade ao colóquio – eu queria saber como era estar fisicamente envolvida com ele.

— Hmmm... Então vocês já andaram se beijando antes? Isso também é novidade.

Só então Jemma se deu conta do que havia acabado de dizer. Levou uma mão à testa e sacudiu a cabeça, censurando a si mesma.

— Eu esqueço que ninguém sabe disso... Do nosso beijo no laboratório...

— E quer lugar mais apropriado para isso acontecer? – Bobbi concluiu em um tom sagaz.

Jemma suspirou e, como ela ficou subitamente em silêncio, Bobbi continuou.

— Se foi tão bom assim, qual é o problema, Jemma?

— Bem... Foi bom. Mas poderia ser um pouquinho melhor.

— A que se refere? Em que sentido?

— Ele não olha pra mim enquanto... Bem, durante... - ela não soube como terminar a frase. Sentindo-se um tanto acanhada de repente.

— Oh! – a outra soltou uma interjeição de espanto – ele não olha para você, como assim?

— Bem, a primeira vez foi meio confusa, ele ficou com os olhos fechados e escondendo o rosto no meu pescoço. Nas outras duas vezes em que isso aconteceu, ele... Ficou... Por trás de mim – disse por fim, as faces enrubescendo.

Bobbi balançou a cabeça, compreendendo. Não deixando de achar estranho, no entanto, que elas estivessem falando do mesmo Fitz que ela conhecia. Gentil, romântico e tão apaixonado por Jemma. Aquele a quem Simmons descrevia parecia bem distante deste perfil. Quase como se tratasse de outra pessoa.

— Entendi... Bem, hora de virar o jogo. Tome o controle, tenha o domínio da situação, saia por cima.

— Eu não sei como fazer isso...

— Jemma, estou dizendo – Bobbi se aproximou e terminou sua sentença em um tom ligeiramente conspiratório – para ficar, literalmente, por cima.

— Oh! – Simmons estacou de súbito, enfim assimilando o que a outra queria dizer.

— Eu tenho certeza que ele não vai negar. Aliás, ele vai adorar a visão com que será contemplado tendo você por cima dele – um sorriso perverso se desenhou nas irretocavelmente belas feições de Bobbi.

Jemma não conseguiu evitar ficar um tanto constrangida, mas mordeu os lábios, considerando a possibilidade. Percebendo que a imaginação de Simmons havia voado para longe, provavelmente idealizando o momento, Bobbi sorriu e a provocou.

— Torne qualquer que seja o pensamento que cruzou sua mente agora, Jemma, em realidade!

Como se despertasse de um transe, Simmons encarou Bobbi ao mesmo passo em que seu rosto se tingia de um visível e adorável tom de escarlate. Baixou o olhar, encabulada, sem saber como dar continuidade àquela conversa.

— Não se preocupe, Jemma. Pode conversar comigo. É sério! – Reafirmou, levando uma mão ao seu ombro, tentando fazer com que Jemma se sentisse mais confortável.

Ela sorriu. Grata por Bobbi lhe ouvir e aconselhar.


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