Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Eis o capítulo que muda o rumo das coisas...



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Nos dias que se seguiram, ela esperava que todos fossem se deitar e, então, se esgueirava pelo corredor, entrava sorrateiramente no quarto de Fitz, caminhava até a cama sem dizer uma palavra, aninhava-se em seus braços e adormecia. Logo, tornou-se mais fácil para Fitz pegar no sono. Se ela estava ali, em seus braços e sem ser atormentada por pesadelos, era mais fácil limpar a mente e descansar.

Mas havia noites em que o desejo que ele sentia por ela ameaçava consumi-lo por inteiro. Ele se recriminava e amaldiçoava a si mesmo. Sentia como se isso fosse desrespeitá-la. Tê-la em seus braços, dormindo sobre si era tentador. Nessas noites, ele se esforçava para pensar em qualquer outra coisa, distrair sua mente, mas o peso do corpo dela sobre o seu era um lembrete constante do quanto ele a desejava, do quanto ansiava pelo seu toque. Nesses momentos, ele abandonava o ceticismo inerente àqueles que creem e depositam sua devoção unicamente na ciência e pedia a Deus que aquele sentimento o abandonasse. Então adormecia, relembrando o quão doce fora ter os lábios dela nos seus um dia, mesmo que por um breve momento. Aquele beijo no laboratório que agora parecia tão distante... Fora tão rápido, mas igualmente intenso e cheio de ardor. E estaria eternamente gravado em sua memória.

*

Ela se moveu ligeiramente sobre ele, sentindo-o acariciar seu cabelo de uma maneira lenta e aprazível e foi despertando aos poucos. Ergueu a cabeça para encará-lo com um semblante sonolento.

— Bom dia! – ela disse com um sorriso preguiçoso estampado na face e pareceu reprimir um bocejo.

Os lábios de Fitz se curvaram para cima, vendo alguma graça naquelas simples palavras.

— Não é bom dia ainda, Jemma.

— Oh, que horas são?

— Três da madrugada. Três e alguma coisa, na verdade...

Ela pareceu desapontada, desviando o olhar e retorcendo os lábios.

— Que pena... Não consegui dormir durante toda a noite hoje...

— Você está indo muito bem nessas últimas noites. Não teve pesadelos, está conseguindo dormir sem ter seu sono entrecortado... Hoje foi uma exceção – A voz de Fitz não passava de um sussurro.

— Você não dormiu? – ela se deu conta de repente – quer dizer, estava acordado esse tempo todo?

Ele ficou mudo por um instante.

— Não. E sim...

— Por quê?

Fitz deu de ombros.

Jemma levou a mão ao rosto e a testa dele, verificando sua temperatura.

— Você está muito quente... Parece febril.

— Não é febre, Jemma – Retorquiu em um murmúrio.

Ela o fitou longamente, por segundos que pareceram intermináveis, enfim compreendendo. Sentiu um súbito arrepio percorrer sua espinha, ao mesmo tempo em que se conscientizava de uma das mãos dele em suas costas e a outra, que antes acariciava seu cabelo, agora repousada em sua nuca.

— O que é, então? – Engoliu em seco antes de sussurrar a pergunta.

Fitz não respondeu, apenas continuou a encará-la. O peito subindo e descendo rápido demais, sua respiração breve e superficial. Ele se esforçou para normalizá-la. Em vão. Como se não bastasse, Jemma, que devolvia seu olhar com a mesma intensidade, lambeu suavemente os lábios e foi como se um gatilho emocional houvesse sido disparado. Suas bocas se encontraram em um beijo abrasador, que denunciava toda a magnitude do desejo que ambos sentiam, um desejo ao qual eles estavam finalmente cedendo.

Não demorou até que ele os virasse no colchão, ficando por cima dela. Um som abafado, como um gemido constrito desprendeu-se da garganta de Jemma. Aquilo fora com um aviso do que eles estavam prestes a fazer e Fitz percebeu que aquele momento era a sua única chance de evitar que ocorresse. Ele tentou se afastar, parar de beijá-la, repelir de algum modo seu toque, mas foi impedido.

— Não... – ela pediu em um sussurro, o puxando de volta para si, os olhos fechados, suas testas encostadas uma na outra – não pare de me tocar.

Fitz que também mantinha os olhos cerrados – acreditando que isso pudesse, de alguma forma, lhe impedir de cruzar aquela linha com Jemma – não conseguiu lutar contra seus próprios anseios. Resistir era inútil, afinal. Ela almejava seu toque, seu corpo demandava por isso. E ele a desejava. Mais do que qualquer coisa. De modo que mandaram qualquer resquício de bom senso para longe e despiram um ao outro. Não tardou para que se encontrassem livres de suas roupas. Um impetuoso arrepio percorreu suas peles nuas em contato, seus corpos em uma constante transferência de energia e calor, totalmente sintonizados. Tudo o que restou e os envolveu foram as sensações. Deliciosas sensações provocadas pelos toques, beijos, línguas, mãos ávidas e curiosas, sussurros incompreensíveis e, por fim, pela doce e consentida invasão ao corpo dela. A primeira investida fora cuidadosa, mesmo assim, ela não conseguiu evitar gemer. Fitz mantinha os olhos fechados, escondendo o rosto na curvatura do pescoço dela, procurando conter-se, manter certo autocontrole, o que exigia um esforço enorme. Jemma corria os dedos pelo dorso de Fitz, as unhas o arranhando levemente. Ela não demorou a se ajustar a extensão do membro dele dentro de si.

— Não se contenha – ela murmurou, ofegante – você pode... Oh, isso! – os olhos dela se reviraram em êxtase, sua cabeça pendeu para trás, facilitando o acesso dos lábios dele ao seu pescoço e colo, beijando toda extensão de pele que conseguia alcançar.

Ele passou a penetrá-la com cada vez mais vigor, suas entradas eram calorosas, cadenciadas, deliciosas... O som de suas respirações altas e os inevitáveis gemidos ressoavam no quarto. Ela estava tão próxima do prazer, tão perto de chegar ao clímax, mas aqueles segundos que antecederam seu orgasmo pareceram infindáveis. Com as pernas envolvendo a cintura dele, Jemma pressionou o calcanhar com mais força na parte baixa de suas costas, como se o quisesse trazê-lo para ainda mais perto, algo fisicamente impossível.

— Mais... – ela pediu em um sussurro.

E ele fez tal qual ela pediu, mais forte, acelerando seu ritmo e, logo, ela chegou ao ápice, deixando escapar um gemido prolongado de satisfação e sorrindo ao se dar conta de que nunca antes daquela noite um homem havia feito com que ela chegasse ao prazer já na primeira vez. Levava um tempo até os corpos se conhecerem, se ajustarem, se adaptarem um ao ritmo outro... Mas com ele, não. Óbvio que não. Eles eram compatíveis, afinal, em todos os aspectos. Como era de se supor. Era incrível como se encaixavam tão perfeitamente, como seus corpos se alinhavam um ao outro. E enquanto Jemma divagava, ainda embevecida por todas as sensações que tomaram e ainda tomavam seu corpo, ela o sentiu gozar dentro de si. Um som grave, porém sufocado, de prazer partiu de sua garganta.

Eles levaram um tempo para recobrarem o ritmo normal de suas respirações. E não disseram nada após o sexo. Fitz apenas a livrou do peso de seu corpo e a puxou para que ela repousasse a cabeça sobre seu peito, como em todas as noites desde que ela passara a dormir em seu quarto. A diferença é que agora eles não trajavam nenhuma peça de roupa e estavam exaustos não devido a um árduo dia de trabalho, mas a uma noite lânguida e tépida de prazer. Pouco tempo depois, ela pegou no sono, mas ele ainda ficou acordado por mais alguns minutos, assimilando tudo o que havia acontecido, mas evitando ponderar muito sobre o assunto.

Fitz sabia que aquilo era errado no instante em que se rendeu. Mas era um sentimento e desejo reprimidos há tanto tempo...

Aquela primeira vez fora apenas física, questão de pele, pois ela ainda não sabia como lidar com seus sentimentos, especialmente com o fato de não conseguir situar seu amor em meio à culpa e angústia que, por ora, ainda a atormentavam. E ele não queria se comprometer de modo que não pudesse mais voltar atrás. Jemma ainda não tinha certeza do que queria naquele momento e era precipitado dar qualquer passo antes de colocar cada sentimento em seu devido lugar. Fitz só não queria se machucar ao se entregar totalmente. Então separaram as coisas, mesmo que inconscientemente. Ele viu como apenas um momento de inconsequência que inevitavelmente se repetiria. Ela como uma esperança, mas apenas isso naquele instante. Uma esperança de que tudo pudesse mudar entre eles no futuro. Ignoraram seus sentimentos e priorizaram apenas o aspecto físico de sua relação, como se prometessem quase em um acordo mudo e telepático, naquele silêncio que sucedeu o prazer, que não iam pensar muito sobre o que houve; que não iriam decretar este como um ponto de partida para algo determinante. Por ora, bastava terem expressado e satisfeito seus desejos.


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Notas finais do capítulo

Tempestades e clima de instabilidade pela frente...



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