Do acaso à superação escrita por Paty Everllark


Capítulo 21
Tempestade em meio a Calmaria


Notas iniciais do capítulo

*Perdoem-me a nota gigantesca.

*Boa noite galera! Em primeiro lugar quero explicar o porquê de minha demora em atualizar a fic.

*Este último mês foi muito complicado para mim, em parte por ser a época do ano em que meu trabalho me exige muito, e o outro motivo é porque em menos de um mês tive duas perdas de pessoas que eram muito especiais em minha vida, e isso me afetou bastante emocionalmente. Definitivamente foi muito difícil ter cabeça para qualquer coisa que não fosse confortar meus familiares.

*Eu jamais irei abandonar minhas fics, principalmente por elas terem me dado tantos presentes ao longo desse ano, então se você que esta lendo essa nota até o fim, pode ter certeza que lhe considero um presentão viu?

*Espero que me entendam... Eu nunca escreverei qualquer coisa só para ter o que postar. por isso tenho demorado.

*Agora chega de reclamação e vamos aos agradecimentos.

*Quero agradecer a todos que tem deixados recadinhos, aos novos acompanhamentos e em especial a minha querida BETAFRIEND, vulgo mãos de fada Belrapunzel pela recomendação linda que deixou em DAAS, a Belzinha é um desses presentes maravilhosos que o Nyah me deu, e eu agradeço por tudo que ela tem feito para me incentivar a continuar.

*Capitulo dedicado a deboraduarteb. Seja bem vida querida.

*Boa leitura.



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                                                                                         POV Johanna

Os toques em meu corpo deveriam provocar prazer ao invés de angústia.  

— Jason, me desculpa, eu não consigo. – deveriam. Contudo, na prática quando o moreno me tocava tudo em minha mente tornava-se escuro e somente a vontade de gritar para que ele parasse prevalecia. As lembranças de minha primeira vez. A visão daquele quarto sujo. O hálito quente de Woody em meu pescoço. O cheiro de bebida barata proveniente dele. A sensação de suas mãos tocando em minha pele. A dor que senti quando ele me fez sua e o pior, seu olhar inexpressivo após ter consumado o ato.

Com o corpo ainda sob o meu, suspirou frustrado e cessou os beijos que tiveram início em meus lábios e terminaram bruscamente em meus seios. No segundo seguinte, meu namorado  já estava deitado ao meu lado com o braço direito tapando seus olhos. Permaneceu nessa posição por alguns minutos sem proferir nenhuma palavra. Nunca tínhamos ido tão longe. Ambos estávamos nus e era visível a sua excitação.  

— Me perdoe... eu realmente queria ter... – Jason retirou o braço que ocultava seus olhos e virou-se para mim. Impedindo-me de concluir a frase, pois colocara o indicador sobre meus lábios.

— Não tenho nada que te perdoar, Johanna. Eu disse que seria paciente e esperaria pelo seu tempo, jamais forçaria a fazer algo que não queira. – sorriu de maneira fraca.

— Obrigada. – respondi na falta de coisa melhor para falar. Após anos me recusando a refazer minha vida sentimental, resolvi dar uma chance a mim mesma e aceitar o pedido de namoro de Jason Donovan. Jay era um bom homem e durante os três anos que frequentamos juntos a faculdade de gastronomia sempre se mostrou um grande amigo. Ele nunca escondera de ninguém os sentimentos que nutria ao meu respeito mesmo conhecendo minha história e meus traumas. – Mas eu preciso te dizer uma coisa... – olhou-me de modo compreensivo enquanto jogava a frase no ar.

— Precisa de ajuda, Johanna. – afirmou acariciando meus cabelos.  Envergonhada procurei o lençol e cobri meus seios. Notando meu constrangimento ele respirou fundo e continuou, mas dessa vez sem me tocar. – O que esse homem fez a você foi muito mais que roubar todo seu dinheiro. Você era só uma menina...  Ele roubou sua paz, te feriu. Fez você temer o que há de mais sublime entre duas pessoas que se amam.   

As frases sussurradas de um jeito complacente ecoavam pelas paredes do quarto e me acertavam como flechas. Em anos de amizade, somando com os meses de namoro, Jason nunca me dissera coisas tão duras e verdadeiras. Nunca ninguém havia me dito. Talvez ele tivesse razão. A passagem de Woody pela minha vida me transformou em uma mulher ácida, desconfiada, incapaz de se entregar novamente ao amor por mais que quisesse.                                                 

                                                         (...)                                                                                  

 Jason deixou-me na varanda da pensão, ainda tentou me beijar, entretanto lhe ofereci a bochecha.

— A gente se vê por ai! – exclamou com tristeza, percebendo que era o fim.

— A gente se vê por ai – confirmei.  

Fiquei na porta observando-o entrar na Ranger e esta, dobrar a esquina.  Ao colocar meus pés no carpete da entrada, olhei para a peça e sorri. “Bem-vindo” sentia certa nostalgia quando olhava o objeto já gasto pelo tempo. Recordava o dia em que eu e Katniss havíamos chego aquele lugar e o transformamos em nosso lar.  Por fim, entrei em casa e permiti que a escuridão da sala me acolhesse. Tranquei a porta e lentamente comecei subir as escadas.

— Você demorou. – Assustei-me ao ouvir a voz de Haymitch.  O homem encontrava-se sentado na poltrona próximo à janela. Com certeza deve ter me visto com Donovan no quintal. Não estava disposta a brigar como sempre fazíamos, então simplesmente o ignorei e continuei subindo as escadas.  O loiro tinha o dom de me tirar do sério.  

— Johanna... Por favor. – o Abernathy pediu com a voz rouca e quase inaudível. Nos três anos morando na pensão aquela era a primeira vez que ele falava comigo naquele tom, sem implicâncias ou sarcasmo algum na voz.

— Haymitch, eu não quero brigar com você. Só quero subir e ver como minha irmã está. – dei mais um passo rumo ao andar superior.

— A pirralha está bem. Ela está dormindo no quarto da Annie. – comunicou e aproximou-se devagar da escada, a voz continuava suave e contida, no entanto o jeito de me olhar era intenso, como se estivesse me olhando pela primeira vez e aquilo me incomodou. Ele sempre me incomodava. – Você está tão linda, nesse vestido. – elogiou e colocou-se à minha frente. Ficamos em silêncio nos encarando. Em minha opinião tempo demais para duas pessoas que não se suportavam.

 – Haymitch, está tarde. – minha voz soou nervosa, ao passo que meus batimentos cardíacos aumentaram consideravelmente ante a proximidade inesperada.

— Eu sei! Tarde demais. – encostei-me na parede. Estávamos tão perto que era possível sentir sua respiração quente em meu rosto.  

— Eu preciso subir, barba azul. – desconcertada chamei-o pelo apelido que lhe dei outrora. Se estivesse em seu estado normal o Abernathy teria me chamado de Rainha Elsa e dito que meu coração era mais gelado que um iceberg e daríamos início a mais uma de nossas brigas como sempre fazíamos. Todavia, minha provocação não surtira efeito. – O que vai... – uma fragilidade incomum invadiu meu ser no exato momento que seus braços envolveram minha cintura e Haymitch colou seus lábios nos meus. No entanto, diferente do que aconteceu mais cedo com Jason, meu corpo não o rejeitou, pelo contrário era como se o conhecesse desde sempre.      

— Eu te amo... – as três palavras ditas em meio ao beijo com tamanha convicção me fizeram recuar assustada.

— Não. – tentei me desvencilhar de suas mãos que procuravam acariciar meu rosto.

— Eu te amo, Johanna. – continuou enquanto eu negava com a cabeça e tapava meus ouvidos para não ouvir a declaração. – Eu te amo, mesmo antes de saber que o que eu sentia por você era amor, ou mesmo antes de saber que eu seria capaz de amar novamente outra mulher que não fosse a Effie. Eu te amo Johanna e hoje quando percebi que posso te perder isso ficou claro para mim.

— Haymitch, você está bêbado...? – minha afirmação saiu como se fosse uma pergunta.

— Eu nunca estivesse tão sóbrio em toda a minha vida.

                                                 (...)

 – Eu também amo esta foto! – sorri para minha enteada que se achava escorada ao batente da porta enquanto proferia o comentário, estava tão distraída que não havia me dado conta da sua presença. 

— Eu sinto muita saudade desse tempo. – afirmei e continuei a observar o pequeno porta retrato que tinha em mãos. Nele as figuras de meu marido e meu filho sorriam para mim.  Ainda estava vivo em minha memória o momento exato em que bati aquela foto. Cato tinha acabado de dar seus primeiros passos, enquanto brincava com o pai no carpete emborrachado do quarto.  E, eu me sentia como se fosse explodir de tanta felicidade.

— Faz tempo que está aí? – indaguei limpando os olhos que se encontrava marejados.

— Não, acabei de chegar.  - Annie veio ao meu encontro e encostou-se à mesa e colocando-se ao meu lado tomou o porta retrato para si, logo fixou a atenção no objeto. 

— Quem diria que você e meu pai iriam se casar e ser tão felizes juntos. – a ruiva disse e eu notei certa nostalgia em sua fala.

— É, quem diria! – respondi sincera. O amor de Haymitch transformou minha vida. Para dizer a verdade, transformou a nossa vida.  Ele não era apenas o pai do meu filho. Era meu companheiro de vida. Curamos nossas feridas mutuamente. Do seu lado, eu descobri o que era ser amada e amar. Para ele, eu abri meu coração e minha alma. Ao longo dos anos, construímos um casamento sólido apesar de muitas dificuldades.

— Annie, tenho uma coisa pra te contar...  – tirei o objeto das mãos da ruiva e coloquei-me de pé diante dela com um sorriso aberto no rosto.  

— O que foi? – ela contagiou-se com meu sorriso e sorriu de volta.

— Você terá que me prometer, que não contará para seu pai, pois eu pretendo contar somente no nosso aniversário de casamento daqui a duas semanas, quando formos viajar.  

— Joh diz logo, está me deixando ansiosa.

— Eu estou grávida outra vez... – saboreei as palavras, não aguentava mais guardar a descoberta que acabara de fazer.

— O que? Está me dizendo que eu terei um novo irmãozinho, ou irmãzinha? – maneei a cabeça e peguei dentro da gaveta o teste que havia feito há alguns dias.  A ruiva começou a gritar como uma adolescente espanando as mãos e dando saltinhos deixando-me zonza com o teste em mãos.

— Você está me deixando tonta, Annie. – segurei-a pelos ombros.

— O velho vai ficar radiante boadrasta. E eu que pensei, que ele não estivesse dando mais no couro.

— Annie! – a repreendi. Entretanto caímos na gargalhada as duas.

— Eu estou tão feliz por você... – minha enteada sorriu, e pelo seu sorriso, eu sabia o que se passava em sua cabeça, afinal ela mais do que ninguém sabia o que eu e Haymitch passamos para chegarmos juntos até esse ponto de nossas vidas. Seus olhos estavam marejados também.

— Vem cá. Me dá um abraço... eu te amo.

— Eu também te amo muita minha mãezinha torta.

— Agora mais que nunca sabe o que precisa fazer, né mocinha? Além disto, você não é mais nenhuma garotinha para que eu tenha que ficar de olho diariamente. – ao se desfazer do abraço olhou para o relógio que trazia em seu pulso.  Entendi logo qual era sua preocupação.   – Que horas são?– perguntei.

Ela não largaria do meu pé após saber de minha gravidez.  Anos trabalhando juntas dava nisso.  A senhora Odair era meu braço direito, além de minha sócia no resort, entretanto adorava dar uma de mãezona para o meu lado.  

— Já passa de 00:00hs, para ser mais exata são 00:35hs... Johanna, você está trabalhando demais. Chegou do restaurante no Distrito 4 no início da noite e no seu atual estado, isso não é bom.  Deveria ter ido direto para casa, encontrar seu filho e seu marido que devem estar morrendo de saudade de ti.  A equipe da noite já chegou faz um bom tempo, eu vou ficar aqui essa noite.  Vá para casa!

De fato, estava trabalhando em demasia nos últimos meses, apesar de permanecer a maior parte do tempo no Belle Mason, por ser o único resort, as franquias do restaurante careciam da minha atenção.   

— Nossa! Não pensei que fosse tão tarde, mas queria tanto dividir com você essa alegria. Tive medo de contar a Katniss, preciso me preparar primeiro. – eu não sabia como minha irmã reagiria a minha gravidez, ela ainda se encontrava tão fragilizada pela perda da filha.

— Joh, eu tenho certeza que a Niss irá ficar felicíssima com essa notícia. Toda a nossa família ficará. Mas não se preocupe com isso agora, vocês terão muito tempo para curtir essa novidade juntas. Neste momento acho que já passou da hora de você ir para casa dar uma assistenciazinha ao seu marido, que anda mais chato que o habitual com a proximidade da aposentadoria. Não acha, Sra. Abernathy? – a ruiva praticamente me expulsou do resort.

                                           (...)

Boa noite senhora Mason. Desculpe-me intrometer, mas não acha melhor chamar um táxi? — sorri para Philip no vídeo porteiro.  Achava uma delícia o carinho que todos os meus funcionários tinham comigo, independentemente do tempo que trabalhavam para mim. Pensei mesmo em esperar por um táxi, mas há dois dias que não via meu marido e filho, não aguentaria esperar.

— Não precisa Phil. Quinze minutinhos e estou em casa. Boa noite. – falei para tranquilizado.

— Se a senhora diz que é seguro, só me resta dizer, até amanhã.

   Calculei mentalmente todo o percurso que faria até minha casa assim que saí do restaurante. Cato, com toda certeza estaria no quinto sono e isso me deixava triste.  Não tenho tido muito tempo com meu filho e para uma mãe, isso é quase a morte, independentemente de qualquer coisa.  Agora com a aposentadoria de Haymitch e a chegado do bebê daria um jeito de reverter esse quadro. Peeta daqui a alguns meses estará terminando seu curso de especialização em gastronomia. O Mellark, ainda não sabia, mas deixá-lo-ei na chefia da cozinha do resort, já que no caso das franquias o trabalho é mais simples e nisso Annie poderá ajudá-lo.  Tenho certeza que o loiro irá se dar bem no cargo, ele nasceu para isso.

  Minha cabeça ainda estava envolta em pensamento quando meu carro foi fechado por um Volvo XC 90, me fazendo por reflexo jogar o carro para o acostamento, por uma fração de segundos fiquei aérea com toda a ação.  Demorei a perceber o que estava acontecendo até que um homem alto trajando vestes e óculos escuros desceu do carro e se aproximou rapidamente do meu  Fiesta. Ele estava armado e de maneira violenta bateu com o cano da arma no vidro do meu automóvel. Sua atitude fez meu corpo estremecer.  

— Abaixe o vidro. – o homem ordenou apenas mexendo os lábios. Avaliei se era possível tentar uma fuga dando uma marcha ré, mas não me arrisquei.  No caso de um assalto, não me arriscaria a perder minha vida nem a vida de meu filho. Entregaria o carro e os pertences. Sem opções abaixei o vidro e me preparei para deixar o automóvel.  Assim que abri o vidro o homem tirou os óculos e eu o reconheci. O reconheceria em qualquer lugar.   

— Sentiu saudades minhas, meu amor?  


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Notas finais do capítulo

Gente estou ansiosa! E ai? Gostaram? Detestaram?
Não sejam tímidos... Espero pelo feedback de vocês!

Bjs, e se tudo correr bem até breve.



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