Do acaso à superação escrita por Paty Everllark


Capítulo 17
Não quero acordar


Notas iniciais do capítulo

Boa noite galerinha!!! Mais uma vez quero agradecer a força que tenho recebido de vocês, através dos comentários e favoritos, e até os acompanhamentos não públicos (fantasminhas).

Gente vocês são maravilhosos!!!

E também quero desejar boas vindas a Edwiges Potter que deixou um recadinho muito fofo em DAAS e dizer que será um prazer tê-la por aqui.



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                                                                                      Pov Peeta

— Eu te amo Peeta, eu sempre te amei. Prometa-me.

— Delly, por favor... Não! Você não pode...

— Está tudo bem, Peeta. Vai ficar tudo bem...

— Não Dell!  Não está tudo bem. Você ainda não viu nossa florzinha.

 – Se me perguntassem agora se eu faria tudo de novo... Diria que sim, eu faria tudo de novamente. Do mesmo jeito, não mudaria nada. Ao seu lado eu vivi os melhores anos da minha vida. Você me fez ser a mulher mais feliz deste mundo, e me deu os melhores presentes que uma mulher poderia sonhar em ter.  Prometa-me...

— Não faz isso comigo...  

— Peeta não chore, deixe-me apenas terminar, eu preciso terminar... prometa-me que cuidará de nossas filhas.

— Branquinha?

— Que será feliz, e encontrará uma mulher especial. Alguém que cuidará de nossos tesouros como eu mesma faria se continuasse aqui.

— Eu jamais amarei outra mulher.

— Amará sim... E será muito amado por ela também, terão seus próprios filhos, e terá uma família enorme como sempre foi o nosso sonho. A felicidade de vocês será algo lindo de se ver.  Meu amor me promete que fará isso? Eu não posso partir em paz se não me prometer...

— Eu prometo. – a voz da enfermeira dizendo que já era hora de deixa-la ir, me desperta do transe que minha alma encontrava-se até aquele momento. Olho uma última vez para o rosto inerte de minha esposa e, ela aparenta estar apenas dormindo. A jovem à minha frente acalenta em seu colo um dos motivos pelos quais lutarei para continuar vivendo. Tão pequenina e frágil. Tão linda e perfeita. Primrose, minha filha, minha flor. Tomo-a em meus braços e permito-me enfim chorar. Sinto-me exausto, é como se todo esforço feito por minha mulher para trazer nossa menininha ao mundo tivesse sido feito por mim também. Fecho os meus olhos retomando o pensamento, as derradeiras palavras ditas por Delly e penso: Como poderei um dia ser feliz com outra mulher que não seja ela?

                                   (...)

— Quando Haymitch e Finnick desenharam a planta do restaurante, pedi que fizessem um lugarzinho onde eu pudesse espairecer um pouco quando a pressão lá embaixo se tornasse insuportável. Um dia antes da inauguração do Belle Mason, o Hay me trouxe aqui... Depois do Cato, esse foi o melhor presente que ele me deu, que ele não me ouça.  – eu estava sentado no chão do terraço do restaurante de olhos fechados, a cabeça recostada na parede e totalmente entregue as lembranças, quando Johanna sentou-se ao meu lado e trouxe-me de volta à realidade.

— É realmente um belo lugar. – olhei a minha volta analisando o lugar em que me encontrava. Johanna tinha razão em amar aquele espaço o jardim de inverno que Haymitch criara ali era incrível, repleto de begônias, violetas, palmeiras ráfis e outras flores. O lugar exalava paz, e paz era tudo que eu estava precisando quando me isolei ali.

— O que está acontecendo com você, meu amigo? Há dias está parecendo-me infeliz.

— Eu estava pensando na Dell, para ser mais exato no dia em que ela se foi.

— Saudades?

— Também. Nós tínhamos feito tantos planos juntos. Por sermos filhos únicos, queríamos ter muitos filhos, uns seis pelo menos. Eu sempre me culpei por tirá-la de casa da maneira que tirei. Queria ter lhe dado uma vida melhor do que pude oferecer...

— Tenho certeza que você fez o melhor.

— Joh, ela era uma mulher incrível... Delly não queria que eu continuasse sozinho depois da partida dela. No dia em que faleceu me fez prometer que encontraria alguém especial, que me apaixonaria novamente. Em três anos jamais pensei que poderia um dia cumprir a promessa que fiz a ela. – olhei para Johanna e ela apenas fez silêncio para que eu pudesse continuar. - ...Johanna, eu estou apaixonado pela Katniss.

— Eu sei.  

— Está tão na cara assim?   

 – Peeta, por que vai sair da casa dela se está claro que não é isso que quer fazer?

— Eu não posso competir com um fantasma como o Gale, Mason! – exclamei derrotado, ver todos os dias a devoção que Katniss sentia em relação ao falecido marido doía mais do que eu gostaria que doesse.  – Olhe para mim. O que eu posso oferecer para sua irmã? Se não fosse por você e por ela eu ainda estaria mofando naquela delegacia, sou um Zé ninguém como disse a sócia dela.  

— Então está me dizendo que sua decisão de ir embora da casa da Niss, é alicerçada em complexo de inferioridade? Mellark, você pode ser qualquer coisa menos um Zé ninguém como a Glimmer erroneamente disse de ti. O que ela sabe ao seu respeito? Não venha se fazer de vítima para cima de mim. Eu não te empreguei por pena, muito pelo contrário, sei do seu potencial e você também sabe. E, te conheço o suficiente para saber que não é um covarde.  Vai desistir antes mesmo de tentar conquistá-la?

— Johanna, ela mal fala comigo há uma semana. Foi uma péssima ideia ter feito aquele jantar em comemoração por você ter me contratado para trabalha aqui... Mason eu não me controlei e tentei beijá-la.

— Essa informação é nova, você tentou beijar a Niss? Isso é maravilhoso.

— Acabei de dizer lhe contar que sua irmã está me evitando há dias por eu ter tentado beijá-la e está me dizendo que isso é maravilhoso.  Em que planeta você vive?

 – Minha irmã só amou um homem em toda a sua vida, e esse homem morreu há menos de um ano e sem falar que ela não teve a mesma chance que você teve de se despedir da sua esposa. Como acha que deve estar a cabeça dela agora? Eu conheço minha irmã melhor do que ninguém. Ela só foge da realidade quando está com medo ou não sabe o que fazer. Há alguns meses eu cheguei à casa da Katniss e a encontrei prestes a cometer uma loucura. Surpreso? É, ela estava determinada a cometer suicídio, quando eu praticamente a obriguei a te hospedar. Eu estava morrendo de medo que ela tentasse outra vez.

— Eu nunca poderia imaginar.

— Ela passou por muita coisa Peeta. O marido e a filha não foram as únicas perdas significativas que minha irmã teve na vida. Nossos pais também morreram em um acidente de carro, lembre-se disso. Posso te pedir uma coisa?

— Qualquer coisa Joh.

— Não desista de lutar por ela. Talvez a Katniss ainda não tenha se dado conta, mas também está apaixonada por você. Ela só precisa de tempo para se acostumar com a ideia.

— Como pode ter tanta certeza disso?

— Por causa, do jeito como minha pirralha te olha quando acha que ninguém está a observando, ou pela forma como sorri ao fazer isso. Eu poderia passar o resto da noite dizendo muitas outras coisas, mas meu marido me matará se eu não chegar em casa dentro de meia hora. Ele está cada vez mais ranzinza com a proximidade da aposentadoria. Agora vai para casa e deixa que o Paulo cuida de tudo por aqui. Já passou da hora de vocês e minha irmã conversarem. Só tenha um pouco de paciência com ela e pense em tudo que eu te disse.

                                   (...)

Como sempre tentei ser o mais discreto possível ao entrar em casa, e mais uma vez Katniss já havia se recolhido – só para variar – parei ao pé da escada e me entristeci ao pensar como as coisas mudaram entre nós desde o jantar. Continuei meu caminho até a cozinha, tinha certeza que Lavínia deixara o jantar sobre o fogão e que se continuasse lá estragaria. Dito e feito, guardei as panelas na geladeira sem ao menos tocar na comida. Depois peguei uma garrafa d’água e me servi. Permaneci na cozinha escorado à pia com um copo na mão olhando tudo a minha volta e pensando em como minha vida mudou em tão pouco tempo. Após alguns minutos tomei coragem e rumei em direção ao meu quarto.

No quarto as mochilas arrumadas sobre a cama denunciavam minha decisão, não dava mais para continuar perto da Katniss sem toca-la, quando isso era só o que eu ansiava fazer. Não me julgava um covarde como minha amiga dissera anteriormente. Pelo contrário, se desconfiasse por um mísero segundo que meu sentimento era recíproco, realizaria meu desejo de tê-la em meus braços como minha mulher. Deitei-me na cama imaginando a melhor forma de comunicá-la sobre minha partida no dia seguinte.

Sem perceber peguei no sono. Acordei com o vento batendo as persianas na janela que como de costume deixei aberta. Caminhei até a mesma no intuito de fechá-la, o aguaceiro que descia pelo telhado revelava uma tempestade violenta do lado de fora. Direcionei-me ao andar inferior para me certificar que todas as janelas da casa se encontravam fechadas. Ao descer as escadas uma voz já conhecida invadiu meus ouvidos causando-me preocupação.

É só uma tempestade Everdeen. É só uma tempestade Everdeen. Você consegue. Você consegue. – acendi a luz do corredor e Katniss estava irreconhecível, encolhida no canto do cômodo abraçada aos joelhos, balançando-se freneticamente e repetindo aquela frase como se esta fosse um mantra.

— Katniss, o que foi? O que está fazendo aí?  – agachei-me diante dela, deduzindo por seus cabelos estarem úmidos que saíra há pouco do banho. Forcei-me a olhar em seus olhos. Seu roupão levemente aberto deixava nítido que aquela era a única peça que cobria seu corpo. Comecei a ficar aflito diante da fragilidade da morena que me olhava como se não me reconhecesse. Segurei suas mãos notando-as frias e trêmulas. 

— O que está acontecendo? Você não está bem. Vem vou, te levar para seu quarto. – a iluminação da casa oscilou de repente, a Everdeen me abraçou de forma possessiva após ouvir o som ensurdecedor proveniente de um trovão. Me desiquilibrei e senti meu corpo indo a chão, juntamente com o dela. Teria que acalmá-la rapidamente antes que sofresse uma síncope.

— Você precisa se acalmar. – percebendo que isso não aconteceria tão facilmente a afastei um pouco do meu corpo e a segurei pelos ombros. Só me restava ser rude, mesmo que essa não fosse a minha vontade no momento.

— Katniss, olhe para mim! Esquece a chuva, o barulho, os trovões e somente olhe para mim. Eu estou aqui, você não está sozinha.  – aos poucos ela foi voltando ao normal. Abracei-a ao sentir sua respiração se normalizando e o choro cessando vagarosamente. Me permiti acariciar seus cabelos enquanto aproveitava o aroma suave que saía deles. Fechei os olhos querendo apenas senti-la em meus braços. Ficamos assim em total silêncio por alguns minutos. Somente ouvindo nossas respirações. Meu corpo começou a reagir ao contato com o corpo dela. Sem graça e temendo que ela percebesse meu estado, resolvi tirá-la dali.

— Você está gelada demais! Não pode permanecer aqui neste chão frio, vestida desse jeito. Vamos, levante-se. Eu te colocarei em sua cama. –    peguei o lençol e o travesseiro que estavam dispostos pelo chão e a levei em direção ao seu quarto segurando-a pela mão. Senti que ela estava envergonhada, no entanto nada falou.  Soltei sua mão e ajeitei a cama para que pudesse se deitar sob o seu olhar atento. Avistei no braço da poltrona uma camisola e lhe estendi para que pudesse trocar.

— Eu vou sair para que possa se vestir. – Katniss que ainda não havia falado nada até aquele instante disse:

— Não vai, por favor. – assustei-me com o pedido, mas entendi seu desespero.

— Tudo bem, mas precisa tirar esse roupão molhado. – foi a única resposta que consegui formular. Virei-me de costas dando-lhe espaço para se trocar.

— Eu terminei. 

— Vem! – chamei e ela prontamente veio até mim e sentou-se na cama. Katniss ficou me olhando de um jeito estranho. Fiz um sinal para que se deitasse e ela assim o fez. Abaixei-me ao lado da cama e a cobri com o lençol. Ela continuou me olhando de uma forma indecifrável e eu me encontrava completamente pedido naquele olhar. Acariciei seus cabelos me valendo da sua vulnerabilidade. 

— Peeta, eu... – Katniss parou a frase no meio. Um silêncio incomodo se abateu entre nós.  Era hora de contar-lhe sobre minha mudança.

— Me perdoe pelo jantar. Eu não quis te faltar com respeito, nem abusar da sua hospitalidade. Encontrei um loft por um bom preço para alugar perto do Belle Mason e me mudarei para lá amanhã. Minhas coisas já estão arrumadas. Eu entenderei se não quiser mais ser minha advogada... – Ela não pareceu surpresa por eu estar indo embora. Eu não queria ir, queria continuar ao lado dela para sempre, fazê-la feliz. Após tantos anos sozinho me apaixonar por ela havia sido tão simples, entretanto, continuar dividindo o mesmo teto e vendo-a me evitar diariamente era insuportável. 

— Por favor, não faz isso... Não quero que você vá embora. – a voz dela saiu num sussurro e Katniss começou a chorar. Continuei meu discurso de despedida, não voltaria atrás.

— Será bom para nós dois. Eu sei que não está se sentindo à vontade comigo aqui. Eu indo embora não precisará mais me evitar.

— Peeta, eu quero que você fique. – a cobiçava de todas as formas, de todos os jeitos, a queria por inteiro. Como dizer isso sem assustá-la?

— Katniss, você não entendeu. Eu preciso ir... Preciso ir embora, eu preciso ficar longe de vo... – não consegui terminar a frase, fora interrompido por um beijo.  

                              (...)

Demorei a assimilar o que acontecia, a princípio pensei estar sonhando. A urgência com que Katniss me beijava e me apertava contra si, seu corpo trêmulo, o gosto salgado das lágrimas. Tudo era só confusão. Talvez ela ainda estivesse sob o domínio do medo e aquele beijo fosse apenas um reflexo do que acontecia no seu interior. Foi o que pensei. Não podia aproveitar-me da situação. Segurei-a firmemente pelos ombros e a afastei. Se continuasse beijando-a não conseguiria me controlar e depois me arrependeria. 

— Katniss, por favor. Você não está em seu estado normal. – acabei caindo no chão ao tentar me afastar da morena.  

— Eu nunca estive tão lúcida em toda minha vida Peeta. Eu não quis aceitar. Eu fugi, mas é real e eu não posso mais negar o que eu estou sentindo... – a frase saiu entrecortada, o vestígio do choro ainda permanecia em seu rosto. O que ela estava tentando me dizer? Katniss se ajoelhou diante de mim, enquanto eu apenas a encarava abismado não acreditando nas palavras que saíam de sua boca. - Eu não quero que vá embora. – a voz dela soou vacilante, porém doce. Sua mão direita acariciou meu rosto com suavidade enquanto aproximava sua face da minha face, então ela sussurrou: – Eu não vou deixa-lo ir.

Instintivamente fechei os olhos quando seus lábios de forma lenta tomaram o lugar de sua mão em meu rosto, a começar por minha bochecha. Seus lábios percorreram todo meu rosto distribuindo beijos delicados até por fim encontrarem minha boca. Katniss começou me beijando de forma calma como se estivesse me pedindo permissão. Aos poucos fui cedendo espaço e permitindo que ela comandasse o ritmo do beijo. Eu me sentia como um adolescente que estava sendo beijado pela primeira vez. Minhas mãos pousaram em sua cintura e eu a trouxe para mais perto de mim até posicioná-la sobre meu colo. Senti suas mãos deslizarem por meus cabelos e se alojarem em minha nuca enquanto nossas respirações tornavam-se ofegantes.

Nossos corpos aparentavam terem sidos feitos um para o outro, é como se eles se reconhecessem de outrora. Como aconteceu no corredor meu corpo reagiu ao sentir o dela. Lentamente parei o beijo antes que não conseguisse mais ter domínio sobre minhas ações. Katniss percebeu o meu estado.

— Me desculpe por isso, faz muito tempo que eu não...– ela colocou o dedo indicador em meus lábios num sinal claro para que eu me calasse, e assim o fiz.

— Não me peça desculpas, só me diga que não irá mais embora.

— Eu não tenho mais motivos para ir. – a morena sorriu e levantando-se do meu colo. Estendeu-me a mão para que eu a imitasse. Depois caminhou até a cama e sentou-se sem largar minha mão, fiquei de pé admirando-a. Katniss se deitou e chegou para o canto num claro convite para que eu me deitasse ao seu lado. Me deitei ao seu lado e continuamos nos fitando em silêncio de mão dadas.

— Peeta eu só te peço um pouco de paci... – dessa vez eu não a deixei continuar, a única coisa que eu gostaria naquele instante era ter certeza que não estava sonhando.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
E não se esqueçam de comentar o que estão achando. Bjs e boa semana.



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