Nove Meses escrita por Miriã Melo Lima


Capítulo 12
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente!!! Demorou mais chegou meu povo!
Tenho que dizer que estava muito ruim de saúde mesmo, mais estou me recuperando aos poucos, por isso não consegui vir antes aqui postar!!!
Pra quem também lê Amortentia fim de semana tem capítulo bafo hehehe

Agora, como agradecer a cada um que acompanhou a história até aqui, que favoritou que leu e comentou!!
Já agradeço também à futuras recomendações que vocês façam!
Queria agradecer a Lua (que le tudo que escrevo hihi), Nath, Duck, lu Black, Gabriela Germano, Annie e Adrianny... Prometo que responderei cada comentário com muito carinho agora que estou realmente bem!

Quanto ao capítulo, ficou gigante porque mudei praticamente todo o fim e história, está
Espero que gostem e convido os leitores a lerem minhas outras fics.


Ahhhhh, quero avisar que irei revisar e reeditar novamente toda história, porque ao le-la inteira percebi que algumas coisas podem ser melhoradas, então pra quem quiser, apareçam de vez em quando aqui, para verem as pequenas mudanças... Não serão nada demais, a história continuará segundo seu curso normal, serão apenas melhoramentos!

O capítulo ficou enorme e espero que apreciam cada pedacinho... Muito obrigado por chegarem até aqui, beijão no coração de vocês ❤

A edição e revisão que foi mencionada fora finalmente feita no dia 13/06/2017, sob revisão da Painells Design.
Espero sinceramente que tenha melhorado ainda mais a leitura para vocês e que assim como eu, vocês tenham o prazer de reler essa historia que tanto amo!
Obrigada novamente a cada um de vocês que me acompanharam e também aos leitores novos que ocasionalmente surgiram...Não se acanhem em me mandarem MPS ou comentários novos, mesmo a historia já estando terminada todo esse tempo! Vou amar ler e responder vocês, até breve. ♥



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Ser mãe é magico! Quer dizer, eu tive a oportunidade de ter sangue mágico correndo por minhas veias, no entanto, se tem algo no mundo trouxa que se assemelhe à magia, isto é, ser mãe.

De repente, você passa a entender e compreender de forma absoluta, sua própria mãe, você entende porque ela te sufocava com tanto amor e preocupação, entende a necessidade que ela tinha em saber se você estava bem, se alimentando corretamente e se agasalhando, você percebe que aquilo na verdade, é uma necessidade básica de mães!

Mães precisam estar sempre presentes, mães precisam sentir-se seguras em relação aos seus filhos.

De repente, de uma hora para outra, você passa a decifrar e compreender tipos de choros diferentes: fome, dor, cólicas, desconfortos, fraldas sujas, banho, calor, frio, dentes... Mesmo que aquele barulho – em sua maioria, irritante – pareça completamente igual aos ouvidos de qualquer um, para você, cada um deles tem uma singularidade, uma entonação, uma nota, algo pequeno, insignificante e pouco perceptível aos outros, no entanto, crucial para você, mãe.

De repente, você se vê sendo engolida pela correria do dia a dia, pelos compromissos que surgem repentinamente e com os imprevistos que surgem do nada.

De repente, você se questiona, que aquele trabalho dos sonhos, que antes parecia perfeito para você, vai ser realmente de fato bom, porque ele simplesmente vai exigir horas extras, atenção demasiada e uma dedicação que você não dispõe.

E então do nada, você percebe que precisa parar, desacelerar e respirar. Porque assim, do nada, você está tão esgotada e dividida entre bilhões de tarefas que não consegue dar conta, quer dizer; não é fácil ser a mãe perfeita, dona de casa, jornalista, redatora, filha, prima, amiga, namorada e milhares de outras coisas que sua vida exige constantemente.

Do nada, você está gritando com a pessoa que mais te importa no mundo, por algo tão fútil e irrelevante, que você se autocondena por aquilo, e de repente, a sensação de culpa, de falha, te domina por completo, e você se pergunta o que está fazendo com a sua vida.

De repente, assim, do nada, parece que um lampejo te acorda para a vida e te faz cair em lembranças da tua própria infância, e aí, você percebe que suas melhores lembranças não estão relacionadas à profissão da sua mãe ou aos brinquedos legais que aquele trabalho dela lhe gerou, não, na verdade, suas melhores lembranças são exatamente àquelas em que seus pais estão em casa, em uma tarde fria de inverno, espalhados pela sala, sentados no tapete felpudo, rindo de algo aleatório. De repente, se lembra das tardes de verão que passava na casa da sua avó, com seus primos, e percebe que naquela velha casa não havia nenhum luxo, que a simplicidade reinava em cada cômodo, que você dividia um quarto com milhares de outras primas e que era uma farra sem tamanho dormir todas juntas, tomar chocolate quente, conversar sobre amenidades de crianças e sonhar com a vida de adulto!

Então você simplesmente se vê obrigada a desacelerar sua vida corrida, parar um pouco, ponderar sobre sua única prioridade e perceber que tudo que importa para você está ali, no único lugar que você passa pouco tempo por dia, na sua casa, no quarto ao lado do seu.

Hera.

Hera era tudo que importava, Hera era a única coisa que me mantinha firme, de pé, lutando.

De repente, aquela besteira de provar para o mundo de que você pode ser o que quiser ser – mesmo tendo sido mãe aos dezessete – pode esperar, porque o tempo, meu amigo, esse, não espera.

***

— Mamãe... Mãe, mamãe. – aquela voz melodiosa, suave, infantil e linda, chama minha atenção, enquanto seus olhos acinzentados percorrem meu rosto com atenção demasiada. Hera era uma garotinha incrivelmente madura para sua idade, com cinco anos, entendia e aceitava coisas que outras crianças não saberiam lidar, era tão delicada e amorosa, que encantava até mesmo o mais duro dos corações.

— Por que você está triste? – ela tornou a falar, enquanto se enroscava em meus braços. – Foi o tio Ian, de novo?

Ian... Ian nem ao menos havia passado pela minha cabeça naquela semana, na verdade, não havia nem ao menos me dado a oportunidade de chorar por mais um relacionamento fracassado.

Ian devia ser meu decimo namorado, naqueles últimos cinco anos.

E eu nem havia ficado triste quando ele colocou o ponto final em nossa relação de um ano e meio – o mais duradouro – porque simplesmente sabia, que uma hora ou outra, aconteceria.

Enquanto Scorpius estivesse impregnado em minha vida, meu coração e minha alma, aquela cena se repetiria milhões de vezes, porque eu jamais seria capaz de amar outro homem, enquanto Scorpius ainda estivesse fixado no meu peito.

Ao contrário do que havíamos planejado no passado, quando Hera nasceu, Scorpius não havia passado somente seis meses na França, três meses depois que Hera havia vindo ao mundo, ele embarcou para nunca mais voltar, não completamente.

O curso de Auror lhe fez conhecer pessoas novas e abriu portas incríveis para ele, o que era para ser apenas seis meses, tornou-se um ano, e logo depois, uma proposta incrível surgiu. Scorpius havia sido convidado a liderar uma Equipe Investigativa Especial do Departamento de Aurores na França.

Era uma oportunidade única, e mesmo assim, ele hesitou.

Lembro-me perfeitamente bem, da noite fria de inverno em que ele bateu a minha porta, tarde da noite, inesperadamente, quatro anos atrás.

— É uma oportunidade incrível... Mas eu tenho responsabilidade com vocês duas, então, eu vim...

— Scorpius, para. – resmunguei baixo, interrompendo-o. – ele me olhou atento, enquanto meu coração batia em um compasso acelerado no meu peito.

— Você não pode recusar uma oportunidade como essa por conta de promessas idiotas... Quer dizer, éramos dois adolescentes, assustados com a perspectiva de sermos pais tão novos, estávamos confusos e fizemos promessas impensadas, você é e sempre será pai de Hera, isto, nem a distância, nem ninguém, muda! Você tem sido presente durante todo esse ano, continuará sendo nos próximos, Hera sempre esta incluída em sua vida, eu não.

— Rose, não, espera...

— Eu sei que sua vida mudou, suas prioridades também, eu mudei igualmente, Scorpius... Eu conheci uma pessoa... – menti, porque amava-o incondicionalmente, amava-o ao ponto de abrir mão da minha felicidade pela dele.

Não havia ninguém, eu o amava, jamais seria capaz de entregar meu coração para outra pessoa, mas ele não precisava saber daquilo.

E então, desde aquilo, ele vinha sendo somente o pai de Hera e um amigo distante. Discutíamos sobre sua educação, sobre a vida dela, mais nunca sobre a gente, sobre nós.

Porque não havia mais nós, se é que algum dia houve.

— Não, querida... Na verdade, tio Ian não vai mais fazer parte da nossa vida, não como antes. – respondi, calma, fazendo-a se remexer e me encarar com desconfiança.

— Vocês terminaram, mamãe? – ela se ajustou em meu colo, me olhando com atenção.

— Sim.

— Por quê?

— É complicado, Hera. – ela revirou os olhos, em um ato tão parecido com Scorpius quanto poderia ser, e suspirou.

— Eu gostava dele. – anunciou, por fim.

— Eu sei, querida, eu também! Mas a vida nem sempre é justa e algumas pessoas que gostamos, se vão.

— Você já disse isso, mãe. – ela resmungou, emburrada.

— Que tal falarmos sobre o tema da sua festa de aniversario? – Hera sorriu animada, assentindo, enquanto engatávamos uma longa discussão sobre temas de aniversário infantil.

***

Era tarde, Hera já havia ido para cama há alguns minutos, enquanto eu terminava de organizar a cozinha, quando o telefone vibrou no balcão.

Eu sabia que era ele. Scorpius sempre ligava quando chegava em casa do trabalho para falar com ela, na maioria das vezes, ele conseguia pegá-la acordada, o que não era o caso de hoje.

Hera havia convencido e ensinado Scorpius a usar o telefone celular, porque podiam não somente ouvir a voz um do outro, como podiam se verem pelas chamadas de vídeos. Foi engraçado no começo ver Scorpius Malfoy usando um aparelho trouxa, no entanto, agora era rotina.

— Oi, Scorpius. – atendi, incerta, se deveria, estava estranhamente instável naquela noite.

— Ela já está dormindo não esta? – ele suspirou, decepcionado, do outro lado da linha, soltei um leve sorriso ao lembrar da forma como ele sentia-se frustrado por não ser perfeito para ela.

— Já, sinto muito, na verdade, se tivesse ligado alguns minutos mais cedo, teria pegado ela acordada, estávamos discutindo sobre o tema do próximo aniversário.

— Chegaram a uma conclusão? – ele riu, enquanto um sorriso desenhava-se no meu rosto.

— Você conhece sua filha... Ela sempre consegue o que quer! – resmunguei, largando o pano no meio do balcão e me sentando na banqueta.

— Oh, sim... Ela pode ser uma cópia minha por fora, mas por dentro, ela é inteiramente igual a você! Teimosa e incorrigível.

— Ei. – resmunguei, chocada, fazendo-o soltar uma leve gargalhada, que fazia meu peito acelerar drasticamente.

— E então, qual será o tema?

— Frozen. – respondi, rapidamente. – Você sabe, aquele filme que ela te fez assistir milhões de vezes seguidas nas suas férias, mesmo eu explicando que metade dos convidados não saberiam sobre o filme, ela insistiu, até me fez prometer em deixar um espaço reservado com uma TV e um DVD para seus amiguinhos poderem assistir ao filme.

— Merlin. – ele riu, novamente. – Então, será Frozen.

— É.

— Rose... – sua voz rouca, murmurando meu nome, me causava arrepios. – Não vou conseguir ir nesse fim de semana, tenho tanta coisa para resolver... Tanto trabalho acumulado!

Suspirei, odiava quando aquilo acontecia, odiava quando Hera ficava sem vê-lo por mais de quinze dias.

— Ela vai me odiar não vai? – fechei os olhos, respirando fundo, Scorpius já se culpava o suficiente por aquilo.

— Ela vai entender... Eu vou conversar com ela! – ele suspirou.

— Não me odeie por isso... – ele suplicou.

— Tudo bem, Scorpius! Eu só queria conversar com você sobre algumas coisas...

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? – ele me cortou, ansioso.

— Não! – respondi rapidamente, voltando a remexer no pano esquecido sobre o balcão. – Apenas tomei algumas decisões em relação à Hera e também, sobre o aniversário, você sabe.

— Que tipo de decisão Rose? – ele perguntou alto, deixando o nervosismo transparecer. – Vai me dizer que vai casar?

— O quê? – ri, balançando a cabeça. – Não, claro que não... Como poderia se não tenho nem mesmo noivo!

— E o Ian?

— Terminamos. – um silêncio caiu sobre nós, ouvia somente sua respiração do outro lado da linha.

— Isso é inesperado. – ele murmurou, um tempo depois. – O que aconteceu?

— Nada. – dei de ombros. – Apenas chegamos a conclusão que não estávamos na mesma sintonia.

— Você está bem? Quer dizer, senti você meio distante durante a ligação anterior, parecia com problemas... Triste... Está bem com isso, com o término?

— Estou. – suspirei. – Não é como se isso me afetasse tanto, na verdade, o que estava me afetando mesmo era a correria do trabalho na Redação. – suspirei, pela milionésima vez.

— Imagino.

— Pedi demissão, Scorpius. – lancei de uma vez, a novidade.

— Você o quê? Por quê? – ele parecia surpreso.

— Porque percebi que estava me doando demais para aquilo, quer dizer, antes, aquilo parecia ser tudo que eu queria, mas não era... Hera está no topo, sempre estará e preciso me dedicar à ela, enquanto precisa de mim, o resto pode esperar...

— Você não pode abrir mão da sua vida porque é mãe, Rose.

— Eu sei... E nem vou, apenas decidi dar um tempo, tenho condições de me manter afastada do trabalho por um bom tempo, e além do mais, sempre posso fazer freelances em casa mesmo, no momento, minha prioridade é ser ativa na vida da minha filha.

— Quando essa mudança aconteceu? Quer dizer, seu trabalho sempre pareceu sua vida! – ele resmungou.

— Minha vida é minha filha, Scorpius. Meu trabalho era algo que apenas acrescentava... Não era e nunca será prioridade! Eu estava completamente sufocada no turbilhão de eventos e matérias que estava tendo que cobrir, além de que havia recebido a proposta de ser redatora-chefe... Aquilo não é para mim. – reclamei.

— Pensei que fosse tudo que você queria...

— Pensou errado.

Um silêncio nos envolveu novamente.

— Preciso desligar, Rose, a gente conversa melhor depois, diga à ela que ligo amanhã, pelo final da tarde.

— Tudo bem, tchau, Scorpius, boa noite. – suspirei, levantando-me do banco e me encaminhando para o quarto.

— Boa noite, ruiva. – ele desligou em seguida, restando apenas o silêncio do apartamento e a solidão para me acompanhar até a cama.

***

Hera ficou decepcionada por não ter Scorpius com ela naquele sábado, no entanto, depois de alguns minutos de conversa e explicações de como o papai se sentia mal por não vir, ela pareceu compreender melhor.

Depois de assistimos Frozen pela milionésima vez, ela correu para se arrumar para o almoço na Toca.

Como em todos os sábados, toda a família estava reunida para o tradicional almoço, os anos podiam passar, mas a perpetuação de velhos costumes nunca passavam na família Weasley.

Estávamos em sua maioria ali, reunidos. Enquanto na cozinha vovó Molly, tia Fleur, tia Ginna e minha mãe conversavam, e finalizavam os últimos preparativos para o almoço, no velho escritório de vovô Arthur, meu pai, tio George, Harry e Ted conversavam a sussurros sobre algo relacionado ao Ministério da Magia.

Victorie estava de olho em Hera e os gêmeos Luppin, que brincavam no Jardim, Dominique discutia com James perto da lareira e Lily, me observava com atenção, enquanto Zabine se remexia descontável por Alvo não ter chegado ainda.

— Lilis, eu já volto. – ele resmungou, pouco tempo depois, deixando-a distraída o suficiente para não questioná-lo para onde iria.

— Rose. – Lily chamou baixinho, três minutos depois, me fazendo olhá-la.

— O que está acontecendo com você? – ela foi direta, Lily sempre era, assim como também era ótima em observar e perceber coisas que outras pessoas não percebiam com facilidade.

— Eu estou bem. – respondi sem vontade, dando de ombros, desleixada.

— Não, não está não! E eu sei que não tem nada a ver com o Ian, porque definitivamente, você não o amava, o que, por Merlin, anda acontecendo? – ela me olhou, fixamente. – Sei que pediu demissão, logo quando seria promovida à Editora-Chefe, entendi suas motivações, às vezes, a gente realmente precisa de um tempo, então era para você estar feliz, talvez planejando uma viagem e não com essa cara de velório. – Lily suspirou, cansada. – Então, não me venha com essa de “estou bem”, porque definitivamente, você não está. – acrescentou, confiante, enquanto mantinha aquele olhar penetrante sobre mim.

— Às vezes, eu me pergunto como você consegue ser assim... Perceber essas coisas com tanta facilidade. – murmurei, distraída, observando James tentando roubar um beijo de Dominique. – Você já chegou a um ponto de sua vida, onde olha para trás e vê o quanto foi patética? Quer dizer, eu tenho uma filha incrível, amo ela mais do que tudo na minha vida e mesmo que pudesse, não teria coragem de mudar o fato dela ter sido gerada em um momento inadequado, o que quero dizer é, porra, eu poderia ter muito mais que isso, Lily. – desabafei, chateada, segurando as lágrimas, que começavam a se acumular em minhas retinas.

— É o Scorpius, não é? – ela perguntou baixinho, se aproximando um pouco mais.

— Sempre. – resmunguei, afetada.

— Porque você simplesmente não fala para ele sobre o que sente, Rose? Porque você simplesmente não conta que o ama? Que quer ele em sua vida, que precisa dele em sua vida?

Soltei uma risada alterada, balançando a cabeça negativamente.

— Você lê jornais, Lily? – perguntei, rispidamente. – Vê as garotas que saem com ele? Modelos? Famosas? Isso sem falar que vai ser promovido, sabia? Ele não vai ser mais apenas um agente, vai ser chefe do Departamento inteiro. – suspirei. – Não tem espaço na vida dele para mim.

— O que você esperava? Scorpius é um dos melhores partidos e continua solteiro, embora, ele sempre esteja acompanhado nesses quase seis anos, nunca o vi firmar um relacionamento sério com ninguém, Rose.

— Ele vive para o trabalho. – justifiquei.

— Mentira. – Lily bufou. – Ele vive em sua função, em função de Hera! Scorpius tem uma devoção por vocês duas, Rose! Ele está na França, e mesmo assim faz questão de estar aqui todos os sábados, vem em cada data especial, liga todos os dias, se preocupa com você, com ela! Scorpius ama você.

— Talvez ele tenha amado, um dia, Lilis... Mas isso faz parte do passado dele agora. – suspirei, e antes que Lily pudesse rebater, ouvimos um grito agudo e animado de Hera inundar todo o ambiente, levantei-me apressada para certificar o que estava acontecendo, parei subitamente na porta de entrada, ao ver Hera pendurada nos braços de Scorpius e um Alvo sorridente, ao lado

— Como eu disse... Ele vive em função de vocês, não poderia estar aqui e mesmo assim largou qualquer compromisso que tinha, porque simplesmente não suportava o fato de ter que ficar longe de vocês, Rose. Você deveria apenas falar tudo o que sente, não custa nada, se ele disser que o tempo de vocês passou tudo bem, ao menos você tentou. – Lily sussurrou, deixando-me ainda mais confusa.

— Mamãe... Mãe... O papai veio, meu pai veio. – Hera gritava eufórica, enquanto corria em minha direção, puxando-me para perto dele.

— Estou vendo, filha... Você não precisa gritar. – adverti, deixando-a me guiar até Scorpius.

— Não seja ranzinza com ela, Rose. – Al reclamou, pegando-a em seu colo, enquanto engatavam uma conversa animada sobre sapos de chocolates e presentes.

— Você disse que não vinha. – optei por falar o mínimo, quando Al nos deixou sozinho no meio do Jardim, levando Hera com ele.

— Depois da breve conversa que tivemos ontem, resolvi que tínhamos que conversar pessoalmente sobre tudo. – a voz rouca dele inundou meus tímpanos, fazendo meu corpo se arrepiar rapidamente.

— Sobre o quê, exatamente? – perguntei nervosamente, enquanto vovó Molly gritava para entrarmos para o almoço.

— Teremos tempo para conversar mais tarde, agora estou realmente com fome e o cheiro da comida da sua avó não está ajudando, ruiva. – ele piscou, soltando um sorriso de canto de lábios, enquanto passava por mim, deixando-me para trás com minha curiosidade.

— Você não vem? – perguntou, parando na porta, me olhando.

Suspirei, preparando-me psicologicamente para o que quer que fosse que teria pela frente e entrei.

A tarde foi agradável, sempre era. Minha família estava animada com os preparativos do casamento de Fred II com Alice Longbotton II, e as discussões giravam em torno de lista de convidados, padrinhos, lembrancinhas e cardápio.

Hera estava curtindo cada minuto ao lado do pai e de todos os seus primos, enquanto eu apenas observava a interação de todos, estava distante demais para conseguir manter uma conversa por mais de cinco minutos.

Tudo que Lily havia me dito, rondava minha cabeça, me deixando aflita e confusa.

Quando finalmente começou a anoitecer, depois de Hera comer uns quinze biscoitos que vovó lhe dera e fazer Scorpius prometer assistir Frozen com ela mais tarde, em nosso apartamento, ela finalmente se entregou ao cansaço e dormiu.

Eu estava disposta a ir para casa naquele momento, mais fui obrigada a esperar Scorpius conversar com meu pai no escritório do vovô.

Scorpius e meu pai não eram amigos, nem tão pouco, inimigos, eles tentavam manter uma relação saudável por conta de Hera, e eu os admirava por isso, no entanto, ainda não entendia o que ele tinha de tão importante para conversar com meu pai naquela noite, mesmo assim, não questionei.

Quando finalmente ele saiu do escritório, fomos para meu apartamento, segundos depois de nos despedir de todos.

Hera prendeu Scorpius durante algumas horas em seu quarto, fazendo-o assistir a uma maratona de desenhos animados.

Eu já estava na minha terceira taça de vinho, quando ele finalmente surgiria na sala, com os cabelos bagunçados, a gravata frouxa em seu pescoço e a manga da camisa dobrada até seus cotovelos.

Um sorriso estava brincando em seus lábios finos e aquilo só tornava a junção de toda a imagem ainda mais atraente.

Em silêncio, ele sentou-se em minha frente no balcão, bebericando um pouco do vinho da minha taça.

— Você esteve distante durante todo dia. – ele observou baixo, enquanto enchia a taça novamente e a arrastava para minha direção, oferecendo-me.

— Estou cansada. – dei de ombros, desviando do seu olhar.

— Tem algo te perturbando, Rose! Conheço você. – murmurou baixo, suspirando.

— Vamos ao que interessa: Hera! Você está preocupado comigo e acha que meu estado atual pode influenciar nela, ok, é válido.

— Eu não disse isso... – sussurrou.

— Nem precisa dizer, Scorpius. – resmunguei, me levantando. – O que diabos você estava conversando com meu pai, posso saber? – perguntei curiosa, enquanto me movimentava pela cozinha.

— Não. Não pode. – ele riu, divertido, fazendo-me revirar os olhos, Scorpius se levantou, caminhando em minha direção, subitamente sério.

— O que está acontecendo com você Rose? – ele sussurrou, mais próximo que o necessário, enquanto suas mãos procuravam pelas minhas.

— Não faz isso, Scorpius. – resmunguei, me afastando.

— O quê?

— Não finja que se importa comigo. – bufei, virando-me para a sacada aberta.

— Fingir? – ele bufou, soltando uma risada irônica. – Tudo que fiz durante todos esses anos, foi me importar, e você me diz que estou fingindo?

— Não me venha com isso, por favor, eu não sou idiota! – falei mais alto que o normal, deixando minhas emoções falarem por mim. – cometi um erro quando abri mão da minha felicidade, achando que aquilo era a coisa certa.

Suspirei.

— Do que você está falando, Rose? – ele suspirou, confuso e irritado.

— Do dia em que falei para você seguir com a porra da sua vida, sem me incluir nela. – me virei, olhando-o fixamente agora.

Scorpius respirou fundo, enquanto analisava minhas palavras.

— Você me tirou da sua vida, Rose... Estava com outro. – acusou-me, deixando a mágoa e decepção cintilar em seus olhos.

Soltei uma risada amarga, enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Nunca houve outra pessoa, Scorpius. – contei baixo, sem olhá-lo. – Você chegou aqui tenso e dividido entre ir atrás de um sonho e cumprir com suas “responsabilidades” comigo e com Hera. – suspirei, tomando fôlego. – Eu não podia fazer você desistir de tudo por mim, não podia.

Um silêncio caiu entre nós, enquanto me sentia cada vez mais estúpida por estar discutindo algo que não tinha chance alguma de ser consertado.

Scorpius voltou a se aproximar, parando a centímetros de distância.

— Sabe por que eu estava tão tenso e nervoso, Rose? – ele sussurrou lentamente, com a voz rouca, me fazendo olhá-lo com atenção. – Porque estava com o anel de noivado da família Malfoy no bolso, torcendo internamente para você aceitar meu pedido! Porque eu já havia comprado o apartamento, decorado o quarto de Hera e o nosso, e havia deixado tudo pronto para você fazer sua faculdade de Jornalismo, na Instituição que havia próxima, enquanto nós dividíamos para cuidar dela.

Meu coração acelerou, meus olhos transbordaram em lágrimas, enquanto eu sentia meu ar escapar pouco a pouco.

De repente, a culpa, frustração e a raiva me atingiram em cheio... Por que eu tinha o dom de estragar minha vida? Por que era estúpida ao ponto de fazer todas as escolha erradas?

— Scorpius... Eu... Merlin. – gemi em frustração, enquanto às lágrimas fluíram soltas pelo meu rosto.

— Sabe por que eu estou aqui hoje, Rose? Mesmo depois de ter falado que não poderia vir? –ele perguntou, calmo. – Porque eu sou idiota e te amo o suficiente para me arriscar mais uma vez! – ele murmurou, soltando um longo suspiro, ajoelhando-se à minha frente.

Antes que eu pudesse raciocinar, ele já havia aberto a caixinha de veludo verde à mim frente, mostrando-me o anel em prata e esmeralda da família Malfoy. O anel oficial de noivados.

— Quer saber o que estava falando com seu pai? Bom, fui informá-lo que iria lhe pedir em casamento e que se você aceitasse, queria a bênção dele para irmos para a França juntos, porque sei o quanto você o ama! Porque sei que se tem alguém que lhe impediria de se mudar, esse alguém era ele. Quando você me disse que pediu demissão do emprego que eu julguei ser o seu emprego dos sonhos e que não estava mais com Ian, eu simplesmente não consegui ignorar a oportunidade que estava se apresentando... Por isso, eu estou aqui, de joelhos... Com o anel da minha família, o mesmo que meu pai deu à minha mãe, enquanto lá na França, nosso apartamento está preparado, apenas esperando por você e Hera, Rose Weasley. Merlin, você é a garota mais teimosa, irritante, louca e linda que já conheci na vida, e também a mãe mais incrível e a única mulher que eu amei em toda minha vida, então, por favor, não me faça esperar mais seis anos para ter você... Casa comigo, Rose?

TRÊS ANOS DEPOIS

Senti os lábios quentes dele percorrendo meu corpo lentamente, provocando-me. Soltei um suspiro exasperado, abrindo lentamente os olhos.

Scorpius sorriu ao ver a careta em meu rosto, enquanto se enroscava em meu corpo, distribuindo beijos pelo meu pescoço e colo, causando-me aquele habitual frio na barriga e arrepios pelo corpo.

— Feliz três anos de casados, ruiva. – ele sussurrou no meu ouvido lentamente, com a voz rouca e melodiosa, soltando sua respiração quente na curvatura do meu pescoço, fazendo um gemido escapar dos meus lábios.

— Hummm... Scorpius. – murmurei baixinho, movimentando meu corpo contra o dele. – Hera pode entrar a qualquer momento, hum, podemos deixar isso para noite, hum… – suspirei alto, sentindo ele sorrir contra minha pele.

—  Ela está preparando a mesa... Está empolgada, porque vai dormir na casa da Dominique.

— Hum... Teremos a noite inteira para a gente, amor, e prometo que tenho uma surpresa que vai te deixar de pernas bambas. – sorri, ao vê-lo erguer o corpo para me encarar com um olhar cheio de expectativa e curiosidade.

— Surpresa? – ele sorriu. – Isso vai ser interessante, porque eu também te preparei uma surpresinha. – sorri, dando de ombros, afastando-o de mim, escapando da cama antes que ele me arrastasse de volta.

— A minha é melhor. – sorri convencida, enquanto caminhava para fora do quarto.

— Ei, Rose... Volta aqui, você não pode sair rebolando desse jeito e esperar que eu fique assim, não é? ROSE!!! – sorri, enquanto ele resmungava o quanto eu era má e me encaminhei para a cozinha, atrás de Hera.

Minha filha estava virando uma mocinha, constatei isso quando percebi que ela não precisara de ajuda para organizar toda a mesa para o café da manhã.

Hera estava cada vez mais inteligente, bonita e centrada. Era uma cópia fiel de Scorpius, em aparência, cabelos platinados, olhos acinzentados, pele branca e uma postura orgulhosa de natureza, mas por dentro, em sua personalidade, conseguia enxergar muito da garotinha que eu já fora!

Ela adorava livros, tinha uma biblioteca particular em seu quarto, ao contrário de mim, tinha um amor especial para livros de aventura, Hera era estranhamente conectada com o mundo trouxa também, mesmo não tendo sido influenciada como deveria por mim, além de saber interagir com todas as tecnologias trouxa, sempre estava cercada por elas, adorava câmeras, sempre estava cercada pelo seu celular de última geração, (que pasmem, seu avô Draco, havia lhe presenteado), em seu último aniversário, fotografando e registrando milhares de momentos.

Vivia sonhando com o dia que sua carta de Hogwarts chegaria, estava ansiosa como qualquer criança ficaria, vivia encantada com as histórias que Scorpius costuma contar para ela, sobre a escola e todas as festas proibidas que ele participara. Hera adorava ouvir cada uma delas, assim como também amava escutar como havia sido todo o processo que passamos até seu nascimento, ela entendia perfeitamente bem que tivemos que enfrentar muitas coisas por sermos tão jovens, mas que aquilo não diminuía o amor que sentíamos por ela.

Ela era tão determinada e encantadora, que às vezes, eu me perguntava como havia conseguido cria-la tão bem.

— Mãe, você acordou. – ela percebeu minha presença, minutos depois, enquanto caminhava em minha direção, com um enorme sorriso nos lábios.

— Bom dia, amor. – beijei seus cabelos, me aproximando da mesa recheada para o café da manhã, naquele momento, Scorpius apareceu na cozinha também, puxando nossa filha para mesa.

Observei os dois rindo por algum tempo e suspirei emocionada, aquilo era muito mais do que um dia sequer imaginei que teria.

Uma família. Eles me davam forças, me completavam de maneira absoluta, meu coração sempre se enchia de alegria quando tínhamos momentos assim.

Momentos que perpetuariam em minha memória por toda minha vida.

Sorri, satisfeita com minhas escolhas e entendi que aquilo era um presente grande demais.

***

Scorpius havia me feito sair com Lily naquele fim de tarde para relaxar, não questionei muito, porque sabia que ele estava planejando algo, porém, estava ansiosa para estar com ele novamente e poder lhe contar minha surpresa.

Lily se aproveitou de cada minuto do nosso tempo juntas, insistiu em me levar a um salão de beleza, depois lanchamos juntas e fizermos algumas compras, sabia que boa parte do cronograma havia sido Scorpius que havia planejado, por isto, aceitei sem questionar.

Quando finalmente estava pronta para encontrar Scorpius em nossa casa, estava vestida em um vestido verde simples, embora elegante e com os cabelos mais curtos que antes.

Suspirei, preparando-me para entrar no apartamento. Sorri quando encontrei a mesa posta para dois, com luz de velas e vinho.

Ele estava saindo do quarto, quando me viu e abriu um sorriso encantador, que sempre faziam minhas pernas ficarem bambas com a intensidade que ele demonstrava seus sentimentos.

— Você chegou cedo. – ele constatou, enquanto bagunçava o cabelo e caminhava em minha direção.

— Cheguei na hora certa, Malfoy, você que sempre se atrasa. – resmunguei, arrancando um sorriso dele, sentindo-o me puxar pela cintura, para um beijo.

Quando nossas bocas se encontraram, foi impossível ignorar a atração que sentíamos um pelo outro, nossos corpos chocaram-se automaticamente, enquanto as mãos dele corriam pelo meu corpo despreocupadamente. Aos poucos ele foi me empurrando até a parede, até estar completamente presa à ela, sem fôlego e escapatória.

— Scorpius. – gemi seu nome, sem me preocupar se poderíamos ser ouvidos, enquanto ele distribuía beijos pelo meu pescoço e suas mãos se infiltravam por baixo do meu vestido.

— Porra, Rose... Eu preparei tudo, planejei para ser uma noite romântica, mas simplesmente não consigo evitar, você está fodidamente gostosa. – ele sussurrou baixo, fazendo minha intimidade latejar automaticamente.

— Hummm... Amor, podemos começar pela sobremesa... Não vejo problema algum nisso. – murmurei com a voz rouca, enquanto seus dedos se moviam habilmente em minha calcinha.

— É, podemos. – ele murmurou, beijando-me ainda mais forte.

Foi então que me lembrei da surpresa que eu havia preparado para ele e sorri, afastando-o. Scorpius me olhou confuso, enquanto tentava controlar sua respiração descontrolada.

— Acho que podemos seguir com os planos iniciais, afinal, eu também tenho uma surpresa para você. – ele sorriu, selando meus lábios sem questionar, enquanto a curiosidade cintilava em seus olhos.

A noite decorreu agradável, como sempre acontecia entre nós dois, tínhamos nossos defeitos e havia dias que brigávamos por tudo e qualquer coisa, no entanto, sempre acabávamos resolvendo tudo na cama da melhor maneira possível.

— Rose. – Scorpius resmungou, chamando minha atenção. – Ok, você já me torturou demais, pode dizer o que é que você está aprontando?

Eu ri, enquanto ele fazia uma careta engraçada, roçando os lábios no meu pescoço.

Hummm... Isso é tão gostoso. – gemi baixinho, para provocá-lo, enquanto ele bufava.

— Você está sendo cruel. – reclamou, enquanto plantava beijos molhados nos meus lábios.

Me virei para ele, sentando em seu colo, com uma perna de cada lado, vendo seus olhos acinzentados me olharem com expectativa.

Antes que ele pudesse reclamar, comecei a abrir os botões do meu vestido, expondo meu sutiã meia taça. Scorpius estava calado, esperando ansiosamente pelo meu próximo passo.

Sorri, me remexendo em seu colo e abaixando o vestido o máximo que nossa posição permitia.

Ele arqueou as sobrancelhas loiras, enquanto um sorriso brincava em seus lábios.

Selei os mesmos, enquanto guiava suas mãos pelos meus seios e logo depois parando-as em minha barriga.

Antes que ele pudesse entender o que eu estava tentando lhe dizer, inclinei-me um pouco mais, aproximando-me do seu rosto, fazendo-o me olhar fixamente.

— Acho que dessa vez, não vou precisar pirar com o futuro, afinal, meu futuro se resume a você, Hera e esse bebê. Vocês são definitivamente, o futuro mais lindo e perfeito que eu poderia ter planejado ou não, em minha vida, Scorpius.

O sorriso que ele abriu não poderia ter sido mais bonito, a forma como ele me tocou e cuidou de mim foi excepcional, mais esta é uma outra história, que talvez um dia, eu conte para vocês.


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Notas finais do capítulo

Quem vai sentir saudades?!?!